quinta-feira, setembro 28, 2006

DEMOCRACIA-COMETA
Entre uma eleição e outra, nossa democracia tem tantas distorções que não faz jus ao nome
Roberto Macedo, no Estadão
"Como outros cometas, ambos têm grande luminosidade na cauda, constituída de um processo eleitoral no qual brilham formalidades como títulos eleitorais, voto obrigatório, urnas eletrônicas, propaganda eleitoral 'gratuita' no rádio e na televisão - na qual há debates também formais -, legislação específica e Justiça própria, a Eleitoral.
Por que democracia-cometa? Apesar dessa enorme cauda, as partículas sólidas dessa democracia são pequenas, como as que formam o núcleo dos cometas. A olho nu, o que se vê dela é predominantemente a cauda, e não esse núcleo. Este, também como nos cometas, é cercado por um envoltório gasoso de reduzida luminosidade, nada transparente. E mais: entre uma e outra eleição, nossa democracia tem tantas distorções que não faz jus ao nome.
Entretanto, passada essa aparição da democracia-cometa, o eleito fica muito solto no exercício do poder, inclusive para, ao fim do primeiro mandato, agravar a gestão fiscal ao buscar a reeleição, investindo dinheiro público para cooptar eleitores, como na campanha atual para presidente.
Na ausência do voto distrital os deputados ficam sem vínculo efetivo com os cidadãos e soltos por todo o mandato, até mesmo para negociá-lo em vários mercados, como aquele em que transacionam com o Executivo para liberar verbas orçamentárias, e com fornecedores que as recebem.
Portanto, não surpreende a profusão de picaretas, mensaleiros e sanguessugas e outros comportamentos abjetos que vêm tipificando muitos deputados." Leia mais

Marcadores:

Google
online
Google