segunda-feira, setembro 25, 2006

ENTREVISTA
Ao Valor Econômico
dada por Ricardo Carneiro, economista e professor da Unicamp

"Não vejo nenhuma razão para a atual política de juros, a não ser excesso de ortodoxia do Banco Central "
Caso seja reeleito, o presidente Lula da Silva terá que alterar a condução da economia, deixando para trás a ortodoxia do primeiro mandato.
"Não se pode ter a mesma política econômica no segundo mandato", diz. "É uma questão de sobrevivência política. O país precisa crescer."
Ele acredita que a conjuntura internacional dos últimos quatro anos foi uma exceção e que o cenário externo vai mudar, exigindo uma alteração do mix de crescimento doméstico, menos dependente das exportações.
Para o professor, a sustentabilidade dos ganhos econômicos e sociais do governo Lula - melhor distribuição de renda e redução da vulnerabilidade externa - não está garantida. Carneiro considera o crescimento da economia brasileira medíocre e vê a valorização cambial como o principal equívoco da gestão petista.
Além da redução dos juros - que liberaria recursos para elevar investimentos - e da desvalorização do real, sua receita para crescer inclui uma política de desenvolvimento com incentivos a setores estratégicos, com apoio à inovação, barreiras à importação de alguns setores e uma política de investimento em saúde, educação, saneamento e transporte que estimule o consumo das massas.
Para Carneiro, o principal acerto de Lula foram os aumentos sucessivos do salário mínimo. Ele defende os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, mas diz que não substituem o crescimento.
"Se o país não cresce, a política social vira um saco sem fundo".
Formado pela Universidade Católica de Pernambuco e com pós-doutorado na Universidade de Londres, Carneiro é historicamente ligado ao PT.
Participou da formulação do programa econômico do então candidato Lula na campanha de 2002, mas ficou fora do governo.
Se Lula for reeleito, acredita que haverá uma disputa entre as correntes liberal e desenvolvimentista dentro do PT na transição para o segundo mandato.
Pelo que parece, o professor não foi contaminado pela companhia: respeita a matemática.
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