sábado, junho 28, 2008

O potencial de Itapeva

Sebastião Loureiro, na Folha do Sul de hoje:
Uma boa notícia foi publicada por esta Folha: "Itapeva terá 100 % das ruas asfaltadas". Valor do investimento: R$ 6 milhões no ano. Nada mal para uma prefeitura que andava quebrada quatro anos atrás.
Mas, cá entre nós, não vamos exagerar na comemoração. Afinal, para Itapeva, R$ 6 milhões é um valor relativamente pequeno, representa apenas 5 % do orçamento anual do município (113 milhões em 2008).
De modo que é perfeitamente possível avançar mais, bem mais. Não houvesse tanto desperdício, era pra não ter, faz tempo, mais nenhuma rua sem calçamento, não era? Então, é preciso combater os
desperdícios. Sugiro um pacto: autoridades do Legislativo e do Executivo se comprometeriam a implantar programas de combate ao desperdício - em todos os setores públicos. Aí o dinheiro aparece.
Será, então, possível multiplicar consideravelmente o valor dos investimentos tão necessários à população, inclusive em anos não eleitorais.
Por onde começar? Veja bem, a Câmara Municipal anda gastando, por ano, R$ 3,2 milhões só em custeio (salário dos 10 vereadores,assessores, combustível, água, luz, etc e tal). Não é um absurdo um
vereador custar 320 mil ao ano, quase mil reais por dia? A vizinha Itaberá, com renda per capita maior, gasta cerca de R$ 800 mil no ano com a Câmara de 9 vereadores. Se fizessem um pequeno sacrifício,
nossos ilustres representantes dariam um bom exemplo: economizariam R$ 2,4 milhões por ano (quase a metade do valor do asfalto!)
A Prefeitura tem 19 secretarias, o dobro da de Itapetininga. Um exagero. Para que tantas secretarias senão para servirem de moeda de troca? Qual é o gasto anual com salário dos secretários-companheiros, funcionários-cabos-eleitorais, diárias, cafezinho, telefone, gasolina, etc. e tal? Há quem estime que o desperdício é maior ainda que o da Câmara acima citado.
Quanto é desperdiçado com raspagem e pedras nas estradas rurais que, por falta de critério técnico que leve em conta o comportamento da enxurrada, mal agüentam uma chuva? E com os cerca de 1.200
funcionários de confiança, indicados por (critérios) políticos?
Percebeu o tamanho do buraco? Justamente para esconder do povo (e da imprensa) a exata dimensão, políticos fazem de tudo para que os dados permaneçam em absoluto segredo. Transparência, só da boca pra fora.
Pensando bem, o nó da política é um só: déficit de democracia. Porque democracia é bem mais que eleição: é orçamento público participativo; é transparência; é prestação de contas ...
Sebastião Loureiro

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