quarta-feira, setembro 30, 2009


Folha de S. Paulo
Ataque e retranca no lugar errado
Vinicius Torres Freire - Vinícius Torres Freire

A DESPESA com a folha de pagamento do funcionalismo do governo federal cresceu R$ 15,7 bilhões, até agosto. Todo o dinheiro investido pelo mesmo governo federal, no mesmo período, foi de uns R$ 17,3 bilhões. Ressalte-se que, no caso dos gastos com os servidores, trata-se da variação da despesa.

No caso do investimento, PAC e outros poucos, trata-se do gasto total.

Esse é o balanço do governo central (governo federal, INSS, Banco Central, divulgado ontem).

O deficit do setor público (governo federal, Estados, municípios etc.) vai mais que dobrar neste ano, do 1,5% do ano passado para mais de 3%. Sim, nesse aspecto o governo Lula comportou-se razoavelmente nos demais anos, entregando um superavit primário decente -decente se a gente não pensa muito nos aumentos de arrecadação de impostos, mas vá lá. Sim, este 2009 de recessão mundial e de ameaça de recessão no Brasil era o ano do gasto anticíclico (despesa para estimular a economia e evitar um excesso do ciclo recessivo). Sim, o governo tomou medidas corretas, como baixar impostos a fim de estimular o consumo e evitar a redução excessiva da atividade econômica.

Sim, a gente não pode falar bem do governo, confirmam os dados divulgados ontem. O bom gasto anticíclico é com investimento. Mas o gasto com pessoal cresceu 19%. A despesa com investimento, 8,5%. Voilá.

O governo está evidentemente extrapolando. Para piorar, se dá ao ridículo incompreensível de inventar firulas contábeis de modo a maquiar o mau resultado fiscal que será o deste ano. Por exemplo, ao dizer que despesas do PAC (investimento) vão, na prática, contar no número que o governo vai apresentar como dinheiro economizado. Qual o objetivo? No final das contas, a prova do pudim é o aumento da dívida pública: a dívida terá aumentado.

Não vai haver crise por causa disso. Mas dívida maior implica que continuaremos a gastar exorbitâncias no pagamento de juros. Enfim, a nonchalance do governo em gastar neste 2009 de queda na arrecadação faz a gente pensar no que será o 2010 com a receita de impostos em alta e candidatos do governo empacados nas pesquisas. MAIS

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