quinta-feira, outubro 22, 2009

Folha de S. Paulo
Da metamorfose à rendição

Clóvis Rossi

Que Luiz Inácio Lula da Silva foi, a partir de sua vitória de 2002, uma metamorfose ambulante, nem precisava que ele próprio o dissesse.

Os fatos falavam alto e claro.

O triste, como revela a entrevista que ele concedeu a Kennedy Alencar desta Folha, é que Lula passou da metamorfose à rendição a uma realidade política horrorosa.

Disse Lula: Qualquer um que ganhar as eleições, pode ser o maior xiita deste país ou o maior direitista, ele não conseguirá montar o governo fora da realidade política.

Entre o que se quer e o que se pode fazer tem uma diferença do tamanho do oceano Atlântico. Quem ganhar a Presidência amanhã, terá de fazer quase a mesma composição, porque este é o espectro político brasileiro.

O presidente ainda acrescentou: Se Jesus Cristo viesse para cá, e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão.

Se Frei Betto, o confessor ou ex-confessor de Lula, tivesse ensinado seu amigo direitinho, o presidente aprenderia que Cristo foi crucificado justamente porque não fez coalizão com os judas da vida.

Que Lula tivesse obsessão com a governabilidade até dá para entender. Que desista de ao menos tentar reformar a realidade política é um irremediável desastre.

Só para qualificar o que é essa realidade: a Fundação Konrad Adenauer, ligada à democracia-cristã alemã, divulgou há dez dias o índice de desenvolvimento político da América Latina. O Brasil consegue a proeza de ficar só no 8º lugar entre os 18 países listados. E estamos falando de América Latina, que é essa mixórdia arquiconhecida.

Tudo somado, dá para entender por que o presidente prefere que a imprensa não fiscalize o poder, apenas informe. Lula e seu partido trocaram a fiscalização do tempo de oposição pelo gozo do poder uma vez nele instalados.

2 Comments:

Anonymous PC said...

É bom não esquecermos que foi FHC quem deu início a essa degradação moral em que vive a maioria da classe política, ao optar também pelo pragmatismo para governar aliando-se com o que havia de pior na política, rendendo-se aos velhos coronéis como o falecido ACM e outros que fazem a velha política oligarquica e patrimonialista onde não há distinção entre o público e o privado. Lula apenas seguiu a cartilha de FHC em nome da governabilidade.

9:10 AM  
Anonymous Anônimo said...

Quem é que não sabe que para haver governabilidade o sujeito tem que se aliar com camarilhas de politicos espertalhões,senão...Lembro-me de que quando o Ulisses Guimarães levantava a bandeira do Parlamentarismo,mostrando suas vantagens sobre esse sistema presidencialista, sumiu do mapa, na região de Ilhabela...A governabilidade exige fazer certas alianças para que a casa se mantenha em pé...O LULA um autodidata,inteligente como só um torneiro mecânico como ele,sabe utilizar-se de certos recursos praticados pela direita e assim ascende com muita popularidade deixando a oposição boquiaberta...

9:11 PM  

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