sexta-feira, fevereiro 26, 2010

Por que petistas gostam tanto de "Estado forte"

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Banda turva

Folha, editorial

A CADA ENXADADA, uma minhoca. Natural da cidade de Passa-Quatro, no sul de Minas Gerais, José Dirceu certamente conhece esse dito popular, segundo o qual basta procurar para encontrar.

E minhocas não parecem faltar quando o assunto são os negócios de consultoria a que passou a se dedicar o ex-ministro do governo Lula. Desde que deixou a Casa Civil e teve o mandato de deputado cassado pela Câmara, em 2005, acusado de ser o mentor do mensalão, Dirceu tem se mostrado uma figura equívoca. A militância política e a atividade profissional, os contatos no mundo privado e as incursões pelos porões do poder público se misturam nebulosamente na vida deste personagem anfíbio.

O próprio Dirceu, vale dizer, alimenta uma certa mitologia em torno de seu personagem, sem que se saiba quanto disso é lobby de si próprio e quanto corresponde à influência que ainda exerceria sobre setores do Estado e da máquina petista.

Em 2007, numa longa entrevista à revista “Playboy”, a certa altura ele explicava seu trabalho nos seguintes termos: “No fundo, o que eu faço é isso: analiso a situação, aconselho. Se eu fizesse lobby, o presidente saberia no outro dia. Porque, no governo, quando eu dou um telefonema, modéstia à parte, é um telefonema! As empresas que trabalham comigo estão satisfeitas. E eu procuro trabalhar mais com empresas privadas do que com empresas que têm relações com o governo”.

Primeiro, há esses telefonemas com exclamação, que mais mereceriam pontos de interrogação. Segundo, há o fato incontestável de que Dirceu trabalha, sim, com empresas que têm relações com o governo. Como revelou esta Folha, é o caso da consultoria que prestou ao empresário Nelson Santos entre 2007 e 2009, pela qual recebeu R$ 620 mil.

Dono de uma “offshore” num paraíso fiscal, Santos adquiriu em 2005, por R$ 1, uma participação na Eletronet, empresa em processo de falência que o governo Lula planeja recuperar para usar seu principal ativo -uma rede de 16 mil km de fibras óticas- na oferta de internet a 68% dos domicílios até 2014.

É no mínimo uma coincidência sugestiva o fato de que a massa falimentar da Eletronet tenha sido convertida em ouro pelo governo meses depois da contratação de Dirceu por Santos.

Qualquer que seja o desfecho dessa história, ela constitui o mais recente capítulo do que se tem procurado ocultar sob a retórica do “Estado forte” lulo-petista: a aliança entre empresas privadas favorecidas pelo poder e grupos de interesse aninhados no Estado e no partido.

A operação de compra da Brasil Telecom pela Oi/Telemar, que demandou mudanças importantes na legislação e contou com forte injeção de dinheiro do Banco do Brasil e do BNDES, é um exemplo acabado do neopatrimonialismo em curso no país.

Com seu maquiavelismo de almanaque, Dirceu apenas mostra de maneira mais didática o que se tornou diretriz de governo.

A ditadura que os petistas tanto gostam

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Do lado dos perpetradores

Estadão - editorial

São de um cinismo deslavado os comentários do presidente Lula sobre a morte do ativista cubano Orlando Zapata Tamayo, ocorrida horas antes de sua quarta visita à ilha desde que assumiu o governo. Tamayo, um pedreiro de 42 anos, foi um dos 75 dissidentes condenados em 2003 a até 28 anos de prisão. Inicialmente, a sua pena foi fixada em 3 anos. Depois, elevada a 25 anos e 6 meses por delitos como “desacato”, “desordem pública” e “resistência”. Embora não fosse um membro destacado do movimento de direitos humanos em Cuba, a Anistia Internacional o incluiu na sua lista de “prisioneiros de consciência” - vítimas adotadas pela organização por terem sido detidas apenas por suas ideias. Em dezembro, Tamayo iniciou a greve de fome por melhores condições para os 200 presos políticos do regime, da qual morreria 85 dias depois.


Lula conseguiu superar o ditador Raúl Castro em matéria de cinismo e escárnio. Este disse que Tamayo “foi levado aos nossos melhores hospitais”. Na realidade, só na semana passada, já semi-inconsciente, transferiram-no do presídio de segurança máxima de Camaguey para Havana. E só na segunda-feira foi hospitalizado. O desfecho foi tudo menos uma surpresa para os seus algozes. Dias antes, autoridades espanholas haviam manifestado a sua preocupação com a situação de Tamayo, numa reunião sobre direitos humanos com enviados de Cuba. Ele morreu porque o deixaram morrer. Poderiam, mas não quiseram, alimentá-lo por via endovenosa. “Foi um assassínio com roupagem judicial”, resumiu Elizardo Sánchez, líder da ilegal, mas tolerada, Comissão Cubana de Direitos Humanos.

Já Lula como que culpou Tamayo por sua morte. Quando finalmente concordou em falar do assunto, sem disfarçar a irritação, o autointitulado condutor da “hiperdemocracia” brasileira e promulgador recente do Programa Nacional de Direitos Humanos, disse lamentar profundamente “que uma pessoa se deixe morrer por uma greve de fome”, lembrando que se opunha a esse tipo de protesto a que já tinha recorrido (quando, ainda sindicalista, foi preso pelo regime militar). Nenhuma palavra, portanto, sobre o que levou o dissidente a essa atitude temerária: nada sobre o seu encarceramento por delito de opinião, nada sobre as condições a que são submetidos os opositores do regime, nada sobre o fato de ser Cuba o único país das Américas com presos políticos. Nenhum gesto de desaprovação à violência de uma tirania.

Pensando bem, por que haveria ele de turvar a sua fraternal amizade com os compañeros Fidel e Raúl, aborrecendo-os com esses detalhes? Ao seu lado, Raúl acabara de pedir aos jornalistas que “os deixassem tranquilos, desenvolvendo normalmente nossas atividades”. Lula atendia ao pedido. Afinal, como observara o seu assessor internacional Marco Aurélio Garcia, “há problemas de direitos humanos no mundo inteiro”. Mas Lula ainda chamou de mentirosos os 50 presos políticos que lhe escreveram no domingo para alertá-lo da gravidade do estado de saúde de Tamayo e para pedir que intercedesse pela libertação deles todos. Quem sabe imaginaram, ingenuamente ou em desespero de causa, que o brasileiro pudesse ser “a voz em defesa da proteção da vida aos cubanos”, como diria o religioso Dagoberto Valdés, um dos poucos opositores da ditadura ainda em liberdade na ilha.

Lula negou ter recebido a correspondência. “As pessoas precisam parar com o hábito de fazer cartas, guardarem para si e depois dizerem que mandaram para os outros”, reclamou. E, com um toque de requinte no próprio cinismo, concluiu: “Se essas pessoas tivessem falado comigo antes, eu teria pedido para ele parar a greve e quem sabe teria evitado que ele morresse.” À parte a falta de solidariedade humana elementar que as suas palavras escancararam ? ele disse que pode ser acusado de tudo, menos disso ?, a coincidência da visita de Lula com a tragédia de Tamayo o deixou exposto aos olhos do mundo ? e não exatamente da forma que tanto o envaidece.

A morte de um “prisioneiro de consciência”, a afirmação de sua mãe de que ele foi torturado e o surto repressivo que se seguiu ? com a detenção de dezenas de cubanos para impedir que comparecessem ao enterro do dissidente no seu vilarejo natal ? transformam um episódio já de si sórdido em um escândalo internacional. Dele, Lula participa pela confraternização com os perpetradores de um crime continuado que já dura 51 anos.

Ilha presídio

De Miriam Leitão, em O Globo

Foi constrangedor ver a cena do presidente Lula e seus assessores rindo do lado dos Castros de Cuba, enquanto o governo cubano prendia os amigos de Orlando Zapata que tentavam comparecer ao enterro.

A mãe de Zapata disse que ele era torturado sistematicamente; o desespero foi tal que ele ficou 84 dias sem comer. E lá estava o nosso presidente sorrindo e brincando com os ditadores.

Tenho dito aqui que concordo com a necessidade de se apurar as torturas e mortes de opositores durante a ditadura brasileira, mas o governo fica sem moral para defender que, no Brasil, os militares que torturaram e mataram sejam punidos, se aceita se confraternizar com quem tortura e mata integrantes da oposição em Cuba.

Os detalhes da morte de Orlando Zapata Tamayo lembram os piores regimes. A casa dele, onde o corpo foi velado, ficou cercado de seguranças. Pessoas tentavam chegar perto do livro de condolências e não conseguiam. Alguns amigos dele permanecem presos só por querer ir ao enterro.

A mãe, Reina Zapata, disse que o filho era “prisioneiro de consciência” e pediu que o mundo cerre fileiras em defesa dos outros prisioneiros políticos de Cuba.

Ou o governo Lula acha normal a tortura e a morte de dissidentes, e aí tem que abonar o passado brasileiro, ou então tem que declarar sua defesa aos direitos humanos dos cubanos.

E que não se diga que isso é assunto interno dos cubanos, porque terá que dizer que a queda de Manuel Zelaya era um assunto dos hondurenhos. (Copiado do Noblat)

A ditadura que petistas tanto gostam-1

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"Lost"

Fernando de Barros e Silva - Fernando Rodrigues

Folha de S. Paulo - 26/02/2010

SÃO PAULO - Repare, leitor, nas três cenas seguintes: 1. Franklin Martins exibe um sorriso orgulhoso e abraça Fidel Castro, posando para que o próprio Lula os fotografasse juntos; 2. Irritado com a imprensa, Lula nega ter recebido apelos de grupos defensores dos direitos humanos para que intercedesse em favor do preso político Orlando Zapata: "Se essas pessoas tivessem falado comigo antes, eu teria pedido para ele parar a greve de fome e quem sabe teria evitado que morresse"; 3. Comentando o caso, o assessor de Lula para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, diz: "Há problemas de direitos humanos no mundo inteiro".

Franklin sorri, Lula engambela e Garcia avacalha. A morte do pedreiro Orlando Zapata, condenado a mais de 25 anos de prisão por discordar do regime, carimba de vergonha o passaporte da comitiva brasileira. Viajando com evidente disposição de render homenagens ao ditador e usufruir os dias finais da Disneylândia socialista, o governo Lula se omitiu alegremente, para depois tripudiar sobre o cadáver quando a realidade o emparedou.
Da tolerância com os desmandos do regime à idolatria pela figura de Fidel, subsiste no governo brasileiro (e amplamente na esquerda nativa) a "mitologia do bom tirano" -expressão do filósofo Ruy Fausto.
Em 2003, a onda de repressão aos dissidentes resultou no fuzilamento de três pessoas e em outras várias condenações à prisão perpétua. É isso o que está em jogo novamente. Para quem defende de fato os direitos humanos, pouco importa que a nomenclatura no poder há 50 anos tenha origem numa revolução feita em nome de ideais igualitários. Ela não é menos criminosa por isso.

Marco Aurélio Garcia não gosta dos seriados de TV americanos -"esterco cultural", ele disse. Mas é capaz de baratear os direitos humanos para não atrapalhar a estadia na ilha de "Lost". No congresso do PT, ele já havia dito (e Dilma Rousseff repetiu): "Não aceitamos lições de liberdade de quem não tem compromisso com ela". Bingo, Garcia!

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

DESCONFIO DE TODO INDIVÍDUO QUE DEFENDE CAUSAS EM SENTIDO ÚNICO. APENAS OS CRIMES CONTRA O SEU AGRUPAMENTO OU MODO DE PENSAR SÃO CRIMES. OS COMETIDOS CONTRA OS SEUS ADVERSÁRIOS, SÃO NADA. NO CASO ATUAL DOS DIREITOS HUMANOS: MUITOS DOS QUE ENSURDECEM A OPINIÃO PÚBLICA COM ABAIXO ASSINADOS E OUTRAS INICIATIVAS, CALAM DIANTE DA MORTE DE UM OPOSICIONISTA AO REGIME DOS CASTRO, EM CUBA. É UM MODO DE DIZER QUE SUA DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS É MENTIROSA, POIS TEM "OPÇÃO PREFERENCIAL" PELOS SEUS. MAS É ASSIM QUE FUNCIONA A MILITÂNCIA: PRECONCEITUOSA, CEGA, ESCRAVA VOLUNTÁRIA. RR

Democratas: “Sim” á Democracia; “não” às Ditaduras

No momento em que o presidente Lula da Silva faz sua terceira visita a Cuba e posa sorridente para fotos abraçado aos ditadores Fidel e Raúl Castro, a Comissão Executiva Nacional do Democratas lamenta o silêncio inexplicável do governo ante a morte do preso político cubano Orlando Zapata Tamayo, enterrado em Havana no mesmo dia em que chegou ao país a comitiva brasileira.

A agonia e morte do prisioneiro, que estava em greve de fome desde o início de dezembro e vinha sendo torturado por sonhar com um regime de liberdade, é a prova cabal de que a barbárie impera em Cuba. Ali, passa de 200 o número de presos por supostos crimes de “consciência”, segundo estimativa da anistia internacional.

O presidente Lula da Silva, que sempre disse defender a democracia e o Estado de Direito, devia refletir sobre suas responsabilidades perante a história do Brasil, a história do seu partido e até sua própria história, antes de apoiar ditaduras como as que vigoram no Irã e em Cuba. O presidente da República também não devia carrear vultosos financiamentos públicos brasileiros, à revelia do Poder Legislativo, para a ditadura dos irmãos Castro.

Cuba é um país que se tornou pária por não cumprir as cláusulas democráticas exigidas nas relações diplomáticas dos povos civilizados. Também não cumpre contratos. Isto quer dizer que o dinheiro levado por Lula da Silva não será devolvido. O Brasil jamais recebeu de volta os empréstimos que fez a Cuba.

O presidente Lula da Silva não é dono da poupança dos brasileiros. Ele deve gerir os recursos mediante critérios legais, em vez de usá-los para doação a seus ditadores de estimação. Para se ter idéia do absurdo desta ação presidencial cabe lembrar que o montante que Lula garantiu a Cuba é mais de dez vezes superior à soma das doações feitas pelo Brasil ao Haiti, país devastado pelo terremoto de 12 de janeiro.

O Democratas pretende convocar o presidente do BNDES, Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, para explicar no Congresso os critérios que foram usados pela instituição para definir os empréstimos a Cuba.Emprestar dinheiro a uma ditadura é financiar a tortura, é homenagear um regime opressivo que leva os dissidentes à morte.

O povo brasileiro apóia a liberdade de pensar, participar e discordar. O povo brasileiro não aceita o equívoco deste governo que vai a Cuba tentar mostrar ditadores, que perderam todas as batalhas da História, como heróis. Heróis são os que morrem pela liberdade.

Brasília, 25 de fevereiro de 2010
Rodrigo Maia- Presidente

(Copiado do blog do Reinaldo)

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

deu em o globo

Raiz da corrupção (Editorial)

Entre as modalidades de negócios de alto risco está a compra de empresas quebradas com chances de um dia se recuperar.

A aposta, fonte potencial de enormes lucros, costuma ser feita por gente bem informada.

Parece ter sido o que fez, em 2005, Nelson dos Santos, dono da Star Overseas, sediada no paraíso fiscal das Ilhas Virgens britânicas, ao adquirir por preço simbólico (R$ 1) uma participação na Eletronet, criada em 1999, no governo FH, para ficar com a malha de fibras óticas da Eletrobrás e subsidiárias.

Trata-se de uma firma que, em 2003, havia requerido a autofalência, a pedido de um acionista, a Lightpar.

Muito endividada, a Eletronet também não interessou a um outro sócio, a americana AES. Um ano depois, os americanos venderam a participação de 50% à Contem Canada, e esta repassou metade das ações (25% do total da firma) à Star Overseas em troca de menos que um cafezinho.

Muita coisa aconteceu de lá até hoje, quando a Eletronet está prestes a ser o centro do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), o que poderá render ao bem informado Nelson dos Santos um lucro de R$ 200 milhões.

Quer dizer, duzentos milhões de vezes o capital investido na compra das ações. Segundo reportagem da “Folha de S.Paulo”, foi chave para Nelson dos Santos contratar, em março de 2007, o consultor José Dirceu, ex-ministro, mensaleiro processado, mas popular no PT e, pelo visto mais uma vez, com fácil trânsito em Brasília.

Coincidência ou não, em novembro daquele ano, o governo anunciou o plano de ressuscitar a Telebrás, mantida no respirador artificial apenas por questões legais.

A ressurreição seria necessária para fazer chegar o serviço de banda larga à população de baixa renda. Como? Pela rede da Eletronet.

Bingo!

Informa-se que, entre 2007 e 2009, o consultor Dirceu embolsou R$ 620 mil do cliente Nelson dos Santos, o bem informado empresário apostador.

Está difícil para governo acabar com a forte impressão de que um poderoso lobby agiu no Planalto a favor da Eletronet.

O controle da empresa está em disputa judicial. O governo ganhou, até agora. Mas, se perder no final, Nelson Santos terá mesmo dado grande tacada; ainda que faça acordo com a União.

O caso, independentemente do seu desfecho, se soma a outros em que também fica em xeque o padrão ético de militantes de esquerda que desembarcaram em Brasília em 2003 para salvar o país.

Tem ocorrido de tudo: conflito de interesses, corrupção, desvio de dinheiro público. Vale lembrar o jipe de luxo recebido por um secretário do PT, Sílvio Pereira, de uma em-preiteira fornecedora da Petrobras, a GDK.

Bem como o desvio comprovado de dinheiro do Banco do Brasil, por meio da Visanet, para o esquema do mensalão, golpe em que esteve à frente o petista Henrique Pizzolato, do aparelho sindical montado na cúpula do BB.

Há muitos pontos em comum nestas e outras histórias do tipo que se sucedem em Brasília desde o início da Era Lula.

Um dos fios que tecem essa colcha de retalhos de casos de desvios éticos — para dizer o mínimo — é o da expansão do Estado sobre a sociedade.

Sempre quando isso acontece — há exemplos históricos fora do Brasil, no Leste da Europa no Século XX — instala-se um amplo guichê de venda de favores por comissários e burocratas bem relacionados nos centros de poder.

Ditador que petistas tanto gostam

Polícia registra caso de duplo homicídio na Zona Rural da cidade


24/02/2010 (atualizado às 19:09)
Da Redação

A polícia de Itapeva registrou nesta quarta-feira, dia 24, um duplo homicídio. O crime aconteceu no bairro Das Pedras, na Zona Rural. De acordo com a polícia, um rapaz de 26 anos discutiu com a namorada e a esfaqueou. A moça, de 20 anos, conseguiu correr até a casa de sua família.

O rapaz foi atrás da vítima e tentou agredir sua família. O pai da moça revidou e matou o rapaz com um facão. Ele não vai responder criminalmente porque agiu em legítima defesa. A moça esfaqueada também morreu. (SITE DA TV TEM)

Agricultura familiar: uma leitura apressada

Autor(es): Reinhold Stephanes
Valor Econômico - 24/02/2010

Políticas visam eliminar a pobreza rural com foco na integração econômica e social dos pequenos produtores

O equivocado censo relativo a um grupo fortemente heterogêneo de produtores rurais, intitulado de agricultores familiares, ganhou uma leitura apressada e trouxe à tona uma disputa que vai tomando proporções absurdas, dentro e fora do governo. E deve ser vista com preocupação porque incita a divisão imaginária e maniqueísta dos agricultores, distorcendo dados e tomando como iguais agriculturas muito diferentes, variando entre aquelas famílias rurais que produzem apenas para o autoconsumo e as propriedades mais eficientes e tecnificadas, que hoje são a maioria e atuam comercialmente. Com objetivos econômicos radicalmente diferentes, todas têm em comum, apenas, a gestão familiar.

O conceito central correto que interpreta tais diferenças é o da sociabilidade capitalista, processo social que gradualmente transforma as que produzem para o próprio sustento, integrando-as economicamente. Assim, em certo momento histórico se verificará a existência apenas do segundo grupo, com todos os produtores sendo ativos agentes econômicos. Essa foi a trajetória agrária dos países avançados, inexistindo razões lógicas para imaginar que o Brasil poderá seguir rumo radicalmente estranho a esse padrão.

No Brasil, a expressão "agricultura familiar" ainda abarca visões muito distintas, que costumam variar de acordo com a ideologia de quem a emprega, gerando nefastas manipulações, cujos objetivos são exclusivamente políticos. Há até perspectivas sonhadoras que apostam em um pequeno produtor anticapitalista e que pregam o retorno a um mágico comunitarismo coletivista e não mercantil. A maioria dos produtores discorda desse conceito, principalmente os que fazem parte da classe média rural.

Ilusionismos à parte, tem sido escamoteado que os critérios para nomear esses agricultores como familiares nasceram de uma demanda social dos anos 1990. Qual seja, uma política de financiamento da produção específica para os estabelecimentos de menor porte e sob gestão familiar. Nesse sentido, formalizado em 1994 para assegurar os recursos financeiros àqueles produtores, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) foi bem sucedido, pois aumentou notavelmente o volume de crédito e o número de agricultores atendidos, sobretudo sob a atual administração federal.

Causa espanto que muitos desconsiderem nossa história recente, começando com a revolução produtiva iniciada na década de 1970, que transformou o Brasil na atual potência agrícola. A espetacular modernização agrícola tem irrigado o campo sob densa capilaridade monetária, alicerçando as cadeias produtivas e estimulando um contínuo aperfeiçoamento tecnológico. A significativa elevação da produtividade agrícola apenas espelha tal fato. O que justificaria, portanto, a reiteração do passado e o discurso polarizador de apenas dois grupos sociais de produtores, os familiares e os não familiares, quando a agricultura é cada vez mais diversificada social e economicamente? Afinal, a maioria dos pequenos agricultores, especialmente no Centro-Sul, vinculados a cooperativas, também participa do agronegócio, ou seja, das cadeias produtivas constituídas no período contemporâneo. E a integração social e econômica, no final, é o que todos almejam.

A democratização do crédito rural já é uma realidade e, dessa forma, precisamos suplantar tais equívocos, reformulando o atual hibridismo ministerial e garantindo um segundo momento de modernização, consentâneo com as exigências atuais, especialmente as ambientais. Políticas diferenciadas, por exemplo, que atenuem a heterogeneidade ignorada por aqueles que distorcem o conceito de agricultura dita familiar. Ações destinadas a eliminar a pobreza rural, que hoje está concentrada em regiões do Norte, principalmente e, do Nordeste, mas sempre almejando a plena integração econômica e social dos produtores de menor porte.

Em especial, é preciso focar na esquecida classe média rural, que se tornou a maior credora da modernização econômica nos países de agricultura avançada. Apoiá-los, cada vez mais, sob políticas que promovam a prosperidade sócio-econômica e estimulem um modelo ambientalmente sustentável, essa é a nossa tarefa central.

O Ministério da Agricultura, mobilizando o melhor da ciência agrícola sob o comando da Embrapa, com apoio da rede estadual de pesquisa, e fundando-se em sua centenária experiência a serviço de todos os agricultores, está plenamente preparado para liderar esse desafio. Superados os equívocos que emperram essa quadra histórica, a agricultura brasileira será ainda mais exemplar para o mundo.

Para entender por que petistas gostam tando de estatais ("Estado forte", como diz dona Dilma):

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Dirceubrás

Fernando de Barros e Silva - Fernando Rodrigues
Folha de S. Paulo - 24/02/2010

SÃO PAULO - José Dirceu tem um blog -o "blog do Zé". Ele o define como "um espaço para a discussão do Brasil". Discutindo o Brasil como quem não quer nada, Dirceu escreveu o seguinte: "Do ponto de vista econômico, faz sentido o governo defender a reincorporação, pela Eletrobrás, dos ativos da Eletronet, uma rede de 16 mil quilômetros de fibras óticas" etc. etc. etc.

Este é um assunto caro a Dirceu. Seu primeiro post sobre o tema é de março de 2007. Por coincidência, o mesmo mês em que o empresário Nelson Santos contratou seus serviços de consultoria. Ficamos sabendo disso só ontem, pela reportagem de Marcio Aith e Julio Wiziack.

Em 2005, Nelson Santos, dono da "offshore" Star Overseas, sediada nas Ilhas Virgens, havia comprado pelo valor simbólico de R$ 1 a participação em uma empresa à época falida -a Eletronet. Entre 2007 e 2009, o empresário pagou a Dirceu R$ 620 mil por consultorias. Se a Telebrás for reativada, como anuncia o governo, o mesmo bidu que desembolsou R$ 1 pela Eletronet pode sair dela com R$ 200 milhões. Diante disso, o que Santos gastou com Dirceu é fichinha -ou não?
O ex-ministro da Casa Civil de Lula diz que a consultoria versava sobre os "rumos da economia na América Latina". Sabemos que Dirceu não mente. Usou na vida várias máscaras, mas a palavra é uma só.

O homem de negócios e o revolucionário convivem numa boa na pessoa de Zé Dirceu. O capitalismo de Estado e os interesses privados nele se acomodam harmonicamente. Ele é o "bolchebusiness" perfeito. Não há contradições insolúveis no horizonte de um democrata que se mira em Cuba ou de um socialista que topa tudo por dinheiro.

Durante o congresso do PT, vários oradores usaram o microfone para inflamar os companheiros contra o fantasma do "modelo neoliberal". Ninguém lembrou de levantar a voz contra o "modelo neopatrimonialista". Pelo contrário. De óculos escuros, o neopatrimonialismo em pessoa circulava sorridente entre petistas, posando para fotos como um verdadeiro popstar.

A ditadura que petistas tanto gostam

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Deu no El País

Lula chega a Cuba para respaldar o regime castrista

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, chegou ontem a Havana para dar seu último respaldo ao governo cubano antes de abandonar o poder.

Trata-se da quarta viagem que realiza à ilha em seus oito anos como presidente, e a visita tem dois objetivos principais: refor;ar sua aposta política na revolução castrista e apoiar setores estratégicos da economia cubana no momento em que a falta de liquidez e a crise sufocam as autoridades da ilha.

Na agenda de Lula não há espaço para os dissidentes do regime.

Leia mais em espanhol: Lula llega a Cuba para dar respaldo político y económico al régimen castrista

(Copiado do Noblat)

terça-feira, fevereiro 23, 2010

Deu em O Globo

Estado da Dilma

De Miriam Leitão:

A candidata Dilma Rousseff disse à "Época" que a "perversidade monstruosa" do Estado mínimo é que ele "não investe em saneamento". Faltou explicar dois pontos: quem entre seus adversários defende o Estado mínimo e por que, ao final do governo Lula, pelo último dado disponível, apenas 52% dos domicílios têm esgoto; quatro pontos percentuais a mais do que no começo do mandato.

Dilma disse, citando Lula, que "para quem é rico não interessa ter Estado". Interessa, sim, basta ver a fila do BNDES e a concentração dos empréstimos nos grandes grupos econômicos, no governo Lula. Vamos lembrar um caso recente.

O JBS Friboi comprou o frigorífico americano Pilgrim's Pride e logo depois foi fazer a peregrinação ao banco. Lançou debêntures e, apesar de a operação não criar emprego algum no Brasil, o BNDES comprou 65% delas por R$ 2,2 bilhões. Pobres ricos brasileiros! O que seria deles sem o Estado?

Compare-se o dinheiro do JBS Friboi com o gasto com saneamento. No Orçamento da União de 2009, de acordo com o Contas Abertas, a dotação para saneamento foi de R$ 3,1 bilhões. Mas foram pagos apenas R$ 1,6 bilhão, contando restos a pagar. O desembolso do BNDES para saneamento foi de R$ 1,3 bilhão no mesmo ano.

Ninguém defende ou defendeu até hoje Estado mínimo no Brasil. As privatizações apenas reduziram excessos inconcebíveis como o da siderurgia, toda estatal com prejuízos cobertos pelo dinheiro dos impostos, ou de um monopólio estatal de telefone que não conseguia entregar o produto a mais de 30% dos domicílios. A telefonia privada levou o serviço para 82% dos domicílios, mas o PSDB não capitaliza o resultado, e o governo Lula quer recriar a Telebrás.

Saneamento sempre foi entregue ao Estado, sempre dependeu do investimento dos governos e sempre foi uma vergonha. Não foi diferente nos dois períodos do presidente Lula.

No primeiro ano do governo de Fernando Henrique, o percentual de domicílios ligados à rede de esgoto era de 39%. No último, tinha subido para 46%.

Em 2003, no primeiro ano de Lula, a Pnad registra 48% de domicílios com esgoto, e no último dado disponível divulgado pela pesquisa, do ano passado e que se refere a 2007, é de 52%. Nos dois houve avanços, nenhum dos dois produziu um número do qual se vangloriar.

A ministra pegou o exemplo errado. Para se ter uma ideia, em 2007 houve queda dos domicílios com saneamento básico no Norte do país, onde apenas 9% das casas estão ligadas à rede de esgoto. (Copiado do blog do Noblat)

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Justiça acata ação civil contra a FAI

Folha do Sul


Ministério Público pede devolução de recurso e perda de direitos políticos

A juíza titular da 1ª Vara de Itapeva, Daniela Dejuste de Paula, acatou pedido de ação civil por improbidade administrativa proposto pelo Ministério Público contra o prefeito Luiz Cavani, o secretário Armando Gemignani, a Equipe de Rodeio 3 Corações e seu proprietário Cláudio Augusto Da Silva Fraletti, com base em inquérito civil que concluiu pela ocorrência de irregularidades da realização da Festa de Aniversário de Itapeva (FAI), no anos de 2006, 2007 e 2008.

Segundo o promotor de justiça Hélio Dimas de Almeida Júnior, titular da Primeira promotoria Pública, “apurou-se em referido procedimento a existência de um esquema para favorecimento da Equipe de Rodeios 3 Corações Ltda ME e de Cláudio Augusto da Silva Fraletti ME, mediante a realização da festividade sem licitação ou contratação das empresas requeridas”.

Nos autos que acumulam cinco volumes e três apensos, com mais de mil páginas, o representante do MP alega que foram utilizadas verbas públicas para o pagamento de despesas da festa.

Armando Ribas Gemignani, que no ano de 2008 exercia o cargo de prefeito em decorrência do afastamento do prefeito Luiz Cavani para concorrer às eleições, foi incluído na ação porque também autorizou depósito de R$ 30.000,00 na conta da referida empresa para pagamento de despesas da festa.

Para o promotor Hélio Dimas de Almeida Júnior, houve “triangulação” entre o prefeito Luiz Cavani, o vice-prefeito Armando Gemignani e as empresas realizadoras do evento “que obtiveram lucros através da figura do ente público”.

O promotor cita doações num total de R$ 90.660,00 feitas pela Elektro, Sp Vias, Sabesp, Caixa Econômica Federal, dentre outras, como exemplo de recursos que teriam sido captados apara a realização da festa, tendo sido repassado para cobrir despesas referentes aos três anos o valor de R$ 145.466,71.

O promotor concluiu que a inexistência de licitação caracterizou enriquecimento ilícito dos organizadores e com base nesse entendimento concluiu que o patrimônio público foi lesado, razão pela qual pede o ressarcimento de R$ 106.872,51 ao prefeito Luiz Cavani e R$ 38.594,20 ao vice-prefeito Armando Gemignani e às empresas realizadoras da festividade.

Além de condenar os réus ao pagamento das custas processuais, a ação requer à justiça a perda da função pública que os réus estiverem exercendo quando do trânsito em julgado, a suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, o pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano e a proibição de contratar com o Poder Público pelo prazo de cinco anos.

Para dar conhecimento ao leitor sobre as explicações e a defesa dos acusados, a Folha do Sul realizou entrevista exclusiva com o Dr. Antonio Rossi Júnior, secretário municipal de Governo e de Negócios Jurídicos.

Folha do Sul - Quais motivos levaram o MP a propor ação civil contra a realização da FAI nos anos de 2006 a 2008?
Dr. Rossi - Em decorrência de um inquérito civil, onde no entendimento do representante do Ministério Público, pelo fato de não ter havido licitação, teriam ocorrido irregularidades na realização do evento FAI nesses exercícios.

Folha do Sul - Quem são os representados?
Dr. Rossi - Os representados são o prefeito Luiz Antônio Hussne Cavani, além de Armando Ribas Gemignani, que respondeu pela administração pública no período em que o prefeito estava afastado (2008) e a empresa 3 Corações.

Folha do Sul - Já foi apresentada defesa com relação às denúncias de irregularidades?
Dr. Rossi - Uma defesa preliminar, onde foi constatado um entendimento de erro, tendo em vista que a Prefeitura não contratou nenhuma empresa para a realização do evento. O que ocorre é que a empresa foi a realizadora desse evento nesses exercícios e a Prefeitura somente a apoiou.

Folha do Sul - Qual será a argumentação da defesa?
Dr. Rossi - Não havia a necessidade de licitação porque não foi a Prefeitura que realizou o evento. A FAI foi realizada com o patrocínio de empresas particulares, e onde houve doações por essas empresas para o pagamento direto dos artistas e algumas empresas doaram direto para a empresa realizadora. Deve ser esclarecido que, segundo apurado pelo próprio MP, o dinheiro do erário utilizado em cada exercício corresponde a uma média de R$ 18 mil a cada ano. Esse valor é insignificante diante do valor total despendido para a realização de eventos dessa magnitude, que ultrapassa a casa do R$ 1 milhão.

Folha do Sul - Por que o MP demorou tanto tempo para apresentar tais denúncias?
Dr. Rossi - Isso tudo originou-se de um inquérito civil, que é uma peça investigatória. Depois é que foi promovida a ação.

Folha do Sul - Quem foi o autor das denúncias? O Sr. acredita que haja motivação política na iniciativa?
Dr. Rossi - Com toda certeza. Foram denúncias feitas em época de eleição, onde tentaram de todas as formas impedir a realização da FAI, sendo que no âmbito eleitoral foi arquivado o processo. Depois o MP, segundo seu entendimento, considerou irregular a realização, por não ocorrer a licitação. Contudo, deve ser esclarecido que após a realização da licitação (em 2009), o município ficou formalmente comprometido a pagar os shows que foram propostos no edital. O valor desses shows ultrapassava R$ 500 mil. Sendo assim, caso a Prefeitura não conseguisse patrocinadores, teria de arcar com essas despesas. Antes de ocorrer a licitação, o único responsável era a empresa organizadora.

Folha do Sul - Por que o MP não incluiu na ação civil a FAI 2009?
Dr. Rossi - Primeiro é preciso esclarecer que o evento de 2005 não foi incluído na ação civil porque a FAI foi realizada por outra empresa. E no exercício de 2009, a Prefeitura realizou o processo licitatório na modalidade pregão presencial. Muito embora existisse a discordância por se entender que não houve vantagem para a Prefeitura Municipal, já que ela ficou formalmente comprometida a arcar com valores estipulados no edital, caso não se conseguisse patrocinadores para a realização do evento. Sem a licitação, a responsabilidade era unicamente da empresa organizadora.

Folha do Sul - Qual é a tramitação que este processo seguirá? O prefeito tem foro especial?
Dr. Rossi - O prefeito tem foro especial, mas está efetuando a defesa no próprio processo e essa ação está formalmente começando agora. E uma ação dessa natureza pode durar mais de 10 anos, até chegar no trânsito em julgado.

sábado, fevereiro 20, 2010

DILMA É PARA 2 MANDATOS, DIZ LULA

''EU NÃO IRIA ESCOLHER ALGUÉM PARA SER VACA DE PRESÉPIO''
Autor(es): Vera Rosa, Tânia Monteiro, Rui Nogueira, João Bosco Rabello e Ricardo Gandour
O Estado de S. Paulo - 19/02/2010

O presidente Lula negou que tenha escolhido Dilma Rousseff como candidata presidencial com o objetivo de tentar voltar ao poder em 2014. “Ninguém aceita ser vaca de presépio e muito menos eu iria escolher uma pessoa para ser vaca de presépio”, afirmou Lula em entrevista exclusiva ao Estado. “Todo político que tentou eleger alguém manipulado quebrou a cara.” Para o presidente, uma eventual gestão Dilma não será mais à esquerda do que o seu governo, mas afirmou que as diretrizes do programa petista podem ser mais “progressistas”: “O partido, muitas vezes, defende princípios e coisas que o governo não pode defender”. No entanto, disse considerar importantes os investimentos estratégicos do Estado, que incluem criar “uma megaempresa de energia no País”. O presidente manifestou preocupação com a divisão da base aliada em Estados como Minas, onde PT e PMDB não selaram aliança. “Imaginar que Dilma possa subir em dois palanques é impossível.” Na entrevista, Lula defendeu o senador José Sarney, criticou o ex-presidente FHC e falou das enchentes em São Paulo, mas poupou o governador José Serra, provável adversário de Dilma - que o presidente definiu como uma mulher “sem ranço, sem mágoa e sem preconceito” na política.


''REI MORTO, REI POSTO'' - ''Não faz o seu sucessor quem está pensando em voltar quatro anos depois. Aí prefere que ganhe o adversário, que não é o meu caso. Eu já tive a graça de Deus de governar este país oito anos''







Na véspera de participar do 4.° Congresso Nacional do PT, que amanhã sacramentará a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à sua sucessão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou que a herdeira do espólio petista, se eleita, deverá ficar dois mandatos no cargo. Em entrevista ao Estado, Lula negou que tenha escolhido Dilma com planos de voltar ao poder lá na frente, disputando as eleições de 2014.



"Ninguém aceita ser vaca de presépio e muito menos eu iria escolher uma pessoa para ser vaca de presépio", afirmou o presidente. "Todo político que tentou eleger alguém manipulado quebrou a cara." A dez meses da despedida no Palácio do Planalto, Lula disse que o ideal é deixar as "corredeiras da política" seguirem o seu caminho. "Quem foi eleito presidente tem o direito legítimo de ser candidato à reeleição", insistiu. "Eu tive a graça de Deus de governar este país oito anos."


Uma eventual gestão Dilma, no seu diagnóstico, não será mais à esquerda do que seu governo. Ele admite, no entanto, que, no governo, ela vai imprimir "o ritmo dela, o estilo dela". Na sua avaliação, porém, diretrizes do programa de governo de Dilma, que o PT aprovará hoje, podem conter um tom mais teórico do que prático.


"Não há nenhum crime ou equívoco no fato de um partido ter um programa mais progressista do que o governo", argumentou. "O partido, muitas vezes, defende princípios e coisas que o governo não pode defender." Questionado se concorda com a ampliação do papel do Estado na economia, proposta na plataforma de Dilma, Lula abriu um sorriso. "Vou fazer uma brincadeira: o único Estado forte que eu quero é o Estadão", disse, numa referência ao jornal. Mais tarde, no entanto, destacou a importância de investimentos estratégicos por parte do Estado. "Quero criar uma megaempresa de energia no País."


O presidente manifestou preocupação com a divisão da base aliada em Estados como Minas, onde o PT e o PMDB até agora não conseguiram selar uma aliança. "Imaginar que Dilma possa subir em dois palanques é impossível", comentou. "O que vai acontecer é que em alguns Estados ela não vai poder ir."


Bem-humorado, Lula tomou uma xícara pequena de café e afirmou que Dilma não vai sentir sua falta como cabo eleitoral quando deixar o governo, em março. "Eu estarei espiritualmente com ela", brincou. Ele defendeu o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), deu estocadas no ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, falou da chuva em São Paulo, mas poupou o governador José Serra (PSDB), provável adversário de Dilma.


Nem mesmo a língua afiada do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), porém, fez Lula desistir de convencer o antigo aliado a não concorrer à Presidência. "É preciso provar que o santo Lula está errado", provocou.





Na entrevista ao Estado, em agosto de 2007, perguntamos se o sr. já pensava em lançar uma mulher como candidata à sua sucessão. Sua resposta foi: "No momento em que eu disser isso, uma flecha estará apontada para esse nome, seja ele qual for." Naquela época, o sr. já tinha decidido que seria a ministra Dilma? Quando o sr. decidiu?


Quando aconteceram todos os problemas que levaram o companheiro José Dirceu a sair do governo, eu não tinha dúvida de que a Dilma tinha o perfil para assumir a Casa Civil e ajudar a governar o País. Na Casa Civil ela se transformou na grande coordenadora das políticas do governo. Foi quase uma coisa natural a indicação da Dilma. A dedicação, a capacidade de trabalho e de aprender com facilidade as coisas foram me convencendo que estava nascendo ali mais do que uma simples tecnocrata. Estava nascendo ali uma pessoa com potencial político extraordinário, até porque a vida dela foi uma vida política importante.


Mas a escolha da ministra só ocorreu porque houve um "vazio" no PT, como disse o ex-ministro Tarso Genro, com os principais candidatos à sua cadeira dizimados pela crise do mensalão, não?


Não concordo. Não tinha essa coisa de "principais candidatos". Isso é coisa que alguém inventou.


José Dirceu, Palocci...


Na minha cabeça não tinha "principais candidatos". Estou absolutamente convencido de que ela é hoje a pessoa mais preparada, tanto do ponto de vista de conhecimento do governo quanto da capacidade de gerenciamento do Brasil.


Naquele momento em que sr. chamou a ministra de "mãe do PAC", na Favela da Rocinha (Rio), ali não foi apresentada a vontade prévia para fazer de Dilma a candidata?


Se foi, foi sem querer. Eu iria lançar o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), na verdade, antes da eleição (de 2006). Mas fui orientado a não utilizar o PAC em campanha porque a gente não precisaria dele para ganhar as eleições. Olha o otimismo que reinava no governo! E o PAC surgiu também pelo fato de que eu tinha muito medo do segundo mandato.


Por quê?


Quem me conhece há mais tempo sabe que eu nunca gostei de um segundo mandato. Eu sempre achei que o segundo mandato poderia ser um desastre. Então, eu ficava pensando: se no segundo mandato o presidente não tiver vontade, não tiver disposição, garra e ficar naquela mesmice que foi no primeiro mandato, vai ser uma coisa tão desagradável que é melhor que não tenha.


O sr. está enfrentando isso?


Não porque temos coisas para fazer ainda, de forma excepcional, e acho que o PAC foi a grande obra motivadora do segundo mandato.


O sr. não está desrespeitando a Lei Eleitoral, antecipando a campanha?


Não há nenhum desrespeito à Lei Eleitoral. Agora, o que as pessoas não podem é proibir que um presidente da República inaugure as obras que fez. Ora, qual é o papel da oposição? É criticar as coisas que nós não fizemos. Qual é o nosso papel? Mostrar coisas que nós fizemos e inaugurar.


Mas quem partilha dessa tese diz que o sr. praticamente pede votos para Dilma nas inaugurações...


Eu dizer que vou fazer meu sucessor é o mínimo que espero de mim. A grande obra de um governo é ele fazer seu sucessor. Não faz seu sucessor quem está pensando em voltar quatro anos depois. Aí prefere que ganhe o adversário, o que não é o meu caso.


Há quem diga que o sr. só escolheu a ministra Dilma, cristã nova no PT, com apenas nove anos de filiação ao partido, porque, se eleita, ela será fiel a seu criador. Isso deixaria a porta aberta para o sr. voltar em 2014. O sr. planeja concorrer novamente?


Olha, somente quem não conhece o comportamento das mulheres e somente quem não conhece a Dilma pode falar uma heresia dessas. Ninguém aceita ser vaca de presépio e muito menos eu iria escolher uma pessoa para ser vaca de presépio. Não faz parte da minha vida nem no PT nem na CUT. Eu já tive a graça de Deus de governar este país oito anos. Minha tese é a seguinte: rei morto, rei posto. A Dilma tem de criar o estilo dela, a cara dela e fazer as coisas dela. E a mim cabe, como torcedor da arquibancada, ficar batendo palmas para os acertos dela. E torcendo para que dê certo e faça o melhor. Não existe essa hipótese .


O sr. não pensa mesmo em voltar à Presidência?


Não penso. Quem foi eleito presidente tem o direito legítimo de ser candidato à reeleição. Ponto pacífico. Essa é a prioridade número 1.


O sr. não vai defender a mudança dessa regra, de fim da reeleição com mandato de cinco anos?


Não vou porque quando quis defender ninguém quis. Eu fui defensor da ideia de cinco anos sem reeleição. Hoje, com a minha experiência de presidente, eu queria dizer uma coisa para vocês: ninguém, nenhum presidente da República, num mandato de quatro anos, concluirá uma única obra estruturante no País.


Então o sr. mudou de ideia...


Mudei de ideia. Veja quanto tempo os tucanos estão governando São Paulo e o Rio Tietê continua do mesmo jeito. É draga dali, tira terra, põe terra. Eu lembro do entusiasmo do Jornal da Tarde quando, em 1982, o banco japonês ofereceu US$ 500 milhões para resolver aquilo. A verdade é que, para desgraça do povo de São Paulo, as enchentes continuam. Eu não culpo o Serra, não culpo o Kassab e nenhum governante. Eu acho que a chuva é demais. No meu apartamento, em São Bernardo, está caindo mais água dentro do que fora. Choveu tanto que vazou. Há dias o meu filho me ligou, às duas horas da manhã, e disse: "Pai, estou com dois baldes de água cheios." Eu fui a São Paulo no dia do aniversário da cidade e disse que o governo federal está disposto a sentar com o governo do Estado, com o prefeito, e discutir uma saída para ver se consegue resolver o problema, que é gravíssimo. Não queremos ficar dizendo: "Ah, é meu adversário, deu enchente, que ótimo". Quem está falando isso para vocês viveu muitas enchentes dentro de casa.




"Quero criar no País uma megaempresa de energia"



Pelas diretrizes do programa do PT, um eventual governo Dilma Rousseff parece que será mais à esquerda que o seu...


Eu ainda não vi o programa, eu sei que tem discussão. Mas conheço bem a Dilma e, como acho que ela deve imprimir o ritmo dela, se ela tomar uma decisão mais à esquerda do que eu, eu tenho que encarar com normalidade. E, se tomar uma posição mais à direita do que eu, tenho que encarar com normalidade. Tenho total confiança na Dilma, de que ela saberá fazer as coisas corretas para este país. Uma mulher que passou a vida que a Dilma passou - e é sem ranço, sem mágoa, sem preconceito - venceu o pior obstáculo.


A experiência de poder distanciou o sr. do pensamento mais utópico do PT, não?


Veja, o PT que chegou ao poder comigo, em 2002, não era mais o PT de 1980, de 1982.


Não era porque houve a Carta ao Povo Brasileiro...


Não é verdade. Num Congresso do PT aparecem 20 teses. Tem gosto para todo mundo. É que nem uma feira de produtos ideológicos. As pessoas compram o que querem e vendem o que querem. O PT, quando chegou à Presidência, tinha aprendido com dezenas de prefeituras, já tínhamos as experiências do governo do Acre, do Rio Grande do Sul, de Mato Grosso do Sul... O PT que chegou ao governo foi o PT maduro. De vez em quando, acho que foi obra de Deus não permitir que eu ganhasse em 1989. Se eu chego em 1989 com a cabeça do jeito que eu pensava, ou eu tinha feito uma revolução no País ou tinha caído no dia seguinte. Acho que Deus disse assim: "Olha, baixinho, você vai perder várias eleições, mas, quando chegar, vai chegar sabendo o que é tango, samba, bolero." O PCI italiano passou três décadas sendo o maior partido comunista do mundo ocidental, mas não passava de 30%. Eu não tinha vocação para isso. E onde eu fui encontrar (a solução)? Na Carta ao Povo Brasileiro e no Zé Alencar. Essa mistura de um sindicalista com um grande empresário e um documento que fosse factível e compreensível pela esquerda e pela direita, pelos ricos e pelos pobres, é que garantiu a minha chegada à Presidência.


Mesmo assim, o sr. teve de funcionar como fator moderador do seu governo em relação ao partido...


E vou continuar sendo. Eu não morri.


Mas a Dilma poderá fazer isso?


Ah, muito. Hipoteticamente, vocês acham que o PSTU ganhará eleição com o discurso dele? Vamos supor que ganhe, acham que governa? Não governa.


As diretrizes do PT, que pregam o fortalecimento do Estado na economia, não atrapalham?


Quero crer que a sabedoria do PT é tão grande que o partido não vai jogar fora a experiência acumulada de ter um governo aprovado por 72% na opinião pública depois de sete anos no poder. Isso é riqueza que nem o mais nervoso trotskista seria capaz de perder.


Os críticos do programa do PT dizem que o Estado precisa ter limites como empreendedor. Por que mais Estado na economia?


Vou fazer uma brincadeira: o único Estado forte que eu quero é o Estadão (risos). Não existe hipótese, na minha cabeça, de você ter um governo que vire um governo gerenciador. O governo tem dois papéis e a crise reforçou a descoberta deste papel. O governo tem, de um lado, de ser o regulador e o fiscalizador; do outro lado, tem de ser o indutor, o provocador do investimento, que discute com o empresário e pergunta por que ele não investe em tal setor.


Por que é preciso ressuscitar empresas estatais para fazer programas como a universalização da banda larga? O governo toca o Luz Para Todos com uma política pública que contrata serviços junto às distribuidoras e não ressuscita a Eletrobrás.


Mas nós estamos ressuscitando a Eletrobrás. O Luz Para Todos só deu certo porque o Estado assumiu. As empresas privadas executam sob a supervisão do governo, que é quem paga.


Não pode fazer a mesma coisa com a banda larga?


Pode. Não temos nenhum problema com a empresa privada que cumpre as metas. Mas tem empresa privada que faz menos do que deveria. Então, eu quero, sim, criar uma megaempresa de energia no País. Quero empresa que seja multinacional, que tenha capacidade de assumir empréstimos lá fora, de fazer obras lá fora e fazer aqui dentro. Se a gente não tiver uma empresa que tenha cacife de dizer "se vocês não forem, eu vou", a gente fica refém das manipulações das poucas empresas que querem disputar o mercado. Então, nós queremos uma Eletrobrás forte, para construir parceria com outras empresas. Não queremos ser donos de nada.


A banda larga precisa de uma Telebrás?


Se as empresas privadas que estão no mercado puderem oferecer banda larga de qualidade nos lugares mais longínquos, a preço acessível, por que não?


Mas precisa de uma Telebrás?


Depende. O governo só vai conseguir fazer uma proposta para a sociedade se tiver um instrumento. Não quero uma nova Telebrás com 3 ou 4 mil funcionários. Quero uma empresa enxuta, que possa propor projetos para o governo. Nosso programa está quase fechado, mais uns 15 dias e posso dizer que tenho um programa de banda larga. Vou chamar todos e quero saber quem vai colocar a última milha ao preço mais baixo. Quem fizer, ganha; quem não fizer, tá fora. Para isso o Estado tem de ter capacidade de barganhar.


O sr. teme que o PSDB venha na campanha com o discurso de gastança, de inchaço da máquina, que o seu governo contratou 100 mil novos servidores?


Vou dar um número, pode anotar aí: cargos comissionados no governo federal, para uma população de 191 milhões de habitantes. Por cada 100 mil habitantes, o governo tem 11 cargos comissionados. O governo de São Paulo tem 31 e a Prefeitura de São Paulo tem 45.


Deixar o governo de Minas para o PMDB de Hélio Costa facilita a vida de Dilma junto à base aliada?


A aliança com o PMDB de Minas independe da candidatura ao governo de Estado. O Hélio Costa tem me dito publicamente que a candidatura dele não é problema. Ele propõe o óbvio, que se faça no momento certo um estudo e veja quem tem mais condições e se apoie esse candidato. Acho que os companheiros de Minas, tanto o Patrus Ananias quanto o Fernando Pimentel se meteram em uma enrascada. Estava tudo indo muito bem até que eles transformaram a disputa entre eles em uma fissura muito ruim para o PT. Como a política é a arte do impossível, quem sabe até março eles conseguem resolver o problema deles.


A desistência da pré-candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) facilitaria a vida de Dilma?


O Ciro é um companheiro por quem tenho o mais profundo respeito. Eu já gostava do Ciro e aprendi a respeitá-lo. Um político com caráter. E, portanto, eu não farei nada que possa prejudicar o companheiro Ciro Gomes. Eu pretendo conversar com ele, ver se chegamos à conclusão sobre o melhor caminho.


Ele diz que o "santo Lula" está errado.


É preciso provar que o santo está errado. É por isso que eu quero discutir.


O sr. ainda quer que ele seja candidato ao governo de São Paulo?


Se eu disser agora, a minha conversa ficará prejudicada.


O senador Mercadante pode ser o plano B?


Não sei. Alguém terá de ser candidato.


O Ciro tem dito que a aliança da ministra Dilma com o PMDB é marcada pela frouxidão moral.


Todo mundo conhece o Ciro por essas coisas. Mas acho que ele não disse nada que impeça uma conversa com o presidente.


O que se teme no Temer? Ele é o nome para vice?


O Michel Temer, neste período todo que temos convivido com ele, que ele resolveu ficar na base e foi eleito presidente da Câmara, tem sido um companheiro inestimável. A questão da vice é uma questão a ser tratada entre o PT, a Dilma e o PMDB.


O sr. não teme que Dilma caia nas pesquisas após sair do governo?


Ela vai crescer.


Mas sozinha?


Ela nunca estará sozinha. Eu estarei espiritualmente ao lado dela (risos).


Há quem tenha ficado assustado com a foto do sr. abraçando o Collor, depois de tudo o que passou na campanha de 1989.


O exercício da democracia exige que você faça política em função da realidade que vive. O Collor foi eleito senador pelo voto livre e direto do povo de Alagoas, tanto quanto foi eleito qualquer outro parlamentar. Ele está exercendo uma função institucional e merece da minha parte o mesmo respeito que eu dou ao Pedro Simon, que de vez em quando faz oposição, ao Jarbas Vasconcelos, que faz oposição. Se o Lula for convidado para determinadas coisas, não irá. Mas o presidente tem função institucional. Portanto, cumpre essa função para o bem do País e, até agora, tem dado certo. Fui em uma reunião com a bancada do PT em que eles queriam cassar o Sarney. Eu disse: muito bem, vocês cassam o Sarney e quem vem para o lugar?


O sr. acha que o eleitor entende?


O eleitor entende, pode entender mais. Agora, quem governa é que sabe o tamanho do calo que está no seu pé quando quer aprovar uma coisa no Senado.


O governo depende do Sarney no Senado? O único punido até agora foi o Estado, que está sob censura.


O Sarney foi um homem de uma postura muito digna em todo esse episódio. Das acusações que vocês (o jornal) fizeram contra o Sarney, nenhuma se sustenta juridicamente e o tempo vai provar. O exercício da democracia não permite que a verdade seja absoluta para um lado e toda negativa para o outro lado. Perguntam: você é contra a censura? Eu nasci na política brigando contra a censura. Exerço um governo em que eu duvido que alguém tenha algum resquício de censura. Mas eu não posso censurar que os Poderes exerçam suas funções. Eu não posso censurar a imprensa por exercer a sua função de publicar as coisas, nem posso censurar um tribunal ou uma Justiça por dar uma decisão contrária. Deve ter instância superior, deve ter um órgão para recorrer.


O sr. e o PT lideraram o processo de impeachment de Collor e nada, então, se sustentou juridicamente porque o STF absolveu o ex-presidente. O sr. está dizendo que o jornal não deveria publicar as notícias porque não se sustentariam juridicamente? Os jornais publicam fatos...


Não quero que vocês deixem de publicar nada. Minha crítica é esta: uma coisa é publicar a informação, outra coisa é prejulgar. Muitas vezes as pessoas são prejulgadas. Todos os casos que eu vi do Sarney, de emprego para a neta, daquela coisa, eu ficava lendo e a gente percebia que eram coisas muito frágeis. Você vai tirar um presidente do Senado porque a neta dele ligou para ele pedindo um emprego?


O caso da neta é o corporativismo, o fisiologismo, os atos secretos...


O que eu acho é o seguinte: o DEM governou aquela Casa durante 14 anos e a maioria dos atos secretos era deles. E eles esconderam isso para pedir investigação do outro lado. É uma coisa inusitada na política.


O sr. acha que os fatos do "mensalão do DEM", no Distrito Federal, são fatos inverídicos também?


No DEM tem um agravante: tem gravação, chegaram a gravar gente cheirando dinheiro.


No mensalão do PT tinha uma lista na porta do banco com o registro dos políticos indo pegar a mesada...


Vamos pegar aquela denúncia contra o companheiro Silas Rondeau, que foi ministro das Minas e Energia. De onde se sustenta aquela reportagem dizendo que tinha dinheiro dentro daquele envelope? Como se pode condenar um cara por uma coisa que não era possível provar?


O sr. tem dito, em conversas reservadas, que quando terminar o governo, vai passar a limpo a história do mensalão. O que o sr. quer dizer?


Não é que vou passar a limpo, é que eu acho que tem coisa que tem de investigar. E eu quero investigar. Eu só não vou fazer isso enquanto eu for presidente da República. Mas, quando eu deixar a Presidência, eu quero saber de algumas coisas que eu não sei e que me pareceram muito estranhas ao longo do todo o processo.


Quem o traiu?


Quando eu deixar a Presidência, eu posso falar.


Por que é que o seu governo intercede em favor do governo do Irã?


Porque eu acho que essa coisa está mal resolvida. E o Irã não é o Iraque e todos nós sabemos que a guerra do Iraque foi uma mentira montada em cima de um país que não tinha as armas químicas que diziam que ele tinha. A gente se esqueceu que o cara que fiscalizava as armas químicas era um brasileiro, o embaixador Maurício Bustani, que foi decapitado a pedido do governo americano, para que não dissesse que não havia armas químicas no Iraque.


O sr. continua achando que a Venezuela é uma democracia?


Eu acho que a Venezuela é uma democracia.


E o seu governo aqui é o quê?


É uma hiper-democracia. O meu governo é a essência da democracia.

sexta-feira, fevereiro 19, 2010

DEU EM GLOBO RURAL:

Feira Agrovia, em SP, dobra de tamanho e acrescenta exposição de animais



(19/02/2010) Da Redação



A segunda edição da Agrovia - Encontro Técnico de Agronegócios, será realizada de 7 a 10 de abril, na Fazenda São Paulo, em Itapeva, SP.

Lançada em 2009, a feira dobrará de tamanho este ano, ampliando o recinto, o número de expositores, as palestras, além de ganhar uma área exclusiva para exposição de animais, com julgamento e premiação aos participantes, e leilão de gado.

O evento é uma iniciativa da Fazenda São Paulo, com organização da Live&Motion e apoio das prefeituras de Itapeva e Taquarivaí, e do Sindicato Rural de Itapeva.

“A feira tem enorme potencial de negócios e é aqui que temos que trazer também o pequeno empreendedor rural, para que ele possa conhecer as tecnologias e as oportunidades, e as utilizar como diferencial, tornando-se mais competitivo', afirma Paulo Arruda, diretor técnico do Sebrae/SP. A expectativa é de 20 mil visitantes.

Está previsto ainda um 'Dia de Campo', com demonstrações in loco da utilização das técnicas agrícolas e roteiros guiados para apresentação e novas tecnologias. Tudo integrado em meio a uma grande exposição de tratores, maquinários, implementos, insumos, raças especiais de gado e outros animais, produtos e serviços veterinários, farmacêuticos, entre outros.

Para mais informações sobre o evento, entre em contato com João Dias, pelo telefone (15) 3534-7250 ou e-mail: joaodapraga@bol.com.br; e W. Froes, pelo telefone (11) 3845-7303 ou e-mail: froes@liveemotion.com.br.

Deu em O Globo

Décadas perdidas

De Regina Alvarez:

Uma análise divulgada esta semana pelo IEDI convida a uma reflexão sobre o nosso modelo de desenvolvimento e os caminhos que podemos trilhar no futuro pós-crise para chegar ao estágio tão sonhado de crescimento sustentado, sem paradas, nem recuos.

Com base em informações das Nações Unidas, o Instituto comparou a evolução da indústria brasileira com a de outros países emergentes nas últimas quatro décadas.

Os dados mostram que, entre 1970 e 2007, países com taxas médias de crescimento anual iguais ou superiores a 5% aumentaram fortemente a participação da indústria de transformação em suas economias. Esse processo, liderado por China e Coreia do Sul, contrasta com o que aconteceu no Brasil.

Por aqui, a indústria encolheu em relação ao peso que tinha no passado. Respondia por 30% do valor adicionado total, em média, entre 1972 e 1980. E caiu para 23,75% em 2007. Houve, como os especialistas chamam, uma desindustrialização relativa na economia nesse período.

A participação do Brasil na economia mundial se mantém praticamente estabilizada, desde a década de 80, graças ao crescimento da agropecuária. A indústria de transformação perdeu espaço no cenário internacional.

O economista Júlio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, observa que os países emergentes, especialmente os asiáticos, usaram, ao longo dos últimos 25 anos, o processo de industrialização como instrumento para o seu desenvolvimento, enquanto o Brasil, na contramão desse processo, apostou todas as fichas na chamada vocação agrícola, deixando a indústria em segundo plano.

Almeida considera que, no Brasil, há uma concepção errada de que a indústria e o setor primário estão em lados opostos, quando, na verdade, o grande diferencial que poderíamos ter em relação aos asiáticos, por exemplo, é a conjunção desses dois segmentos em prol de um mesmo objetivo: o desenvolvimento forte do país.

— Apostamos só na potência agrícola. Isso é perda de oportunidade — afirma.

O economista destaca que o país perde por não industrializar os produtos básicos. O sistema tributário pune cada etapa da cadeia de produção, o que desestimula a agregação de valor aos produtos. Nas condições atuais, é mais lucrativo exportar soja do que óleo de soja, exemplifica.

— O Brasil abdicou de ter a indústria como motor do desenvolvimento. Erradamente, pois teria um trunfo que só os EUA têm, articular o setor básico com o industrial — conclui. (Copiado do blog do Noblat)

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

Manejo do Cacho da Bananeira
 
Marcelo Bezerra Lima1


ELIMINAÇÃO DO CORAÇÃO OU MANGARÁ: visa a obtenção de frutos com boa aparência e alta
qualidade para o consumo de mesa, seja no mercado interno ou para exportação. A prática deve ser
realizada logo após a abertura da última penca e consiste em eliminar, preferencialmente sem o uso
de ferramentas, a parte da planta conhecida como ráquis, coração ou mangará logo abaixo da última
penca, deixando-se um prolongamento de 10 a 20 centímetros da parte terminal da ráquis, que
servirá como apoio para o manuseio na ocasião da colheita (Figura 1). Uma vez eliminado, o coração
deve ser enterrado ou picado e distribuído ao longo das fileiras do bananal, podendo ainda ser
utilizado na alimentação animal. Quando for indispensável o uso de ferramentas, recomenda-se após
uso em cada planta, higienização em solução de hipoclorito de sódio (água sanitária) na proporção
de 50% do produto comercial, ou seja, meio litro de água sanitária para meio litro de água, e a
aplicação de fungicidas no local do corte da planta.
A eliminação do coração deve ser realizado, sempre que possível, juntamente com outras práticas,
principalmente com aquelas tidas como seqüenciais, como é o caso da eliminação de pencas,
despistilagem dos frutos e ensacamento do cacho.
 
ELIMINAÇÃO DE PENCAS: consiste na eliminação da falsa e da última penca, possibilitando colheita
de cachos mais homogêneos, com frutos mais longos e mais grossos, evitando-se a penca refugo, ou
“reba”, de menor valor no mercado. O descarte é feito conservando sempre um fruto central na
última penca (Figura 2). A prática, sempre que possível, deve ser realizada sem uso de ferramentas e
deve coincidir com a época da eliminação do coração.
 
A DESPISTILAGEM: visa o controle de doenças fúngicas, principalmente de Trachysphaera fructigena,
agente causal da moléstia conhecida como ponta-do-charuto. Consiste na retirada dos restos florais,
com as flores ainda túrgidas, no estádio que se soltam com maior facilidade. Os restos florais
aderidos às extremidades dos frutos, são removidos com a ponta dos dedos, ou segurando-se a
penca e esfregando a palma da mão nos pistilos (Figura 3). Como as pencas abrem-se
escalonadamente, torna-se necessário dois ou três repasses no mesmo cacho em dias diferentes.
Essa prática confere também melhor aparência aos frutos e deve coincidir também com o período da
eliminação do coração.
 
ENSACAMENTO DO CACHO: tem o objetivo de evitar o atrito das folhas com os frutos, diminuir o
ataque de trips, ajudar a controlar a ponta-do-charuto, proteger os frutos das baixas temperaturas,
acelerar seu desenvolvimento, uniformizar a coloração, proteger o cacho contra os atritos da colheita
e reduzir o período que vai da emissão à colheita (Figura 4). Quando realiza-se o ensacamento
precoce a limpeza dos cachos deve ser feita a cada dois dias. Após a colheita, deve-se coletar os
sacos utilizados e destina-los à reciclagem.
1Engo Agro, M.Sc., Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Rua Embrapa, S/N, Caixa Postal 007, CEP 44380-000 Cruz das Almas-BA. mlima@cnpmf.embrapa.br
Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento
Tiragem: 1000 exemplares
Como forma de se determinar a idade do cacho e estimar a época de colheita, após a eliminação do
coração, amarram-se fitas de uma mesma cor em frutos emitidos numa mesma semana (Figura 5). Na
colheita mede-se o diâmetro dos frutos, e quando grande percentagem de cachos com fitas da
mesma cor forem colhidos, deve-se colher todos os demais para racionalizar os trabalhos na área.
 
A eliminação do coração e da última penca, a despistilagem dos frutos e o ensacamento do cacho,
proporcionam as seguintes vantagens:
1. Uniformidade na aparência dos frutos.
2. Aumento no tamanho e peso dos frutos.
3. Antecipa a colheita.
4. Reduz a incidência de pragas e doenças.
5. Evita manchas nos frutos pelo escorrimento da seiva na ocasião da colheita.
6. Pela redução do peso do cacho, diminui o risco de tombamento da planta pela ação do ventos.
7. A parte eliminada (Ráquis, Coração ou Mangará), pode ser utilizada como alimento para animais.
8. Possibilita previsão da época de colheita.
9. Diminui custos operacionais pela realização simultânea de mais de uma prática cultural.

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Ibope mostra crescimento de Dilma e Serra estagnado

No levantamento de dezembro, a petista aparecia com 17% contra 38% do tucano; agora ela tem 25% contra 36%

Gustavo Uribe e Elizabeth Lopes - Agência Estado


Pesquisa Ibope/Diário do Comércio, encomendada pela Associação Comercial de São Paulo e realizada entre os dias 6 a 9 deste mês, indica que a corrida à sucessão presidencial de outubro continua polarizada pelos pré-candidatos do PSDB e do PT, respectivamente o governador de São Paulo, José Serra, e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Nessa mostra, Serra tem 36% das intenções de voto e Dilma 25%. Em terceiro lugar está o deputado federal Ciro Gomes (PSB) com 11%, seguido da senadora Marina Silva (PV) com 8%. O porcentual de votos brancos e nulos somou 11% e dos que disseram não saber em quem vai votar atingiu 9%.

A última pesquisa divulgada pelo Ibope foi no dia 7 de dezembro do ano passado. Na mostra, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), José Serra registrava 38% das intenções de voto, seguido de Dilma Rousseff com 17%, Ciro Gomes com 13% e Marina Silva com 6%. Naquela pesquisa, o porcentual de votos brancos e nulos atingiu 13% e dos que disseram não saber em quem votar ou não quiseram responder somou 12%.

No cenário sem Ciro Gomes, a pesquisa Ibope/Diário do Comércio aponta José Serra com 41%, Dilma Rousseff com 28%, Marina Silva com 10%, brancos e nulos 12% e não sabem ou não opinaram 9%.

Na simulação de um eventual segundo turno entre José Serra e Dilma Rousseff, o tucano lidera com 47% e Dilma registra 33%.

A maior rejeição apontada pela pesquisa é de Ciro Gomes, com 41%, seguido de Marina Silva com 39%, Dilma Rousseff com 35% e José Serra com 29%.

Continuidade

A pesquisa Ibope/Diário do Comércio avaliou também o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para 47% dos entrevistados, a administração de Lula é boa, para 29% é ótima, para 19% é regular, para 3% é péssima e para 2% é ruim.

A mostra indagou ainda o que os eleitores gostariam que o próximo presidente fizesse. Do total de entrevistados, 34% querem a total continuidade do atual governo, 29% querem pequenas mudanças com continuidade, 25% querem a manutenção de apenas alguns programas com muitas mudanças e 10% querem a mudança total do governo do País. Para 78% dos entrevistados, o presidente Lula é confiável, enquanto 18% disseram não confiar no presidente.

A pesquisa, que será divulgada nesta quinta-feira, 18, pelo Diário do Comércio, foi realizada com 2.002 eleitores em 144 municípios de todo o Brasil. O intervalo de confiança estimado é de 95% e a margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. Esta pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral, sob o protocolo nº 3196/2010.

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