Do blog do Noblat
Deu em O Globo
A escalada da atuação do presidente Lula como animador de comício, cabo-eleitoral, instigador de grupos de militantes nas ruas, é em grande parte responsável pelo acirramento indesejável dos ânimos.
Tendo jogado às favas a liturgia do cargo, avançado sobre as fronteiras estabelecidas pela legislação eleitoral para o uso de recursos públicos a favor de candidatos e partidos, o presidente dá péssimo exemplo a uma sociedade que precisa exercitar ao máximo a virtude de conviver na diversidade de opiniões, uma característica da democracia ainda com raízes pouco profundas em solo brasileiro.
A esperteza rasteira e o cacoete doentio de sempre olhar a realidade pela ótica míope da conspiração são características de momentos desta campanha expostas na reação de Lula, de sua candidata Dilma, de dirigentes lulopetistas e militantes diante da agressão ao candidato José Serra, cometida por um grupo de dilmistas no subúrbio do Rio, na quarta-feira.
Por sinal, ato tão deplorável quanto a tentativa de se atingir Dilma Rousseff com sacos de água, no Centro de Curitiba, no dia seguinte.
Além das demonstrações de violência na campanha, assusta a atitude do presidente Lula de - ao confundir as cenas filmadas na caminhada do candidato tucano pelo bairro de Campo Grande, local da agressão - acusar Serra de montar uma farsa depois de ser atingido na cabeça por uma pequena bola de papel.
O virtual chefe da campanha de Dilma foi apressado e cometeu grave erro, como comprovado pelo “Jornal Nacional” de quinta-feira: quinze minutos depois da bolinha de papel, Serra foi de fato atingido por uma bobina.
O desabonador comportamento do presidente Lula, mais próximo ao de líder de facção sindical do que de chefe de nação, justifica que se façam especulações sobre a que ponto pode checar a criatividade lulopetista na sabotagem e ataque a adversários vistos como inimigos a serem extirpados.
E assim segue para sua fase final uma campanha em que pouco se debatem propostas objetivas; na qual a oposição acena com compromissos demagógicos de aumentos de salário mínimo, aposentadorias e bolsas assistencialistas, enquanto a candidata oficial aceita o papel de boneca de ventríloquo do lulopetismo, e oferece ao povo a perenidade da atual conjuntura econômica, um compromisso impossível de ser cumprido, por razões internas, externas e ambas.
Ao lado disso, terminou ocorrendo indesejável contaminação da política por crenças religiosas, mistura perigosa que ajuda a exaltar ânimos e a interditar temas, como o do aborto, ou pelo menos a impedir discussões sem hipocrisias por parte de quem se candidata a assumir o principal cargo do Executivo em um Estado laico.
Que agora, ao menos, tratem de não insuflar militantes, desestimulem qualquer ato de violência, missão em que o presidente Lula, por sua liderança e cargo, tem papel-chave.
Impedir a violência na campanha (Editorial)
A primeira vítima em campanha eleitoral é a verdade. A frase, adaptada da opinião de um senador americano sobre a veracidade da cobertura jornalística feita da Primeira Guerra Mundial, pode muito bem ser aplicada a algumas passagens desabonadoras do atual embate entre o lulopetismo, capaz de tudo para não deixar de usufruir as benesses do poder, e a oposição.A escalada da atuação do presidente Lula como animador de comício, cabo-eleitoral, instigador de grupos de militantes nas ruas, é em grande parte responsável pelo acirramento indesejável dos ânimos.
Tendo jogado às favas a liturgia do cargo, avançado sobre as fronteiras estabelecidas pela legislação eleitoral para o uso de recursos públicos a favor de candidatos e partidos, o presidente dá péssimo exemplo a uma sociedade que precisa exercitar ao máximo a virtude de conviver na diversidade de opiniões, uma característica da democracia ainda com raízes pouco profundas em solo brasileiro.
A esperteza rasteira e o cacoete doentio de sempre olhar a realidade pela ótica míope da conspiração são características de momentos desta campanha expostas na reação de Lula, de sua candidata Dilma, de dirigentes lulopetistas e militantes diante da agressão ao candidato José Serra, cometida por um grupo de dilmistas no subúrbio do Rio, na quarta-feira.
Por sinal, ato tão deplorável quanto a tentativa de se atingir Dilma Rousseff com sacos de água, no Centro de Curitiba, no dia seguinte.
Além das demonstrações de violência na campanha, assusta a atitude do presidente Lula de - ao confundir as cenas filmadas na caminhada do candidato tucano pelo bairro de Campo Grande, local da agressão - acusar Serra de montar uma farsa depois de ser atingido na cabeça por uma pequena bola de papel.
O virtual chefe da campanha de Dilma foi apressado e cometeu grave erro, como comprovado pelo “Jornal Nacional” de quinta-feira: quinze minutos depois da bolinha de papel, Serra foi de fato atingido por uma bobina.
O desabonador comportamento do presidente Lula, mais próximo ao de líder de facção sindical do que de chefe de nação, justifica que se façam especulações sobre a que ponto pode checar a criatividade lulopetista na sabotagem e ataque a adversários vistos como inimigos a serem extirpados.
E assim segue para sua fase final uma campanha em que pouco se debatem propostas objetivas; na qual a oposição acena com compromissos demagógicos de aumentos de salário mínimo, aposentadorias e bolsas assistencialistas, enquanto a candidata oficial aceita o papel de boneca de ventríloquo do lulopetismo, e oferece ao povo a perenidade da atual conjuntura econômica, um compromisso impossível de ser cumprido, por razões internas, externas e ambas.
Ao lado disso, terminou ocorrendo indesejável contaminação da política por crenças religiosas, mistura perigosa que ajuda a exaltar ânimos e a interditar temas, como o do aborto, ou pelo menos a impedir discussões sem hipocrisias por parte de quem se candidata a assumir o principal cargo do Executivo em um Estado laico.
Que agora, ao menos, tratem de não insuflar militantes, desestimulem qualquer ato de violência, missão em que o presidente Lula, por sua liderança e cargo, tem papel-chave.
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