quinta-feira, dezembro 30, 2010

São Paulo, quinta-feira, 30 de dezembro de 2010



Empresário paga aluguel de R$ 12 mil de filho de Lula

Lulinha diz que se mudou quando se separou, em 2007, e que assumirá contrato

Jonas Suassuna afirma que vai parar de pagar, mas até última semana mudança não havia sido feita, segundo o dono




JOSÉ ERNESTO CREDENDIO

ANDREZA MATAIS

DE BRASÍLIA




Um dos filhos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Fábio Luís, mora desde 2007 em apartamento alugado por R$ 12 mil nos Jardins, bairro nobre de São Paulo. Quem paga a conta é uma empresa com contratos com vários governos, entre eles o federal.

Lulinha, como Fábio Luís é conhecido, não é sócio da empresa que paga o aluguel.

Mas o Grupo Gol, que alugou o apartamento, é do empresário de mídia e mercado editorial Jonas Suassuna, sócio de Lulinha em um outro negócio, a empresa de conteúdo eletrônico Gamecorp.

Primo do ex-senador Ney Suassuna (PMDB-PB), Jonas fez fortuna com venda de CDs da Bíblia gravados por Cid Moreira.

Procurado pela Folha, Jonas Suassuna disse que não vai mais pagar o aluguel para o filho do presidente. O grupo tem contrato com vários governos para venda de livro didático; do governo federal, recebeu valores irrisórios nos últimos oito anos.

No prédio, há um apartamento que foi ocupado pelo presidente de uma das maiores usinas de açúcar do país.

Há uma unidade por andar, com quatro suítes e o mesmo número de vagas na garagem. O último pavimento conta com deck e piscina. O valor de cada unidade é estimado em R$ 1,8 milhão.

Lulinha disse à Folha que foi morar com o amigo em 2007, quando se separou.

"Ele arcava com o aluguel e eu entrei com os móveis da minha antiga residência e assumi as despesas do apartamento. Há quatro meses pedi para ficar com todo o apartamento, pois me tornei pai, e estamos transferindo o contrato para meu nome."

Já Suassuna, que mora no Rio, disse que tinha um quarto no apartamento, que usava quando viajava a São Paulo até Lulinha levar a mulher e o filho para lá.




ALUGUEL

A Folha apurou que até hoje é Suassuna quem paga o aluguel, e o dono do imóvel não havia sido contatado até a semana passada para discutir mudança no contrato.

Quando alugou o apartamento, o Grupo Gol informou ao proprietário que ninguém moraria lá. O imóvel seria usado para acomodar os executivos da empresa que eventualmente viajassem do Rio, onde está sediada, para São Paulo.

O dono do imóvel afirmou ter sabido pela Folha a identidade do inquilino.

Outro filho de Lula, Luís Claudio, também mora num apartamento nos Jardins, mas em prédio menos luxuoso do que o do irmão.

Luís Claudio disse à Folha que mora com amigos que alugaram o apartamento.

Como a Folha mostrou ao longo desta semana, ambos deixaram a condição de estagiários antes de o pai virar presidente e hoje, oito anos depois, têm seis empresas -apenas uma delas, a Gamecorp, tem sede própria e corpo de funcionários.

O escritório de Lulinha também fica nos Jardins. No mesmo endereço está o escritório da Editora Gol, de Suassuna, e também registrada a G4 Participações, uma das empresas de Lulinha.

terça-feira, dezembro 28, 2010


COISAS PÚBLICAS


DANIEL PIZA - O Estado de S.Paulo

Uma das coisas curiosas nesses oito anos de governo Lula foi a ginástica verbal que aqueles que se dizem "de esquerda", que durante duas décadas sonharam com a chegada da classe operária ao Planalto, fazem para justificar os elogios a um tipo de gestão que tanto condenavam. Lula manteve o modelo econômico do antecessor, que antes classificava erroneamente de "neoliberal", em todos os aspectos: meta de inflação, câmbio livre, reservas financeiras, estímulos ao consumo, juros relativos entre os maiores do mundo, busca de graus melhores nas agências de risco; nenhuma privatização cancelada ou sequer investigada, e até alguns bancos estatais vendidos. Estatizações? Poucas. Reforma agrária? Longe disso. Protecionismo maior? Não, mesmo com aumento do déficit externo. Transferência de renda? Os ricos nunca estiveram tão ricos.

Ao contrário: o governo Lula aprimorou esse modelo, levando as reservas ao exagero de US$ 300 bilhões, investindo dinheiro do BNDES em grandes empresas ou setores que geram emprego, saldando dívidas com o FMI, etc. Também aprimorou o aspecto social desse modelo, não só com verbas assistenciais (que representam pouco no orçamento anual, R$ 12 bilhões, e muito no retorno simbólico), mas sobretudo com a ampliação do crédito (a política mais determinante de seus mandatos, mais que o Bolsa Família), sem perder controle da dívida interna. A pergunta que ninguém se faz: será que as alternativas a Lula nas duas eleições, Serra e Alckmin, teriam tido o mesmo sucesso econômico e social? Considerando os bons ventos para o mundo emergente, é possível que sim. Mas não sei se teriam tido a mesma percepção para bolsas e créditos - e tenho certeza de que saberiam bem menos capitalizá-la politicamente.

Outra curiosidade dos anos Lula foi o tipo de crítica pessoal, raivosa e iludida que ele gerou em pessoas que, supostamente, eram favoráveis a essa política econômica, de agradar ao mercado e ampliar a classe média. Se eram favoráveis, por que não souberam reconhecer seu efeito eleitoral? O duplo mandato de Lula, que também era contra a reeleição no século passado, não teve um único traço de socialismo ou estatismo. Não teve nem mesmo de social-democracia, pois esta pressupõe o acesso universal e gratuito a educação e saúde. Suspeito que a gestão tucana de Lula inflou o preconceito dos que antes bajulavam tanto o governo FHC porque, afinal, o "guia" petista os deixou sem nenhuma bandeira própria. E a única saída que viram foi assumir sua retórica "de direita", com laivos religiosos e tudo, que os deixou cegos para a esperteza política de Lula, como a de recusar um terceiro mandato.

Lula não governou nem à esquerda nem à direita, muito pelo contrário... e com isso confundiu tanto seus áulicos quanto seus críticos. O PIB foi o que menos cresceu em média entre os emergentes (4%), mas cresceu mais que no período anterior (2,5%) - por isso ele não parou de comparar o tempo todo - e saiu da crise de 2009 com um índice acima de 7% em 2010. O desemprego medido pelo IBGE, ainda que reste tanta informalidade e a renda tenha apenas recuperado níveis de 15 anos atrás, termina abaixo de 6%, o que é quase pleno emprego. Os numerosos escândalos de corrupção, por mais que ele tenha construído sua carreira com o mesmo discurso udenista ("São 300 picaretas com anel de doutor") que hoje seus defensores acusam na oposição, foram rechaçados maquiavelicamente, pois o povo passou a dizer que, se são mesmo todos iguais, é melhor continuar com um igual que está dando certo.

E ainda querem entender o porquê dos 83% de popularidade? Não vejo fenômeno mais fácil de interpretar. O despreparo e a demagogia de Lula, que em alguns momentos ultrapassaram o vergonhoso, não impediram que a sensação de bem-estar aumentasse como aumentou. O que sempre disseram de um eventual governo Lula? Que reverteria todos os avanços, que faria do Brasil uma Venezuela, que expulsaria empresários e causaria guerra civil... Como nada disso aconteceu, tudo que houve de positivo reverteu para ele; o que houve de negativo foi parar na conta de todos ("O país tem a classe política que merece"). Por mais que as eleições em todos os níveis tenham mostrado que a popularidade do presidente não significa uma aceitação de tudo que fez, é preciso ser muito ingênuo ou orgulhoso para achar que o povo ia dissociar a melhora de sua vida e a responsabilidade do presidente nela.

Isso tudo, no entanto, não significa que seu governo tenha sido tão bom quanto as pesquisas dizem. Sempre estive entre os 15% e 30% que o consideraram "regular", nota 6, ao longo dos oito anos. Por quê? Eis o ponto: se Lula fez bem em dar continuidade a muitas conquistas do governo anterior (que sofreu para obtê-las por causa de uma oposição que o sucessor jamais experimentou), também cometeu muitos erros semelhantes, em especial o velho vício nacional de achar que centro é comodismo, que conciliação é conchavo, que exigente é chato. Nenhuma reforma importante foi feita, nenhuma transformação séria. O mecanismo pelo qual o poder é exercido segue sendo o mesmo arranjo de oligarquias, que concede um lento avanço do perfil social em troca do uso desregrado do dinheiro público. A carga tributária continuou subindo no mesmo ritmo, em direção aos padrões escandinavos, sem a respectiva devolução de benefícios coletivos. Metade da população não tem acesso a esgoto!

Analise friamente, aliás, cada um dos ministérios, ou melhor, os mais relevantes (já que Dilma Rousseff teve de lotear nada menos que 37 ministros pela Esplanada). Na educação, houve aumento quase inercial da abrangência; no caso das universidades, o ProUni ajudou, embora nada mais seja que dar dinheiro do contribuinte para um grupo crescente de empresas particulares; mas a qualidade não deu nem parte do salto que deveria e poderia dar, como fizeram os sul-coreanos. Na saúde, a situação da rede pública é vexaminosa, seguida de perto nas mesmas pesquisas pela questão da segurança. A Justiça continua a ser lenta e antidemocrática; quem tem pistolão e dá carteirada sempre se safa, nem que seja com prisão domiciliar. Mesmo na economia, os impostos e as importações asfixiam a produção nacional; e, ainda que o consumo esteja tão aquecido, o custo das mercadorias - do livro ao iPad, do feijão ao carro - é dos mais altos do mundo. Há pouca inovação, enquanto os chineses arrebatam todos os prêmios, da matemática à música, e fazem vales do silício.

O governo Lula foi pródigo em bravatas de cunho populista, em bazófias da ignorância, em tentativas de intervencionismo estatal e afrontas à liberdade de expressão, em casos de corrupção que em países desenvolvidos jamais seriam tolerados (imagine o de Erenice Guerra na Inglaterra ou no Japão), em momentos tristemente folclóricos (de "Dá dois paus pra eu" a "Sai daí, Zé", das violações de sigilo de caseiro e colega aos abraços em ditadores no Irã e em Cuba), em péssimo gerenciamento de sistemas como o aeroviário e o portuário. Também foi esperto ao embarcar com vigor na onda dos emergentes, vendendo commodities e atraindo investimentos, e a induzir o mercado interno, ainda que apenas pela via do consumo e dos gastos, e conseguiu resultados de que até Lula duvidava, provando que o capitalismo é o sistema que melhor combate a pobreza. Dizer que o saldo é bom é supor que uma coisa não poderia vir sem a outra. 

Espero que o governo Dilma ao menos respeite mais a coisa pública.
AQUI


CONFINAMENTO DE CORDEIROS


OVELHA PEGA NOVA CRIA DURANTE ALEITAMENTO


Criação de ovelhas
28.05.2006




Uma nova tendência na criação de ovelhas está surgindo na região sudeste. É a engorda rápida de cordeiros, que permanecem a vida toda em confinamento. A técnica é adotada por uma fazenda de Araras, São Paulo. A fazenda Pinhalzinho tem 3 mil hectares. Desde a década de 50 produz cana, laranja, e destina uma pequena área perto de 15 hectares para a criação animal. Por 40 anos a fazenda Pinhalzinho lidou com gado de leite. Mas com a crise do setor, há quatro anos, os donos decidiram abandonar a atividade e mudar de negócio: tocaram as vacas por ovelhas e o leite pelo cordeiro precoce.
Seu Arnaldo Lima, um dos donos da fazenda, explica o por que desta mudança: "Primeiro para o aproveitamento das instalações que existiam no lugar de leite. E ovelha era uma promessa de rentabilidade". O modelo de crinação adotado veio da ESALQ - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. São 3 mil animais que vivem em um sistema de semi-confinamento. Passam parte do tempo no pasto e parte do tempo nos currais.
Quem orienta o trabalho é o agricultor Alexandre Pires, professor da ESALQ. "A categoria de animais que fica no pasto são as ovelhas secas, que não estão paridas, e elas ficam nesse período até a próxima parição. Considerando que o nosso trabalho de parto é em torno de 8 meses, elas vão ficar 3 meses em confinamento e 5 meses no pasto", explicou.
O pasto foi dividido em piquetes de mais ou menos 2 mil metros quadrados. As ovelhas são separadas em pequeno lotes e em um esquema de rotação, passam de dois a três dias em casa piquete. O capim é mantido alto. "Aqui na propriedade a gente costuma fazer um manejo de pastejo mais alto para amenizar o problema verminoso, porque a larva está mais em contato com o solo e dificilmente o animal vai ter acesso a essa larva no pastejo. Se nós fizermos o pastejo muito intenso, vai aumnetar a pressão do pastejo e fazer com que o animal possa ter acesso a essa larva. E nesse caso de deixar sempre mais alto, isso não acontece", disse o professor.
Um mês antes de parir, as ovelhas vão para a maternidade, onde recebem suplementaçào alimentar até a hora do parto. A fazenda só trabalha com a raça Santa Inês, escolhida por uma característica especial: ao contrário das ovelhas lanadas, que só entram em cio em uma determinada época, Santa Inês cicla o ano inteiro, o que permite um bom manejo reprodutivo. O rebanho é dividido em lotes e vai sendo coberto aos poucos. Assim, há partos e cordeiros para abastecer o mercado ao longo do ano.
Após o parto, cuidados especiais. O cordeiro é pesado, tem o umbigo tratado e recebe uma identificação. Os cascos da mãe são aparados e ela toma uma dose de vermífico. Depois, mães e filhos seguem para um galpão, onde vão ficar totalmente confinados totalmente até a desmama, daqui a dois meses.
Além de leite, os cardeirinhos comem uma ração especial. Para evitar que os animais adultos tenham acesso, ela é colocada em uma gaiolinha que tem o nome em inglês de 'creep feeding'. Durante o período de amamentação, as ovelhas emprenham de novo. "A gente espera que já nesse período de 60 dias, elas já fiquem prenhas porque elas já têm acesso a macho. Como a nutrição é muito boa, nossos dados mostram que a maior parte já emprenha nesse período", afirmou Alexandre Pires.
Após a desmama, as ovelhas voltam para o pasto. Os gorregos vão para um curral de adaptaçao onde ficam por duas semanas. Depois, machos e fêmeas são transferidos para um confinamento de engorda.
O resultado desse manejo é um animal que atinge o peso de abate em torno dos 35 quilos entre quatro e cinco meses. "Abate-de por aqui por volta de 120 animais e, para se chegar a esse abate tão rápido, o mais importante é nutrição. No caso específico dessa propriedade, a dieta desses animais é 90% concentrado e 10% de feno - uma dieta bem energética para que eles consigam esse peso, enquanto um animal a pasto jamais conseguiria", contou o agricultor.
As fêmeas ficam no confinamento por mais tempo, entre 7 e 8 meses. É o prazo necessário para alcançarem o peso de cobertura, em torno dos 40 quilos. O professor fala que na fazenda são duas mil matrizes e que, considerando a inclusão de gorregas e ovelhas, o índice de fertilidade fica em torno de 30%. Alexandre Pires explica que essa é uma raça bem fértil e que o índice de crias por parto fica em torno de 1,5. Na conta dele, uma ovelha dá dois filhotes por ano.
Para conseguir esses índices, a fazenda investe também na saúde e na comida do rebanho. "Se considerarmos os animais de engorda, a alimentação básica é milho, um pouco de citrus, farelo de soja, uréia, sal mineral e feno", disse o professor. A silagem já entra para os animais de lactação", completou.
Os animais que vão para o abate passam a vida toda confinados. Como não têm acesso ao pasto, ficam menos suscetíveis a verminose e este é outro fator que acelera a engorda. Além dos 15 hectares onde a criaçào está alojada, a fazenda reserva outros 40 para o cultivo de milho, que é usado na produção de silagem - mais de 1.200 toneladas por ano.
E hoje, da cria até o abate, quanto custa para produzir um cordeiro? Segundo o agricultor, considerando o custo da mãe, custa para produzir um cordeiro em confinamento em torno de R$ 100 ou R$ 110. Como o preço do mercado é R$ 4,00 o quilo vivo, o cordeiro de 35 quilos vai custar em torno de R$ 140 - o que dá uma margem boa de lucros.
Além da carne, 5% dos machos nascidos na fazenda, por volta de 71 animais, são selecionados e vendidos como reprodutores. E como esse é um mercado em expansão, também não faltam compradores para as mais de 1.200 matrizes criadas anualmente no local.
Seu Armaldo Lima diz que ainda é cedo para dizer se é um bom negócio criar ovelha, mas ele acredita que sim porque o mercado é carente de carne de ovelha. "Sempre melhor do que leite, não é? Porque pelo menos não é negativa".
A tecnologia exige um acompanhamento técnico permanente, principalmente para evitar que a dieta exclusiva de concentrado com feno cause doenças do aparelho digestivo.

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FHC diz que não entende Dilma

FH afirma que ele, e não Lula, mudou o Brasil
O Globo - 28/12/2010
 

O ex-presidente FHC disse ter dificuldades de entender o que Dilma Rousseff pretende fazer no governo porque “ela não termina um raciocínio”. E afirmou que, “sem falsa modéstia”, foi ele, e não Lula, quem mudou o Brasil.

Ex-presidente critica seu sucessor e Dilma, além de dizer que tem dificuldades para entender a presidente eleita


SÃO PAULO. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse anteontem ao programa "Manhattan Connection", do GNT, que ele, "sem falsa modéstia", e não o presidente Lula, mudou o Brasil. Segundo o ex-presidente, o Brasil era um, antes da consolidação da economia conquistada em seu governo. E disse que Lula só não herdou um país melhor por causa do medo que o mercado tinha do que o petista poderia fazer. O ex-presidente disse ainda que a presidente eleita, Dilma Rousseff, encontrará um país num bom momento, mas frisou que, em função do aumento de gastos públicos no governo Lula, terá que fazer "ajustes na economia". E afirmou ter dificuldades para entender o que ela, por vezes, quer dizer:



- Eu mudei o Brasil. Sem falsa modéstia. O Brasil era um, antes da consolidação da economia, e passou a ser outro. O Brasil foi muito melhor do que o que o presidente Lula pegou. O ano que ele pegou piorou, mas por causa dele. Por causa do medo que o mercado tinha do que ele dizia que ia fazer. E, para sorte de todos nós, não fez. A Dilma vai pegar uma economia em bom momento, mas uma situação fiscal bastante difícil também.



Após criticar a ação de Lula na formação do Ministério de Dilma ("ele está se metendo em tudo, quando deveria deixar Dilma governar"), disse não entender direito o que ela quer fazer:



- A Dilma, às vezes, não termina um raciocínio. E eu confesso que tenho inteligência curta, porque ela não termina um raciocínio e eu não consigo entender o que ela ia dizer.



Um jornalista, provocando FH, perguntou então se Dilma fará outro dossiê sobre sua vida particular, como fez quando chefiava a Casa Civil, onde teria encomendado um dossiê contra os gastos da ex-primeira-dama Ruth Cardoso:



- Foi grave aquilo. Dilma telefonou para a Ruth e disse que não estava fazendo nada. E não tinham o que fazer mesmo. Fizeram aquilo para justificar gastos que até hoje não justificaram, na primeira parte do governo Lula. Eles ainda não explicaram. No meu tempo não tinha nem cartão corporativo. Fizeram aquela onda toda, aquela chantagem toda, que era para justificar gastos do governo. Mas, se quiserem fazer um dossiê sobre a minha vida, podem fazer porque eu não tenho nada a esconder.

domingo, dezembro 26, 2010

LULA  



"Lula entrou para a galeria política brasileira. Mas não inventou a roda, nem começou do zero. Não fará tanta falta quanto imagina ou imaginam. Sua passagem para os bastidores do sistema, ainda que temporária, poderá propiciar uma lufada de oxigênio na política e na dinâmica social, ajudando-as a adquirir mais espontaneidade e a pressionar por agendas de novo tipo.

Nada será como antes, é verdade, mas ninguém lamentará nem se vangloriará disso."

Marco Aurélio Nogueira é professor titular de teoria política da Unesp e autor de o encontro O Encontro de Joaquim Nabuco com a Política (Paz e Terra)

Sob Lula, cresce desigualdade entre salários público e privado

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DE SÃO PAULO
Os mesmos dados que mostram a queda do desemprego e o aumento da renda ao longo do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também apontam, ao serem decompostos, o aumento da desigualdade entre o emprego público e o trabalho no setor privado, informa reportagem de Gustavo Patu e Pedro Soares, publicada na edição deste domingo da Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL).
Segundo levantamento feito a partir das pesquisas mensais de emprego do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os rendimentos médios dos servidores públicos federais, estaduais e municipais, que já eram superiores, cresceram ainda mais que os da iniciativa privada nos últimos oito anos.
As diferenças começaram a se acentuar em 2006, ano em que a administração petista lançou o primeiro de dois pacotes de reajustes salariais generalizados para os funcionários do Poder Executivo. Governadores e prefeitos também aproveitaram os ganhos de receita para beneficiar o funcionalismo.
Em valores corrigidos pela inflação, o rendimento médio mensal no setor privado, incluindo assalariados, autônomos e empregadores, era de R$ 1.173 em dezembro de 2002, às vésperas do início do governo Lula. De lá para cá, um aumento de 13% levou o valor a R$ 1.323 em novembro passado, pela pesquisa feita nas seis principais regiões metropolitanas --São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre e Recife.
No mesmo período, a renda no serviço público, formada basicamente por salários, teve expansão de 31% acima da inflação, passando de R$ 1.909 para R$ 2.494.
Leia a reportagem completa na Folha deste domingo, que já está nas bancas.

Editoria de Arte/Folhapress

sábado, dezembro 25, 2010

Papai Noel vai pro saco

Autor(es): Guilherme Fiúza
O Globo - 25/12/2010
 
 

Nunca antes na história do Natal o bom velhinho havia se oferecido como presente.
           
Como um Papai Noel escondido no próprio saco, Luiz Inácio da Silva se despediu dos brasileiros pedindo que não lhe perguntem sobre o seu futuro.
           
É surpresa. O futuro a Deus pertence, mas está sendo negociado com o PMDB. E eles devem estar se entendendo bem, a julgar pelas derradeiras palavras do Papai Noel do ABC, senhor de todos os cargos: ele voltará.
           
A pista já tinha sido dada pelo escudeiro Gilberto Carvalho. O chefe de gabinete de Lula será secretário-geral da Presidência de Dilma, mas já mostrou em público, em entrevista ao GLOBO, quem é o dono da sua lealdade. Falando quase como um analista político, Carvalho diz que talvez Dilma faça um bom governo (“um cenário”). Mas, se “houver dificuldades”, volta Lula. Depois de toda a pantomima feminista, a primeira presidente assume com um asterisco bordado na faixa.
           
 A rigor, Dilma é o asterisco. A faixa todo mundo sabe de quem é. E assim se deu a transição mais exótica da história deste país. Uma presidente eleita que não fala nada à nação, fora a laranjada retórica de sempre. A guerra do Rio, o ajuste fiscal, o orçamento do PAC, a subida da inflação — nada mereceu uma palavra da nova líder dos brasileiros. Ela saiu do banho de urna direto para a cozinha da repartição de cargos. Os assuntos nacionais ficaram com o homem da casa.
          
  E ele já deixou claro a prioridade do governo tampão: engordar a mística do filho do Brasil. “Vamos desmontar a farsa do mensalão”, tem dito Lula aos quatro ventos. Com seus índices sobre-humanos de aprovação popular, o ex-operário vai virando uma espécie de pastor da verdade suprema. Sua última tacada foi comparar o escândalo do valerioduto ao caso da Escola Base — em que a imprensa condenou inocentes. Nesse ritmo, se tudo der certo, Marcos Valério, José Dirceu, Delúbio e o restante da quadrilha ainda acabam indenizados pelo contribuinte. Depois da bolsa ditadura, a bolsa mensalão.
          
  Na última reunião com a executiva do PT, Lula decretou que uma das três prioridades do governo da enteada do Brasil é a “democratização dos meios de comunicação” — expressão que todos já aprenderam o que significa. É o tal controle social da mídia, ou, para bom entendedor, a conversão do noticiário ao ibope.
          
  Com uns 80% de manchetes favoráveis ao governo popular, a comunicação começará a ser considerada democrática.
          
  E ainda chegará o dia em que o mensalão nunca terá existido.
           
 A cruzada em direção à verdade suprema agora é para valer. “Quero ver quem vai afinar, hein?”, desafiou Lula na reunião do PT, em seu comício sobre o enquadramento da mídia. A turma está bem ensaiada. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que na alquimia Lula/Dilma virará ministro das Comunicações, já deu o tom, em declaração ao “Estadão”: “Não é sensato simplesmente achar que a imprensa pode tudo e o cidadão, o político — porque político também é gente — não têm direito a nada”.
           
 Realmente, ninguém aguenta mais esse massacre dos jornalistas sobre os políticos, que de fato são gente — às vezes muita gente, como nas repartições controladas pelo PT. A imprensa tem causado danos irreparáveis ao governo popular, como ao interromper a trajetória promissora da ex-ministra Erenice Guerra, que também é gente.
           
 Quando o Brasil entender que traficar influência é humano, o caso Erenice será mais uma Escola Base.
          
  O importante, como disse o chefe, é não afinar. Mirem-se no exemplo do inesquecível Paulo Vannuchi, o Ahmadinejad do humanismo. Depois de engendrar vários tipos de pedradas na imprensa em seu plano de direitos humanos, o ministro se despede do governo gritando que foi linchado pela mídia. Talvez o único erro de seu plano seja não ter sido apresentado no Irã.
         
   Mas apresentando-se como vítima da imprensa burguesa, Vannuchi pode virar esse jogo. O folclore do oprimido é um sucesso no Brasil, e um apedrejador chorão também é gente.
          
  Se o pessoal não afinar e os projetos de regulação da mídia enfim prosperarem, a vida no governo tampão será bem mais fácil. Num caso como o da lambança do Enem, por exemplo, talvez nem seja mais necessário o pastor da verdade bradar que “o Enem foi um sucesso extraordinário”. Imprensa boa é imprensa acuada. Nas manchetes, do exame em si ao próprio ministro Fernando Haddad e seus indicadores educacionais estagnados, tudo terá, em média, 80% de aprovação.
           
Ninguém ficará perseguindo injustamente a família Sarney, que estará mais à vontade em sua vida privada no Senado — quem sabe até estendendo um varal de roupas no plenário. Sarney poderá indicar os ministros que quiser sem questionamentos — tudo na mais santa paz à espera de 2014, ano da volta t r i u n f a l d o b o m v e l h i n h o ( n ã o aquele do motel pago pelo contribuinte, naturalmente).
           
GUILHERME FIÚZA é escritor.

sexta-feira, dezembro 24, 2010

As políticas macroeconômicas de Lula

Autor(es): Rogério L. F. Werneck
O Estado de S. Paulo - 24/12/2010
 

Não há como rememorar a sinuosa política econômica dos últimos oito anos sem começar pela metamorfose do PT na campanha eleitoral de 2002. Cerca de um ano e meio antes, nas eleições municipais do final de 2000, o partido havia patrocinado um despropositado plebiscito, que indagava se o governo deveria de fato pagar suas dívidas interna e externa. Não se tratava de desatino que pudesse ser atribuído a alas radicais ou ao baixo clero do partido. Muito pelo contrário. A consulta popular contava com o apoio explícito e determinado da elite dirigente do PT e de seus economistas mais proeminentes.
Não foi surpreendente, portanto, que a perspectiva de vitória do PT em 2002 desencadeasse avassaladora onda de desestabilização da economia. Foi o temor de que tal surto de incerteza pudesse ameaçar a vitória de Lula que levou à guinada no seu discurso econômico, a partir de junho de 2002, com a publicação da Carta ao Povo Brasileiro. O que se seguiu é bem conhecido: a eleição de Lula, a nomeação de Antonio Palocci e Henrique Meirelles e a crise aplacada por uma política econômica que, em meio ao assombro do País e ranger de dentes de boa parte do PT, apenas seguia e aprimorava o que vinha sendo feito no governo anterior. Quis a História, com alguma ironia, que coubesse a Lula colher os frutos de 15 anos de penosa mobilização do País com a estabilização macroeconômica. A expansão da economia mundial e o boom de preços de commodities, advindo do rápido crescimento da Ásia, criaram ambiente propício para que a política econômica do novo governo logo redundasse em aceleração do crescimento a partir de 2004.
Ao contrário do que resmunga parte da oposição, foi uma sorte para o País que a política econômica de Lula tivesse logrado resultados tão positivos já em 2004. Não se sabe o que poderia ter ocorrido se as convicções de Lula e do PT sobre o acerto da política econômica tivessem de ter passado, àquela altura, pelo teste de uma espera mais prolongada pela retomada do crescimento no País.
Em 2005 a equipe econômica chegou até a propor medidas de ajuste fiscal para conter a expansão de gastos do governo. Mas, com a brusca mudança do quadro político que se seguiu à eclosão do escândalo do "mensalão", o cálculo político do Planalto passou a ser dominado pelo imediatismo, especialmente depois da queda de Palocci, em março de 2006. Na esteira do descabeçamento do PT e da fragilização política do presidente, o governo entendeu que não tinha como se dar ao luxo de conter gastos. O senso de urgência apontava na direção oposta. A prioridade passou a fazer o melhor uso possível do círculo virtuoso por que passava a economia para assegurar a reeleição do presidente.
O segundo mandato afigurava-se, de início, bastante promissor: quatro anos de crescimento rápido, em meio a um ambiente externo favorável. O bom desempenho da economia em 2007 reforçou ainda mais esse otimismo. E o governo chegou até a considerar a possibilidade de substituir Henrique Meirelles por um nome mais alinhado ao "desenvolvimentismo". Mas a rápida deterioração do ambiente externo, na esteira da crise financeira de 2008, impôs novo choque de realidade ao Planalto.
A perspectiva de uma crise mundial prolongada foi o ensejo que faltava para que o governo decidisse abrir as comportas do gasto público, com a criação de um orçamento paralelo no BNDES com ligação direta ao Tesouro. A verdade, contudo, é que o impacto da crise no Brasil acabou sendo muito menor do que se temia. Após breve recessão em 2009, a economia voltou à trilha do crescimento rápido. O que não impediu que, ao longo de 2010, o governo insistisse na política fiscal expansionista, fixado no objetivo de garantir a vitória de sua candidata na eleição presidencial.
O decantado compromisso com a coerência da política macroeconômica que Lula exibiu de início não durou muito. Esvaiu-se aos poucos, a partir de 2005, ao sabor das circunstâncias políticas, e acabou no vale-tudo fiscal deste ano.

quinta-feira, dezembro 23, 2010

TUDO IGUAL


"E para terminar o ano mais um escândalo no Congresso, mais caos nos aeroportos e mais um discurso de emotiva autoexaltação logo mais à noite na despedida do presidente Luiz Inácio da Silva em rede nacional." DORA KRAMER

Congresso muda para continuar igual

Correio Braziliense - 23/12/2010
 
Do recesso ontem iniciado à posse, em fevereiro, dos novos deputados e senadores, a moribunda legislatura mais nada poderá fazer para limpar a própria imagem perante a história. A sucessão de escândalos que produziu teve força para derrubar um presidente e um diretor-geral do Senado, além de um corregedor da Câmara, mas não para evitar a contaminação dos próximos mandatos. Pelo contrário. No apagar das luzes, as duas Casas montaram nos bastidores e executaram em um único dia operação que deixou vexada a nação, elevando os próprios subsídios em 61,8%, equiparando-os — como também os do presidente e vice-presidente da República e os dos ministros de Estado — aos dos ministros do Supremo Tribunal Federal.

Com a manobra, os parlamentares passarão a ganhar quase R$ 27 mil mensais, valor praticamente igual ao que cada um tem direito a gastar hoje, por mês, com passagens aéreas, locação de veículos, hospedagem em viagens às bases, consultorias e até alimentação. Acrescente-se à conta mais R$ 60 mil para o pagamento de funcionários nos gabinetes — fantasmas entre eles. Fora isso, estão aptos a apresentar até R$ 12 milhões por ano em emendas autorizativas ao Orçamento da União e R$ 25 milhões em emendas de bancadas. Poderiam, ao menos, ter dado de retorno à sociedade uma reforma política que eliminasse ralos e vícios e garantisse transparência ao exercício da nobre função para a qual foram eleitos. Essa, a maior dívida que deixam.

Só a fórceps, pressionados por iniciativa popular subscrita por 1,6 milhão de eleitores, aprovaram a Lei da Ficha Limpa. Assim mesmo, cuidaram de deixar brechas por onde nem notórios envolvidos com a lei tiveram dificuldade de passar. A legislação eleitoral tampouco foi corrigida para pôr fim à promiscuidade no financiamento das campanhas. Outra aberração, o senador sem voto, suplente que não precisa se submeter à vontade popular para assumir cadeira na Câmara Alta, é mais uma herança maldita. Enfim, que ninguém se iluda, a farra com o dinheiro público seguirá plena na legislatura que se iniciará em fevereiro, acobertada pelo manto do corporativismo. Não dá para se contentar com avanços como o extermínio da CPMF e a aprovação da Lei Seca, quase nada para os quatro anos de mandato que chegam ao fim.

É sintomático que o deputado federal eleito com a maior votação proporcional do país, José Antônio Reguffe (PDT-DF), tenha se notabilizado pela radical rejeição das vantagens imorais a que parlamentares costumam se agarrar com unhas e dentes. Distrital, ele se contentou, desde o início do mandato, em ter nove funcionários no gabinete, dispensando 14, e abriu mão do 14º e do 15ª salário, ficando apenas com os 13 a que tem direito o trabalhador brasileiro. As urnas reconheceram a conduta e lhe conferiram 18,95% dos votos brasilienses. Mas é igualmente sintomático que o deputado federal eleito com a maior votação nominal — o palhaço Tiririca (PR-SP), cuja campanha foi de escárnio com o sistema (“pior do que está não fica” era o slogan) — leve para a Câmara três companheiros que não chegariam lá com as próprias pernas, pois não atingiram o quociente eleitoral. Assim segue a vida legislativa brasileira.

Inepta e sem ética 


* Ao contrário do que se pensa - e o senso comum é presa fácil de um marketing eficiente
* Deve-se reconhecer a capacidade de Lula, e do PT, de criar "verdades" que parecem irretocáveis


O Globo - 23/12/2010
 
É quase inevitável que um político com 80% de popularidade inspire toda uma mitologia em torno dele. Se esse político tem o dom da palavra, grande capacidade de se comunicar com as massas, a sua visão de mundo, aquilo que prega do palanque tem boa chance de ser entendido como a mais pura verdade. No caso de Lula, há vários exemplos. O bordão que criou - "nunca antes neste país" - quase sempre é seguido por alguma intenção do presidente, não por um fato objetivo. Mas deve-se reconhecer a capacidade de Lula, e do PT, de criar "verdades" que parecem irretocáveis. Entre elas está a política externa desses últimos oito anos. Credita-se a ela um suposto avanço do Brasil no comércio internacional, não detectado pelas grandes instituições multilaterais responsáveis por monitorar estas estatísticas.

Ao contrário do que se pensa - e o senso comum é presa fácil de um marketing eficiente -, as exportações cresceram, mas, na melhor das hipóteses, no mesmo ritmo da expansão do comércio mundial. E, assim, a fatia brasileira nas trocas comerciais globais continua em torno do irrisório 1% de oito anos atrás. Com o avanço da globalização, o comércio é que progrediu muito. E o desempenho brasileiro foi modesto: correu muito para ficar no mesmo lugar. A política externa companheira não poderia mesmo ampliar o peso do país nas trocas globais, pois privilegiou a arcaica visão da diplomacia Sul-Sul, como se ainda houvesse espaço, no multilateralismo vigente, para uma estratégia de congregação de países do Sul ("pobres"), para somar forças em embates contra o Norte ("ricos"). A visão é bolorenta, traindo a naftalina das décadas de 60 e 70.

Movida a um antiamericanismo míope, a diplomacia da Era Lula buscou liderar o G-20 na Rodada de Doha, para pressionar o Primeiro Mundo. Não que ele não devesse, e deva, ser pressionado: o bloco subsidia pesadamente a produção agrícola, em prejuízo das exportações de economias emergentes e pobres. A ilusão foi imaginar que o "Sul" é unido. A desmontagem da tosca estratégia do Itamaraty ocorreu quando o Brasil, com razão, tentou negociar a saída para o impasse na Rodada, e não foi acompanhado por Argentina, Índia e China ( parte do "Sul", na geopolítica itamaratiniana). Doha desmoronou - pelo menos esta tentativa de acordo - e, com ela, o plano fantasioso de o Brasil de Lula ser o líder mundial dos desvalidos.

Ora, a malha de interesses dos países é bem mais intrincada, e não se move à base de ideologia. Este foi o erro mais grave do Itamaraty de Lula. Ao eleger o confronto com os EUA como a bússola da sua política externa, o governo perdeu oportunidades de ampliar a presença no comércio internacional. Recusou-se a discutir a Alca (Aliança do Livre Comércio das Américas), por ser um projeto de Washington. Mas, em troca, quase nada conseguiu em termos de acordos bilaterais, enquanto dezenas deles foram assinados pelo mundo. Cada um desses acordos dificulta a venda de algum produto brasileiro. Como é parte do Mercosul, o país só pode fechar acordos de que participe todo o bloco. Para complicar, quer, junto com a Argentina, colocar a Venezuela de Chávez entre os titulares do mercado comum. Pior, o terceiro-mundismo anti-EUA levou o Itamaraty a fechar os olhos em votações na ONU sobre ditaduras sanguinárias. Mesmo a presidente eleita, Dilma Rousseff, criticou a abstenção brasileira no caso dos apedrejamentos de mulheres no Irã. Encerra-se o ciclo de uma diplomacia inepta, leniente na defesa dos interesses da nação - vide expropriação de bens da Petrobras - e sem ética nos direitos humanos

SETE ASPECTOS PARA O DESENVOLVIMENTO  


Ao Brasil faltam poucas, porém importantes reformas econômicas para que se transforme em uma economia desenvolvida, a exemplo da Coreia do Sul.

Há sete aspectos fundamentais que, se forem incorporados na estratégia desenvolvimentista do próximo governo, possibilitarão ao Brasil consolidar-se como um país próspero, a taxa de investimentos alcançar 30% do PIB e a economia representar 6% do PIB global em 2050:

1) Política tributária: é crucial. Dela decorre a produtividade dos fatores de produção e a consistência da política industrial. É importante: realizar a reforma tributária, tornando-a simples do ponto de vista das suas normas, menos onerosa e segura; terminar com a guerra fiscal; priorizar a competitividade econômica. Deve-se desonerar tanto os investimentos como as operações no mercado de capitais e reduzir substancialmente os encargos trabalhistas das empresas.

2) Política industrial: nenhum país emergente que almeja o progresso e a integração econômica global pode prescindir de política industrial e agrícola e de serviços competitivos. O estímulo a essas atividades deve contemplar a isenção fiscal para investimentos e equiparar a carga tributária à dos países emergentes concorrentes, visando aumentar a capacidade produtiva e laboral desses setores, bem como eliminar, substancialmente, todos os obstáculos para se abrir e fechar uma empresa.

3) Abertura econômica: a soma das exportações e importações em proporção do PIB representa o nível de abertura econômica. Nos últimos dez anos, ela não ultrapassou 20% do PIB, enquanto a média dos países asiáticos foi de 45% do PIB. Dobrar o nível de abertura econômica nos próximos oito anos deverá ser o norte da política industrial. Quanto maior o nível da abertura econômica, maiores serão as possibilidades de o Brasil alcançar a estabilidade do crescimento acelerado.

4) Infraestrutura: o setor público não pode ser o único provedor de recursos na construção e na manutenção da infraestrutura nacional. Projetos que tenham fluxo de recebíveis devem ser financiados pelo sistema financeiro sob a responsabilidade operacional do empreendedor. Para tanto, deve-se criar novos instrumentos de captação da poupança nacional e internacional que viabilizem a construção de uma moderna infraestrutura, visando ao aumento da eficiência competitiva da economia e dos setores exportadores de bens e serviços. Investimentos antecedem a poupança; só dessa forma, pode-se aumentar a poupança nacional.

5) Gastos correntes: São importantes no atendimento à assistência social; no entanto, deve-se ter regras que restrinjam a expansão desses gastos. Eles devem se expandir com base na média do crescimento do PIB nos últimos três anos. Isso permitirá uma margem maior de recursos para investimentos e menor pressão sobre a taxa básica.

6) Superávit primário: deve-se sustentar um superávit de, no mínimo, 3,5% do PIB, com o intuito de diminuir o estoque da dívida bruta do setor público. Os efeitos imediatos serão a redução do risco fiscal e cambial do País, possibilitando o aumento dos investimentos estrangeiros diretos na economia.

7) Educação: trata-se da base da pirâmide da prosperidade social e do sucesso das políticas de preservação do meio ambiente. Aprimorar a qualidade do Ensino Médio e Fundamental significa garantir a qualidade do trabalho competitivo e o bem-estar.
Se no passado tivemos várias décadas perdidas, estamos diante do desafio das transformações econômicas: da década da virada. Nesse sentido, importa que os brasileiros saibam que país precisam ter e que tipo de cidadãos desejam ser. AQUI

Ernesto Lozardo é professor de Economia da FGV-SP. Autor do livro: Globalização: a certeza imprevisível das nações (2008)

Ministério para lá de provisório

Autor(es): Christiane Samarco
O Estado de S. Paulo - 23/12/2010
 

Nas conversas de bastidores com lideranças dos principais partidos da base de apoio ao Planalto e governadores aliados há um sentimento unânime, expresso em três constatações básicas: 1) o ministério é fraco; 2) o ministério é para lá de provisório; 3) Dilma Rousseff escolheu com base apenas nos acordos políticos do patrono, Luiz Inácio Lula da Silva, e no xadrez das bancadas governistas.

Na marca provisória, o primeiro ministério Dilma guarda até uma semelhança com o ministério com o qual Lula começou a governar, em 2003. O presidente empregou uma constelação de desempregados das urnas - de Benedita da Silva a Humberto Costa, passando por Jaques Wagner, José Fritsch, Nilmário Miranda e outros mais. A homenagem da transitoriedade à ineficiência era tão patente que, ao final de um ano, Lula teve de vassourar a Esplanada e fazer a primeira reforma. MAIS

terça-feira, dezembro 21, 2010

Lula é o nosso Mao; FHC, o nosso Deng

Carlos Alberto Sardenberg, O Estado de S. Paulo, 20/12/10

Quando um governante tem ampla aprovação popular, decorre daí que está fazendo a coisa certa? Depende do que se entende pela coisa certa, é claro, mas a relação não é direta. É possível que um líder tenha prestígio enquanto faz uma administração absolutamente desastrosa, e isso vale tanto para os eleitos quanto para os ditadores.

O exemplo mais evidente é o de Mao. Até hoje a China reverencia o “grande líder”, que, entretanto, conduziu o País a grandes desastres: fome matando milhões, economia arrasada, assassinatos em massa, torturas. Já a potência econômica de hoje foi fundada por Deng Xiao Ping, aliás, ele próprio prisioneiro durante a revolução cultural maoista. Mas é a imagem de Mao que se vê por toda parte.

Agitação e propaganda são boa parte da explicação. Governantes bem-sucedidos na admiração popular têm isso em comum, a capacidade de falar diretamente às pessoas e vender gato por lebre. Criam slogans simples e de imediata compreensão, lançam um plano atrás do outro, não importa se o primeiro foi simplesmente abandonado. Tudo apoiado pelos instrumentos da propaganda.

Nas ditaduras é mais fácil. Como disse Lula no lançamento de seu balanço, no mundo todo os jornais não falam bem do governo, exceto na China e em Cuba. Verdade. O problema é que Lula fez esse comentário em tom de reclamação, como se, na democracia, com imprensa livre, tivesse que gastar muita energia e dinheiro (pagando publicidade na mídia) para passar a sua verdade.

Mas o fato é que Lula foi muito bem nesse quesito. Passou seu governo inteiro no palanque, anunciando planos e mais planos, metas e mais metas, inaugurando várias vezes a mesma obra. Uma parte da imprensa simplesmente aderiu ou foi obrigada a isso pelo volume das verbas oficiais de publicidade. A imprensa livre e independente, apesar das reclamações do presidente, sempre cobriu essas atividades, o que ampliou os palanques.

A Ferrovia Transnordestina é um caso exemplar: foi lançada e “inaugurada” cinco vezes, sempre apresentada pelo presidente como sua obra especial. Prometida para este final de ano, tem menos de 100 km prontos, para um projeto de quase 3 mil. Nada disso impediu que a obra aparecesse como resultado de sucesso na prestação de contas de Lula, aquela registrada em cartório. Claro que o texto não diz que a obra está pronta, mas, sim, em execução, que foi viabilizada “pela primeira vez”, sem nenhuma referência aos atrasos e problemas que ainda enfrenta.

Ou seja, não é prestação de contas, mas pura propaganda. Lula não perde a oportunidade de alardear sua elevada popularidade, suas virtudes de operário-presidente. Sua turma também. É o maior presidente de todos os tempos, disse uma vez Dilma Rousseff. E, quando criticado por esses excessos, Lula joga na cara dos críticos: o País nunca cresceu tanto, a renda aumentou, a pobreza diminuiu e o mundo respeita o Brasil.

Por que ele não pode se vangloriar desses feitos?

Eis a quase-verdade (ou, claro, quase-mentira). É verdade que o País está de novo num bom momento. Mas não é verdadeira a conclusão que Lula tira disso: que isso tudo só está acontecendo porque ele é o presidente.

Basta olhar em volta. Os países emergentes em geral descreveram trajetória igual à brasileira: estabilidade macroeconômica construída nos anos 90 e, especialmente no período 2003/08, os benefícios de uma onda de prosperidade mundial que elevou espetacularmente os preços de nossos produtos de exportação, trazendo abundância de dólares. Na crise do final de 2008/09, o mesmo desempenho: dois ou três meses de recessão, seguidos de forte recuperação, situação atual.

No conjunto, todos os emergentes cresceram forte, acumularam reservas internacionais e têm hoje o mesmo problema da moeda local valorizada (exceto a China, que mantém sua moeda desvalorizada, um caso à parte). Mas reparem: nos anos dourados, 2003/08, o País cresceu menos que os emergentes em geral e menos que a média latino-americana.

Todos reduziram a pobreza e em todos se formaram novas classes médias. E grande parte dos países tem programas sociais tipo Bolsa-Família. O Chile Solidário, por exemplo, para ficar na América Latina.

Mas por que o Brasil se tornou tão festejado no mundo? Ora, porque o Brasil, estável, é um enorme país, de amplas oportunidades econômicas. Isso já aconteceu antes na história deste país.

Isso é o lulismo: estabilidade macroeconômica ortodoxa, uma onda mundial favorável, um setor privado (agronegócio e mineração) capaz de atender à demanda global e dinheiro público para gastar com as diversas clientelas, dos mais pobres até as grandes empreiteiras. Um bom momento inflado pelo presidente no palanque.

O problema é que esse tipo de propaganda esconde os problemas. No que o Brasil é diferente dos demais emergentes importantes? É pelo pior: o País continua consumindo mais do que produz, investe menos que a média emergente (sim, com PAC e tudo, continua investindo menos de 20% do PIB), cobra impostos demais de suas empresas e pessoas, tem ainda a taxa de juros mais alta do mundo, um gasto público exagerado e ineficiente, uma bomba-relógio na Previdência.

O governo Lula simplesmente empurrou esses problemas para a frente. Vão cobrar um preço quando o mundo parar de ajudar. Aí surgirá uma nova interpretação da era Lula, assim como da era FHC, um período de reformas que se mostram duradouras.

Lula, claro, não é igual a Mao. Longe, muito longe disso. Há um oceano entre um ditador e um presidente eleito e reeleito. Mas o que têm em comum é a enorme capacidade de formar a opinião pública. Mao, transformando desastre em avanço heroico. Lula, herdando um bom momento, para multiplicá-lo e assumir pessoalmente todos os méritos.

E o presidente Fernando Henrique Cardoso certamente é o nosso Deng.

JORNALISTA E-MAIL: SARDENBERG@CBN.COM.BR SITE: http://www.sardenberg.com.br/

segunda-feira, dezembro 20, 2010


DÓLAR BARATO AJUDA A ELEGER SUCESSOR, MAS QUE QUEBRA EMPRESAS E EMPREGOS, QUEBRA  
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EMPRESAS E CENTRAIS REAGEM À INVASÃO DOS IMPORTADOS

EMPRESAS E CENTRAIS COBRAM AÇÃO DO NOVO GOVERNO CONTRA IMPORTAÇÕES
Autor(es): Marcelo Rehder
O Estado de S. Paulo - 20/12/2010
 

União de empregados e sindicalistas visa cobrar de Dilma medidas protecionistas, além de incentivos fiscais

Empresários e sindicalistas deixam as diferenças de lado para traçar estratégias que impeçam a invasão dos importados e a desindustrialização no País. A aliança deve ganhar força no governo Dilma Rousseff. "Queremos falar com a presidente, a equipe econômica e os parlamentares", diz o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical. A ideia do movimento é convencer o governo a adotar medidas de proteção contra importações, além de incentivo fiscal e tributário a setores afetados pela substituição da produção local por produtos estrangeiros. Entre estes setores estão a cadeia de abastecimento do setor automotivo, bens de capital, eletroeletrônicos, calçados e têxteis. Um amplo debate confrontando a visão de empresários, trabalhadores e governo, já no início do ano, é a ideia que líderes sindicais levam hoje ao presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. A ação entre capital e trabalho se estreitou nos últimos tempos. Em 2009, negociações conjuntas garantiram ganhos salariais de até 6% acima da inflação, mas hoje empresas sinalizam perda de competitividade e sindicalistas temem desemprego. Só no mês passado, a indústria calçadista fechou 5 mil postos de trabalho, enquanto as importações de calçados da Malásia, Indonésia e Vietnã subiram 26% de janeiro a novembro.



Sob ameaça da invasão de importados, capital e trabalho deixaram as diferenças de lado para juntar forças numa cruzada em defesa do produto brasileiro. A aliança entre representantes das indústrias e das centrais sindicais começou a ser articulada nas mesas de negociação salarial, avançou em reuniões setoriais conjuntas e deve ganhar força no início de 2011, com a posse do governo Dilma Rousseff.

Empresários e sindicalistas pretendem convencer o novo governo a adotar medidas de proteção contra as importações e de incentivo fiscal e tributário a setores afetados pelo avanço do processo de substituição da produção local por estrangeiros. Entre eles, estão a cadeia de abastecimento do setor automotivo, bens de capital, eletroeletrônicos, calçados e têxteis.
"Queremos falar com a presidente Dilma, a equipe econômica e os parlamentares para mostrar o mal que isso está causando à economia ", diz o presidente da Força Sindical e deputado federal, Paulo Pereira da Silva.
A ideia é ter um diagnóstico sobre a situação e identificar os setores afetados, além da apresentação de propostas. Nesse sentido, os presidentes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, e da categoria em São Paulo, Mogi das Cruzes e Região, Miguel Torres, vão propor hoje ao presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, eventos para debater a competitividade da indústria nacional.
"Estamos pensando em promover, entre janeiro e fevereiro, um debate com esse tema reunindo a visão dos trabalhadores, dos empresários e do governo", conta Nobre. "Num momento como este, não dá para cada um ter a sua agenda. É necessário ter uma agenda única, um diagnóstico comum das medidas importantes para reverter o quadro."
A atuação conjunta do capital e do trabalho faz sentido. Nas negociações salariais deste ano, os trabalhadores chegaram a conquistar aumentos superiores a 6% além da inflação. Mas o ganho poderia ter sido maior. "As empresas alegam que perdem competitividade com o aumento dos salários", afirma Torres.

Os sindicalistas temem que, no caso de uma eventual reviravolta no mercado interno, as empresas, além de importar, passem a demitir. Há preocupação ainda sobre os novos investimentos e a criação de empregos.

Um exemplo é o da Usiminas, que desistiu de construir uma usina no Vale do Aço, em Minas Gerais. A unidade, que estava embargada desde a crise internacional, teria capacidade para produzir 5 milhões de toneladas por ano e exigiria investimentos de US$ 6 bilhões. "Se somar a importação direta e indireta de aço este ano, estamos falando de 10 milhões de toneladas, o que representa quase duas Usiminas", afirma o presidente-executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Lopes.

sexta-feira, dezembro 17, 2010

TEMPOS PETISTAS 
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Desprezo pela opinião pública
O Estado de S. Paulo - 17/12/2010
 
De nada adiantaram o protesto - "fizeram isso só pensando no interesse próprio" - e a advertência - "vão acabar agredidos na rua" - da deputada Luiza Erundina (PSB-SP) contra o projeto de decreto legislativo que aumenta os salários dos deputados e senadores e, por extensão, também os do presidente e do vice-presidente da República, dos ministros de Estado e dos deputados estaduais e vereadores de todo o País. Para os congressistas que aprovaram o aumento em tempo recorde, certamente os ganhos compensam o risco.
É um ganho que nenhum assalariado que vive da remuneração de seu trabalho conseguiu ou conseguiria obter. Do início de 2007 até agora, período de vigência da atual remuneração dos congressistas, a inflação oficial foi de 20,9%. O injustificável aumento que deputados e senadores se autoconcederam é de 61,83%, o triplo do que receberam, em média, os brasileiros comuns, que recolhem os impostos utilizados no pagamento dos parlamentares. MAIS

‘Economist’: estudo indica que dinheiro compra felicidade



Capa da ‘Economist’: ‘A alegria de envelhecer’. Revista tenta derrubar lugares-comuns sobre a felicidade e diz que dinheiro compra satisfação pessoal
Um estudo elaborado por pesquisadores da Universidade da Pensilvânia indica que existe uma correlação significativa entre renda e sensação de bem-estar ou satisfação com a própria vida. A revista britânica “The Economist” traz uma reportagem sobre esse levantamento e conclui que “dinheiro realmente pode comprar felicidade”.
A pesquisa não usa exatamente essas palavras, mas afirma que “indivíduos ricos em um dado país estão mais satisfeitos com suas vidas do que os pobres”. E acrescenta que “a satisfação média com a vida é maior em países com alta renda per capita”.
Os dinamarqueses, por isso, aparecem como os mais satisfeitos entre os 140 países pesquisados. Os estudiosos formularam um índice que varia de zero a dez, sendo que quanto maior o número, maior a satisfação média do cidadão. A Dinamarca ficou com 8 pontos.
Estados Unidos, Reino Unido, França e outros países da Europa Ocidental variam em torno de sete pontos. Os brasileiros aparecem um pouco abaixo, entre seis e sete pontos.
Mas os pesquisadores reconhecem que há outros fatores que influenciam o bem-estar, como cultura e relações de trabalho. É por isso que existem algumas aparentes anomalias, com alguns países relativamente ricos apresentando pontuação baixa, enquanto algumas nações pobres aparecem com mais pontos.
Veja algumas dessas “anomalias” apontadas pela” Economist”:
- os portugueses, apesar de estarem na Europa Ocidental, são “surpreendentemente sombrios”, com menos de cinco pontos, escreve a revista;
- os asiáticos tendem a ser menos felizes do que a renda deles faria supor;
- Hong Kong tem uma renda per capita equivalente à da Dinamarca, mas o país asiático tem apenas 5,5 pontos, contra 8 da nação européia;
- latino-americanos são em geral mais satisfeitos do que se poderia esperar de nações com faixa de renda per capita abaixo da média;
- os países da antiga União Soviética são “extremamente infelizes”, diz a “Economist”
- “o país mais triste do mundo, relativamente à sua renda, é a Bulgária”.
Em tempo: a edição de Natal da “Economist” traz outras reportagens que dão um nó nas convicções que muita gente tem sobre a felicidade. Já na capa, diz: “A alegria de envelher (ou por que a vida começa aos 46).

segunda-feira, dezembro 13, 2010

LULO-PETISMO BANALIZA A MÁ GESTÃO DE RECURSOS PÚBLICOS  
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Suspeitas não param o PAC
Autor(es): Vinicius Sassine
Correio Braziliense - 13/12/2010

Indícios de superfaturamento e de obras mal executadas sob a ótica do TCU não freiam injeções de recursos no programa

 
Sete grandes obras de infraestrutura com indícios de graves irregularidades, detectados pelo Tribunal de Contas da União (TCU), terão recebido até o fim deste ano investimentos de R$ 12,2 bilhões do governo federal, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Mesmo com a constatação de problemas como superfaturamento, direcionamento da licitação e má execução das obras, comunicados à Comissão Mista de Orçamento nos últimos dois anos, esses empreendimentos continuarão a ser executados de 2011 em diante, com novos investimentos de R$ 39,9 bilhões da União. MAIS
AÍ TEM, NÃO TEM?  

"Não por menos, o programa "Turismo social no Brasil: uma viagem de inclusão", no qual os projetos de infraestrutura turística estão alocados, foi o campeão de apresentação de emendas para o próximo ano, com 1.314 pedidos. 

Desbancou, por exemplo, as áreas de saúde e desenvolvimento urbano."  ETA PESSOAL ESPERTO!
PRESIDENCIALISMO DE COALIZÃO  


"O problema não está na coalizão em si. A questão está nas moedas usadas para negociar apoios. Em alguns casos, é moeda mesmo...
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Para tornar o quadro mais sombrio, Lula e o PT levaram para Brasília o clássico lema da esquerda de que "os fins justificam os meios". Ou seja, para obter espaços de governabilidade, vale tudo." AQUI  

O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO É O QUE MAIS CONTRIBUI PARA A REDUÇÃO DA POBREZA  


Avanço na agricultura

O Estado de S. Paulo - 13/12/2010
 

Numa lista de cerca de 120 países pobres e em desenvolvimento, o Brasil foi o que registrou o maior aumento da produtividade do trabalho agrícola entre 1988 e 2008, o que confirma o grande avanço da agricultura brasileira no período. De acordo com um estudo sobre o papel da agricultura na redução da pobreza no mundo, elaborado pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida) - uma organização ligada à ONU que se dedica à busca de recursos para apoiar a agricultura nos países em desenvolvimento -, a produção anual média do trabalhador rural brasileiro aumentou 123,7% no período considerado, passando de US$ 1.439 para US$ 3.218 (tomando-se como base o valor do dólar em 2000).

De todos os demais países analisados pelo Fida, apenas Belize também registrou aumento de mais de 100% - o número exato é 116,7%. Mas é preciso ressalvar que em Belize há apenas 30 mil trabalhadores no campo, ou menos de 0,3% dos 11,93 milhões de trabalhadores rurais brasileiros, e sua produção agrícola, de cerca de US$ 450 milhões por ano, corresponde a pouco mais de 1% da brasileira, de quase US$ 40 bilhões anuais, segundo os dados utilizados pelo Fida.

O desempenho da agricultura brasileira, de acordo com o critério do Fida, é muito superior ao dos principais concorrentes do País nos mercados regional e mundial. O aumento da produtividade do trabalho rural na Argentina no período considerado foi de 60,9%, menos da metade da evolução da produtividade brasileira; no México, de 32,2%, apenas um quarto do resultado brasileiro; na China, de 81,6%; e, na Índia, de 27,3%.

Ressalve-se que o exame da produtividade do trabalho é apenas uma das formas de se avaliar a evolução, ou involução, da atividade agrícola numa região ou num país. Também de acordo com outras avaliações o desempenho brasileiro é muito superior ao da maioria dos países com os quais disputa espaços no mercado mundial de produtos agropecuários e agroindustriais.

Entre 1996 e 2006, enquanto a área plantada com grãos no Brasil registrou aumento de 24,4%, de 38,5 milhões para 47,9 milhões de hectares, a produção cresceu 95,8% - de 73,6 milhões para 144,1 milhões de toneladas -, segundo pesquisa do Centro de Economia Agrícola da FGV.

Em algumas culturas, como a do milho, o aumento da produtividade foi excepcional. Entre as safras de 1995/1996 e a de 2009/2010, a área plantada diminuiu 5,9%, mas a produção de milho aumentou 65,1% - de 32,4 milhões para 53,5 milhões de toneladas. Na safra 2009/2010, em que se constatou uma pequena redução (de 0,7%) da área cultivada, a produção foi cerca de 8% maior do que a da safra anterior, o que resultou no aumento de 8,5% na produtividade. A agricultura brasileira tem-se caracterizado por aumentos constantes de produtividade. Entre 2000 e 2009, enquanto a área cultivada aumentou à média anual de 1,7%, a produção cresceu 4,7%.

No ano passado, o Brasil ultrapassou o Canadá e se tornou o terceiro maior exportador de produtos agrícolas do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da União Europeia, de acordo com a OMC. Na década passada, o País já tinha superado a Austrália e a China. Entre 2000 e 2008, as exportações agrícolas brasileiras cresceram, em média, 18,6% ao ano, mais do que os crescimentos registrados no Canadá (6,3%), na Austrália (6,0%), nos Estados Unidos (8,4%) e na União Europeia (11,4%).

A abundância de recursos naturais, como solo, água e luz, o aumento da demanda internacional, sobretudo dos países asiáticos, e o aumento da produtividade estão entre os fatores que têm impulsionado de maneira decisiva a atividade rural no Brasil nos últimos anos.

É evidente que isso só foi possível graças às pesquisas desenvolvidas pela Embrapa, sobretudo no desenvolvimento de sementes geneticamente modificadas e de variedades para as diferentes regiões do País, além de seu trabalho de campo junto aos agricultores, estimulando a adoção de técnicas mais adequadas de cultivo e de gestão.

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JEITO PETÊ DE GOVERNAR  


Assessora do PT leva R$ 4,7 mi

Assessora de petista leva R$ 4,7 milhões
Autor(es): Leandro Colon e Fábio Graner
O Estado de S. Paulo - 13/12/2010
 

Uma entidade em nome de uma assessora da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), que assumiu semana passada a relatoria do Orçamento de 2011, conseguiu R$ 4,7 milhões em convênios com o governo sem precisar de licitação. No processo, Liane Maria Muhlenberg assinou uma declaração falsa de que não trabalha no Senado. A verba, oriunda de emendas de parlamentares do PT, é destinada a shows e eventos culturais. MAIS
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