segunda-feira, janeiro 31, 2011

Emprego e pouco estudo 

*Só por falta de alternativa, empregadores contrataram mão de obra menos especializada

*O Brasil tem conseguido ampliar o acesso à escola — hoje, praticamente universalizado —, mas a qualidade do ensino avança pouco

Correio Braziliense - 31/01/2011
 

Com a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) atingindo cerca de 7,5%, o Brasil registrou em 2010 a menor taxa de desocupação da história: 6,7%. O forte ritmo de crescimento forçou bruscas mudanças no perfil do mercado de trabalho, incluindo expressiva e generalizada formalização, observada em todas as regiões do país e em todas as atividades econômicas. Nada menos que 2,5 milhões de brasileiros passaram a contar com as garantias da carteira assinada. O fenômeno permitiu que idosos voltassem a disputar espaço, mulheres ampliassem a participação e que até entre os menos qualificados (incluindo os que nem sequer sabem ler e escrever) houvesse quem assegurasse vaga.

Sem dúvida, a grande abertura de oportunidades é fato a ser festejado. Apenas não se pode fechar os olhos para um lado preocupante da questão: só por falta de alternativa, empregadores flexibilizaram as exigências e contrataram mão de obra menos especializada. Embora quase 78% dos postos tenham sido preenchidos por pessoas com ensino médio incompleto para cima, as admissões de analfabetos e de pessoas com ensino fundamental, não necessariamente completo, passaram de 13%. Urge analisar com lupa esse aspecto porque a qualidade da ocupação perde evidência com a queda do desemprego. Acomodar-se à situação é arriscar-se a dar espaço a grave problema social logo adiante.

Governo e sociedade precisam, pois, reagir rápido, antes que se estabeleça de vez um abismo entre o nível de escolaridade e de formação técnica do cidadão e o das necessidades do setor produtivo nacional. Na verdade, a diferença entre os dois patamares existe antes de o PIB ascender em velocidade de cruzeiro. Não por acaso, vários alertas já foram emitidos sobre a possibilidade de o país viver um apagão de mão de obra. O Brasil tem conseguido ampliar o acesso à escola — hoje, praticamente universalizado —, mas a qualidade do ensino avança pouco. Num contexto mundial de acelerada evolução tecnológica, a nação não alcançará o bonde da história na batida marcha lenta com que evolui a educação.

Engana-se quem imagina ser esse um problema restrito aos analfabetos ou ao conjunto dos inexperientes. No mundo desenvolvido do qual aspiramos participar, mesmo os que concluem o terceiro grau dão sequência aos estudos, num aprendizado constante. Em consequência, a renda sobe, mas portas se fecham aos menos preparados. Com a crise rondando a União Europeia e os Estados Unidos — e o Brasil sob os holofotes de sucesso econômico emergente —, logo nosso mercado de trabalho será alvo da cobiça alheia caso nos falte competência para ocupar as vagas. Não se trata de xenofobia, mas de advertência ao Estado e aos concidadãos para que saibam aproveitar as oportunidades presentes.
DESINDUSTRIALIZAÇÃO  


Importação de itens de média e alta tecnologia quase triplica

Importação de produtos de alta e média tecnologia quase triplica em seis anos
Autor(es): Marcelo Rehder
O Estado de S. Paulo - 31/01/2011
 
Compras externas de veículos, máquinas, equipamentos e eletroeletrônicos cresceram 177% entre 2004 e 2010, aponta estudo da Abimaq

SÃO PAULO - A indústria brasileira perde espaço em ritmo acelerado para produtos importados nos setores mais dinâmicos da economia nacional. Nos últimos seis anos, quase triplicou a importação de produtos do chamado grupo de média- alta tecnologia, que inclui de veículos automotores e outros equipamentos de transporte a eletroeletrônicos, máquinas e equipamentos.
(...) 
O real valorizado encarece as exportações ao mesmo tempo em que torna as importações mais baratas. Com os custos da produção pressionados para cima pela carga tributária, logística, energia e mão de obra, entre outros fatores que compõem o chamado custo Brasil, as empresas alegam não ter como competir com os importados. Para manter parte do mercado, os fabricantes locais importam componentes e até produtos totalmente fabricados no exterior. MAIS
CAMINHO SUJO DAS EMENDAS
"Parlamentares fazem emendas ao Orçamento da União destinando recursos para entidades e prefeituras que os ajudaram a se eleger. Em seguida, precisam que os ministérios liberem a grana prevista nas emendas. Aí costumam ocorrer os pequenos e médios trambiques.
Os maiores, que dependem de pessoas bem situadas nos escalões mais elevados de ministérios, empresas estatais e bancos públicos, passam por licitações viciadas, isenções de tributos, pagamento de comissões – e sabe-se lá mais o quê. Os beneficiados contribuem para engordar o caixa de campanha dos partidos." AQUI

domingo, janeiro 30, 2011

Enviado por Ricardo Noblat -
30.1.2011
| 3h11m

Geral

Projeto no Ceará reduz taxa de mortalidade infantil

Isabela Martin e Leila Youssef, O Globo

Com uma ideia simples, de baixo custo e que recebeu o sugestivo nome de Trevo de Quatro Folhas, o município de Sobral, no Ceará, mudou a sorte de milhares de crianças e mães na última década.
Desde a implantação do projeto em 2001, que consiste num acompanhamento cuidadoso com assistência social e alimentar para grávidas e crianças de até 2 anos, a taxa de mortalidade infantil caiu de 29 para 13,6 a cada mil nascidos vivos em 2010; há dois, não há registro de morte materna no município.
No Trevo, o papel de protagonista fica com as mães sociais. São mulheres treinadas por uma equipe formada por enfermeiras, psicólogas e assistentes sociais que vão de casa em casa dando orientação às gestantes sobre aleitamento materno, cuidados de higiene; e também estimulam os pais a dividirem com as mulheres o cuidado com os filhos.
O sucesso do projeto ganhou reconhecimento internacional. O Trevo tirou o primeiro lugar na categoria Inovação Social, numa das edições do prêmio concedido pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe das Nações Unidas (Cepal), organismo da ONU, e pela Fundação Kellogg dentro do projeto Experiências em Inovação Social.

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sexta-feira, janeiro 28, 2011

"As principais diferenças entre Dilma e Lula poderão ser explicadas por um só fator: Lula teve quatro anos de escolarização formal, Dilma teve 16 anos."  


Dilma: um mês de reais mudanças

Autor(es): Alberto Carlos Almeida | De São Paulo
Valor Econômico - 28/01/2011
  
Faltam poucos dias para que o governo Dilma complete seu primeiro mês e já se notam mudanças reais em face do governo que lhe antecedeu e a elegeu. As principais diferenças entre Dilma e Lula poderão ser explicadas por um só fator: Lula teve quatro anos de escolarização formal, Dilma teve 16 anos. Lula não completou o primeiro grau, Dilma fez curso universitário. A consequência disso é simples: Lula se tornou um líder sindical e foi socializado nesse meio. Dilma não. Imaginemos o dia a dia de Lula nas disputas sindicais, com quem ele se relacionava, os métodos de disputa política, o divertimento dos bares e biroscas. Dilma, porque tem diploma universitário, nunca fez parte desse mundo.

Depois de deixar o cargo de presidente, Lula usou o avião oficial da Presidência da República, os filhos obtiveram a renovação de passaportes diplomáticos e Lula e sua família foram descansar nas instalações militares no Guarujá (SP). Trata-se de um comportamento típico de alguém que teve uma formação escolar débil: confunde-se o público com o privado. Isso só não é mais frequente porque existe controle social: mídia, opinião pública, Ministério Público e outras instituições que criticam e impedem que tal prática seja ainda mais disseminada.

O comportamento de Lula em tais episódios em nada difere das centenas de prefeitos também pouco escolarizados que utilizam a máquina da prefeitura como se fosse deles. Veja-se agora o ministro dos Portos do governo Dilma, Leônidas Cristino (PSB), que gastou R$ 5 milhões quando prefeito de Sobral (CE) para construir uma vila olímpica que leva o nome do ministro Ciro Gomes.

Uma grande parte da afetação emocional de Lula, revelada para o público nas inúmeras vezes em que chorou compulsivamente em eventos oficiais, pode ser compreendida em parte por sua baixa formação escolar. Quanto mais escolarizada a pessoa é, menores as chances de que ela tenha uma relação mágica com o mundo. Quem completa o grau superior tende a ter explicações racionais para os acontecimentos. Isso faz que essa pessoa seja mais fria, para o bem e para o mal. Lula chorou sem parar na cerimônia de diplomação nos idos de 2002. Quando Dilma foi diplomada, em dezembro de 2009, não rolou uma lágrima sequer em sua face. Isso merece louvor. Dilma encarou a diplomação com muito mais frieza do que fez Lula. Dilma tem uma visão do trato da coisa pública muito diferente da que tem Lula.

Deixar para trás um presidente sem formação escolar, substituindo-o por alguém que tem grau universitário é uma revolução e isso ficará mais claro no decorrer do governo Dilma. Lula era um fanfarrão, Dilma não é. Lula se considerava o salvador da pátria, como ele mesmo disse, ele se considerava a opinião pública. Tudo indica que esse tipo de pensamento não passe pela cabeça de Dilma. Lula falava o tempo inteiro, utilizava sem cerimônia linguagem de baixo calão. A julgar pela primeira aparição pública de Dilma na tragédia das chuvas do Rio, teremos uma presidente com boa capacidade de comunicação, mas sempre lançando mão de estilo e conteúdo comedidos. Com Dilma e sem Lula, a racionalidade voltou ao Palácio do Planalto. MAIS

quinta-feira, janeiro 27, 2011

Países ricos se recuperam e emergentes crescem demais

Valor Econômico - 27/01/2011


A recuperação da economia americana ganhou força, a crise dos países muito endividados da zona do euro está sendo contida e os países emergentes estão crescendo a grande velocidade. Como resultado, avalia o Fundo Monetário Internacional em um documento relativamente otimista, a economia mundial deverá avançar um pouco mais do que o previsto e chegar a 4,5% em 2011. Mas há riscos suficientes no horizonte em todos os quadrantes, em um cenário em que o fantasma da inflação assola sua parte mais dinâmica, o mundo emergente. MAIS
MOVIDOS A CRÉDITO

"O paulistano começou este ano mais endividado que no início de 2010. Mais da metade das famílias (51,2%) tem dívidas a pagar neste mês. Em dezembro do ano passado, a fatia de famílias endividadas estava em 45,7% e em janeiro de 2010 era de 44%, revela a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP). MAIS
POLÍTICA É ASSIM MESMO ... É?
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"Chegamos aqui a uma das pedras fundamentais da nossa cultura política. Uns mais, outros menos, todos nós cultivamos a crença de que a ética pública é uma espécie de puxadinho de luxo que se constrói quando as prioridades já foram atendidas. Fora disso, atrapalha. Exigir prestação de contas a toda hora serve apenas para atrasar as obras e os negócios - basta ver as sucessivas refregas verbais entre o governo anterior e o Tribunal de Contas da União (TCU), em 2009 e 2010. Segundo essa mentalidade, a ética pública é um item cosmético, um toque de acabamento. Na grande obra que é a gestão do Estado, ela deve vir depois, apenas para conferir um aspecto de coisa civilizada, responsável, a processos que, se necessário, não hesitarão em empregar métodos selvagens (que permanecerão, para sempre, secretos). Parece grosseiro, parece primitivo, mas vivemos num país em que empresários, em grande número, e boa parte dos políticos, qualquer que seja o partido, pensam assim.
Será difícil quebrar o encanto dessa pedra fundamental. Ela constitui uma ilusão pétrea do pragmatismo pátrio, inspirando as práticas políticas. Sua superação não virá por decreto, mas aos poucos, à medida que os agentes políticos e econômicos internalizarem a noção de que o resultado dos processos é inseparável da qualidade de cada uma de suas etapas anteriores. Na administração pública democrática, não é verdade que os fins justificam os meios - a verdade é o oposto disso: os meios é que determinam os fins." AQUI
ETA CAFEZINHO BOM, SÔ
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Cada brasileiro acrescentou 210 gramas de café a sua dieta no ano passado. Esse aumento elevou o consumo per capita do produto de 5,81 quilos, em 2009, para 6,02 quilos em 2010, maior patamar já registrado no país. O recorde anterior era de 1965, quando o consumo per capita foi de 5,91 quilos. AQUI

POR QUE GOSTAM TANTO DE ESTATAIS  
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FURNAS FEZ NEGÓCIOS COM FIRMA LIGADA A DEPUTADO

OS NEGÓCIOS DE AMIGOS DE CUNHA
Autor(es): A gência o globo : Chico Otavio
O Globo - 27/01/2011
 
Furnas pagou R$73 milhões a mais por ações vendidas a empresários ligados ao deputado

Após abrir mão do direito de preferência na compra de um lote de ações da empresa Oliveira Trust Servicer, Furnas Centrais Elétricas pagou pelos mesmos papéis, menos de oito meses depois, R$73 milhões acima do valor original. O negócio, ocorrido entre dezembro de 2007 e julho de 2008, favoreceu a Companhia Energética Serra da Carioca II, que pertence ao grupo Gallway. Um dos seus diretores, na época, era o ex-presidente da Cedae e ex-funcionário da Telerj Lutero de Castro Cardoso. Outro nome conhecido no grupo é o do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, que se apresenta em negócios como representante da Gallway. MAIS

quarta-feira, janeiro 26, 2011

MODELO DE INSPIRAÇÃO FACISTA 


A corporação sindical terminou presenteada com alguns milhões adicionais do imposto sindical, com o reconhecimento das centrais pelo Estado. Consumou-se, assim, a negação por parte de Lula de toda a pregação que fizera na ressurreição do movimento sindical, no final da década de 70, contra o modelo getulista de subordinação dos sindicatos ao Estado. Ele fez o oposto do que pregou. Fortaleceu o modelo de inspiração fascista. AQUI

O que o alimento representa para o mundo de hoje

* Pode-se dizer que, em menos de 30 anos aqui, se desenvolveu a primeira e mais competitiva agricultura tropical do globo

* De país consumidor de alimentos mais caros do mundo, na década 70, que chegava a consumir quase a metade da renda média familiar só em alimentação, chegamos aos anos 2 mil com um dos mais baratos alimentos do mundo, conforme prova o Ipea em sua última pesquisa sobre custos com alimentação, onde esse gasto não passa de 13,6% da renda familiar  

Autor(es): Alysson Paulinelli
O Estado de S. Paulo - 26/01/2011
 

Tenho sempre falado que quem conviveu no Brasil nas décadas de 60 e 70 com os problemas de alimentação tem muito mais experiências nesse campo que os que vivem nos dias de hoje. Até quase o final do século passado, os países tropicais, como o Brasil, pagaram muito caro o seu despreparo de conhecimentos de tecnologias que permitissem o uso dos seus recursos naturais e deles conseguir retirar, competitivamente, os produtos e alimentos para a sua própria manutenção.

Ou eram receptores de "sobras" internacionais ou pagavam um preço muito caro por aquilo que não sabiam fazer (produzir bem e barato). Creio que o Brasil experimentou essas duas condições.
Atribuo isso à evolução que houve no ensino das ciências agrárias no Brasil, no início dos anos 60, colocando próximo ao modelo dos land grant colleges dos americanos, que permitiu que os nossos profissionais passassem a ser muito mais realistas e preparados para enfrentar o novo desafio que surgira.
A crise da ineficiência industrial, com a urbanização repentina do País, o desabastecimento, provocado pela incapacidade de produzir o alimento para o próprio consumo nos centros urbanos, e a primeira grande crise do petróleo, que elevava o preço de um barril de US$ 3 para US$ 11, num país que dependia de 80% de petróleo importado em seu consumo, levaram-nos toda a liquidez da nossa conta café para o buraco e à expectativa de que passaríamos a viver num país derrotado e falido.

Foi aí que valeu o melhor preparo e a evolução das ciências agrárias do País. Permitiram aos governos que acreditassem e investissem em projetos de busca de novos conhecimentos, em criação de novas estruturas de pesquisas, mais ágeis, com autonomia técnica, científica, administrativa e financeira, dando condições de trabalho e produção aos seus pesquisadores.

Não somente o governo federal criou a Embrapa, mas também 17 Estados ou criaram ou fizeram evoluir as suas já tradicionais instituições de pesquisas, num esforço sem precedente, cujos resultados não demoraram a aparecer. Pode-se dizer que, em menos de 30 anos aqui, se desenvolveu a primeira e mais competitiva agricultura tropical do globo.

O País, mesmo com as dificuldades financeiras pelo acúmulo das três crises, teve a lucidez de acreditar que os investimentos em ciência e tecnologia valeriam a pena. Antes de desperdício poderia ser essa a solução de tantos e infindáveis problemas de um Brasil que necessitava se afirmar, e não se curvar diante das ameaças. De país consumidor de alimentos mais caros do mundo, na década 70, que chegava a consumir quase a metade da renda média familiar só em alimentação, chegamos aos anos 2 mil com um dos mais baratos alimentos do mundo, conforme prova o Ipea em sua última pesquisa sobre custos com alimentação, onde esse gasto não passa de 13,6% da renda familiar. De país receptor ou importador de alimentos à custa da conta café, produto tropical que dominávamos, passamos a ser exportador de comida, fibras, outras matérias-primas agrícolas, óleos e até da energia renovável que o mundo tanto necessita. Criamos em 30 anos uma nova e competitiva agricultura tropical, hoje indiscutivelmente uma solução para garantir que o mundo, mesmo com sua demanda duplicada a cada 30 anos, não fique só na dependência de suas regiões temperadas, que praticamente já esgotam os seus recursos de terra.

Agora tanto se fala, novamente, em crise mundial de alimentos, matérias-primas agrícolas e energia renovável, na subida dos preços das commodities agrícolas e o que isso irá representar econômica, social e ambientalmente para todo o mundo. As vistas de todo o mundo se voltam para o potencial produtivo de suas regiões tropicais e, logicamente, para as tecnologias e capacidade produtiva desenvolvidas no Brasil nesses últimos anos do século 20. E o que é mais engraçado é que nem os governos nem o povo brasileiro se apercebem disso. O agricultor, aqui, para o nosso cidadão urbano desinformado (ou, intencionalmente, mal informado), continua como o vilão de toda a história, como um eterno latifundiário, explorador de mão de obra, caloteiro e aproveitador ou destruidor dos nossos recursos naturais. Numa verdadeira fúria legiferante, procura impor e imputar no produtor nacional todas as culpas, crimes e responsabilidades por todos os males e tormentas climáticas que nos assolam. Arbitram-lhes multas impagáveis ou penas insuportáveis, numa ansiedade de justificar sua insanidade estranhamente criada pelos benefícios que receberam em redução de preços de seus alimentos, pela qualidade melhor dos produtos que consomem e pela tranquilidade de que aqui ainda temos as melhores condições de garantias da existência de alimentos, matérias-primas agrícolas, energia renovável, sem a dependência ou os favores de terceiros, como tínhamos há 30 anos. Esse tem sido o preço que o produtor rural brasileiro está pagando por gerar quase US$ 60 bilhões anuais líquidos para nossa balança comercial, afastar o Brasil definitivamente das crises financeiras internacionais e se posicionar como um dos mais fortes emergentes econômicos no cenário mundial.

O mundo inteiro está atrás de nossa tecnologia porque sabe que ela, além de mais eficiente, é também a mais capaz de produzir de forma sustentável e, inclusive, tem conseguido melhorar muitos de nossos biomas, como é caso dos nossos cerrados.

Não podemos permitir que os investimentos em ciência e tecnologia sejam tremendamente reduzidos a ponto de provocar um verdadeiro apagão tecnológico em nosso Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária, e a própria extinção do nosso Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural.

Os 24 anos de apagão que viveu a Embrapa são injustificáveis, pois ela só não sucumbiu nesse período de martírio porque tinha e tem uma sinergia própria, convincente, o que não ocorreu com as 17 instituições estaduais de pesquisas que hoje estão em verdadeira penúria.

O remendo de um PAC Embrapa foi um alívio louvável, mas não uma solução definitiva com a qual todos sonhamos. O desafio continua e espero que se repitam as medidas oportunas para a pesquisa, e que se estendam a nossa assistência técnica e extensão rural ao nosso crédito rural, ao nosso seguro rural que ainda não temos, e às medidas de defesa de nossa comercialização ainda incipientes.

Que não se esqueçam da nossa logística, hoje tão limitante. Que não se esqueçam do nosso consumidor porque, do contrário, ele, no fim, é quem será inocentemente o grande vilão da história.

Espero que 30 anos na vida de um País não sejam um período tão longo para que cometamos os mesmos erros de 500 anos atrás.

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terça-feira, janeiro 25, 2011

POPULAÇÃO NÃO CONFIA NOS POLÍTICOS  

A insatisfação dos paulistanos com os que governam a sua cidade ou fiscalizam sua administração atinge níveis preocupantes, de acordo com pesquisa cujos resultados foram divulgados na véspera da comemoração dos 457 anos de São Paulo. Câmara Municipal, Tribunal de Contas do Município (TCM), Prefeitura e Subprefeituras ocupam os últimos lugares no ranking das instituições e empresas nas quais a população mais confia. AQUI

segunda-feira, janeiro 24, 2011

DICA DO SPC:

Do jornal Hoje, da Rede Globo:

Vale do Itararé se destaca pelos roteiros de aventura na natureza

Região pouco explorada fica na divisa entre São Paulo e Paraná. Cânions, trilhas, cachoeiras e rapel estão entre os passeios mais procurados.

Graciela Andrade - Itararé  sp
O Vale do Itararé fica na divisa entre os estados do Paraná e São Paulo. De Curitiba são 244 quilômetros pelas rodovias PR-090 e PR-151. De São Paulo, são 340 pela Raposo Tavares. A região ainda é pouco explorada.
Um dos passeios mais procurados fica escondido no meio da mata: é o antigo túnel ferroviário Fábio Rego. Para chegar até lá só de carro com tração nas quatro rodas e mesmo assim o motorista tem que ter habilidade. O caminho tem trechos cobertos por pântano.
Durante anos essa foi uma das principais ligações com o Uruguai. O trem de passageiros que ia de São Paulo para Montevidéu circulou por este trecho entre as décadas de 40 e 50. O túnel, construído todo de pedra, tem quase um quilômetro de extensão. A escuridão é total e a temperatura muito baixa. A luz no fim do túnel é um alívio. O passeio pelo túnel custa em média 100 reais.
A região vem se destacando entre os roteiros de aventura. São várias opções para quem gosta de esportes radicais. Uma delas é o cascading, o rapel na cachoeira. São 60 reais para encarar uma descida de 45 metros de altura.
Quem prefere um outro tipo de adrenalina em terra firme pode encarar as trilhas off road. Os passeios com veículos 4x4 saem em média 100 reais por pessoa.
No Rio Verde o visitante encontra o boia cross. O que começou com uma brincadeira virou um esporte para turistas. São 40 reais para três horas dentro da água. Alguns trechos são bem tranquilos, outros nem tanto.
Itararé tem 47 mil habitantes e oferece hotéis e pousadas com diárias que vão de 30 a 60 reais. A comida é caseira com preços que variam entre 15 e 30 reais por pessoa.
Em um dos pontos mais bonitos do vale, a mil metros de altitude, é possível observar bem as características da região. É toda cercada por cânions. O do Rio Itararé fica bem na divisa dos estados de São Paulo e Paraná.
Entre as formações rochosas em arenito a Cachoeira do Corisco se destaca. A água despenca de um coração esculpido na pedra. São 106 metros de altura. É uma das mais altas da região.
O Poço do Encanto também é atração. A água parece responder às palmas. O mistério que tanto encanta os turistas tem explicação. “O poço está localizado em cima de sedimento recente e em altitude elevada. Por estar localizado nessa altitude, todos os lençóis freáticos são rasos, próximos à superfície. Nesse caso, foi formando uma camada próxima a essa lagoa, onde você pisa e a pressão faz ela borbulhar“, explica o geólogo Luiz Alberto Gusmão Pinheiro.
Não dá pra ir embora sem conhecer o Cânion do Jaguaricatú. São 25 quilômetros de estrada de terra em boas condições e cercada de muito verde. O mirante é parada obrigatória. Uma vista privilegiada e recompensadora.


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Clique para ver o vídeo:

















































    Para FHC, Brasil está ''sem estratégia''

    Autor(es): Jamil Chade
    O Estado de S. Paulo - 24/01/2011
     
    Segundo o ex-presidente, País não pode voltar a ser apenas um exportador de commodities, como vem ocorrendo

    O Brasil não tem estratégia - seja industrial, comercial ou para o câmbio. O alerta foi feito ontem, em Genebra, pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Para ele, o País não pode voltar a ser apenas um exportador de commodities e deve pensar o que fazer com os recursos da alta atual dos preços dos produtos primários.
    "O que tem no Brasil é uma situação delicada. O Brasil está sem estratégia e isso é muito preocupante", afirmou o ex-presidente. "O mundo mudou muito e não temos um plano para enfrentar esse mundo. Vai ser necessário ter uma nova estratégia. Temos de inventar uma estratégia e as políticas consequentes para essas estratégias. Mas não estou vendo nada disso e nem que isso esteja sendo definido."
    Em 2010, diante da alta dos preços de produtos primários, a renda com a exportação agrícola bateu recorde e pela primeira vez em décadas o Brasil vendeu mais commodity do que produtos industrializados. "Nesse momento, isso dá recursos. Mas o que vamos fazer com esses recursos? Qual é a estratégia de desenvolvimento do setor industrial? O que faremos quando os preços internacionais de commodities caírem? Não tenho visto respostas para nada disso", afirmou.
    Para Fernando Henrique, o Brasil precisa escolher setores para apostar. "Não dá para apostar em tudo. Quais são os setores que o Brasil, olhando para frente, terá vantagens comparativas? Está faltando tudo isso."
    Na avaliação do ex-presidente, a relação com a China é chave e tem de ser repensada. Ao Estado, Fernando Henrique apontou como alguns no governo "pensavam que Pequim seria a salvação do Brasil". "Diziam que a China nos ia salvar. Hoje, vemos que ela produz o efeito positivo e negativo sobre a economia do Brasil. Fez explodir a exportação de commodities. Mas dificulta em parte as manufaturas", alertou. "Não temos uma estratégia para lidar com a China."
    Real. Fernando Henrique também alertou que o governo está "visivelmente perdido" sobre o que deve fazer com o câmbio. "Não adianta achar que poderemos intervir. Por quanto tempo? Isso não é sustentável e não temos reservas para isso", disse. "Criticaram muito meu governo por dizer que o real estava sobrevalorizado. E agora?"
    Aos jornalistas brasileiros, explicou que a valorização do real não é só do real. "É no mundo todo e é a desvalorização do dólar." Para Fernando Henrique, a disciplina fiscal é algo que não tem como se fugir no governo. "A situação obriga a fazer isso. Mas terá de fazer mais que isso."
    Irônico, Fernando Henrique Cardoso diz que vê uma diferença entre os governos Lula e Dilma: "Não preciso ver o Lula todos os dias na televisão." O ex-presidente admite que o estilo de Dilma, por enquanto, tem sido mais "discreto e tecnocrático". "Mas isso não é o importante. O importante é saber o que ela vai fazer", disse.
    CUSTO BRASIL: EMPRESAS ESTÃO INDO PARA A CHINA  


    "Já são milhares, pelo menos 2 mil, os trabalhadores brasileiros "exportados" por empresas do setor calçadista, para produzir lá calçados que antes saíam do Brasil - e de lá serem vendidos a clientes tradicionais. O setor têxtil já ensaia movimento semelhante, e é cada vez maior a parcela de componentes e maquinário chineses na produção industrial brasileira. Desencorajar empresas, no Brasil, que planejam seguir esse caminho é uma das razões de ameaças de barreiras contra os chineses feitas por autoridades brasileiras nas última semanas. AQUI

    domingo, janeiro 23, 2011

    PARA ONDE VAI O  BRASIL?  


    Blog do sociólogo e cientista político Bolívar Lamounier:

    ... estamos nos metendo agora, ao que tudo indica meio estatizante – sul-coreano ou que nome tenha – e atrelado à China

    (...)
    Primeiro, numa perspectiva histórica ampla, a economia brasileira cresceu muito. Segundo, tal crescimento teve pouco a ver com planos preconcebidos.

    Nosso crescimento relativamente sustentado remonta ao café. Começamos lá atrás, no século 19, como uma típica plantation economy, um país voltado para a exportação desse produto e dele dependendo para quase tudo.

    Dos anos 30 em diante – graças principalmente à crise de 1929 -, conseguimos afrouxar a dependência em relação ao café  e encetar um processo de industrialização e modernização repleto de erros, mas enfim, o encetamos, e nos livramos daquela dependência.

    Para sair da prolongada crise do modelo econômico que se instalou durante os governos militares, experimentamos parcialmente duas alternativas. Uma no governo Fernando Henrique, mais liberal, com privatizações, reforma do Estado e tentativa de criar um ambiente econômico mais compatível com o funcionamento dos mercados. Outra agora, nos últimos anos do governo Lula e no modelo em que estamos nos metendo agora,ao que tudo indica meio estatizante – sul-coreano ou que nome tenha – e atrelado à China. MAIS

    sábado, janeiro 22, 2011

    quinta-feira, janeiro 20, 2011

    BRASIL: FAZENDA DOS LULA  


    "Lula e os seus não se limitaram a absorver os usos e costumes da elite política estabelecida, mas foram bem mais longe, produzindo uma espécie de elogio público do patrimonialismo. O ex-presidente proclamou a inimputabilidade de José Sarney (o "homem incomum"), mudou a lei para beneficiar a empresa financiadora do negócio de seu filho e, na hora da despedida, comportou-se como um potentado, oferecendo passaportes diplomáticos aos familiares com a desenvoltura de um pai que distribui ovos de Páscoa. Como exigir de autoridades estaduais e municipais o respeito à lei, a adesão à norma, quando a República se transfigura na fazenda dos Lula da Silva?" DEMÉTRIO MAGNOLI
    Pois é. Como esperado, a reforma agrária faz água. Só agora o governo está percebendo o que todo mundo com alguma vivência no meio rural já sabia: pequenas propriedades estão perdendo renda, progressivamente, por falta de escala. Se nossos avós se mantinham plantando 5 alqueires de milho, hoje são necessários 50 ou mais alqueires. No Estadão:

    Futuro da reforma agrária fica em xeque

    Plano de Dilma para erradicar pobreza põe em xeque modelo de reforma agrária
    O Estado de S. Paulo - 20/01/2011

    Números do Incra mostram que 38% das 924 mil famílias já instaladas em assentamentos da reforma agrária não obtêm nem um salário mínimo por mês. O estudo pôs em dúvida o futuro desse modelo no processo de erradicação da miséria, prometida pela presidente Dilma, informa Roldão Arruda. A dúvida é se vale a pena continuar investindo em novos assentamentos, como querem os sem-terra, ou se o melhor é aprimorar os já existentes. Segundo o Incra, 58% deles têm péssimas estradas de acesso, dificultando o escoamento da produção.
    Novo governo constata, a partir de levantamento do Incra, que situação na maioria dos assentamentos é precária e que melhor caminho é investir em estruturas já existentes; 38% do total de 924 mil famílias em assentamentos não recebem nem um salário mínimo

    Roldão Arruda, de O Estado de S. Paulo

    Estrela das mais brilhantes no início do primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, o Ministério do Desenvolvimento Agrário adentra o governo de Dilma Rousseff em meio a uma polêmica envolvendo seu papel no programa de erradicação da miséria - que está sendo desenhado pelo Ministério do Desenvolvimento Social.

    A polêmica teve início dias atrás, quando, ao ser convocado para apresentar sugestões para o programa, técnicos do Desenvolvimento Agrário apresentaram uma série de números que, em vez de esclarecer, provocaram dúvidas sobre o futuro da reforma agrária no governo Dilma.

    Os dados, coletados no final do ano passado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) revelam que 38% do total de 924 mil famílias já instaladas em assentamentos da reforma agrária no Brasil não conseguem obter com seu trabalho sequer um salário mínimo por mês.

    Os números também apontam que a pobreza se concentra de maneira dramática nas regiões Norte e Nordeste: do total de 38% de famílias em condições de pobreza nos assentamentos, 95% se encontram nessas duas regiões.

    O contraste pode ser melhor demonstrado na comparação entre dois Estados. Enquanto no Ceará 47% dos assentados alcançam no máximo um salário mínimo mensal e 27% não atingem sequer a meio salário, em Santa Catarina 73% dos beneficiados pela reforma têm renda superior a dois salários e 29% ultrapassam cinco salários.

    A dúvida instalada no governo é se, diante desses números, vale a pena continuar com a política de investir em novos assentamentos, como reivindicam os movimentos de sem-terra e defendem especialistas do Desenvolvimento Agrário. O que se ouve cada vez mais no Ministério do Desenvolvimento Social é que se deveria seguir outro caminho, investindo mais na melhoria do que já existe.

    Inclusão. Por esse viés, os beneficiários da reforma agrária, assim como os atendidos pelo Bolsa Família, já tiveram um empurrão inicial para sair da miséria, com a concessão da terra, o crédito inicial para a produção agrícola e a construção da moradia. Precisam agora de ferramentas para andar com as próprias pernas, dentro do conceito de inclusão produtiva, repetido de maneira cada vez mais insistente entre os articuladores do programa de erradicação da miséria.

    A equação não é simples - tanto pelas dimensões do problema quanto pelas suas nuances. Embora os movimentos de sem-terra critiquem a lentidão nos processos que envolvem a reforma, o Brasil tem um total de 8.763 assentamentos, que ocupam uma área de 76 milhões de hectares. Nesse território, equivalente a 9% do nacional, vivem 3,7 milhões de brasileiros, população maior que a do Amazonas, em torno de 3,5 milhões.

    Dificuldades. De maneira geral, a situação dos assentamentos não é boa. Segundo o Incra, 58% deles têm péssimas estradas de acesso, o que dificulta o escoamento de qualquer tipo de produção agrícola, e 56% não contam com redes de energia elétrica. Em termos de escolaridade também não há nada para se comemorar: apenas 5% dos agricultores assentados tem ensino médio completo.

    Além das dificuldades gerais, os especialistas têm que considerar as características específicas de cada região do País. Nos Estados do Nordeste, que concentram 46% dos assentamentos, o maior problema é a falta de água. Nas áreas do semiárido, a maioria deles não dispõe sequer de conhecimentos e recursos para captar, armazenar e manejar a água dos períodos de chuva.

    Na região Norte, para onde foram levadas mais de 400 mil famílias (43% do total), especialmente nos governos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), os maiores problemas são de acesso aos mercados consumidores. Em outras regiões, as famílias necessitam de mais crédito para a produção agrícola e ainda têm dificuldades para acessá-lo.

    O que se viu, nas primeiras rodadas de debate no interior do governo, é que, apesar da ênfase que se costuma dar à importância dos assentamentos para a produção de alimentos e, consequentemente, para o combate à miséria e à fome, muitos deles ainda fazem parte do problema - e não da solução.

    Surpreendentemente, durante uma reunião realizada dias atrás, técnicos do Incra sugeriram que o principal foco de atuação da entidade no novo governo seja prioritariamente a renda de produção e a escolarização. Isso significaria, entre outras coisas, melhorar a infraestrutura produtiva, fomentar a produção e apoiar a comercialização.

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    terça-feira, janeiro 18, 2011

    http://www.sponholz.arq.br/charges/grd/charge_grd_739.jpg

    segunda-feira, janeiro 17, 2011

    Caminhos


    Por que será que a Prefeitura de Itapeva desprezou as excelentes e eficientes inovações do programa Melhor Caminho (*) na estrada Miguelzinho - Bairro de Cima - Palmitalzinho? 

    Voltaram a raspar/afundar a estrada como antigamente.  Resultado: a enxurrada voltou a correr pela estrada, tornando ocioso o belo trabalho feito pelos engenheiros da CATI para a contenção da água.


    Será que o Senhor Prefeito sabe disso? 

     


    (*) - "O programa engloba um conjunto de técnicas de mecanização agrícola, com o objetivo de impedir que as estradas favoreçam a formação das enxurradas. Começa por arrebentar os barrancos laterais, abrindo as portas para a saída da água de chuva. Canaletas se implantam para facilitar o escoamento. E na saída desses “bigodes”, como os apelidam o agricultor, constroem-se, afundados no terreno, grandes buracos que funcionam como caixas d’água, capazes de reter a enxurrada.

    Dois efeitos fantásticos se conseguem com a técnica: primeiro, cessa o estrago causado pelas águas pluviais, seja na própria estrada, seja nos terrenos erodidos onde se esgotam. Segundo, a água retida nas caixas laterais se infiltra vagarosamente no solo, alimentando o lençol freático. As nascentes agradecem.

    O Programa Melhor Caminho, administrado pela Secretaria Estadual da Agricultura, já consertou, em 11 anos, 6 mil quilômetros de vias secundárias em quase todos os municípios paulistas."  LEIA MAIS

    domingo, janeiro 16, 2011

     UMA DAS PRINCIPAIS CAUSAS DA CORRUPÃO BRASILEIRA
    ***

    Brasil tem assessores demais, diz estudo

    GUSTAVO PATU
    FOLHA DE SÃO PAULO, DE BRASÍLIA

    Estudo da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) aponta que o modelo brasileiro de DAS compreende um número exagerado de cargos, não oferece transparência nos critérios de nomeação nem avalia o desempenho dos nomeados.

    Pela avaliação, o sistema mistura diferentes objetivos, como preenchimento de postos políticos, recrutamento de especialistas do setor privado e ascensão profissional de servidores de carreira.

    Isso ajuda a explicar os cerca de 22 mil cargos envolvidos, em uma força de trabalho de 570 mil funcionários no Poder Executivo.

    Em comparação citada no documento, nos Estados Unidos há algo como 7.000 postos de livre nomeação, listados pelo Congresso após a eleição presidencial. Há ainda pouco mais de 8.000 vagas para o alto escalão, metade delas reservada a servidores que são submetidos a um processo de seleção.

    Os números são muito mais modestos em outros países citados: na Holanda, são 780 vagas no governo, distribuídas em cinco níveis hierárquicos; no Chile, 837, em apenas dois níveis.
     
    CONSEQUÊNCIAS

    Quantidades não são, porém, a preocupação do estudo, até porque comparações entre países devem ser relativizadas em razão das diferentes estruturas do Estado. A análise se concentra nas consequências do modelo de DAS na gestão do governo.

    "É difícil para o público brasileiro saber onde termina a atividade política e onde começa a administração profissional", diz o texto.

    "Não há descrições publicamente disponíveis das competências requeridas para as posições ou dos méritos das pessoas selecionadas."

    Relata-se que o governo Lula, em 2005, reservou para servidores públicos 75% dos cargos DAS de um a três e 50% dos DAS-4, mas a eficácia da medida para a profissionalização do sistema é vista com ceticismo.
    Sem mecanismos transparentes de seleção, avalia o documento, a reserva de vagas não consegue impedir a ingerência política.

    "Potenciais candidatos a cargos de comando podem querer evitar incômodos aos ministros", exemplifica-se.
    Quase 70% dos cargos DAS são ocupados por servidores, numa definição ampla que abrange funcionários ativos ou aposentados dos governos federal, estaduais e municipais, além de empresas estatais. No DAS-6, a proporção cai para 56%.

    Para a OCDE, o modelo brasileiro de DAS apresenta pelo menos a vantagem de introduzir alguma flexibilidade em uma burocracia que, embora de qualificação acima da média latino-americana, é engessada devido à organização das carreiras e a aversão a premiações individuais por desempenho. 

    sexta-feira, janeiro 14, 2011

    SAQUE DO ESTADO CONTINUA


    "O saque do Estado continua a todo vapor. O que Dilma está fazendo é tentar dar uma "racionalidade" a este nefasto processo. Só. nada mais que isso. Falar em ética é piada, como sabemos."  BLOG DO VILLA
    POLÍTICOS ESTIMULAM INVASÃO DE ÁREAS DE RISCO POR VOTOS: POR AS CIDADES SÃO FEIAS

    "No dia em que um prefeito, olhando as nuvens no horizonte, enxergar a mais remota possibilidade de ir para a cadeia pelas mortes que poderia impedir e incentivou, as cidades brasileiras deixariam aos poucos de ser quase todas, como são, feias, vulneráveis e decrépitas. De graça, ou com o dinheiro virtual do PAC, os políticos não consertarão nunca a desordem que os elege."  AQUI
    SÓ ACREDITO VENDO: O PT FAZER CHOQUE DE GESTÃO QUE ANTES CRITICAVA TANTO

    ***

    Coluna - Merval Pereira
    O Globo - 14/01/2011
    Choque de gestão
    O anúncio de que a presidente Dilma Rousseff vai implantar em seu governo programa de melhorias administrativas semelhante aos já adotados, desde os anos 80 do século passado, por países pioneiros como a Austrália e a Nova Zelândia é uma novidade, tanto do ponto de vista puramente administrativo quanto do político.

    O chamado "choque de gestão", que era uma bandeira do PSDB, tido como importante diferencial em relação às administrações petistas, passa a ser parte integrante do novo governo, inclusive com previsões de privatizações de aeroportos e obras de infraestrutura.

    Tratamento do dinheiro público com base em boa gestão, previsão orçamentária e acompanhamento de metas e desempenho são algumas das medidas adotadas pelos países desenvolvidos para tornar o Estado mais eficiente.

    Um sistema integrado de informações gerenciais facilita a implantação de relatórios gerenciais e de sistemas contábil e de gestão financeira.

    Desta forma, o Estado pode acompanhar o desempenho de todas as suas unidades, descobrindo as lucrativas, quais precisam ser reformadas, quais podem ser privatizadas.

    Pesquisa do Banco Mundial em parceria com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne os países mais desenvolvidos, mostra que a maioria deles inclui dados de desempenho não financeiro em seus orçamentos, sendo que alguns possuem até mesmo mecanismos formais para premiar os funcionários públicos, com a combinação entre desempenho, metas atingidas e bônus salarial.

    Um sistema semelhante já está sendo utilizado em setores como a educação em São Paulo, que prevê a premiação de professores de acordo com as metas obtidas.

    A criação de metas e a cobrança de resultados são a base do programa. Os responsáveis seriam cobrados a dar explicações pelas metas não atingidas.

    Para atingir esses objetivos, alguns governos priorizam o controle contábil, com o estabelecimento de metas formais, orçamentos baseados no desempenho e uma auditoria nos resultados.

    Outros, com uma abordagem mais econômica, introduzem a competição para melhorar a eficiência do Estado.

    Na América do Sul, o único país que se utiliza desses métodos é o Chile, que desde 2003 vem desenvolvendo um programa de profissionalização do serviço público e, não por acaso, é o único país da região a fazer parte da OCDE.

    Entre os planos da presidente Dilma, que devem ser anunciados hoje na primeira reunião ministerial, está a ideia de que, mesmo a indicação sendo política, os titulares das pastas terão de se comprometer com resultados.

    Seria cobrada maior responsabilidade dos burocratas, com uma separação entre o político (por exemplo, o ministro de Estado) e o executivo (o secretário-geral, o executivo do ministério).

    Desta forma, pode-se estabelecer relação contratual entre os ministros e seus executivos, com a implantação de sistemas de medição de resultados.

    A decisão de que as nomeações para as agências reguladoras terão que ser técnicas resgata o papel dos órgãos, criados justamente para exercer uma função mediadora entre o cidadão-consumidor e as empresas de serviços públicos, muitas privatizadas.

    A garantia de que o projeto tem objetivos amplos é a presença do empresário Jorge Gerdau na coordenação de um Conselho de Gestão e Competitividade, ligado diretamente à Presidência da República.

    O sonho da presidente era ter Gerdau como seu ministro do Desenvolvimento, mas ele, que é presidente do conselho do Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG), do consultor mineiro Vicente Falconi, uma das principais consultorias sobre moderna gestão empresarial, preferiu tentar ajudar a implantar no governo essa nova maneira de gestão pública.

    A eficiência de cada setor governamental será medida pelo estabelecimento de metas a serem cumpridas, como se cada ministério assinasse com a Presidência da República um "contrato de gestão".

    Diante da situação das contas públicas, a ênfase do primeiro momento será dada à redução dos custos, dentro da máxima "fazer mais com menos" cunhada pela ministra do Planejamento Miriam Belchior.

    A ideia é administrar um país como uma empresa privada, com a burocracia, a ineficiência e a falta de controle das finanças públicas substituídas pela busca de resultado, a gestão eficiente e o controle rigoroso das despesas.

    O Conselho de Gestão e Competitividade será a versão brasileira dos organismos governamentais que controlam a eficácia dos órgãos do governo na Nova Zelândia e na Austrália, ao contrário de outros países, onde o controle é feito por empresa privada de consultoria.

    Na Nova Zelândia, a Audit New Zealand é a instituição governamental que fiscaliza e promove a eficiência dos órgãos estatais do país.

    O auditor-geral tem a função de validar os resultados alcançados pelas entidades públicas, e compará-los com os compromissos assumidos no início do ano.

    As metas para o exercício definem os recursos no Orçamento. Na Austrália, o Australian Audit Office é responsável pela eficiência do setor público.

    Lá, por exemplo, a saúde pública tem cerca de 56 indicadores, incluindo tempo de espera do atendimento e o índice de retorno por complicações causadas pelo primeiro atendimento.

    A rede Sarah, a mais importante rede de hospitais especializados em aparelho locomotor e pesquisas neurológicas do país, e uma das melhores do mundo, é um exemplo bem-sucedido que temos no país de contrato de gestão com o governo federal, através do Ministério da Saúde.

    A nossa Lei de Responsabilidade Fiscal, nos seus princípios maiores, foi inspirada na Nova Zelândia.

    Como, no caso atual, o primeiro escalão já foi montado dentro de velhas premissas - que privilegiam o lado político e a composição da base aliada -, somente com o aprofundamento do processo de choque de gestão será possível avançar.

    O acompanhamento das ações do Conselho de Gestão e Competitividade informará se a mudança de estilo de gestão está mesmo acontecendo, ou se apenas foi mais uma boa ideia que se perdeu na burocracia e no fisiologismo da máquina pública brasileira.

    quarta-feira, janeiro 12, 2011


    POPULARIDADE E CRESCIMENTO ECONÔMICO  




    O seu governo também ficou marcado por um excepcional crescimento econômico ... Houve um grande crescimento da classe média. Cresceu muito o consumo de bens duráveis ...  Utilização maciça de propaganda ... Ganhou 2 eleições ... (AQUI)

    terça-feira, janeiro 11, 2011

    segunda-feira, janeiro 10, 2011

    Quando dois e dois são cinco

    ARTIGO PUBLICADO NA FOLHA DESTE DOMINGO
    Ferreira Gullar
    Faz tempo que não toco, aqui, em assuntos políticos e, se volto ao tema hoje, é para refletir, junto com você, leitor, sobre um fato para mim inusitado. Certamente nem todos concordarão comigo ou simplesmente preferirão desconsiderar esse tipo de perplexidade. De qualquer modo, se eu estiver equivocado, peço-lhe desculpas, mas, sinceramente, neste caso, não opino, constato e com espanto. Constato o seguinte: a eleição de Dilma Rousseff à Presidência da República não me parece real.
    Talvez não seja eu o único a pensar assim e que não só a mim a eleição dela pareça inusitada. Tendo a admitir que não. Pode ter ocorrido que, na tropelia da disputa política, meses de propaganda, declarações, acusações, desmentidos, as pessoas se deixaram levar pela paixão e não pararam para refletir sobre o que acontecia. Disputa seja na política seja no futebol, tende a nos cegar, a nos impedir de refletir e ponderar.
    Não me excluo disso, tanto que só depois que a coisa se consumou, que os discursos cessaram, os debates acabaram e a Justiça Eleitoral a proclamou presidente eleita do Brasil é que me dei conta de quão surpreendente era tudo aquilo -isto é, de quão surpreendente é termos Dilma Rousseff como presidente do Brasil e que irá nos governar pelos próximos quatro anos. Se quiser entender meu espanto, siga este raciocínio: Dilma Rousseff nunca pretendeu candidatar-se a nenhum cargo eletivo. Embora tenha entrado para a política muito jovem, na época da ditadura, e continuado sua militância após a volta da democracia, jamais disputou eleição alguma.
    Isso não teria importância em alguém que sempre se manteve à margem da política, o que não é o caso dela; daí a conclusão de que, se nunca se candidatou, foi porque essa não era a sua praia. Em vez disso, estudou economia e se contentou em ocupar cargos oficiais na área de sua especialização, chegando a ministra-chefe da Casa Civil da Presidência da República. Mas, de repente, essa pessoa que nunca disputou eleição nem para vereadora é lançada candidata à presidência da República. Acredita você que foi por vontade dela? Que um dia acordou e disse a si mesma: “Sabe de uma coisa, vou me candidatar a presidente do Brasil!”. Você não acredita nisso, claro, nem eu tampouco. O que aconteceu então?
    Todo mundo sabe o que aconteceu: foi Lula quem decidiu isso e impôs a ela a decisão. Como acha você que terá reagido Dilma, ao ouvir de Lula a ideia de candidatar-se ao mais alto cargo eletivo do país, ela, que nunca se candidatou a cargo algum? Estou certo de que pediu um tempo para pensar e mal conseguiu dormir aquela noite. “Lula pirou”, terá dito ela a si mesma, imóvel na cama, olhando para o teto. “Eu, presidente do Brasil? É maluquice!” Claro, estava perplexa, mas, certamente, fascinada pela ideia, como Cinderela ao ver que o sapato da princesa buscada poderia caber em seu pé. Mas tinha dúvida: “Caberá mesmo?”. Aquilo mais parecia sonho que realidade.
    O mesmo espanto senti eu e muita gente mais quando a coisa se revelou. Lula veio a público dizer que Dilma seria a candidata sua e do PT à Presidência da República. Não dava para acreditar. O PT também reagiu, tentou convencer Lula de que aquilo era um disparate, mas não conseguiu. Como sempre, prevaleceu a vontade do líder absoluto e incontestável.
    Tudo isso se sabe, claro, mas pretendo é que avalie bem o que ocorreu. Vamos adiante: porque nunca disputara eleições, era natural que não tivesse eleitores, muito menos para ganhar um pleito presidencial -ou seja, conquistar os votos de mais da metade de 130 milhões de eleitores. E chegou lá graças a Lula, que, para elegê-la, usou toda a máquina estatal e desconsiderou a lei eleitoral. O resultado é que temos, diante de nós, agora, uma presidente da República que é uma surpresa até para si mesma. Eleita sem ter votos! É quase como um suplente de senador.
    Olho para ela e me pergunto: essa senhora é de fato a presidente do Brasil ou se trata de uma personagem de novela? Acredito até que ela, às vezes, se belisca para ver se é mesmo verdade. O que não significa que fatalmente fará um mau governo, já que tudo é possível neste mundo surrealista latino-americano. Desejo-lhe boa sorte.

    Indústria brasileira perde R$ 17,3 bilhões com importação

    Indústria perde R$ 17,3 bi e deixa de criar 46 mil vagas com importações
    Autor(es): Agência O globo:Marcelo Rehder
    O Estado de S. Paulo - 10/01/2011
     
    Participação da indústria de transformação no PIB caiu de 27% para 16% nos últimos 20 anos; para setor, quadro é de difícil reversão

    SÃO PAULO - Pressionada pelas importações, a indústria brasileira de transformação perdeu R$ 17,3 bilhões de produção e deixou de gerar 46 mil postos de trabalho em apenas nove meses de 2010. A informação é de um estudo inédito da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) que mediu o impacto que o processo de perda relativa do setor na formação do Produto Interno Bruto (PIB) apresenta na economia brasileira.
    Em dois anos, o chamado coeficiente de importação, que mede o porcentual da demanda interna suprido por produtos vindos do exterior, subiu quase dois pontos. Passou de 19,6%, no acumulado de janeiro a setembro de 2008 (pré-crise), para 21,2%, no mesmo período de 2010.
    Se o setor não tivesse perdido participação para os produtos estrangeiros, as importações do setor cairiam de R$ 232,4 bilhões para R$ 215,1 bilhões, segundo a Fiesp. Ao mesmo tempo, a produção doméstica subiria de R$ 1,055 trilhão para R$ 1,072 trilhão. Esse crescimento da produção, de 1,6%, geraria aumento de 0,58% do emprego industrial.
    "O País não pode se dar ao luxo de abrir mão de sua indústria na sua estratégia de desenvolvimento", afirma o presidente da Fiesp, Paulo Skaf.
    No fim dos anos 1980, a indústria de transformação representava 27% do PIB brasileiro. Hoje, baixou para 16%, calcula a Fiesp com base na nova metodologia do Instituto Brasileiro de Geografia Estatísticas (IBGE), adotada a partir de 2007.
    "É uma equação difícil de ser resolvida e não tem solução de curto prazo", diz Paulo Francini, diretor do departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp. "Além do problema do cambio valorizado, há a questão do custo Brasil, que acentua a perda de competitividade da nossa indústria."
    Não é de hoje que a indústria vem perdendo espaço. "O País está se desindustrializando desde 1992", diz o ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira.
    Para ele, o Brasil perdeu a possibilidade de "neutralizar a tendência estrutural à sobreposição cíclica da taxa de câmbio" quando fez a abertura financeira, no quadro de acordo com o FMI. "Em consequência, a moeda nacional se apreciou, as oportunidades de investimentos lucrativos voltados para a exportação diminuíram, a poupança caiu, o mercado interno foi inundado por bens importados e muitas empresas nacionais deixaram de crescer ou mesmo quebraram."

    domingo, janeiro 09, 2011

    Três filósofos comentando a democracia brasileira



    sexta-feira, janeiro 07, 2011

    "A dificuldade de Lula em compreender que estruturas públicas não lhe pertencem"  

    Editorial - Diplomacia familiar
    Folha de S. Paulo - 07/01/2011
    A notícia de que o Itamaraty concedeu passaporte diplomático a dois filhos do ex-presidente Lula ao final de seu mandato é reveladora da relação equivocada que o mandatário manteve com o poder e as benesses decorrentes dele.
    Maiores de 21 anos e sem deficiências, esses filhos de Lula não se enquadram mais na definição de dependentes. Com isso, a decisão foi tomada "em função de interesses do país", brecha aberta pelo parágrafo 3º do artigo 6º do decreto que fixa regras para documentos diplomáticos.
    Não faz sentido. O único "interesse" em jogo é o de familiares do ex-presidente, por mais facilidades em viagens ao exterior.
    Nos últimos oito anos, desde o simbólico episódio inaugural da estrela vermelha plantada no gramado do Alvorada, o petismo borrou deliberadamente as fronteiras entre partido e Estado.
    Embora tenha prometido "desencarnar" da Presidência, o que por direito já deveria ter ocorrido, o ex-mandatário parece encontrar grande dificuldade em fazê-lo. De saída do Planalto, embarcou no Aerolula rumo a São Bernardo do Campo. Três dias depois foi descansar em área militar reservada em Guarujá, onde passava férias quando era o presidente.
    O roteiro não é ilegal, uma vez que logo surgiu um convite do Ministério da Defesa para explicar a inusitada transformação do Forte dos Andradas em colônia de férias do ex-presidente. No entanto demonstra a dificuldade de Lula em compreender que estruturas públicas não lhe pertencem.
    Há, claro, benefícios legais previstos para quem governou o país -ex-presidentes têm direito, por lei, a até oito servidores à sua disposição, além de dois carros.
    Lula já anunciou muitos planos para a nova fase -de pescar a combater a fome na África. Que faça o que melhor lhe convier, desde que "desencarnado" de fato.
    PARAÍSO DOS ESPECULADORES


    ==============
    Entrevista - Alfredo Coutiño
    O Estado de S. Paulo - 07/01/2011
    'DIFERENCIAL DE JUROS É ALTO'
    Fernanda Godoy
    NOVA YORK. Para o mexicano Alfredo Coutiño, economista sênior da Moody"s Analytics (empresa do grupo Moody"s), as medidas adotadas pelo Brasil são paliativas. Para mudar a situação, avalia, o país precisaria reduzir suas taxas de juros.

    Como avalia as medidas do governo brasileiro para conter a queda do dólar?

    ALFREDO COUTIÑO: Estas ações adicionais estão sendo adotadas com o objetivo de reduzir a velocidade de valorização do real, não creio que eles acreditem que reverterão o processo. Vai apenas reduzir o ritmo. O Brasil continua sendo um mercado atraente para os investidores, especialmente para o capital especulativo, porque a taxa diferencial, com relação aos juros pagos pelo Tesouro americano, ainda é uma das mais altas nos mercados emergentes. As novas medidas adotadas pelo Brasil irá nessa direção, de desencorajar os investidores, especialmente os especuladores. E o governo já disse que fará o que puder para defender a moeda, o real.

    O senhor está esperando novas medidas, mais drásticas?

    COUTIÑO: O Banco Central poderia desencorajar a entrada de capitais se reduzisse a taxa de juros.

    Mas aí há um reflexo na economia (inflação), que o governo quer evitar, não?

    COUTIÑO: Exatamente. Eles não usaram essa arma ainda, mas estamos esperando que o Brasil faça isso com o novo presidente do Banco Central, provavelmente nos próximos meses.

    quinta-feira, janeiro 06, 2011

    DÓLAR BARATO AJUDA A ELEGER SUCESSOR, MAS QUE QUEBRA EMPRESAS, QUEBRA 


    Perda de qualidade nas vendas externas

    O Estado de S. Paulo - 05/01/2011
     

    Os resultados do comércio exterior de 2010 acusam uma redução de 19,8% no saldo da balança comercial, embora as exportações apresentem aumento de 31,4% pela média por dia útil, que acabou contrabalançado pelo aumento de 41,6% das importações.
    Esses resultados, que destacam os efeitos negativos da valorização do real ante o dólar, escondem uma deterioração da qualidade das vendas externas, com as commodities superando as exportações de produtos industrializados, graças a uma demanda excepcional dos países asiáticos de produtos agrícolas, que favoreceram uma forte alta de preços. O resultado de dezembro é meio duvidoso, por causa de uma alta anormal das exportações de petróleo bruto.
    Verifica-se, em face do resultado global das exportações do ano, que o Brasil está se transformando em vendedor de commodities, cujo aumento foi de 44,7%. Isso, em si, não seria negativo, se a expansão não dependesse de um número reduzido de países, com destaque para a China, ou de condições climáticas anormais que contribuíram para uma elevação excepcional de preços. MAIS

    quarta-feira, janeiro 05, 2011

    Agora Mantega dá a mão à austeridade

    Gogó para segurar dólar
    Autor(es): ROSANA HESSEL
    Correio Braziliense - 05/01/2011
     

    No fim da Era Lula, o ministro da Fazenda liderou os gastos públicos. Ontem, deu entrevista para dizer que vai cortar despesas e tentar segurar a valorização do real. Ele garantiu que vetará mínimo acima de R$ 540. AQUI

    segunda-feira, janeiro 03, 2011

    RESENHA DO LIVRO: Pobreza no Brasil: Afinal, de que se Trata?
    AUTORA: Sonia Rocha
    Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003.
    Todo esforço de pesquisa sobre pobreza deve
    ter como norte o seu combate e eliminação. O primeiro
    passo para isso é saber quem são, quantos
    são, onde estão e como vivem os pobres brasileiros.
    A professora Sonia Rocha não se furta a essa
    tarefa e apresenta nesse livro uma sistematização
    de seus estudos sobre a pobreza no Brasil. Assim
    o público passa a ter em Pobreza no Brasil uma
    referência básica para a questão social mais importante
    dos nossos tempos.
    A pobreza pode ser entendida de forma geral
    como “[...] a situação na qual as necessidades
    não são atendidas de forma adequada” (Rocha, p.
    9). O problema reside em se saber o que são necessidades
    e o que se entende por adequada. Obviamente,
    as respostas dependem do contexto socio
    econômico específico. Para efeitos práticos, a pobreza
    absoluta é definida como o não-atendimento
    de um nível mínimo fixo de consumo ou renda
    enquanto a pobreza relativa é definida em função
    de quão distante se está de um padrão mediano de
    consumo ou renda. Sonia Rocha corretamente faz
    uso do conceito de pobreza absoluta para o caso
    brasileiro. Segundo ela, medidas de pobreza absoluta
    em países em desenvolvimento com parcelas
    significativas de desprivilegiados ajudam a delimitar
    como pobres subpopulações que podem
    ser alvos de políticas públicas específicas.
    A construção dos índices de pobreza absoluta
    é feita em diversas etapas, em cada uma das quais
    a autora assume hipóteses específicas. Nesta obra,
    a autora atribui para cada indivíduo o valor do consumo
    ou renda per capita familiar, pois a família é
    tomada como a unidade de consumo e renda.

    Sendo um país com renda per capita média
    em relação à renda per capita mundial, o Brasil dispõe
    de recursos suficientes para garantir um mínimo
    essencial a todos e eliminar a pobreza absoluta.
    Se existe pobreza é porque a renda está distribuída
    desigualmente. A princípio, essa situação
    poderia ser mitigada com políticas fiscais que redistribuíssem
    renda entre os indivíduos. Contudo,
    como demonstra a autora, o efeito distributivo do
    imposto de renda no Brasil é muito pequeno. Com
    efeito, o índice de Gini da renda familiar per capita
    bruta é de 0,6116 e este mesmo índice calculado
    a partir da renda líquida após alíquotas e deduções
    é de 0,6092 (Rocha, p. 40).
    Sonia Rocha estabelece os indicadores de indigência
    e pobreza para o Brasil e regiões de 1970
    a 1999. Para efeitos de comparação ao longo desse
    período, ela recorre aos indicadores elaborados
    a partir das informações oriundas do ENDEF de
    1974/75. Evidencia-se o declínio da proporção de
    pobres no Brasil ao longo do tempo. No Brasil como
    um todo, 68,4% eram pobres em 1970. 
    Essa proporção declinou para 35,3% em 1980, alcançou
    30,3% em 1990 e se estabilizou em 21,1% em
    1999 (Rocha, p. 83). 
    A redução da pobreza nos anos 70 deveu-se 
    basicamente ao rápido crescimento
    econômico do período. Ao longo dos anos 80
    a pobreza oscilou com as políticas macroeconômicas
    stop-and-go e nos anos 90 houve uma quebra
    da tendência, mais exatamente em 1994 com o
    Plano Real. De fato, 30,4% eram pobres em 1993,
    ao passo que em 1995 essa proporção reduziu-se
    para 20,6%, ficando em torno disso até hoje. Para
    comparações mais recentes a autora recorre também
    aos dados das POF’s. Neste caso, calcula-se
    que, em 1990, 44,2% da população brasileira era
    pobre, enquanto em 1999 essa proporção havia declinado
    para 34,9%. Embora as magnitudes sejam
    diferentes, a tendência que se observa é a mesma.


    A estimação da linha de pobreza em si é feita
    em duas partes. Primeiramente se estabelece o valor
    da cesta de consumo de bens alimentares e depois o
    valor da cesta de consumo de bens não alimentares.
    A composição da cesta alimentar deve garantir que
    certas exigências nutricionais sejam satisfeitas em termos
    de ingestões calóricas e protéicas. A seleção dos
    bens que compõem essa cesta é feita a partir da estrutura
    de consumo observada naquelas famílias em
    que o nível de renda é suficiente para atender a essas
    necessidades nutricionais. O valor mínimo dessa cesta
    alimentar é denominado de linha de indigência.
    O valor da cesta de bens não alimentares envolve
    maior arbitrariedade, pois não se tem um critério
    claro de escolha dos bens a compor a cesta. Um
    expediente comumente utilizado é o uso do coeficiente
    de Engel, que estabelece uma relação entre consumo
    alimentar e consumo total. Na prática, calculase
    o valor do consumo não alimentar daquelas famílias
    que gastam em bens alimentares exatamente o
    valor da linha de indigência. Assim, o valor da linha
    de pobreza passa a ser o valor da linha de indigência
    mais o valor da cesta desses bens não alimentares.
    Com base nas pesquisas de orçamentos familiares
    (POF/IBGE) de 1987/88 e 1996, a autora
    estabelece linhas de indigência e pobreza para diferentes
    regiões do país e obtém informações de
    renda das famílias para vários anos por meio das
    pesquisas nacionais por amostragem em domicílio
    (PNAD) do IBGE. Aqueles indivíduos com renda
    per capita inferior ao valor da linha de indigência
    (pobreza) são considerados indigentes (pobres).
    Assim, a pobreza é operacionalizada nessa obra
    como uma insuficiência de renda.


    Obviamente, essa tendência nacional tem
    nuanças regionais e entre grupos demográficos.
    Por exemplo, houve redução da participação relativa
    da pobreza rural e um aumento da participação
    da pobreza urbana na pobreza brasileira.
    Ademais, a região Nordeste continua sendo a mais
    pobre do país.
    Sonia Rocha também descreve um detalhado
    perfil dos pobres em relação aos não-pobres. Com
    base na PNAD de 1999, sabe-se que os de menor
    escolaridade, as crianças e os negros e pardos estão
    representados na população pobre (Rocha, p. 147).
    A renda do trabalho é a principal fonte da renda
    das famílias pobres e, enquanto 41% dos não-pobres
    estão em relações de trabalho formal, apenas
    21% dos pobres estão em tal situação. Ademais,
    as famílias pobres têm um menor acesso a serviços
    públicos de energia elétrica, água e esgotos adequados
    e serviços de coleta de lixo. Obviamente
    existem diferenças regionais entre esses perfis. No
    Nordeste rural, por exemplo, a pobreza está associada
    à pequena produção agrícola geralmente destinada
    ao consumo próprio. A maioria dos chefes
    de família é analfabeta e o acesso a serviços básicos
    é mínimo. Por outro lado, a pobreza nas maiores
    metrópoles brasileiras está associada ao funcionamento
    do mercado de trabalho, em que a maioria
    dos chefes de família está empregada em setores
    de baixa produtividade e baixo rendimento.
    Ao final, o rico quadro que emerge dessa leitura
    é que a pobreza brasileira é um fenômeno complexo
    e heterogêneo, mas sua eliminação não parece
    ser um objetivo irreal. Ela depende dentre outras
    coisas de um conjunto de políticas sociais bem
    articuladas e focalizadas que levem em conta especificidades
    regionais e demográficas.
    André Portela Souza
    Departamento de Economia da
    Universidade de São Paulo

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