segunda-feira, fevereiro 28, 2011

ESTELIONATO ELEITORAL: DEPOIS DA ELEIÇÃO, O PAPO É BEM OUTRO
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DESACELERAÇÃO COMEÇA, MAS DIMENSÃO É INCERTA

Desaceleração tem ritmo desigual entre os setores
Autor(es): Sergio Lamucci, João Villaverde e Sérgio Bueno | De São Paulo e Porto Alegre
Valor Econômico - 28/02/2011
 

O ritmo de atividade da economia brasileira desacelerou, mas o tamanho da inflexão é incerto. Entre os indicadores de atividade já conhecidos há altos e baixos - na comparação entre janeiro e dezembro com ajuste sazonal caiu a fabricação de automóveis, a expedição de papelão ondulado e a movimentação de cargas nas estradas, mas cresceu a produção de aço, as encomendas de calçados e o emprego.
 
A economia brasileira desacelerou o ritmo de atividade no primeiro bimestre deste ano, mas a redução no ritmo de crescimento se mostra díspare entre setores. Para alguns economistas, a queda na produção e venda de automóveis e na concessão de crédito entre janeiro e dezembro apenas confirmou a desaceleração que começou em 2010. Relatos de alguns empresários sobre o nível de produção e encomendas do início de 2011 e o saldo positivo de novos empregos registrado em janeiro, contudo, criam incertezas sobre o grau e a amplitude dessa desaceleração. Em setores como produção de aço, calçados e eletroeletrônicos os resultados ficaram acima do esperado, mas além da queda na produção de automóveis, a menor movimentação de carga nas estradas brasileiras, e os resultados do setor de máquinas e de materiais elétricos e eletrônicos sustentam a percepção de que a economia brasileira começou 2011 em um ritmo menor de crescimento. MAIS

ETA PROFISSÃO LUCRATIVA  

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Patrimônio de deputados de SP dobra em 4 anos

Patrimônio de 16 deputados paulistas mais que dobra nos últimos 4 anos
Autor(es): Agência O globo:Roberto Almeida e Lucas de Abreu Maia
O Estado de S. Paulo - 28/02/2011
 
Dos 60 integrantes da Assembleia Legislativa reconduzidos ao cargo em 2010, 25% declararam à Justiça Eleitoral ter pelo menos multiplicado por 2 os valores informados em 2006; somados, bens desses parlamentares cresceram 279% nesse período. MAIS
http://www.sponholz.arq.br/charges/grd/charge_grd_807.jpghttp://www.sponholz.arq.br/charges/grd/charge_grd_806.jpg
PELO VOTO DISTRITAL

Site Eagora:

Primeiro, ele é fácil de explicar e entender. A justiça eleitoral divide os estados em tantos distritos quantos forem seus deputados. Cada partido pode apresentar um candidato por distrito. É eleito o candidato mais votado. Simples assim.

Segundo, barateia o custo da campanha. Em vez de sair feito barata tonta atrás de voto por todo o estado, acotovelando-se com sabe-se lá quantos e quais concorrentes, cada candidato irá se concentrar no seu distrito, sabendo exatamente com quem concorre.

Terceiro, facilita a escolha do eleitor. Em vez de ter de escolher mais ou menos ao acaso um entre centenas de candidatos, ele tem chance de se informar melhor sobre cada um dos candidatos no seu distrito (no máximo uma dúzia, eu chutaria).

Quarto, permite aos eleitores saber exatamente quem é o seu deputado e ao deputado saber quem são seus eleitores. Isso facilita a prestação de contas do deputado aos eleitores e a fiscalização dos eleitores sobre o deputado.

Quinto, dá aos eleitores insatisfeitos com seu deputado a possibilidade de votar contra ele na eleição seguinte. Isso acaba com a moleza para os fichas-sujas e relapsos. Hoje, tendo dinheiro, eles sempre podem ganhar o voto de alguns milhares de incautos pelo estado.

Sexto, garante uma representação mais equilibrada das diferentes regiões do estado. Hoje os municípios e regiões dentro do mesmo estado acabam elegendo ou não elegendo um deputado por motivos aleatórios. Os eleitores das regiões metropolitanas são superassediados e acabam subrepresentados por causa da fragmentação do voto.

Sétimo, aumenta a chance dos chamados candidatos de opinião. Mas não é o contrário? O voto distrital não tende a paroquializar os deputados? Em estados pequenos, com distritos de poucos milhares de votos, pode ser que sim. Mas aí os deputados já são em geral paroquializados. Agora, pense nos estados grandes, com distritos de centenas de milhares de eleitores. Nessas   “macroparóquias” - principalmente nas áreas metropolitanas hoje subrepresentadas - os candidatos de opinião terão muito mais chance de se eleger do que pelo sistema atual.

Oitavo, dá força aos partidos na hora de dar ou negar legenda aos candidatos, mas dá mais força aos eleitores, estimulando-os a se envolver mais no processo eleitoral e no debate público entre as eleições.

Acho que conseguiria listar outros argumentos, mas estes me parecem de bom tamanho.

domingo, fevereiro 27, 2011

Sim, o Brasil é uma democracia, mas nosso nível de oposição está ficando perigosamente baixo

O Brasil obviamente não é a Líbia, mas falta de oposição ou oposição muito fraca, ou sem caráter, nunca dá em boa coisa. Eu não penso que tenhamos chegado a tal situação. A oposição não está zerada. Bem ou mal, para isto a eleição de 2010 serviu. O eleitorado não deu seu aval a uma concentração de poder do tamanho que Lula desejava.

O problema, como diria o Conselheiro Acácio, é que há vários problemas. O primeiro é a estrutura partidária. Temos dúzias de partidos, mas não temos nenhum capaz de se posicionar claramente como oposição. Nenhum com unidade, consistência e vocação para esse papel. Acrescente-se  que todos eles sofrem um poderoso efeito de fragmentação em razão do sistema federativo, do sistema eleitoral vigente, do troca-troca entre as legendas e de mais isto e mais aquilo, e este primeiro quadro estará completo.

Neste primeiro estágio o filtro já terá retido pelo menos um terço do ânimo oposicionista que seria necessário para termos uma democracia robusta, com governos dispostos a tratar os cidadãos com o devido respeito.
Um segundo problema são os tremores geológicos que a sucessão presidencial sempre aciona no interior das principais agremiações. Para azar dos eleitores que anseiam por ouvir timbres de oposição,  neste quesito o epicentro é o PSDB, justamente ele que em tese reuniria condições para se posicionar com competência e clareza. No Congresso a bancada tucana é pequena, mas o partido fez um bom número de governadores, inclusive os dos dois maiores estados, São Paulo e Minas Gerais.

Mas não é preciso ser adivinho para antever o efeito paralisante que as aspirações perfeitamente legítimas de Aécio Neves, José Serra e Geraldo Alckmin poderão novamente acarretar ao PSDB.

Por último, mas não menos importante, existe um problema, digamos assim, comportamental. Alguém já disse que a parte mais flexível do corpo dos políticos brasileiros é a espinha dorsal. Eu não vejo como alguém possa discordar desta afirmação. O que podemos discutir é a causa de tal flexibilidade: há quem diga que é uma questão de caráter; há quem veja uma conexão mais estreita com verbas, cargos e empregos para apaniguados; e há quem julgue tratar-se de ambas as coisas.

O fato, em qualquer caso, é que o governo federal pesa uma barbaridade no conjunto da sociedade brasileira. Pesa como arrecadador e acumulador de recursos, como empregador, financiador de projetos, implementador de programas sociais, distribuidor de prestígio…, e portanto até como eleitor. Ai do senador, deputado, governador, prefeito, alto servidor na administração pública ou diretor de estatal – ou aspirante a qualquer dos anteriores – que a ele se contrapuser e permanecer em sua alça de mira.

Não duvido que o último dos três fatores citados explique a feroz disputa em que o PMDB e o PT se engajaram nas últimas semanas. Ostensivamente, o que está em jogo é a medalha de mais fiel do ano no que tange a votações de interesse do Executivo, mas é óbvio que as recompensas extravasam a esfera simbólica. Informa-se que, uma vez consumada a votação do valor do salário mínimo, e como que por milagre, reabriram-se as nomeações para o segundo escalão.

Eu me propus falar de três fatores, mas já vejo a necessidade de um quarto. Como é que um Legislativo forte, altivo e cioso de suas prerrogativas poderia emergir do quadro humano e partidário que acima esbocei? Pelas graças de qual alquimia?

Não digo que seja impossível, mas penso que um comportamento verdadeiramente institucional dificilmente acontecerá num Legislativo que já não conta com um Ulysses, um Montoro, um Tancredo, um Covas ou um Djalma Marinho, para ficarmos só nestes.

A imagem que o atual Congresso me inspira é antes a de uma Salomé enlouquecida que prazerosamente entrega ao Executivo a sua própria cabeça, em vez de exigir-lhe a de São João Batista.

Mas aqui, infelizmente, eu já não estou falando em tese. Isso é o que o Congresso acaba de fazer sob a forma de uma delegação legislativa para o Executivo fixar por decreto os próximos reajustes do salário mínimo.

E ainda há quem estranhe ele ser visto por uma grande parte do país como uma entidade imprestável, subserviente e dispendiosa para os cofres públicos.

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

É VOTANDO QUE SE RECEBE
O governo [sofreu] um duro golpe com o pronunciamento feito da tribuna pelo senador Pedro Taques (PDT-MT).

Após passar o dia de [ontem] sob pressão para que votasse a favor do projeto do salário mínimo, o senador admitiu que teria sofrido ameaças por considerar inconstitucional o artigo terceiro do texto, que autoriza que a presidente Dilma Rousseff fixe os novos valores do mínimo por decreto.

Como integrante do Ministério Público, Taques disse que não poderia votar a favor da matéria.

- O artigo terceiro ofende o texto da Constituição, subtraindo um direito do Legislativo. Me disseram que se eu fizesse isso, que eu poderia ser retirado da Comissão de Constituição e Justiça, que eu não teria minhas emendas ao Orçamento liberadas e teria retirado dos cargos de segundo e terceiro escalões indicados para o governo. Mas não serão palavras desta ordem que mudarão minha convicção - disparou Taques, sob o silêncio do plenário. (BLOG DO NOBLAT)

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

DÁ GOSTO (OU MELHOR, NOJO) VER O PT DEFENDER SALÁRIO MÍNIMO BEM MÍNIMO:

mms://drix.senado.gov.br/tv1
CIÚME - ELOGIO A DILMA É CRITICA INDIRETA A LULA?
 
"Seguidores fiéis do ex-presidente Lula, como o fez há pouco o ministro Gilberto Carvalho, têm sistematicamente desdenhado os elogios a Dilma Rousseff por parte de quem, como este jornal, não poupa críticas a Lula quando julga que as merece. Argumentam que o que se pretende é "desconstruir" a imagem do ex-presidente. Na verdade, não fazem mais do que repetir o que o próprio Lula tem afirmado sempre que surge a oportunidade. Mas não há como deixar de registrar, e aplaudir, a enorme diferença, que não é apenas de estilo, entre as posições firmadas por Dilma numa questão fundamental como esta, a da liberdade de imprensa, e as insistentes diatribes de Lula e seus prepostos contra o trabalho dos jornalistas e a favor do "controle social" da mídia."  AQUI
Reforma Política

A melhor reforma política

O Globo - 23/02/2011
 

Ainstalação, no Senado, da comissão da reforma política significa, ao menos, que, neste início de legislatura, haverá um fórum para um dos temas mais debatidos nestes 26 anos de redemocratização.
 Servirá, portanto, para organizar esta longa discussão.

 Presidida pelo senador Francisco Dornelles (PP-RJ), a comissão, em 45 dias, tratará de uma agenda que abrange quase tudo de importante na legislação político-eleitoral: financiamento de campanha e partidário, sistemas eleitorais, suplência de senador (a aberração do senador sem voto), filiação partidária, coligações, voto facultativo, cláusula de barreira, data da posse dos chefes do Executivo (tirá- la do inadequado 1ode janeiro) e fidelidade partidária.

Esta abrangência é um dos mais ostensivos pontos falhos de qualquer proposta de reforma partidária. Pois ela se sustenta no pressuposto equivocado de que será uma alteração radical em leis que, num passe de mágica, melhorará o país. Na raiz deste pensamento paira a perigosa ideia salvacionista de que um punhado de pessoas destilará uma fórmula redentora da degradada vida política.

 Por iniciativa do vice-presidente da República, Michel Temer, quando ainda presidia o PMDB, cresceu nos debates a proposta do “distritão”, também apoiada por Dornelles. O alvo do “distritão” é correto — o antidemocrático dispositivo das coligações em eleições proporcionais, uma excrescência —, mas a munição escolhida não é a melhor.

 À primeira vista, faz todo sentido vereadores, deputados estaduais e federais serem escolhidos pela ordem em que são votados, até o preenchimento das bancadas. Acaba, assim, a distorção de eleitores colocarem nas Casas legislativas, e sem saber, candidatos de partidos nos quais não votaram. Porém, o modelo desidrata os partidos e concede todo o poder a puxadores de votos — entre eles, demagogos, populistas, “famosos”, etc. O resultado seria degradar ainda mais a representatividade política.

 Todos os modelos eleitorais têm prós e contras. Não se justificam mudanças radicais. No caso brasileiro, o melhor é o mais simples: revogue-se, apenas, a possibilidade de coligações nos pleitos proporcionais.

  A escolha de chefes de Executivos e senadores é feita em eleições majoritárias — ganha o mais votado —, e desta forma passaria a ocorrer no preenchimento de câmaras de vereadores, assembleias legislativas e câmaras estaduais e federal.

 Também não faz sentido instituir a votação em lista fechada, sistema que padece de um viés oposto ao do “distritão”: dá excessivo poder aos caciques partidários. Muitos veem as listas como antessala do financiamento público de campanha; outro erro, execrado nas pesquisas de opinião pública. 

Com razão, porque a população percebe que pagará duas vezes: pelo financiamento público (via impostos) e por meio do indomável caixa dois, abastecido por quem vende bens e serviços ao governo de maneira superfaturada. A extinção do senador sem voto, a instituição de uma cláusula de barreira efetiva — contra legendas nanicas de aluguel — e nenhum recuo no tratamento do conceito de fidelidade partidária completariam uma boa reforma. Não é necessária uma revolução.

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DEMOCRACIA E IMPRENSA; CONSENSO E DISSENSO
“A democracia nos ensina que as sociedades livres estão obrigadas a um único consenso: haver regras civilizadas para o exercício do dissenso.”


“A expressão “imprensa livre” deveria ser um pleonasmo. A imprensa só é se for livre.” 


Governador Geraldo Alckmin

terça-feira, fevereiro 22, 2011

Colonos épicos

Xico Graziano, O Estado de S. Paulo, 22/02/11

A data, recentemente definida, quase ninguém conhece. Já do feito, extraordinário, se sabe melhor. Comemorou-se agora, em 21 de fevereiro, o Dia do Imigrante Italiano. Faz recordar uma verdadeira epopeia.
A história da imigração italiana se inicia em meados do século 19. Nessa época se conjugam alguns fatores determinantes para explicar o fenômeno: de um lado, na Itália, o processo de reunificação pátria e as difíceis condições de vida camponesa; de outro lado, no Brasil, o fim do tráfico negreiro e a expansão da lavoura cafeeira. Juntou-se a fome com a vontade de comer.
O pioneirismo na busca de alternativa ao trabalho escravo no Brasil coube a Nicolau de Campos Vergueiro, que em 1847 trouxe 180 famílias oriundas de vários países europeus para trabalharem em sua fazenda, no município paulista de Limeira. A “colônia de parceria” por ele proposta, porém, não funcionou, endividando os imigrantes. Ocorrida em 1857, a Revolta de Ibicaba revelou o fracasso da inédita experiência.
Mas em 1850, com a Lei Eusébio de Queiróz, se proibia o tráfico negreiro. Agudizava a escassez de mão de obra, comprometendo o novo ciclo de progresso que chegava com a lavoura do café. Em 1870 as plantações, varando o Vale do Paraíba, já chegavam às terras planas e roxas de Campinas. Com ajuda do governo, os fazendeiros fizeram propaganda, vendendo um eldorado além-mar para os camponeses italianos.
A partir de 1874 começam a chegar levas de italianos, em navios apertados, fugindo de seu passado miserável, esperançosos de nova vida. Cativados, e em parte iludidos, pelo paraíso da economia cafeeira, entram no País perto de 1 milhão de imigrantes entre 1884 e 1904. O ritmo diminuiu depois, quando aportam mais 282 mil imigrantes entre 1904 e 1923.
O ciclo do café coloca São Paulo no centro da economia brasileira. Com a Lei Áurea (1888), a libertação dos escravos abre definitivo espaço para a transformação da sociedade agrária-exportadora. Trabalho livre, mas nem tanto, surge então o “colonato do café”. Uma invenção brasileira.
Com os imigrantes, firma-se na economia cafeeira um regime de trabalho único. Os colonos recebiam em razão daquilo que zelavam e colhiam. Diferente do assalariamento, o ganho da italianada dependia da jornada cumprida. Podiam também, como meeiros, cultivar alimentos nas entrelinhas das novas plantações, ou em áreas marginais. Com moradia garantida.
Muitas narrativas se fazem dessa época. Umas homenageiam os vitoriosos, que ergueram fortunas. Outras relatam as durezas da vida do colono, todas recheadas pelas tristezas da saudade. Meio século de rica história. Quando, na grande crise de 1929/1930, desmorona a economia cafeeira, tudo se modifica. Mas novas chances surgem com a quebradeira da oligarquia. Os latifúndios se repartem. Os oriundis prosperam.
Lorenzo Battistella, meu bisavô materno, foi um deles. Acompanhando sua família, desembarcou aos 4 anos de idade na Hospedaria dos Imigrantes do Bráz, em São Paulo, seguindo de trem até o município de Araras. Era 1888. Vindos de Bibano, pobre e distante bairro rural encravado no Vêneto, ele acompanhava um grupo de 37 pessoas destinadas a trabalhar como colonos na Fazenda Sta. Cruz.
A jornada varava o dia, machucava as mãos, mas rendia economias. Apenas quatro anos mais tarde, em 1892, a família Battistella adquire um pequeno sítio no bairro do Facão. O sonho da posse da terra, alimentado desde a viagem da Itália, logo se realizava. Incansáveis na labuta e muquiranas no dinheiro, compram ainda mais duas pequenas fazendas. Em 1909, a sociedade familiar se divide e Luca, meu tataravô, compra a Fazenda Pinhalzinho. Nela nasceu Ignez Battistella, minha mãe.
Naquela mesma época, noutro pedaço do município da Araras, crescia Domingos Graziano, meu bisavô paterno, cuja família havia chegado de Pianópoli, pequeno e pobre distrito de Catanzaro, na Calábria. Almejavam, igualmente, adentrar na roda da fortuna alimentada pelo ciclo do café. A avassaladora economia cafeeira se preparava para dominar Ribeirão Preto. Pele morena, acostumados à dureza da labuta rural, os calabreses prosperaram.
Café, milho, farinha de mandioca e amidonaria, porcos e galinhas, alambique de pinga, olaria de tijolos, criação de burros, plantio de eucaliptos. Os laboriosos imigrantes retiravam da diversificação produtiva sua vantagem. Essa característica agrícola do camponês europeu, baseada na autossuficiência, contraposta ao ideal especializado da grande propriedade rural, acabou moldando a cultura do agricultor brasileiro.
Especialmente as Regiões Sudeste e Sul seriam bem diferentes sem a contribuição itálica. Afora a enorme influência na criação de riquezas durante a economia agrária-exportadora, descobrem-se atualmente na linguagem, na pizza ou na macarronada, nas mãos falantes ou na risada fácil, no modo do caipira falar traços característicos da cultura italiana.
Tal ascendência caracteriza cerca de 25 milhões de brasileiros. Entre os paulistas, o sangue vêneto, calabrês, siciliano, entre tantas origens, corre nas veias de 30% da população. Mais pronunciada no Espírito Santo, lá a descendência atinge 65% dos capixabas; em Santa Catarina monta a 60%; no Paraná, 39%. Tutti buona gente!
Fica aqui a homenagem - e o respeito - às famílias italianas que ajudaram a construir o Brasil. Resta também um alerta: nem sempre a sociedade brasileira, tão contaminada pelos dilemas e desafios da modernidade, valoriza suas origens. Talvez, mesmo, muitos descendentes desconheçam sua própria história, esquecendo seus antepassados.
Despreza o futuro quem olvida seu berço.
AGRÔNOMO, FOI SECRETÁRIO DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO.
E-MAIL: XICOGRAZIANO@TERRA.COM.BR

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PELO VOTO DISTRITAL

Assine petição em favor do voto distrital: aqui.

Vídeo na íntegra da visita do Prefeito Amazonino Mendes na Comunidade St...

segunda-feira, fevereiro 21, 2011

ACERVO DA FOLHA DE SÃO PAULO DESDE 1920

http://bd.folha.uol.com.br/bd_acervoonline.htm
ENTREVISTA DO FHC AO ESTADÃO DE 20/2


O senhor achava que haveria um reconhecimento natural ao seu governo?

Eu não estava nem pensando nisso. Tinha uma dúvida profunda: não sei se estou constituindo um começo ou um interregno. Eu dizia isso: essas coisas que nós estamos fazendo, eu não sei se é o começo de uma mudança ou se é um momento que depois vai regredir. Vendo hoje, algumas coisas foram um começo, a estabilidade foi uma delas, assim como a área social. Outras foram um interregno, como a concepção de secularizar mais a política e não ficar nessa coisa patrimonialista. AQUI
Jeito PT de governar  
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ONG COBRA PARA IMPLANTAR PROGRAMA DO ESPORTE

*Só que a ONG já recebe recursos do governo federal justamente para implantar o programa 

ONG DE VEREADORA DO PC DO B COBRA TAXA PARA IMPLANTAR PROGRAMA FEDERAL
Autor(es): Leandro Colon
O Estado de S. Paulo - 21/02/2011
 
A organização não governamental (ONG) Bola Pra Frente cobra de prefeituras uma taxa de intermediação do Programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte, comandado por Orlando Silva, filiado ao PC do B. Documentos obtidos pelo Estado revelam que a entidade, dirigida por membros do partido, exige de prefeitos do interior paulista uma comissão para levar o Segundo Tempo para as cidades.
O programa do ministério foi criado para oferecer a crianças e jovens carentes a prática esportiva após o turno escolar e também nas férias. O esquema da Bola Pra Frente é cobrar uma espécie de "taxa de sucesso" conforme cada criança cadastrada.
Só que a ONG já recebe recursos do governo federal justamente para implantar o programa. Atualmente, a entidade, que é dirigida pela ex-jogadora de basquete Karina Rodrigues, filiada ao PC do B e vereadora na cidade de Jaguariúna (SP), mantém um contrato de R$ 13 milhões com o Ministério do Esporte. MAIS

domingo, fevereiro 20, 2011

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sábado, fevereiro 19, 2011

NUNCA ANTES NESTE PAÍS ...
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Brasileiros têm mais dinheiro na Suíça do que chineses

Corrida por paraísos fiscais ganha ritmo sem precedentes; valor na Suíça varia entre US$ 6 bi e US$ 60 bi

Entre 2005 e 2009, o BC suíço aponta a entrada de mais US$ 1,1 bilhão do Brasil. Segundo dados oficiais, nenhum outro país emergente registrou tal avanço e a expansão é a maior registrada de dinheiro vindo do Brasil.

19 de fevereiro de 2011 | 16h 50
 
Jamil Chade, de O Estado de S. Paulo
GENEBRA - Brasileiros contam com uma fortuna depositada nos bancos suíços e, apesar de toda a operação conduzida pela Polícia Federal contra doleiros e bancos estrangeiros, a corrida por paraísos fiscais ganha um ritmo sem precedentes. Dados do Banco Central da Suíça, obtidos pelo ‘Estado’, revelam que os brasileiros mantêm ao menos US$ 6 bilhões em Genebra, Zurique e outras praças financeiras da Suíça.
Esse seria o valor oficial de contas declaradas, mas os bancos privados suíços consideram que o valor real pode ser dez vezes maior. Ex-funcionários de bancos na Suíça e agentes que trabalham na abertura de contas alertam que esse valor oficial é "a ponta do iceberg".
O volume de dinheiro de brasileiros na Suíça vem crescendo. Entre 2005 e 2009, o BC suíço aponta a entrada de mais US$ 1,1 bilhão do Brasil. Segundo dados oficiais, nenhum outro país emergente registrou tal avanço e a expansão é a maior registrada de dinheiro vindo do Brasil.
O total da fortuna mantida por brasileiros na Suíça já é superior aos de China, Índia e Arábia Saudita. A Suíça estima que tem, em seus cofres, US$ 3 trilhões em fortunas pessoais. O valor seria quase metade da fortuna privada do planeta.
Os 85 bancos suíços que fazem parte do cálculo indicam em seus balanços que os brasileiros teriam 4,9 bilhões de francos suíços (um franco vale um dólar) em contas de poupança, ativos, ações, títulos e contas correntes.
Além desse valor, 1,1 bilhão de francos suíços provenientes do Brasil estão listados como "operações fiduciárias". Nessa classificação, o banco não tem obrigação de apresentar os números em seus balanços e todo o risco fica por conta do banco privado (o BC suíço não dá garantias em caso de quebra do banco privado). Na maioria dos casos, é nessa classificação que recursos considerados ‘sensíveis’ ou de personalidades políticas estrangeiras são depositados.
Assim como a existência de "operações fiduciárias", os bancos suíços contam com uma série de outros instrumentos para tornar menos transparente a origem de recursos. Nos US$ 6 bilhões indicados na Suíça como sendo de brasileiros está exclusivamente o dinheiro que saiu do Brasil em direção aos bancos de Genebra e Zurique.
Se uma fortuna é transferida do Brasil para as Ilhas Cayman e só depois para a Suíça, ela não é contabilizada como fluxo que veio do Brasil, e sim da ilha caribenha. Não é por acaso que bancos suíços mantêm filiais nesses outros paraísos fiscais.
Portanto, o volume registrado pelo BC suíço de US$ 6 bilhões oriundos do Brasil poderia ser apenas uma fatia do todo, segundo fontes do setor bancário.
Políticos
Outro método adotado é a manipulação do cargo da pessoa que queira abrir a conta, garantindo que a autorização para o depósito seja dada sem problemas. Um ex-colaborador de um banco suíço com forte presença no Brasil revelou ao Estado, sob anonimato, que essa foi a forma usada para abrir uma conta em nome de um ex-governador de um grande Estado.
No formulário para abertura de contas, o banco exige que o cliente considerado como "sensível" por seu cargo político preencha um formulário e é logo classificado como "Pessoa Politicamente Exposta".
A lei exige que se demonstre que os recursos têm origem em outra atividade que não a política. No caso do ex-governador, o banco e o político entraram em acordo para que fosse apresentado como presidente de uma empresa de reflorestamento, sem mencionar sua posição pública.
SPC - Sebastião Pereira da Costa - no Ita News

Vereadores: cúmplices ou folgados?

 
A um observador desinteressado a Administração Municipal de Itapeva vai de boa para melhor, tudo justo e perfeito, tudo funcionando como uma máquina suíça, certinha, os vereadores amigos do rei a catar milhos pela cidade atrás de pequenas coisas deixadas pelo descuido dos encarregados dos serviços da cidade a martelar sempre nas mesmas teclas (o que também é importante). Como de costume eles estão de rédeas soltas sem compromisso sério com os seus eleitores, apenas cuidam do varejinho eleitoral dando expediente de despachante, trabalhando apenas para se reelegerem esquecidos totalmente de seu principal papel de fiscalizar para onde vão os milhões de reais que entram nos cofres da Prefeitura, principalmente, os repasses da Saúde, Educação e das suspeitíssimas “emendas parlamentares”. Ninguém até hoje sabe ao certo quanto o prefeito Cavani recebeu de emendas dos deputados estaduais e federais, dizem que chegam a 10 milhões de reais!! Pergunta: como e onde foi gasto toda essa grana? Quais as obras realizadas? Como conferir a entrada e saída desse dinheiro dos cofres municipais? Não estou insinuando com isso que o prefeito e seus secretários estão metendo a mão na cumbuca da Prefeitura, nada disso, imagine, apenas quero lembrar que essa falta de transparência na gestão do dinheiro público não condiz com o discurso de probidade do alcaide, pois não basta parecer honesto, tem que provar que é honesto (paráfrase do velho ditado). Custa fazer a coisa certa? Custa?
            Os vereadores deviam ter ligado o seu “desconfiômetro” quando o prefeito Cavani (PSDB) e seu escudeiro das finanças, Adelço Bührer, fizeram aquele charme concordando em instalar um Portal Transparência Municipal (aprovado pela Câmara), depois pularam pra trás fazendo um portal de araque sem os requisitos essenciais para tornar transparentes as contas da Prefeitura. Na época, este escriba teimoso não gostou da empulhação e ficou martelando o assunto durante meses, mas, infelizmente, ninguém ligou a mínima. Segundo o Adelço, o Portal Transparência só interessava ao pessoal da Transparência Itapeva!! O povo não tá nem aí. E ele continua pensando assim!
                                                          
O Paulinho entrou para o “esquema”?

Por essa época, quando o assunto transparência ainda estava na ordem do dia, o vereador Paulo de la Rua (PDT)  cismou de criar uma Ouvidoria Municipal, que, em tese, faria as vezes do Portal.  Este escriba mal-amado foi contra porque era mais uma sinecura de cargos, regiamente remunerados, para os “apaniguados da corte” e, sobretudo, uma forma de desviar a atenção do Portal como de fato desviou. A tal Ouvidoria aprovada pela Câmara nunca foi instalada! Assim, com a conivência dos vereadores, desta vez liderados pelo Paulinho (que deve ter tomado lições com o vereador Tarzan), o município acabou sem nenhum dispositivo seguro, moderno e eficaz para averiguação de gastos de dinheiro público. Do jeito que o Diabo gosta.
            Mas essas artimanhas falaciosas, apoiadas pela Câmara, a fim de contornar a prestação das contas públicas municipais, estão com os dias contados, pois pela lei complementar 131 de 27/5/2009 todos os municípios com mais de 50 mil habitantes vão ser obrigados a instalar um Portal Transparência (de verdade) a partir de maio, e o art. 73-C diz, taxativo: o não atendimento, até o encerramento dos prazos previstos no art. 73-B, das determinações contidas nos incisos II e III do parágrafo único do art. 48 e no art. 48-A sujeita o ente à sanção prevista no inciso I do § 3o do art. 23. (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009). Vai acabar com a alegria das hienas. Aleluia!
Itapeva podia ter sido pioneira no Brasil com a instalação do Portal Transparência não fosse a “esperteza” de quem mandou fazer um site capenga em flagrante descaso com a opinião pública e com a transparência dos negócios municipais. 
Um dia, quem sabe, Itapeva terá uma Administração Municipal à altura. Oremos.

sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Diploma: passaporte para emprego

Autor(es): Agência O globo:Fabiana Ribeiro
O Globo - 18/02/2011
 
Taxa de desocupação é de só 3,1% para quem tem faculdade. Cresce qualificação do trabalhador


Odiploma da faculdade já garante a milhares de brasileiros o pleno emprego. Levantamento exclusivo do IBGE, nas seis principais regiões metropolitanas do país, mostra que a taxa de desemprego da população que tem nível superior atingiu em 2010 seu menor nível em oito anos: 3,1% - quase a metade da média nacional (6,7%). Segundo especialistas, é o mesmo que dizer que praticamente não falta trabalho - ainda que, muitas vezes, fora da área da formação - para quem passou pelos bancos universitários.

O aumento da qualificação fora da universidade também chama a atenção. Segundo o IBGE, o país encerrou 2010 com 7,6 milhões de pessoas, 34,1% do total de trabalhadores nessas seis regiões metropolitanas, com algum curso de qualificação concluído ou em andamento. É mais que o dobro dos 3,7 milhões de trabalhadores nessa condição em dezembro de 2002.

Os números mostram um avanço na educação e refletem também o bom momento da economia brasileira, que deve ter fechado 2010 com crescimento recorde, perto de 8%. Mas os analistas lembram que, num momento em que muitas empresas se queixam da dificuldade de encontrar profissionais no mercado, a qualidade da formação dos trabalhadores deixa a desejar.

- O avanço da formação da população brasileira é fantástica. E esse cenário certamente não é um privilégio das regiões metropolitanas, até por causa do processo de interiorização do emprego - disse Cimar Azeredo, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE e responsável pelo estudo.

Para analistas, qualidade do ensino deixa a desejar

Fica a dúvida, entretanto, se esse ritmo de absorção de conhecimentos é compatível com as necessidades das companhias, frisou Azeredo.

- O que fica claro é que houve uma transformação na estrutura do emprego. Seja no chão de fábrica, numa plataforma ou num escritório. As novas tecnologias fizeram os profissionais perceberem que era preciso se capacitar mais. Mas, se esse ritmo é suficiente, não sabemos.

Segundo a pesquisa de Azeredo, empregados e desempregados buscam estar mais atualizados. Entre os homens ocupados, 20,6% frequentavam ou já tinham concluído alguma qualificação em dezembro de 2002. Oitos anos depois, essa parcela chega a 34%. Entre as mulheres empregadas, a fatia sobe de 21% para 34,1%.

- Estudar para se preparar para o mercado de trabalho passou a ser uma prioridade também em todas as faixas etárias. O que é um reflexo de que o mercado de trabalho está oferecendo oportunidades, ou seja, abrindo vagas.

O professor da PUC-Rio José Márcio Camargo reconhece que houve avanços na escolaridade dos brasileiros. Porém, "ainda é muito pouco". Em sua avaliação, o nível educacional é extremamente baixo e traz sérias consequências para o desenvolvimento do país.

- Será que essa expansão ocorre rapidamente o suficiente para atender à demanda da economia brasileira? Creio que não. E essa dúvida fica mais forte quando se observa a qualidade do ensino do país - advertiu ele, para quem a rasa taxa de desemprego entre os que têm nível superior indica que a demanda das empresas é superior à oferta de trabalhadores.

Tem a mesma opinião o professor Naércio Menezes Filho, do Centro de Políticas Públicas do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa). Para ele, o mercado de trabalho requer mais profissionais de nível superior. Com esse quadro, ele acredita que o país se aproxima do pleno emprego para esses profissionais.

- A baixa taxa de desemprego nessa faixa derruba um mito de que o país formava profissionais de que não precisava, como administradores, pedagogos ou advogados. Essas pessoas estão empregadas, e isso, é claro, mesmo fora da área. É uma realidade para muitas pessoas com diploma universitário que acabam ocupando vagas de nível médio - disse Menezes Filho, acrescentando que a multiplicação de instituições de ensino contribuiu para ampliar o número de formandos no país. - Além, é claro, de programas como Pro-Uni e o Bolsa Família.

Vaga nem sempre é
na área de formação

A qualidade do emprego é uma das ressalvas do professor João Saboia, da UFRJ, quando se olha apenas para a taxa baixa de desemprego entre os que têm faculdade no currículo. Ele lembra que muitos profissionais ocupam funções fora de sua área de formação ou aquém de sua qualificação:

- Ainda que praticamente não exista desemprego entre as pessoas com nível superior, não raro vemos profissionais formados ganhando um, dois salários mínimos. De qualquer maneira, as pessoas perceberam que o mercado valoriza o estudo e, nos últimos anos, estão buscando ter mais formação. É uma pena, contudo, que nossas escolas tenham um nível tão baixo.

Com contratações em alta, o Brasil conseguiu, segundo os analistas, reanimar o mercado de áreas que, em muitos anos, ficaram estagnadas. A publicitária Mariana Stutz trabalha como analista de marketing na empresa SH. Começou como estagiária e hoje analista de marketing. Satisfeita com o trabalho e já tendo obtido um salto na remuneração inicial acima de 100%, Mariana pensa em fazer uma especialização.

- O mercado de trabalho está cada vez mais exigente. Precisava de um pouco mais de experiência para fazer um MBA. Já me sinto mais preparada para voltar às aulas em breve.
Coluna - Dora Kramer
O Estado de S. Paulo - 18/02/2011
Golpe de mão
Entende-se que o governo queira por meio de maioria controlar o Congresso. Foge ao preceito republicano da independência entre os Poderes, mas é do jogo do poder.

O que não se pode compreender e muito menos aceitar é que isso seja feito por meio de inconstitucionalidades embutidas em um projeto de lei. Inaceitável, tampouco, é que o Congresso seja tão submisso ao Executivo que se deixe usurpar em suas prerrogativas e ainda defenda ardentemente o direito do Palácio do Planalto de fazê-lo ao arrepio da Constituição.

Aconteceu anteontem na aprovação do novo salário mínimo na Câmara: a despeito da tentativa do deputado Roberto Freire (PPS) de impedir a iniquidade, foi aprovado um dispositivo do projeto de lei que retira do Congresso a discussão do valor do mínimo até o fim do mandato de Dilma Rousseff.

O truque é o seguinte: fica estabelecido que conforme a política para o salário mínimo até 2014, os parâmetros para se chegar à proposta do governo são aqueles acertados com as centrais sindicais em 2007 - PIB dos dois anos anteriores mais a inflação do período -, sendo o valor fixado por decreto ano a ano.

Bastante simples de compreender qual a consequência, pois não? Pois suas excelências integrantes da maioria governista (e também da oposição que não ajudou Freire no embate) preferiram fazer de conta que não entenderam.

Pelos próximos três anos, se o Senado aprovar o projeto tal como está, o governo fica livre dessa discussão no Congresso. Uma graça o principal argumento do líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira: a medida elimina a "burocracia".

Eis, então, que temos o seguinte: os próprios parlamentares se consideram meros carimbadores das decisões do Planalto e veem o debate no Parlamento como um trâmite burocrático.

Por esse raciocínio, eliminar-se-iam quaisquer tramitações congressuais, deixando a decisão de legislar para o Executivo. Como ocorre nas ditaduras.

Caso o Senado aprove, Roberto Freire recorrerá ao Supremo Tribunal Federal com uma ação direta de inconstitucionalidade, baseada no dispositivo da Constituição segundo o qual o valor do salário mínimo deve ser fixado por lei. Não por decreto baseado numa lei estabelecendo os critérios para o cálculo.

Argumenta Freire: se for por decreto presidencial, só o poder público será obrigado a cumprir. A sociedade e a iniciativa privada poderão ignorar, pois seu parâmetro é a Constituição e não o Diário Oficial.

Levantou-se naquela noite de discussões e monumentais incoerências de posições passadas e presentes a seguinte questão: se o cálculo está fixado em lei e o governo tem maioria no Congresso, o debate é sempre inútil. Então, melhor que se eliminem os intermediários.

Nada mais confortável para o governo e nada mais deformado no que tange ao sistema democrático de representação. O Executivo fica desobrigado de negociar, as forças políticas representadas no Parlamento impedidas de se manifestar e o poder de um dos Poderes fica submetido a acordos feitos com as centrais sindicais.

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

A trajetória do PT

O Estado de S. Paulo - 17/02/2011
 

Quando foi fundado, o Partido dos Trabalhadores (PT) se proclamou agente das transformações políticas e sociais que, pautadas pelo rigor da ética e pelo mais genuíno sentimento de justiça social, mudariam a cara do Brasil. Trinta e um anos depois, há oito no poder, o PT pode se orgulhar de ter contribuído - os petistas acham que a obra é toda sua - para melhorar o País do ponto de vista do desenvolvimento econômico e da inclusão social. Mas nada no Brasil mudou tanto, nessas três décadas, como a cara do próprio PT. O antigo bastião de idealistas, depois de perder pelo caminho todos os mais coerentes dentre eles, transformou-se numa legenda partidária como todas as outras que antes estigmatizava, manobrada por políticos profissionais no pior sentido, e, como nem todas, submissa à vontade de um "dono", porque totalmente dependente de sua enorme popularidade. Esse é o PT de Lula 31 anos depois.MAIS

Trem-bala, trem doido

Autor(es): Agência O globo: Roberto Macedo
O Estado de S. Paulo - 17/02/2011
 

Pode parecer estranho que este mineiro seja contrário ao projeto do Trem de Alta Velocidade (TAV) que ligaria Campinas ao Rio de Janeiro via São Paulo, porque sabidamente gostamos de trens. Contudo, esse TAV merece a execração de todos os que se empenham no uso de recursos públicos em projetos que econômica e socialmente se justifiquem. E que também não se conformam em ver um projeto deste alcance - e de nome também apropriado à ligeireza de seu preparo - que se quer empurrar goela abaixo da sociedade sem uma ampla e profunda discussão, provavelmente temida pelo governo pelo que traria de contraditório. MAIS

quarta-feira, fevereiro 16, 2011

MAIS COMIDA PARA 2030

"A FAO nos diz, com base em cenários de demanda, que a produção [MUNDIAL] de carnes precisa crescer 48% de hoje a 2030 e mais 21% de 2030 a 2050. O milho, para dar conta de engordar todo o frango e suínos que as pessoas comerão a mais, terá de crescer 30%, no primeiro período, e mais 17%, no segundo. Oleaginosas, cujo cultivo se expandirá pelas mesmas razões que o milho e também pelo crescente consumo de óleos vegetais, terão de crescer 43% e 37%, respectivamente. Açúcar, 60% e 15%, levando em conta iguais períodos. Mesmo o arroz, produto menos dinâmico, terá de crescer 19% e 4%. O número é surpreendente: de hoje a 2050 o mundo terá de produzir mais 1 bilhão de toneladas de milho e oleaginosas, sendo necessários 90 milhões de hectares a mais.
Para isso 60% dessa nova área precisará entrar em produção até 2030 - a menos que o mundo descubra um jeito de fazer a produtividade crescer mais rapidamente. Mesmo tendo em conta que alguns produtos terão suas áreas reduzidas, como no caso do arroz, a demanda adicional por terra chama a atenção.
Tais cenários de demanda não me parecem fora da realidade por uma razão: o crescimento projetado de hoje a 2030 é menor do que o observado de 2000 a 2009, que é menor ainda para o período 2030 a 2050. Como sabemos, à medida que a renda cresce, as pessoas tendem a consumir alimentos de maior valor, mas, ao mesmo tempo, gastam uma porção menor de sua renda com alimentos. Esses cenários se baseiam nessa regra.
E o Brasil? Em todos os produtos citados o Brasil vem mostrando uma capacidade de aumentar a produção a taxas maiores do que as mundiais. Ou seja, o País vem ganhando participação de mercado na oferta internacional. A meu ver, é isso o que se espera do País." AQUI

terça-feira, fevereiro 15, 2011

Pessimismo no mercado

Corte de gasto não convence mercado, que volta a elevar projeção de inflação
Autor(es): Fabio Graner
O Estado de S. Paulo - 15/02/2011
 

Analistas ouvidos pela pesquisa Focus alteram projeção do IPCA de 5,66% para 5,75% e já há quem veja risco de descumprimento da meta em 2011


O mercado financeiro deu de ombros para o corte de R$ 50 bilhões em despesas anunciado pelo governo na semana passada e promoveu mais uma rodada de alta nas projeções de inflação. A piora das expectativas apareceu ontem na pesquisa semanal Focus, em que o BC apresenta a média das projeções dos analistas de mercado.
O pessimismo é ainda maior no grupo das cinco instituições que mais acertam projeções de inflação no médio prazo (Top 5), cujas estimativas já mostram risco de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estoure o teto de 6,5% da meta inflacionária. De acordo com a Focus, a estimativa geral do mercado para o IPCA em 2011 passou de 5,66% para 5,75%. MAIS

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

DEPOIS DA ELEIÇÃO, O PAPO É OUTRO

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MPs de Lula complicam governo Dilma

MPs de Lula complicam governo Dilma
Autor(es): Agência o globo:Cristiane Jungblut e Isabel Braga
O Globo - 14/02/2011
 

A presidente Dilma Rousseff terá que administrar uma herança pesada do governo Lula no Congresso: 21 medidas provisórias, muitas aumentando gastos e criando cargos, na contramão das medidas de austeridade do governo.
Medidas provisórias editadas no governo Lula se chocam com orientação para cortar gastos
A presidente Dilma Rousseff recebeu uma pesada e antiga herança do governo Lula no Congresso Nacional. Entre as 24 medidas provisórias que tramitam na Câmara eno Senado, 21 foram editadas no governo passado, sendo que dez estão trancando apauta de votações da Câmara. Muitas dessas medidas vão na contramão do corte de R$ 50 bilhões anunciado na semana
passada, pois implicamna criação de cargos e no aumento dos gastos públicos. Aliados acreditam que oCongresso votará até maio propostas antigas, anão ser que se use a janela inaugurada agora por Dilma para enviar por projeto a matéria que trata do salário mínimo. Otemor éque ajanela, criada na gestão do ex-presidente da Câmara e hoje vice-presidente Michel Temer, uma vez aberta, sirva para os parlamentares colocarem projetos explosivos em votação. Uma dasMPs que poderá gerar polêmica na votação, inclusive entre integrantes da base aliada, é a que cria a Autoridade Pública Olímpica (APO), ratificando o protocolo assinado entreUnião, oestado do Rio de Janeiro eo município do Rio, que cria o consórcio de ação para garantir a preparação e realização das Olimpíadas de 2016. A MP cria 484 cargos em comissão. Entres eles, 184 com salários que variam de R$ 18 mil e 22,1 mil. A oposição está pronta para bombardear a criação demais cargos federais e a falta de fiscalização da estrutura.Mas aMP também provoca briga na base aliada. O cargo a ser criado é pleiteado pelo PCdoB, mas Dilma pretende nomear o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, justamente para dar maior visibilidade e garantir o cumprimento dos prazos das obras. MAIS

EGITO DISSOLVE PARLAMENTO E SUSPENDE CONSTITUIÇÃO

SEM PARLAMENTO NEM CONSTITUIÇÃO, INCÓGNITA PERSISTE
O Globo - 14/02/2011
 
Militares egípcios prometem eleições, mas não suspendem estado de emergência; povo protesta


Atendendo a dois dos principais pedidos dos manifestantes da Praça Tahrir, o Conselho Supremo das Forças Armadas - que governa o país desde a queda de Hosni Mubarak - dissolveu ontem o Parlamento e suspendeu a Constituição. O órgão também prometeu eleições presidenciais e legislativas em seis meses. Os militares, no entanto, não colocaram fim ao estado de emergência, outra demanda importante dos milhares de egípcios que ocuparam a praça durante 18 dias. O anúncio - que ainda deixou muitas incógnitas em relação à maneira como o governo de transição vai operar - foi bem acolhido por líderes da oposição, que desconfiam do Parlamento desde as eleições legislativas do ano passado, marcadas pela violência e acusações de fraude. Na ocasião, o Partido Nacional Democrático, o mesmo de Mubarak, conquistou 80% dos assentos nas duas Casas. Mas a insatisfação ligada aos baixos salários parecem longe de chegar ao fim - de instituições financeiras governamentais no Cairo a ao porto de Alexandria, milhares de trabalhadores fizeram greve ontem, obrigando o governo a declarar feriado bancário hoje.MAIS

Esquerda, a filha enjeitada do PT de meia-idade

Autor(es): Gabriel Manzano
O Estado de S. Paulo - 14/02/2011
 

Houve muita festa, bolo com velinha e convidados ilustres, mas, se alguém na sala gritasse "fora FMI" ou "o mundo marcha para o socialismo", iria estragar o clima. O PT de meia idade que comemorou 31 anos na quinta-feira, em Brasília, é um senhor comportado - ideologicamente - que ao chegar ao governo trocou, como já fizeram tantos outros partidos-camaradas, as bandeiras da utopia socialista pela lógica da manutenção do poder. Ao subir a rampa do Planalto, em 2002, o petismo deixou para trás uma esquerda órfã, que foi se esvaziando, ficou desimportante e sem horizontes. E nenhum dos pequenos grupos radicais conseguiu reverter esse quadro.

O debate sobre esse vazio, num terreno onde antes pululavam grupos trotskistas, o velho Partidão e o PTB da era Vargas, leva a uma polêmica interminável. Há os que entendem que o sonho socialista morreu. Uma minoria acredita que dá para revivê-lo. E, para muitos outros, a esquerda vai muito bem, obrigado, só deixou de lado a briga por mais-valia ou uma sociedade sem classes e se concentrou no controle puro e simples da economia e da política pelo aparelho do Estado.

--A esquerda se esvaziou com o colapso do comunismo nos anos 90 e a guinada da China rumo ao mercado. Pode-se dizer que não há hoje um sistema alternativo ao capitalismo, resume Aldo Fornazieri, diretor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Para ele, "o espaço encurtou e isso influiu no processo político do Brasil. O PT foi para o centro".

Sonho vivo. Mas a utopia socialista continua de pé para grupos à esquerda do PT, dos quais o PSOL é o mais expressivo, embora o PC do B ainda mantenha, misturado às suas aventuras esportivas, algumas bandeiras e forte militância estudantil.

--O fato é que o PT peemedebizou-se, diz o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ). "Hoje ele é um grande partido social liberal, de centro-esquerda, com práticas convencionais, frouxidão ideológica e seguidas concessões éticas. Alencar, ao lado de vários outros petistas, foi expulso da legenda em 2005, por votar contra a reforma da Previdência do governo Lula.

--Nós apostamos ainda na ressignificação do socialismo , diz ele. --Não se trata de "rupturismo total", pois a conjuntura não é revolucionária, mas de uma reforma profunda, dentro das instituições. Reforma agrária, urbana, política, tributária e outras, sempre estimulando a organização e o protagonismo populares.

A polêmica passa pelos que tentam, sem sucesso, um debate sério da social-democracia - uma agenda que não atrai os políticos nem o eleitorado. E passa também pelos que veem no fortalecimento do aparelho do Estado a prova de que a esquerda está avançando.

--O socialismo declinou, como proposta e como regime, mas sempre ressurge. No estatismo, na rejeição do mercado, da democracia representativa, do liberalismo, do individualismo e na defesa do partido único, admite o cientista político Leôncio Martins Rodrigues.

Alguma chance de a utopia socialista ressurgir?

--Até onde se pode ver no horizonte, não, diz Aldo Fornazieri.

O grande conflito do mundo, diz ele, não é mais entre patrões e operários, mas uma diferença civilizacional entre Ocidente e islamismo. No Brasil, ou lá fora, os paradigmas mudaram. O que existe agora, e o Egito acaba de dar um exemplo, são rebeliões para derrubar regimes autoritários.

Fornazieri faz uma certa ponte com Leôncio Rodrigues, ao admitir que "cresceu a percepção, pela esquerda, do Estado como mediador da ascensão social". Leôncio vê a esquerda crescer nas grandes bancadas do PT na Câmara e no Senado e na ocupação do aparelho de governo. "Aumentou a separação entre esquerda e socialismo", adverte. "Hoje a esquerda incorpora temas que nada têm com a classe operária, como proteção ambiental e defesa das minorias".

A dificuldade de outros grupos de esquerda para se firmar, segundo Leôncio, resulta da salada ideológica montada na origem do PT, que misturou marxismo com catolicismo progressista. "Ele era o partido dos operários e também do povo de Deus". Projetos com os quais o PT já não se comove, diz Alencar, para quem "ser de esquerda no Brasil de hoje é moer no áspero."

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sábado, fevereiro 12, 2011

Como sempre, inflação de janeiro também atinge com mais força os brasileiros que ganham menos: veja vídeo do Jornal Nacional

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Aécio diz que Dilma iludiu brasileiros durante campanha eleitoral

Senador tucano critica corte de gastos do governo federal e afirma que Brasil real é diferente do País "cor-de-rosa" das eleições. AQUI

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

Desemprego é maior entre os que ganham menos, diz Ipea

Uol, em São Paulo
O desemprego tem caído desde 2005, mas não para todos os brasileiros. Os que ganham menos e os mais pobres são mais prejudicados. Os de salários mais altos são os mais beneficiados.

Segundo levantamento do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada), ligado ao governo federal, o número geral de desempregados caiu 31,4% entre 2005 e 2010.

Mas, entre os 10% que têm os menores rendimentos, não houve queda, e sim aumento. O desemprego para essa faixa cresceu 44,2% (de 23,1% para 33,3%). MAIS

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

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Família Sarney mantém feudo no Senado

Sarney escolhe ex-chefe de gabinete de Roseana para dirigir o Senado
Autor(es): Agência o globo:Adriana Vasconcelos
O Globo - 09/02/2011
 
Medida devolve ao peemedebista controle da área administrativa da Casa


BRASÍLIA. Uma semana depois de ter sido reeleito pela quarta vez para a presidência do Senado, José Sarney (PMDB-AP) começou a efetivar as primeiras mudanças na estrutura administrativa da Casa, promovendo aliados. Sua assessoria confirmou ontem a intenção de Sarney de substituir o atual diretor-geral do Senado, Haroldo Tajra - que havia sido indicado pelo ex-senador Heráclito Fortes (DEM-PI) - por alguém de sua absoluta confiança: a atual diretora de Recursos Humanos, Doris Marize Peixoto, que até 2009 exercia o cargo de chefe de gabinete da ex-senadora e hoje governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB-MA).

Com a troca, Sarney volta a ter o controle total sobre o setor administrativo, que havia perdido em meio à crise que revelou ao país que a instituição havia editado mais de mil atos secretos, para encobrir nomeações de parentes e amigos de parlamentares e funcionários da Casa. Na ocasião, Sarney não só se viu obrigado a demitir o então diretor-geral, Agaciel Maia, hoje deputado distrital e que ficou no cargo por 14 anos, como teve de abrir mão de indicar seu substituto, deixando a escolha nas mãos de 1º secretário, Heráclito Fortes, não reeleito.MAIS

terça-feira, fevereiro 08, 2011

NOVO GOVERNO: SILÊNCIO PARA PRESERVAR LULA

"De duas uma: ou tudo está tão bem que basta tocar adiante, ou existem tantos e tamanhos abacaxis que é melhor descascar em silêncio, para não corroer o cacife político do padrinho-antecessor.
Afinal, a cada desafio corresponde pelo menos uma inação de quem esteve na cadeira até outro dia. Foi assim quando a ausência de defesa civil eficaz cobrou sua conta em mortos na região serrana do Rio de Janeiro. Também é assim nos remédios grátis. Ou no propalado combate ao "fisiologismo".
Até o ponto em que alguém vai parar e fazer a pergunta óbvia. Mas como é que havia tantas encrencas no governo se tudo parecia tão bem? E talvez alguém conclua que a oposição andou dizendo algumas verdades." AQUI
JEITO PETISTA DE GOVERNAR

Violência na Bahia têm crescido de forma assustadora

Nos últimos quatro anos, o número de homicídios cresceu 50% na Bahia. A taxa de assassinatos em Salvador é cinco vezes maior da que a ONU estabelece como suportável para grandes cidades. JORNAL NACIONAL

 

   

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

A conta e o faz de conta

Autor(es): Rogério L. F. Werneck
O Estado de S. Paulo - 04/02/2011
 

Chegou a conta da memorável farra fiscal do ano passado. As despesas não financeiras do governo central superaram em 22,4% as de 2009. Apesar do vigoroso crescimento da receita, na esteira da expansão da economia, o superávit primário do governo central, devidamente calculado, não chegou a 1,3% do PIB. Mas o governo ainda não deu sinais convincentes de que conterá gastos. As autoridades fazendárias nem mesmo reconhecem a existência do problema. Negam que tenha havido deterioração do quadro fiscal em 2010.
O que se vê é mais um preocupante desdobramento do descrédito em que caiu o registro das contas públicas, desde que o governo passou a adotar critérios contábeis indefensáveis para disfarçar o que vem ocorrendo com as finanças públicas. Tendo produzido estimativas completamente deturpadas dos indicadores fiscais que devem pautar a condução da política macroeconômica, o governo agora quer acreditar no faz de conta e concluir que, com base nesses indicadores, o quadro não parece requerer maiores ajustes na área fiscal.
Tal desdobramento era perfeitamente previsível. Poderia ter sido evitado se a deturpação das contas públicas tivesse ficado encapsulada no governo anterior. Mas essa oportunidade foi perdida quando a presidente Dilma Rousseff decidiu manter Guido Mantega e sua equipe no Ministério da Fazenda. Como era de esperar, o ministro agora atribui um custo proibitivo a reconhecer que os indicadores fiscais foram deturpados e deixaram de indicar o que deveriam. Para não ter de incorrer nesse custo, parece disposto a tudo.
A escalada de irracionalidade que isso pode desencadear não deve ser subestimada. Basta ver a lamentável reação de Mantega às observações sobre o quadro fiscal brasileiro, num relatório recente do FMI: "O diretor-gerente saiu de férias e algum velho ortodoxo deve ter escrito esse relatório com bobagens sobre o Brasil". Se há uma coisa que o FMI sabe fazer é manter registros cuidadosos da evolução das contas públicas de seus membros.
O relatório do qual se queixa Mantega oferece excelente exemplo desse cuidado, ao assinalar, meticulosamente, que nas estatísticas de resultado fiscal do Brasil "não estão incluídos empréstimos ao BNDES de mais de 3% do PIB tanto em 2009 como em 2010".
O FMI está coberto de razão ao constatar que o quadro fiscal no País piorou. Mas é apenas mais uma voz no imenso coro de analistas, aqui e no exterior, que defende mudanças na política fiscal, tendo em vista a deterioração das contas públicas e a necessidade de rebalancear a política macroeconômica, com alívio da sobrecarga que tem recaído sobre a monetária, num quadro de inequívoco sobreaquecimento da economia.
A reação destemperada do ministro não tem justificativa. Mas é apenas uma pequena amostra das dificuldades que ele deve enfrentar para tentar manter as aparências e continuar a pautar a condução da política fiscal por indicadores já sem credibilidade. A se julgar pela experiência argentina nessa área, a perspectiva não é animadora. Os Kirchners abriram a caixa de Pandora da falsificação de índices de preços no início de 2007. Até hoje, não conseguiram fechá-la.
Estará o governo disposto a abandonar a deturpação sistemática dos indicadores fiscais observada nos últimos dois anos? Há uma declaração do secretário do Tesouro a esse respeito, publicada no Estado em 1/2, que soa auspiciosa: "Vamos voltar ao mesmo sistema de superávit primário que usamos em 2007 e 2008. A meta é 3,3%. Vamos mirar na meta cheia. É possível abater, mas não vamos, [ESTE ANO]não tem isso". O problema é que tal declaração estava sendo apenas rememorada pelo jornal. Foi feita ao Estado há um ano, em janeiro de 2010. Mas o secretário não se emenda. Depois de toda a lambança contábil para disfarçar o descontrole de dispêndio do ano passado, quer agora que o País acredite que o quadro fiscal melhorou.
Com a Fazenda entregue ao faz de conta, será difícil conter gastos.
TROCANDO SEIS POR MEIA DÚZIA

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Dilma tira Furnas do grupo de Cunha e entrega a Sarney

Dilma enfrenta Cunha e Alves
Autor(es): Agência o globo:Gerson Camarotti e Chico de Gois
O Globo - 04/02/2011
 
E indica para dirigir Furnas Flávio Decat, que tem ligações com a família Sarney

Diante das ameaças feitas pela bancada do PMDB na Câmara de entregar todos os cargos no governo se não mantivesse o comando de Furnas, a presidente Dilma Rousseff decidiu ontem nomear o engenheiro Flávio Decat para a presidência da estatal como uma forma de barrar a pressão dos peemedebistas ligados ao deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Dilma ficou especialmente contrariada com as declarações do líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), ao GLOBO rejeitando a indicação do nome de Decat, ex-diretor da Eletrobras, que tem proximidade com ela e com o grupo do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).MAIS
 

quinta-feira, fevereiro 03, 2011







Marca do atraso político

O Estado de S. Paulo - 03/02/2011
A recondução de Sarney à presidência do Senado é uma marca do atraso político que o Brasil não consegue supera
A tranquila recondução de José Sarney à presidência do Senado Federal, para mais um mandato de dois anos - o quarto -, pode parecer um saudável sintoma da estabilidade política de que o País necessita para evoluir na consolidação das instituições republicanas e do desenvolvimento econômico e social. Na verdade, é uma garantia de tranquilidade para o governo, que continuará dispondo, no comando da Câmara Alta, de um aliado exigente em termos de contrapartidas, mas subservientemente fiel e prestativo. A recondução de Sarney à presidência do Senado é uma marca do atraso político que o Brasil não consegue superar. É o tributo que a Nação é obrigada a pagar, em nome de uma concepção falsificada de governabilidade, ao mais legítimo representante das oligarquias retrógradas que dominam e infelicitam as regiões mais pobres do País. Democracia e oligarquia são incompatíveis entre si. Um oligarca como José Sarney, portanto, é incompatível com a democracia, da qual só lhe interessa o sistema eleitoral que manipula sem constrangimento para se perpetuar no poder. MAIS

A canalha

Autor(es): Almir Pazzianotto Pinto
Correio Braziliense - 03/02/2011


É no lumpemproletariado, isto é, na canalha, que corruptos de todas as cores e matizes arrebanham votos por ocasião das eleições, mediante compra, troca ou meras promessas de recompensa.

Advogado, foi ministro do Trabalho e presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), aposentado

Marx e Engels, no incendiário Manifesto do Partido Comunista, publicado em 1848, exaltam os méritos das classes trabalhadoras e condenam ao fogo do inferno o capitalismo, apontado como etapa de transição para utópica ditadura do proletariado.
Não deixam, contudo, de assinalar a existência, em patamar inferior ao dos burgueses e proletários, de camada denominada lumpemproletariado, descrita como “essa putrefação passiva dos mais baixos estratos da velha sociedade”. Segundo os autores do catecismo comunista, o lúmpen “pode, aqui e ali, ser arrastado ao movimento por uma revolução proletária”. Todavia, “as condições de existência o predispõem bem mais a se deixar corromper por tramas reacionárias”.
Em língua portuguesa, lumpemproletariado é o nome da “canalha”, coletivo constituído pelo submundo destituído de consciência cívica, de princípios éticos, e descomprometido com os objetivos da nação. É no lumpemproletariado, isto é, na canalha, que corruptos de todas as cores e matizes arrebanham votos por ocasião das eleições, mediante compra, troca ou meras promessas de recompensa.
Na França, a canalha, mobilizada pelos intelectuais que se insurgiram contra a monarquia em nome da liberdade e do regime republicano, destronou e guilhotinou Luiz XVI e Maria Antonieta. Na falsa defesa dos mesmos princípios, o Tribunal Revolucionário, sob a influência do psicopata assassino Jean-Paul Marat, implantou a ditadura e o terror (1793-1794). Dia após dia, durante hediondo período da história da França, a turba formada por desordeiros, criminosos e megeras se acercava da guilhotina e vibrava diante da decapitação dos condenados, entre os quais tombaram Danton, Camille Demollin, Robespierre. Sobre o tema, Stanley Loomis escreveu o extraordinário livro Paris sob o terror, editado em 1965 pela Civilização Brasileira.
O historiador Demétrio Magnoli, em artigo publicado há dias em O Estado, ao proceder à análise da realidade brasileira, refere-se à “delinquência atávica de uma elite política hostil ao interesse público”. A expressão delinquência atávica é perfeita, mas se tornaria melhor se dissesse, ao invés de elite, a canalha.
A América Latina, com algumas exceções, tornou-se o paraíso da canalha, responsável pela entrega do poder a ditadores, oligarcas, velhos coronéis, demagogos e corruptos, que governam países e estados como propriedades particulares.
A tragédia que se abateu sobre o Rio de Janeiro e, em escala menor, desaba anualmente sobre bairros de São Paulo, é responsabilidade da canalha, não das chuvas. Desde antes de Cristo o homem convive com calor, frio, tempestades e períodos de seca. Os primeiros capítulos do Velho Testamento relatam a criação do homem, a depravação a que chegou, e como Deus decidiu-se castigá-lo fazendo chover. Do dilúvio só se safaram a família de Noé, sete casais de animais puros, e um par de impuros, abrigados durante 40 dias no interior da Arca. Chove muito no sudeste do Brasil, entre novembro e dezembro. O erro não está na precipitação pluviométrica, mas na atuação criminosa de quem estimula a derrubada indiscriminada de matas, a devastação da natureza, a construção de moradias em áreas sujeitas a inundações, avalanches e desmoronamentos.
Durante o regime militar (1964-1985), o povo esteve impedido de exercer o direito de escolha dos representantes políticos. Não respondia, assim, pela qualidade dos governantes. Restabelecido o regime democrático, a soberania foi-lhe devolvida, para ser exercida “pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, de igual valor para todos”, conforme o artigo 14 da Constituição.
O regime democrático aparenta certa fragilidade diante da canalha, cuja libertinagem estimula a ascensão de políticos venais. Não há, no exercício de mandato legislativo, ou executivo, quem não haja sido eleito pelo voto. Excelentes valores, como Arthur Virgílio, Tasso Jereissati, Marco Maciel, viram-se, porém, derrotados. Como justificar a despreocupação do poder diante de urgentes necessidades nacionais, ou a indiferença à desgraça em que vivem os mais humildes, como se vê no Rio de Janeiro?
A explicação está em que a canalha escolhe candidatos mais ou menos segundo o princípio do “rouba, mas faz”, ignorante das nobres responsabilidades dos poderes Legislativo e Executivo, por laços de compadrio, de mera submissão, ou incorrigível tendência à corrupção, conforme alertaram Marx e Engels.
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