quarta-feira, janeiro 25, 2012

AGROTÓXICOS

O pesquisador e chefe-geral da Embrapa Hortaliças Celso Moretti procurou esclarecer algumas dúvidas e tecer considerações sobre o uso correto de agrotóxicos, “os quais se manuseados adequadamente não fazem nenhum mal à saúde do consumidor”.


“Riscos existem, mas para os aplicadores de agrotóxicos que não utilizam equipamentos de proteção individual (os EPI’s)."


Período de chuvas favorece incidência de doenças em hortaliças

Um documentário já foi produzido sobre o tema e matérias jornalísticas divulgadas pela mídia em geral, juntamente com a internet, mostram, com maior ou menor ênfase, uma certa unanimidade quando o assunto em questão diz respeito ao uso de agrotóxicos, apontados como os sempre presentes vilões que ameaçam a saúde de quem consome alimentos crus, como frutas e hortaliças. E a apresentação em dezembro último dos resultados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos (PARA), desenvolvido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, que classificou como insatisfatórias as amostras de alguns produtos da hortifruticultura analisados, trouxe de volta a polêmica sobre consumir ou não consumir esses alimentos?

Na entrevista concedida no dia seis de janeiro à Super Rede Boa Vontade de Rádio, da estação de Sertãozinho, em São Paulo, e retransmitida para 13 emissoras de diversas cidades brasileiras, o pesquisador e chefe-geral da Embrapa Hortaliças Celso Moretti procurou esclarecer algumas dúvidas e tecer considerações sobre o uso correto de agrotóxicos, “os quais se manuseados adequadamente não fazem nenhum mal à saúde do consumidor”. A seguir, os tópicos abordados durante o programa e as respectivas respostas do pesquisador:

Atrotóxicos

“Produtos utilizados na agricultura para o controle de doenças, ataque de insetos e de certas pragas que causam danos às plantações. Mas, como todo produto químico, as recomendações de uso têm que ser obedecidas: do ponto de vista da dosagem e do período de carência (intervalo de segurança) e, principalmente, levar-se em conta a importância de aplicar apenas aqueles agrotóxicos incluídos na lista de registro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)”.

Contaminação

“Essa é uma questão que é vista quase que unicamente sob apenas um ângulo, o de que alimentos cujas amostras foram consideradas insatisfatórias pelo Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos (PARA) da Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária representam riscos à saúde dos consumidores. Esse mal estar provocado pela lista elaborada pela agência, a partir do levantamento sobre o nível de ocorrência de resíduos de agrotóxicos em frutas e hortaliças - corroborado pela identificação de produtos químicos não autorizados para determinadas culturas - não tem lastro nos estudos já realizados sobre a questão. Não existe na literatura, do Brasil e do exterior, nenhum trabalho publicado comprovando que o consumo regular de frutas e hortaliças durante a vida de uma pessoa, mesmo que apresentasse algum tipo de resíduo de alguma molécula de agrotóxico, que isso tenha causado malefício à saúde”.

Riscos

“Riscos existem, mas para os aplicadores de agrotóxicos que não utilizam equipamentos de proteção individual (os EPI’s). Sem o seu uso, os trabalhadores podem vir a desenvolver uma série de patologias, que vão desde problemas neurológicos até complicações cardiorrespiratórias. Esse é um aspecto muito importante que deve ser observado, notadamente nesse verão brasileiro, quente e chuvoso: justamente quando temos mais chuva, aumenta a incidência de doenças, e aí acaba se utilizando mais defensivo. Então, é preciso que haja mais conscientização, tanto do empregado como do empregador, para a necessidade de proteção com equipamentos adequados, para afastar riscos de contaminação”.

Ecossistemas

Existem estudos que são conduzidos pela Embrapa e outros parceiros sobre a questão de impacto ambiental no uso de certas tecnologias, que podem interferir no ecossistema e contaminar, por exemplo, mananciais de água ou aquíferos. Muitas vezes, o comportamento inadequado parte do produtor que não segue a recomendação da tríplice lavagem das embalagens antes de encaminhá-las para os locais apropriados de descarte; ou utiliza bicos de aplicação desregulados, que acaba aumentando a quantidade que deveria ser aplicada num determinado cultivo”.

Consumo

As hortaliças, popularmente conhecidas como legumes ou verduras, são muito importantes no fornecimento de uma série de vitaminas, sais minerais e do que chamamos compostos bioativos que ajudam na prevenção de gama variada de doenças. Exemplificando, há estudos comprovando que o licopeno, pigmento vermelho encontrado no tomate, previne câncer de próstata. E experimentos conduzidos pela Embrapa Hortaliças, em parceria com a Universidade de Brasília, demonstraram que o consumo regular de alho pode prevenir o infarto agudo de miocárdio. São apenas dois exemplos entre diversificadas espécies de outras frutas e hortaliças também riquíssimas em compostos, que provam os benefícios de seu consumo à saúde”. E é importante chamar a atenção para o fato de que não existe trabalho publicado relacionando o consumo de hortaliças com algum tipo de câncer em pessoas que consomem esses alimentos regularmente”.

Ação dos agrotóxicos

“A grande maioria dos defensivos agrícolas são produtos que funcionam por contato, ou seja, são aplicados na forma de spray e chegam ao tomate, à maçã, a uva etc., que são consumidos com casca. Ao lavar esses alimentos em água corrente, elimina-se grande parte de uma possível contaminação, se existente na casca. Por outro lado, uma reduzida parcela de agrotóxicos que é aplicada no solo ou em outra parte da planta é levada até o fruto, mas de qualquer forma é uma quantidade bastante reduzida. Então, a lavagem em água corrente ajuda a eliminar uma grande parcela daqueles resíduos que porventura possam estar presentes, além de também eliminar possíveis micróbios que estiverem na superfície da planta. É importante ressaltar que respeitando-se as dosagens e o período de carência não há riscos de gerar resíduos nos alimentos, sendo que o uso abusivo é o princípio ativador da contaminação”.

Pesquisas

“Nesses últimos trinta anos, a Embrapa Hortaliças tem realizado sucessivos estudos com vistas a desenvolver, através de trabalhos de melhoramento genético, variedades de tomate, cebola, cenoura, melão e outras cultivares que apresentem maior resistência a doenças para exatamente reduzir o uso de agrotóxicos. As informações a respeito dos resultados já obtidos, assim como os projetos em desenvolvimento, podem ser acessados na nossa página,www.cnph.embrapa.br “.


Anelise Macedo (MTB 2749/DF) 
Assessoria de Imprensa
Núcleo de Comunicação Organizacional (NCO)
Embrapa Hortaliças
Tel.: (61) 3385-9109
E-mail: ane.rodrigues@cnph.embrapa.br

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