quarta-feira, fevereiro 01, 2012

CAPENGA - O LULOPETISMO DÁ TANTA PREFERÊNCIA PARA A DISTRIBUIÇÃO QUE ACABA PREJUDICANDO A PRODUÇÃO 


País é produtor (industrial) decadente, apesar de ter mercado de consumo relevante
ANTONIO CORRÊA DE LACERDA
ESPECIAL PARA A FOLHA
A produção industrial ficou praticamente estagnada em 2011 (0,3%), em um claro contraponto com o desempenho do comércio, que deve ter crescido 7%.
Há aspectos que explicam parte dessa dissonância, como as medidas que o governo havia tomado para desaquecer o ritmo da atividade econômica e o aumento dos estoques nos últimos meses.
Há, no entanto, um fator preponderante, que é o crescimento das importações, em praticamente todos os segmentos industriais, muitas vezes substituindo a produção local em elos relevantes da cadeia produtiva.
O real valorizado diminui a competitividade da produção brasileira, não apenas para exportação, mas frente aos importados, especialmente de países que, ao contrário do Brasil, mantêm sua moeda desvalorizada e subsidiam fortemente seus produtores para ganhar mercados.
Outros fatores de competitividade sistêmica têm prejudicado a geração de valor agregado local, como custo elevado de financiamento e crédito, carga tributária sobre investimentos e exportação, infraestrutura e logística, caras e deficientes, custo elevado de insumos etc.
O nível da produção industrial do fim de 2011 é quase o mesmo do de setembro de 2008, pré-efeito da crise da quebra do Lehman Brothers.
Todo o desempenho ao longo desses mais de três anos só nos fez recuperar o patamar alcançado então.
DESINDUSTRIALIZAÇÃO
O PIB (Produto Interno Bruto) deve ter acumulado um crescimento de cerca de 10% no período, mas a indústria parou. Nos tornamos um mercado de consumo relevante, mas um produtor decadente.
A desindustrialização é um fenômeno precoce e intempestivo no Brasil. Algo que deve ser fortemente combatido, pois não é uma demanda setorial corporativa.
A indústria é um forte indutor do desenvolvimento, como denotam as experiências históricas internacionais e a nossa própria, sendo fator determinante de comércio exterior, renda, emprego, tecnologia e balanço de pagamentos.
Não se trata de uma escolha excludente entre produzir bens primários ou manufaturados, já que temos potencial para sermos competitivos em ambos. Desde que haja condições sistêmicas isonômicas e um arcabouço de políticas de fomento voltadas para tal.
Só depende de estratégia e de olhar além do curto prazo.

Google
online
Google