sexta-feira, março 16, 2012

COLUNA DO SPC, NO JORNAL A GAZETA
 
Bar de grã-finos
 
            Bar de grã-finos é aquele que se identifica não só pelo tipo de clientela em que predominam pessoas de alto poder aquisitivo, como médicos, políticos, empreiteiros, comerciantes, contrabandistas, dentre outros menos cotados, mas, também, pelos preços abusivos que pratica; uma dose de bebida, ou porção de “tira-gosto”, custa mais que o triplo dos bares comuns. É uma forma consentida de selecionar a clientela pelo bolso. O serviço nesses bares, geralmente, é de primeira: garçons bem-trajados, asseados, boa música, os alimentos dentro do prazo de validade, uma maravilha para a grã-finagem.
Em Itapeva, porém, não é bem assim. Na área central da cidade tem uns bares que podiam se encaixar na definição acima, preferidos pelos grã-finos itapevenses. Mas, infelizmente, a maioria deixa muito a desejar, digamos, que são bares para grã-finos caipiras (com todo respeito a meus confrades caipiras), disputados por uma clientela abastada, sem opções de lazer, que tem de se contentar com o péssimo serviço oferecido. E ponha-se péssimo nisso! Tem bar que serve porções de alimentos com produtos vencidos, soube de casos de grã-finos com disenteria, intoxicação, mas essa gente não reclama, pois nunca atribui a causa do mal ao tira-gosto vencido do bar. E não adianta ir à Vigilância Sanitária denunciar, porque lá eles não trabalham à noite, quer dizer, enquanto não morrer um grã-fino intoxicado ou de botulismo, tudo bem. Sabe-se, no entanto, que, muito de vez em quando, a Vigilância faz blitz pelos bares e lanchonetes da periferia, e chega até a interditar alguns estabelecimentos, mas dificilmente fiscaliza os bares de bacanas.
Tem outra questão. Para atrair freguesia e amenizar a precariedade dos serviços, tem bar que oferece música ao vivo, quando entram em cena o amadorismo e o mau-gosto mais cafona. Enquanto os grã-finos (coitados) bebem e degustam o salgadinho suspeito, eles tentam conversar, trocar ideias, fofocar (uma delícia fofocar), tentam porque o som alto atrapalha o bate-papo, o mais incrível é que ninguém reclama, atitude irracional de gente considerada “instruída”. A maioria dos “cantores” e conjuntos musicais são tecnicamente sofríveis e aumentam o volume do som para encobrir as “deficiências”, porém, sem a devida proteção acústica determinada pela Lei do Silêncio 2472/06, art. 4º, parágrafo 1º. Um desrespeito à lei e à vizinhança que trabalha e precisa dormir e que a polícia devia proteger. Por que não se coloca CDs de música cujo volume seja compatível com o ambiente, onde se quer conversar, tomando uma bebida? Se o som estiver alto demais e a Polícia Militar for chamada aí... bem, já contei essa história aqui, a PM, na maioria das vezes, não atende e se for bar de grã-finos o policial não entra, só entra em bares da periferia. Por quê? Perguntem ao Comandante da PM.
                                               Aranha e Luciano
Não é nome de dupla sertaneja. Trata-se do tenente Aranha, comandante da Guarda Municipal, e Luciano de Oliveira, secretário da Defesa Social e Ação Social. Essa dupla está disposta a pôr um fim ao abuso dos bares que desrespeitam as leis de posturas municipais, em favor do sossego público e da segurança. Dia 2 p.p. a Guarda Municipal, atendendo reclamação de moradores, foi ao Tub - Top Square, no centro, onde havia som ao vivo, entrou e mandou parar. Sexta-feira passada tornou a entrar no mesmo estabelecimento, cujas instalações estão em desacordo com a lei municipal, pois não tem vistoria aprovada pelo Corpo de Bombeiros (AVCB), nem proteção acústica para música ao vivo, dentre outras exigências. Faltou a Vigilância Sanitária fazer a sua parte, mas quem sabe com o secretário Luciano à frente das blitze o pessoal da Vigilância vai cumprir o seu dever de ofício.
Ninguém é contra os bares, eles são necessários, principalmente, numa cidade de poucas opções de lazer, afinal, todo mundo precisa viver, divertir-se, ter seu negócio, mas isso não inclui transgredir leis municipais nem ser foco de perturbação do sossego público. Todo cidadão tem direito ao descanso à noite, isso é um princípio consagrado em todo mundo, inclusive em Itapeva, que tem leis nesse sentido a fim de coibir o abuso de infratores. A clientela pode colaborar nesse sentido se afastando de estabelecimentos transgressores e estará prestando inestimável serviço público e à cidadania. É isso aí.

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