quinta-feira, março 08, 2012

COLUNA DO SPC, NO JORNAL A GAZETA

Copioso rega-bofe político-eleitoral
            Sexta-feira, por volta das treze horas, o salão do Space Vitoria-Régia, no Jardim Ferrari 3, já estava lotado com a mais fina flor da política itapevense e por cidadãos da elite local, todos com sorriso lacrado na face. O PMDB, presidido pelo diretor deste semanário, Jeferson Modesto, aproveitou a vinda do presidente da Fiesp, Paulo Skaf (PMDB), que viera inaugurar a nova escola do SESI, para promover o encontro de suas lideranças e de demais partidos com vista às próximas eleições municipais.
Logo à entrada os convidados eram etiquetados por belas recepcionistas, vestidas com o indefectível “pretinho-básico” um palmo acima dos joelhos e as belas pernocas a atrair o olhar lascivo dos machões. Mesas com toalhas e guardanapos de linho, distribuídas pelo local, apresentavam uma sortida de quitutes finos e sucos naturais (salgadinho e tubaína é coisa de petista) e o melhor, sem o famigerado som-alto ambiente, que, em Itapeva, é uma espécie de “abafa-conversa”.
            À esquerda do salão, num mini-palco elevado, Monterão, desabrido, acariciava com sua verve inconfundível o ego de cada convidado importante que entrava, mas só o prefeito Cavani recebeu salva de palmas, puxada por seus secretários (claro), e ele abriu sorriso de uns 15 músculos faciais, cumprimentando os convidados mais risonhos, indo em seguida para o mini-palco, junto aos demais “notáveis”, dentre os quais o homenageado Paulo Skaf, futuro candidato a governador. 
            Dos secretários municipais só estavam presentes os cinco “prefeitáveis”, os demais como Xixo, Toninho Bucho, Cassiano, Davi etc. foram desconvidados. Os secretários ficaram todos juntos, em pé, próximo a este escriba crepuscular, exceção do Armandinho que ficou afastado, sozinho, jururu, decerto, por não querer se misturar. Ao lado dos secretários, professor Geraldo do PT, de bonezinho, e o padre Benedito, de batina nova, impecável, degustavam (comer é coisa de pobre) pasteizinhos de carne; advertidos por este escriba de que era sexta-feira de quaresma, o padre sorriu e sapecou o catecismo atual para o abelhudo agnóstico: “a Igreja há muito liberou comer carne na quaresma, só proibiu na Quarta-feira de Cinzas e Sexta-feira da Paixão”. Ah, bom.
            Claro, estava presente o mais festejado candidato peemedebista da região, Juninho da Bauma (dizem que foi ele quem pagou a conta da festa). Juninho ainda não tem cacoetes políticos e tentava ser comunicativo. Dentre os convidados ilustres, o presidente da Unimed, Mario Tassinari e seu tio, deputado Ulysses (PV); o pastor presbiteriano Weslei Eller, esposa e filho (não vi nenhum pastor pentecostal, grandes cabos-eleitorais); delegado Reinaldo Braga; empresário tucano, Heliton do Valle, virtual candidato a prefeito de Itararé; o médico Mazen Haidar e esposa, futuro candidato do PP; vereadores Comeron e Júnior Guari (felizes) Paulinho e Tarzan (desenxabidos).
            Devido a falta de um profissional do ramo, a má qualidade do som do microfone prejudicou os oradores, mal se entendia as falas, só conseguia quem estava próximo. Como não se entendi quase nada, deixo de comentar o que eles disseram. Uma pena.
            Em eventos políticos sempre se improvisa o som, geralmente, músicas de mau-gosto, altíssimas, desta vez, porém, o microfone foi o vilão; todavia, quase no fim da festa, o encarregado do som aumentou o volume das caixas e espantou todo mundo.
            Mas o clima descontraído no mini-palco dos maiorais da política foi comovente, não havia adversários, nem deste nem daquele lado, confraternizavam o que parecia uma virtual união para um único candidato (quem?), pois estavam presentes quase todos os candidatos declarados às próximas eleições, tanto os da situação como da “oposição”. A impressão deixada pelo evento é que o próximo prefeito já está definido, falta comunicar a patuléia, que, como tudo em política, é a última a saber e a primeira a se “ferrar”. Adianta dizer que uma Administração sem oposição é um risco muito grande? Que a população pode ficar à mercê da vontade de um prefeito despótico, incapaz e corrupto, sem ninguém para defendê-la, quer dizer, ela pode ser vítima da própria burrice da unanimidade. Nesta altura do século 21, Itapeva não merece isso. Chega de prefeitos arcaicos e demagogos, chega de Ramal da Fome. Oremos.

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