sexta-feira, abril 13, 2012

COLUNA DO SPC, NO JORNAL A GAZETA

Para quem quer ser escritor  (2ª parte)
 
Na primeira parte destas sugestões dissemos da persistência incomum que deve nortear o trabalho do autor literário, refazendo muitas vezes o seu texto. Acrescentamos, agora, que seria bom se o autor pedisse para um amigo ler o texto e dar sua opinião, mas nem sempre isso ajuda em vista de que a maioria das pessoas nunca leu um romance.

Mas voltando às editoras, concorde-se ou não, elas são um dos obstáculos primordiais a ser ultrapassado por quem quiser ver sua obra nas grandes livrarias. Por isso, o autor tem de escrever seu romance atento, também, ao mercado editorial, não adianta produzir uma grande obra, para si próprio, e deixá-la na gaveta, não é?

A maioria das editoras, hoje, recusa obras de cunho exclusivamente regionalista, raramente uma editora publica livro cuja história seja restrita a determinada região por mais bem escrito, portanto, a obra precisa ser universalizada, ou seja, o enredo e os personagens devem ter tratamento estilístico que seja comum a todas as regiões. Até o início do século 20, por exemplo, eram comuns romances regionalistas, as obras de Jorge Amado foram locadas em cidades da Bahia, cujos personagens tinham costumes peculiares à região. Outros autores de vários estados escreveram romances célebres sobre sua região, mas isso é passado, agora as editoras franzem o nariz com esse tipo de literatura. Contudo, não é uma regra absoluta, existem exceções, até hoje.

A propósito, embora sabendo dessa má vontade das editoras com obras regionais, arrisquei escrever meu romance locado em Itararé, contudo, fiz o que estava ao meu alcance para torná-lo universal, não só abordando tema que favorecesse esse desiderato, mas, também, evitando usar expressões locais, gírias e modismos. Mas, a despeito disso, sei que vou receber muitos nãos das editoras, enfrentar obstáculos pela ousadia de tentar resgatar uma história perdida no tempo, clamando para ser contada.

As grandes e médias editoras, atualmente, publicam obras que já são sucesso lá fora, os best seller-s, que têm venda garantida no mercado nacional. Para isso, as editoras participam de leilões milionários nos Estados Unidos e Europa a fim de arrematar obras de sucesso, que vão garantir o bom faturamento e fazer parte das listas de livros mais vendidos. Raramente se vê algum de autor nacional nessa lista, as exceções ficam por conta de autores conhecidos, ou artistas televisivos, como Jô Soares, Edney Silvestre, ambos da Globo, para citar só os mais recentes. Já nos livros de autoajuda os autores brasileiros têm se saído bem, tem gente vendendo bastante.

Muito mais poderia ser acrescentado sobre a tendência das editoras nacionais, mas nosso espaço é pequeno e não é nosso propósito esgotar o assunto.

Agência literária
Já há alguns anos o meio editorial vem contando com a intermediação de agentes literários a fim de viabilizar obras de autores já consagrados, que, por algum motivo, não querem tratar direto com as editoras, além de intermediar obras de autores inéditos.
Mas, sabe-se que as agências literárias também são seletivas, se um autor novato quiser contratar um agente literário a fim de intermediar sua obra junto às editoras, vai ter dificuldades, porquanto, a agência só aceita o trabalho diante da ficha do autor em que conste, além da qualificação pessoal, currículo indicativo de que ele sabe escrever, se tem livro publicado, ou se é formado em Letras ou Jornalismo. Superado esse quesito, o agente vai sugerir que se faça uma leitura crítica da obra, o que é bom, pois assim tanto o agente como o autor ficam sabendo da viabilidade de publicação. Mas essa leitura crítica custa caro, R$ 6,00 por página de 1.200 toques, com espaços, preço cartelizado pelas agências.     E isso não garante a publicação do livro, mesmo que o autor faça os ajustes sugeridos pelo parecerista, pois esses ajustes se limitam a sugestões léxicas, correções de estilo e pontos fracos, ele não adapta a obra, que é trabalho de outro profissional, que custa ainda mais caro. E também não garante a publicação.
Portanto, ser escritor no Brasil não é para qualquer um. Quem acredita em reza, escreva, mande para as editoras e reze. Quem não reza, torça. Boa sorte.

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