quinta-feira, maio 31, 2012

COLUNA DO SPC NO JORNAL A GAZETA

Prefeito Cavani ainda manda no PMDB?
 
Os comentários que se ouve pelas calçadas da cidade, sobre a mudança da direção executiva do maior partido do país, é que desde a semana passada o presidente do PMDB, para efeito legal, é Juninho da Bauma, mas que o presidente de fato continua sendo o prefeito Cavani (PSDB). Por isso, dizem, que é perda de tempo fazer acordos com a direção legal do partido, os interessados devem ir direto falar com Cavani que é mais rápido e não correm risco de o prefeito não gostar do acordo e telefonar (brabo) para o Juninho, mandando acabar com o acordo. Será que é isso mesmo?

Se for, como fica a dignidade dos dirigentes do partido, que foi um marco de luta contra a ditadura militar a fim de impedir que políticos autoritários, com vocação para ditador, como o nosso prefeito, tomem as rédeas do processo político, em detrimento da representatividade político-partidária, signo maior da democracia e da liberdade. 

Por que o prefeito quer tanto controlar o PMDB? Será que receia que o partido faça acordos políticos em detrimento do candidato oficial (Paulinho? Rossi?).

Os peemedebistas acham que o vereador Roberto Comeron é o candidato ideal, tem bom índice nas pesquisas, é popular, está disponível, mas isso será suficiente? Quando o eleitor avaliar o simpático radialista, por outros aspectos pessoais, será que vota nele para um cargo da responsabilidade de um prefeito?
Será que o prefeito não confia no êxito de seus candidatos (Paulinho? Rossi?) que precisa se garantir com um candidato estepe? Ou está com receio de que a oposição acerte o discurso e ponha em risco a sua cidadela na Prefeitura? Fontes palacianas garantem que, se for preciso, caso a oposição cresça e apareça, ameaçando engolir o candidato do prefeito, que se juntam tucanos e peemedebistas, num bem bolado para dar a volta por cima. Caso o radialista ganhe dianteira segura dos candidatos “oficiais”, então, a máquina da Prefeitura dá meia volta para o quintal do novo apadrinhado.
O festejado radialista está tranquilo, se quiser será vereador reeleito, todavia, está disponível para o que der e vier, desde que leve alguma vantagem, portanto, dizem que ele só arrisca interpretar o papel de “laranja” do prefeito, se a contrapartida for muito boa. Diante dessa visão maniqueísta, quem for vice na chapa peemedebista corre o risco de ficar chupando o dedo, porque o candidato “próprio” do saudoso “manda brasa” local, faz parte de um teatrinho que só vale para plateia ignara.
O prefeito está jogando tudo e joga pesado, porque além da satisfação de eleger o sucessor, ele “precisa” eleger seu sucessor, para evitar dores de cabeças sem fim.
Como a campanha não começou, muita coisa pode acontecer até as convenções, pode haver surpresas, a justiça está abarrotada de processos contra vereadores, por improbidade e infidelidade partidária, isso pode tirar candidatos do páreo, enfim, tem que se aguardar junho chegar com suas fogueiras, batata-doce e foguetório.
        
               Marinheiros de primeira viagem
            Campanha eleitoral é tempo de festa para a democracia e de preocupação para aqueles que disputam cargos eletivos, principalmente, para prefeito. Essa preocupação se deve ao fato de que nos municípios pequenos e médios todo mundo conhece todo mundo, sabe-se da vida pessoal dos candidatos, sabe-se quem tem amante, ou filho fora do casamento, dos negócios limpos e escusos, qual time torce etc. Às vésperas das eleições, tudo vem à tona na campanha se a diferença de votos for pequena, precisando de um “empurrãozinho”, aí ninguém segura, pois rasgam-se os pactos de não agressão, em nome da moralidade e dos bons costumes, vale tudo pelos preciosos votinhos, doa a quem doer. Mais preocupante é para o candidato que exerceu mandato eletivo, pois aí, sempre vão surgir àquelas denúncias encobertas ou sem explicação. Aguardemos.

***
Complicando a verdade
Quinta, 31 de Maio de 2012, 03h15
Alfredo Sirkis ESTADÃO OPINIÃO Não vejo utilidade numa Comissão da Verdade que me conforte em seu maniqueísmo. Ela pode ser útil apenas se conseguir dar à nossa democracia e às futuras gerações elementos de reflexão para entender e evitar qualquer repetição - a História pode ser cíclica - do que aconteceu. Um governo democrático, falido, uma intervenção militar galopante que se transforma em feroz ditadura, uma resistência armada que a seu modo atiça essa ferocidade, mas cujo fracasso a exime do risco considerável de se tornar, também ela, liberticida.

Não nos coloco no mesmo plano dos que suprimiram a liberdade, perseguiram centenas de milhares por motivos políticos durante mais de duas décadas, torturaram sistematicamente e fizeram desaparecer resistentes. Os que transformaram instituições militares em máquinas de repressão, monopolizaram o poder, impuseram a censura, liquidaram as eleições e promoveram um modelo de crescimento injusto e concentrador de renda cujas sequelas persistem. Mas sustento que os nossos erros, suas consequências e tudo o que resultou da nossa ideologia de então, nos países onde chegou ao poder, são discussão legítima na Comissão da Verdade.

Não há muita serventia cívica em ficar repisando o que já se sabe há tanto tempo: que houve torturas e execuções, com desaparecimentos autorizados pela cadeia de comando daquele regime. Não é mistério quem as praticou.

A Argentina e o Chile decidiram julgar alguns dos seus torturadores e carrascos. Por outro lado, o Chile foi forçado a manter Augusto Pinochet, o ditador-comandante, à frente do Exército em toda a primeira fase de sua democracia. Outros países, como a Espanha pós-franquista e a África do Sul, optaram pelo caminho de não julgá-los. A África do Sul, em que pese a barbárie do apartheid, optou por uma Comissão da Verdade didática, catártica, com o arcebispo Desmond Tutu.

Com todo o respeito a quem sofreu o que eu não sofri - escapei da prisão e da tortura -, não vejo como politicamente positivo para o Brasil de hoje anular a "anistia recíproca" para julgá-los 40 anos mais tarde. Penso que isso, politicamente, oferece holofotes à extrema direita, facilitando o seu proselitismo no meio militar. Pavlovianamente potencializa a sua narrativa, faculta-lhe novos espaços. É um jogo de soma zero.

Para entender toda essa história é necessário também decifrar o que diabos sucedeu com a nossa democracia da Constituição de 1946. Meu amigo Darcy Ribeiro dizia que o governo de João Goulart fora "deposto por suas qualidades, não por seus defeitos". Tenho dúvidas.

É bom examinar historicamente como um governo democrático se torna de tal forma disfuncional, incompetente e fragilizado diante de uma ambição golpista à espreita desde 1954. Como consegue alienar a classe média, tornando politicamente viável a sua própria deposição. Como, num discurso insensato para suboficiais, sargentos e marinheiros no Automóvel Club do Rio de Janeiro, Jango promove a quebra da hierarquia, mas, depois, nem tenta seriamente resistir à quartelada, apesar de seu dispositivo militar legalista ainda poderoso. Enfim, como as ações desse homem bom acabam engendrando o mal.

E mais: como uma quartelada de um chefete distante do núcleo conspirador vence pelo telefone. Como um segmento extremista da oficialidade, sedento de poder em causa própria, por sucessivas e subsequentes quarteladas vai estabelecendo a ditadura: supressão das eleições presidenciais previstas para 1965, perseguições em massa, as primeiras torturas e, finalmente, a instituição de um poder ditatorial truculento e corrupto (lembrem-se de Yolanda Costa e Silva). Como a resistência a esse estado de coisas jamais logra unificar-se e mobilizar a maioria da população pelo restabelecimento da democracia perdida - isso só aconteceria duas décadas mais tarde -, mas parte para uma ação armada socialmente isolada.

Nesse contexto de isolamento social, a luta armada acabou favorecendo os segmentos mais duros do regime, que superestimaram, por vezes comicamente, o nosso poderio. Só para dar um exemplo, a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) no Rio de Janeiro, na época de suas ações mais espetaculares - o sequestro dos embaixadores da Alemanha e da Suíça e sua troca por 110 presos políticos -, tinha menos de 20 combatentes... e duas metralhadoras.

Além dos erros políticos, da visão autoritária e das vítimas de nossas ações, em situação de confronto, podem-se também atribuir crimes à guerrilha urbana? Em alguns casos, sim. Um marinheiro inglês, de 19 anos, estupidamente "justiçado", na Praça Mauá. Um militante que queria deixar uma das organizações executado pelos companheiros por suspeita de poder vir a se tornar um "traidor". Dois exemplos. Não foram tantos assim, mas, a bem da verdade, aconteceram. E as dezenas de pessoas, alheias a todo aquele conflito, que estiveram em algum momento sob a mira de nossas armas quando "expropriamos" os bancos dos quais eram clientes, ou nos seus carros, tomados de empréstimo revolucionário para uma operação?

A verdade terá sua serventia se for para vacinar a sociedade brasileira contra o conjunto de erros cometidos no Brasil desde 1946, e não somente repetir, repisar e reiterar o que todos já sabemos desde os relatórios detalhados do Tortura Nunca Mais. Foi sábia, ao contrário do que pretendem alguns, a escolha do ano da Constituição pós-ditadura getulista como ponto de partida. Não faz sentido apenas apurar a verdade para concluir pela milésima vez que a ditadura militar, de 1964 a 1985, foi malvada. Faz mais sentido tentar entender por que ela durou tanto tempo, mas, sobretudo, por que antes dela havia fracassado a democracia.

* ESCRITOR,  JORNALISTA, DEPUTADO FEDERAL (PV-RJ), É AUTOR DO LIVRO 'OS CARBONÁRIOS'

***
Complicando a verdade
Quinta, 31 de Maio de 2012, 03h15
Alfredo Sirkis ESTADÃO-OPINIÃO Não vejo utilidade numa Comissão da Verdade que me conforte em seu maniqueísmo. Ela pode ser útil apenas se conseguir dar à nossa democracia e às futuras gerações elementos de reflexão para entender e evitar qualquer repetição - a História pode ser cíclica - do que aconteceu. Um governo democrático, falido, uma intervenção militar galopante que se transforma em feroz ditadura, uma resistência armada que a seu modo atiça essa ferocidade, mas cujo fracasso a exime do risco considerável de se tornar, também ela, liberticida.

Não nos coloco no mesmo plano dos que suprimiram a liberdade, perseguiram centenas de milhares por motivos políticos durante mais de duas décadas, torturaram sistematicamente e fizeram desaparecer resistentes. Os que transformaram instituições militares em máquinas de repressão, monopolizaram o poder, impuseram a censura, liquidaram as eleições e promoveram um modelo de crescimento injusto e concentrador de renda cujas sequelas persistem. Mas sustento que os nossos erros, suas consequências e tudo o que resultou da nossa ideologia de então, nos países onde chegou ao poder, são discussão legítima na Comissão da Verdade.

Não há muita serventia cívica em ficar repisando o que já se sabe há tanto tempo: que houve torturas e execuções, com desaparecimentos autorizados pela cadeia de comando daquele regime. Não é mistério quem as praticou.

A Argentina e o Chile decidiram julgar alguns dos seus torturadores e carrascos. Por outro lado, o Chile foi forçado a manter Augusto Pinochet, o ditador-comandante, à frente do Exército em toda a primeira fase de sua democracia. Outros países, como a Espanha pós-franquista e a África do Sul, optaram pelo caminho de não julgá-los. A África do Sul, em que pese a barbárie do apartheid, optou por uma Comissão da Verdade didática, catártica, com o arcebispo Desmond Tutu.

Com todo o respeito a quem sofreu o que eu não sofri - escapei da prisão e da tortura -, não vejo como politicamente positivo para o Brasil de hoje anular a "anistia recíproca" para julgá-los 40 anos mais tarde. Penso que isso, politicamente, oferece holofotes à extrema direita, facilitando o seu proselitismo no meio militar. Pavlovianamente potencializa a sua narrativa, faculta-lhe novos espaços. É um jogo de soma zero.

Para entender toda essa história é necessário também decifrar o que diabos sucedeu com a nossa democracia da Constituição de 1946. Meu amigo Darcy Ribeiro dizia que o governo de João Goulart fora "deposto por suas qualidades, não por seus defeitos". Tenho dúvidas.

É bom examinar historicamente como um governo democrático se torna de tal forma disfuncional, incompetente e fragilizado diante de uma ambição golpista à espreita desde 1954. Como consegue alienar a classe média, tornando politicamente viável a sua própria deposição. Como, num discurso insensato para suboficiais, sargentos e marinheiros no Automóvel Club do Rio de Janeiro, Jango promove a quebra da hierarquia, mas, depois, nem tenta seriamente resistir à quartelada, apesar de seu dispositivo militar legalista ainda poderoso. Enfim, como as ações desse homem bom acabam engendrando o mal.

E mais: como uma quartelada de um chefete distante do núcleo conspirador vence pelo telefone. Como um segmento extremista da oficialidade, sedento de poder em causa própria, por sucessivas e subsequentes quarteladas vai estabelecendo a ditadura: supressão das eleições presidenciais previstas para 1965, perseguições em massa, as primeiras torturas e, finalmente, a instituição de um poder ditatorial truculento e corrupto (lembrem-se de Yolanda Costa e Silva). Como a resistência a esse estado de coisas jamais logra unificar-se e mobilizar a maioria da população pelo restabelecimento da democracia perdida - isso só aconteceria duas décadas mais tarde -, mas parte para uma ação armada socialmente isolada.

Nesse contexto de isolamento social, a luta armada acabou favorecendo os segmentos mais duros do regime, que superestimaram, por vezes comicamente, o nosso poderio. Só para dar um exemplo, a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) no Rio de Janeiro, na época de suas ações mais espetaculares - o sequestro dos embaixadores da Alemanha e da Suíça e sua troca por 110 presos políticos -, tinha menos de 20 combatentes... e duas metralhadoras.

Além dos erros políticos, da visão autoritária e das vítimas de nossas ações, em situação de confronto, podem-se também atribuir crimes à guerrilha urbana? Em alguns casos, sim. Um marinheiro inglês, de 19 anos, estupidamente "justiçado", na Praça Mauá. Um militante que queria deixar uma das organizações executado pelos companheiros por suspeita de poder vir a se tornar um "traidor". Dois exemplos. Não foram tantos assim, mas, a bem da verdade, aconteceram. E as dezenas de pessoas, alheias a todo aquele conflito, que estiveram em algum momento sob a mira de nossas armas quando "expropriamos" os bancos dos quais eram clientes, ou nos seus carros, tomados de empréstimo revolucionário para uma operação?

A verdade terá sua serventia se for para vacinar a sociedade brasileira contra o conjunto de erros cometidos no Brasil desde 1946, e não somente repetir, repisar e reiterar o que todos já sabemos desde os relatórios detalhados do Tortura Nunca Mais. Foi sábia, ao contrário do que pretendem alguns, a escolha do ano da Constituição pós-ditadura getulista como ponto de partida. Não faz sentido apenas apurar a verdade para concluir pela milésima vez que a ditadura militar, de 1964 a 1985, foi malvada. Faz mais sentido tentar entender por que ela durou tanto tempo, mas, sobretudo, por que antes dela havia fracassado a democracia.

* ESCRITOR,  JORNALISTA, DEPUTADO FEDERAL (PV-RJ), É AUTOR DO LIVRO 'OS CARBONÁRIOS'


***

sábado, maio 26, 2012

Cientistas negam aquecimento global em carta à Presidente Dilma
Carta aberta à presidente Dilma Rousseff
Mudanças climáticas: hora de recobrar o bom senso.


Exma. Sra.
Dilma Vana Rousseff
Presidente da República Federativa do Brasil
 
 
Excelentíssima Senhora Presidente:
 
Em uma recente reunião do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, a senhora afirmou que a fantasia não tem lugar nas discussões sobre um novo paradigma de crescimento - do qual a humanidade necessita, com urgência, para proporcionar a extensão dos benefícios do conhecimento a todas as sociedades do planeta. Na mesma ocasião, a senhora assinalou que o debate sobre o desenvolvimento sustentado precisa ser pautado pelo direito dos povos ao progresso, com o devido fundamento científico.

Assim sendo, permita-nos complementar tais formulações, destacando o fato de que as discussões sobre o tema central da agenda ambiental, as mudanças climáticas, têm sido pautadas, predominantemente, por motivações ideológicas, políticas, acadêmicas e econômicas restritas. Isto as têm afastado, não apenas dos princípios basilares da prática científica, como também dos interesses maiores das sociedades de todo o mundo, inclusive a brasileira. Por isso, apresentamos-lhe as considerações a seguir.
 
1) Não há evidências físicas da influência humana no clima global:
A despeito de todo o sensacionalismo a respeito, não existe qualquer evidência física observada no mundo real que permita demonstrar que as mudanças climáticas globais, ocorridas desde a revolução industrial do século XVIII, sejam anômalas em relação às ocorridas anteriormente, no passado histórico e geológico - anomalias que, se ocorressem, caracterizariam a influência humana.
Todos os prognósticos que indicam elevações exageradas das temperaturas e dos níveis do mar, nas décadas vindouras, além de outros efeitos negativos atribuídos ao lançamento de compostos de carbono de origem humana (antropogênicos) na atmosfera, baseiam-se em projeções de modelos matemáticos, que constituem apenas simplificações limitadas do sistema climático - e, portanto, não deveriam ser usados para fundamentar políticas públicas e estratégias de longo alcance e com grandes impactos socioeconômicos de âmbito global.

A influência humana no clima restringe-se às cidades e seus entornos, em situações específicas de calmarias, sendo estes efeitos bastante conhecidos, mas sem influência em escala planetária.
Para que a ação humana no clima global ficasse demonstrada, seria preciso que, nos últimos dois séculos, estivessem ocorrendo níveis inusitadamente altos de temperaturas e níveis do mar e, principalmente, que as suas taxas de variação (gradientes) fossem superiores às verificadas anteriormente.

O relatório de 2007 do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) registra que, no período 1850-2000, as temperaturas aumentaram 0,74°C, e que, entre 1870 e 2000, os níveis do mar subiram 0,2 m.

Ora, ao longo do Holoceno, a época geológica correspondente aos últimos 12.000 anos em que a civilização tem existido, houve diversos períodos com temperaturas mais altas que as atuais. No Holoceno Médio, há 5.000-6.000 anos, as temperaturas médias chegaram a ser 2-3°C superiores às atuais, enquanto os níveis do mar atingiam até 3 metros acima do atual. Igualmente, nos períodos quentes conhecidos como Minoano (1500-1200 a.C.), Romano (séc. VI a.C.-V d.C.) e Medieval (séc. X-XIII d.C.), as temperaturas atingiram mais de 1°C acima das atuais.

Quanto às taxas de variação desses indicadores, não se observa qualquer aceleração anormal delas nos últimos dois séculos. Ao contrário, nos últimos 20.000 anos, desde o início do degelo da última glaciação, houve períodos em que as variações de temperaturas e níveis do mar chegaram a ser uma ordem de grandeza mais rápidas que as verificadas desde o século XIX.

Entre 12.900 e 11.600 anos atrás, no período frio denominado Dryas Recente, as temperaturas caíram cerca de 8°C em menos de 50 anos e, ao término dele, voltaram a subir na mesma proporção, em pouco mais de meio século.

Quanto ao nível do mar, ele subiu cerca de 120 metros, entre 18.000 e 6.000 anos atrás, o que equivale a uma taxa média de 1 metro por século, suficiente para impactar visualmente as gerações sucessivas das populações que habitavam as margens continentais. No período entre 14.650 e 14.300 anos atrás, a elevação foi ainda mais rápida, atingindo cerca de 14 metros em apenas 350 anos - equivalente a 4 m por século.

Por conseguinte, as variações observadas no período da industrialização se enquadram, com
muita folga, dentro da faixa de oscilações naturais do clima e, portanto, não podem ser atribuídas ao uso dos combustíveis fósseis ou a qualquer outro tipo de atividade vinculada ao desenvolvimento humano.

Tais dados representam apenas uma ínfima fração das evidências proporcionadas por, literalmente, milhares de estudos realizados em todos os continentes, por cientistas de dezenas de países, devidamente publicados na literatura científica internacional. Desafortunadamente, é raro que algum destes estudos ganhe repercussão na mídia, quase sempre mais inclinada à promoção de um alarmismo sensacionalista e desorientador.
 
2) A hipótese "antropogênica" é um desserviço à ciência:
A boa prática científica pressupõe a busca permanente de uma convergência entre hipóteses e evidências. Como a hipótese do aquecimento global antropogênico (AGA) não se fundamenta em evidências físicas observadas, a insistência na sua preservação representa um grande desserviço à ciência e à sua necessária colocação a serviço do progresso da humanidade.

A história registra numerosos exemplos dos efeitos nefastos do atrelamento da ciência a ideologias e outros interesses restritos. Nos países da antiga URSS, as ciências biológicas e agrícolas ainda se ressentem das consequências do atraso de décadas provocado pela sua subordinação aos ditames e à truculência de Trofim D. Lysenko, apoiado pelo ditador Josef Stálin e seus sucessores imediatos, que rejeitava a genética, mesmo diante dos avanços obtidos por cientistas de todo o mundo, inclusive na própria URSS, por considerá-la uma ciência "burguesa e antirrevolucionária".

O empenho na imposição do AGA, sem as devidas evidências, equivale a uma versão atual do"lysenkoísmo", que tem custado caro à humanidade, em recursos humanos, técnicos e econômicos desperdiçados com um problema inexistente.

Ademais, ao conferir ao dióxido de carbono (CO2) e outros gases produzidos pelas atividades humanas o papel de principais protagonistas da dinâmica climática, a hipótese do AGA simplifica e distorce um processo extremamente complexo, no qual interagem fatores astrofísicos, atmosféricos, geológicos, geomorfológicos, oceânicos e biológicos, que a ciência apenas começa a entender em sua abrangência.

Um exemplo dos riscos dessa simplificação é a possibilidade real de que o período até a década de 2030 experimente um considerável resfriamento, em vez de aquecimento, devido ao efeito combinado de um período de baixa atividade solar e de uma fase de resfriamento do oceano Pacífico (Oscilação Decadal do Pacífico, ODP), em um cenário semelhante ao verificado entre 1947-1976. Vale observar que, naquele intervalo, o Brasil experimentou uma redução de 10-30% nas chuvas, o que acarretou problemas de abastecimento de água e geração elétrica, além de um aumento das geadas fortes, que muito contribuíram para erradicar o café no Paraná. Se tais condições se repetirem, o País poderá ter sérios problemas, inclusive, nas áreas de expansão da fronteira agrícola das regiões Centro-Oeste e Norte e na geração hidrelétrica (particularmente, considerando a proliferação de reservatórios "a fio d'água",impostos pelas restrições ambientais).
A propósito, o decantado limite de 2°C para a elevação das temperaturas, que, supostamente, não poderia ser superado e tem justificado todas as restrições propostas para os combustíveis fósseis, também não tem qualquer base científica: trata-se de uma criação "política" do físico Hans-Joachim Schellnhuber, assessor científico do governo alemão, como admitido por ele próprio, em uma entrevista à revista Der Spiegel (17/10/2010).
 
3) O alarmismo climático é contraproducente:
O alarmismo que tem caracterizado as discussões sobre as mudanças climáticas é extremamente prejudicial à atitude correta necessária frente a elas, que deve ser orientada pelo bom senso e pelo conceito de resiliência, em lugar de submeter as sociedades a restrições tecnológicas e econômicas absolutamente desnecessárias.

No caso, resiliência significa a flexibilidade das condições físicas de sobrevivência e funcionamento das sociedades, além da capacidade de resposta às emergências, permitindo-lhes reduzir a sua vulnerabilidade às oscilações climáticas e outros fenômenos naturais potencialmente perigosos. Tais requisitos incluem, por exemplo, a redundância de fontes alimentícias (inclusive a disponibilidade de sementes geneticamente modificadas para todas as condições climáticas), capacidade de armazenamento de alimentos, infraestrutura de transportes, energia e comunicações e outros fatores.

Portanto, o caminho mais racional e eficiente para aumentar a resiliência da humanidade, diante das mudanças climáticas inevitáveis, é a elevação geral dos seus níveis de desenvolvimento e progresso aos patamares permitidos pela ciência e pela tecnologia modernas. Além disso, o alarmismo desvia as atenções das emergências e prioridades reais. Um exemplo é a indisponibilidade de sistemas de saneamento básico para mais da metade da população mundial, cujas consequências constituem, de longe, o principal problema ambiental do planeta.

Outro é a falta de acesso à eletricidade, que atinge mais de 1,5 bilhão de pessoas, principalmente, na Ásia, África e América Latina.

No Brasil, sem mencionar o déficit de saneamento, grande parte dos recursos que têm sido alocados a programas vinculados às mudanças climáticas, segundo o enfoque da redução das emissões de carbono, teria uma destinação mais útil à sociedade se fossem empregados na correção de deficiências reais, como: a falta de um satélite meteorológico próprio (de que dispõem países como a China e a Índia); a ampliação e melhor distribuição territorial da rede de estações meteorológicas, inferior aos padrões recomendados pela Organização Meteorológica Mundial, para um território com as dimensões do brasileiro; o aumento do número de radares meteorológicos e a sua interligação aos sistemas de defesa civil; a consolidação de uma base nacional de dados climatológicos, agrupando os dados de todas as estações meteorológicas do País, muitos dos quais sequer foram digitalizados.
 
4) A "descarbonização" da economia é desnecessária e economicamente deletéria:
Uma vez que as emissões antropogênicas de carbono não provocam impactos verificáveis no clima global, toda a agenda da"descarbonização" da economia, ou "economia de baixo carbono", se torna desnecessária e contraproducente - sendo, na verdade, uma pseudo-solução para um problema inexistente. A insistência na sua preservação, por força da inércia do status quo, não implicará em qualquer efeito sobre o clima, mas tenderá a aprofundar os seus numerosos impactos negativos.

O principal deles é o encarecimento desnecessário das tarifas de energia e de uma série de atividades econômicas, em razão de: a) os pesados subsídios concedidos à exploração de fontes energéticas de baixa eficiência, como a eólica e solar - ademais, inaptas para a geração elétrica de base (e já em retração na União Europeia, que investiu fortemente nelas); b) a imposição de cotas e taxas vinculadas às emissões de carbono, como fizeram a Austrália, sob grande rejeição popular, e a União Europeia, para viabilizar o seu mercado de créditos de carbono; c) a imposição de medidas de captura e sequestro de carbono (CCS) a várias atividades.
Os principais beneficiários de tais medidas têm sido os fornecedores de equipamentos e serviços de CCS e os participantes dos intrinsecamente inúteis mercados de carbono, que não têm qualquer fundamento econômico real e se sustentam tão somente em uma demanda artificial criada sobre uma necessidade inexistente. Vale acrescentar que tais mercados têm se prestado a toda sorte de atividades fraudulentas, inclusive, no Brasil, onde autoridades federais investigam contratos de carbono ilegais envolvendo tribos indígenas, na Amazônia, e a criação irregular de áreas de proteção ambiental para tais finalidades escusas, no estado de São Paulo.
 
5) É preciso uma guinada para o futuro:
Pela primeira vez na história, a humanidade detém um acervo de conhecimentos e recursos físicos, técnicos e humanos, para prover a virtual totalidade das necessidades materiais de uma população ainda maior que a atual. Esta perspectiva viabiliza a possibilidade de se universalizar - de uma forma inteiramente sustentável - os níveis gerais de bem-estar usufruídos pelos países mais avançados, em termos de infraestrutura de água, saneamento, energia, transportes, comunicações, serviços de saúde e educação e outras conquistas da vida civilizada moderna. A despeito dos falaciosos argumentos contrários a tal perspectiva, os principais obstáculos à sua concretização, em menos de duas gerações, são mentais e políticos, e não físicos e ambientais.
Para tanto, o alarmismo ambientalista, em geral, e climático, em particular, terá que ser apeado do seu atual pedestal de privilégios imerecidos e substituído por uma estratégia que privilegie os princípios científicos, o bem comum e o bom senso.
A conferência Rio+20 poderá ser uma oportuna plataforma para essa necessária reorientação.
 
Kenitiro Suguio
Geólogo, Doutor em Geologia Professor Emérito do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP). Membro titular da Academia Brasileira de Ciências
 
Luiz Carlos Baldicero Molion
Físico, Doutor em Meteorologia e Pós-doutor em Hidrologia de Florestas Pesquisador Sênior
(aposentado) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
Professor Associado da Universidade Federal de Alagoas (UFAL)
 
Fernando de Mello Gomide
Físico, Professor Titular (aposentado) do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA)
Co-autor do livro Philosophy of Science: Brief History (Amazon Books, 2010, com Marcelo Samuel Berman)
 
José Bueno Conti
Geógrafo, Doutor em Geografia Física e Livre-docente em Climatologia
Professor Titular do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP)
Autor do livro Clima e Meio Ambiente (Atual, 2011)
 
José Carlos Parente de Oliveira
Físico, Doutor em Física e Pós-doutor em Física da Atmosfera Professor Associado (aposentado) da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE)
 
Francisco Arthur Silva Vecchia
Engenheiro de Produção, Mestre em Arquitetura e Doutor em Geografia Professor Associado do Departamento de Hidráulica e Saneamento da Escola de Engenharia de São Carlos (USP)
Diretor do Centro de Recursos Hídricos e Ecologia Aplicada (CRHEA)
 
Ricardo Augusto Felicio
Meteorologista, Mestre e Doutor em Climatologia
Professor do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP)
 
Antonio Jaschke Machado
Meteorologista, Mestre e Doutor em Climatologia. Professor do Departamento de Geografia da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP)
 
João Wagner Alencar Castro
Geólogo, Mestre em Sedimentologia e Doutor em Geomorfologia Professor Adjunto do
Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Chefe do Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu Nacional / UFRJ
 
Helena Polivanov
Geóloga, Mestra em Geologia de Engenharia e Doutora em Geologia de Engenharia e Ambiental Professora Associada do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
 
Gustavo Macedo de Mello Baptista
Geógrafo, Mestre em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos e Doutor em Geologia
Professor Adjunto do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília (UnB)
Autor do livro Aquecimento Global: ciência ou religião? (Hinterlândia, 2009)
 
Paulo Cesar Soares
Geólogo,Doutor em Ciências e Livre-docente em Estratigrafia Professor Titular da UniversidadeFederal do Paraná (UFPR)
 
Gildo Magalhães dos Santos Filho
Engenheiro Eletrônico, Doutor em História Social e Livre-docente em História da Ciência e
Tecnologia Professor Associado do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP)
 
Paulo Cesar Martins Pereira de Azevedo Branco
Geólogo, Pesquisador em Geociências (B-Sênior) do Serviço Geológico do Brasil - CPRM
Especialista em Geoprocessamento e Modelagem Espacial de Dados em Geociências
 
Daniela de Souza Onça
Geógrafa, Mestra e Doutora em Climatologia
Professora da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)
 
Marcos José de Oliveira
Engenheiro Ambiental, Mestre em Engenharia Ambiental e Climatologia Aplicada
Doutorando em Geociências Aplicadas na Universidade de Brasília (UnB)
 
Geraldo Luís Saraiva Lino
Geólogo, coeditor do sítio Alerta em Rede
Autor do livro A fraude do aquecimento global: como um fenômeno natural foi convertido numa falsa emergência mundial (Capax Dei, 2009)
 
Maria Angélica Barreto Ramos
Geóloga, Pesquisadora em Geociências (Senior) do Serviço Geológico do Brasil - CPRM
Mestre em Geociências - Opção Geoquímica Ambiental e Especialista em Geoprocessamento eModelagem Espacial de Dados em Geociências Com informações do Diário do Vale.

***

Marcadores:

MARKETING NO CÓDIGO FLORESTAL

DEU NA FOLHA:
Fernando Rodrigues
O veto do marketing
BRASÍLIA - O PT está no poder há nove anos, quatro meses e 26 dias. Não há razão objetiva para um governo, qualquer governo, com todo esse tempo não ter até hoje aprovado uma boa lei para regular de maneira ampla a área ambiental.
Ontem, ministros circunspectos apareceram em uma entrevista para dizer que a presidente Dilma Rousseff tinha vetado 12 pontos do Código Florestal aprovado pelo Congresso. Uma medida provisória será baixada na segunda-feira para tapar os buracos e o vácuo legal produzidos pelos trechos suprimidos da lei.
As MPs só são permitidas quando editadas sobre temas de relevância e urgência para o país. O PT ficou nove anos, quatro meses e 26 dias e não houve urgência. Agora há? Eis aí uma pergunta para os deputados e os senadores responderem.
Na apresentação de ontem, até com projeção de slides, a titular da pasta do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que o objetivo dos 12 vetos foi "não anistiar o desmatador, preservar os pequenos proprietários e responsabilizar todos pela recuperação ambiental". Vale outra pergunta: se o Planalto tem uma base de apoio tão ampla no Congresso, por que não disse a esses deputados e senadores quais eram as diretrizes a serem seguidas quando o Código Florestal foi votado?
Quem sempre vê o copo mais cheio do que vazio poderá considerar a decisão de Dilma tardia, mas adequada. Os pessimistas dirão que a presidente errou ao não vetar por completo o Código Florestal.
No fundo, a régua e o compasso usados nos 12 vetos de Dilma atendem pelo nome de marketing. O Planalto precisava dar uma resposta pública antes da Rio+20, conferência da ONU agora em junho.
Nada como fazer uma MP prometendo um mundo perfeito sabendo que não dará tempo para o assunto ser votado. Passada a Rio+20, a tensão cai e o interesse do Planalto volta ao nível normal.

***

sexta-feira, maio 25, 2012

COLUNA DO SPC NO JORNAL A GAZETA

Mazen: juventude e renovação política


Pré-candidato a prefeito, o médico Mazen Haidar (PP) está consolidando sua candidatura de forma segura e promissora, sem alardes; candidatura cada dia mais fortalecida pela adesão espontânea de pessoas que veem no jovem médico uma alternativa de poder, a fim de renovar o viciado quadro político de Itapeva. A sua entrevista, neste semanário, com foto ao lado da esposa e do deputado Paulo Maluf, presidente do PP, foi uma forma de acabar com boatos de que ele não teria legenda, acabando com o sonho do prefeito Cavani de ter candidato único. Mazen reafirmou, na entrevista, a sua intenção de fazer uma campanha limpa, sem baixarias ou de ataques à administração do prefeito em exercício. Isso é bom, falta combinar com os adversários.

Numa situação, democraticamente adversa, em que um prefeito em fim de mandato tem o desplante de pedir para um candidato da oposição (PMDB) escafeder-se da disputa, é politicamente salutar e refrescante poder contar com um candidato, como o Mazen, que não teme cara feia e não precisa dar satisfação a nenhum prefeito órfão da ditadura militar, pois tem independência política e financeira, portanto, sua campanha não depende de financiadores, que, após as eleições, vão ao candidato eleito cobrar o retorno do capital investido, quando então começam os negócios escusos.
Políticos viciados na mesmice

Está na hora de Itapeva renovar seu quadro político, chega dos mesmos. As eleições estão aí, excelente oportunidade para dar uma chacoalhada na Câmara e renovar, pelo menos, 80% dos vereadores, senão todos. Há muito venceu o prazo de validade desses dez vereadores e eles perderam força de ação, não têm planos nem projetos para a cidade, também não conseguiram se livrar da influência do prefeito, estão viciados em prefeito, por isso, tudo indica que não irão mudar de conduta no futuro. Bons nomes não faltarão na próxima eleição, portanto, cabe ao eleitor decidir certo, decidir pela renovação, pois pior do que está não fica. Não reeleja vereador.

Candidato da “panelinha”

Para quem não sabe, houve um tempo que era comum na imprensa a expressão “panelinha”, se referindo a um restrito grupo de pessoas, atrelado ao poder Executivo, principalmente Prefeitura, para de comum acordo, e na maior sem-vergonhice, desviar dinheiro dos cofres públicos. A expressão é antiga, mas a formação de “panelinhas” nas prefeituras é atual e corriqueira. Por isso, nesta eleição, o eleitor deve tomar cuidado com o candidato que tenha o apoio do prefeito, e que prometa continuar a sua obra, pois corre o risco, involuntário, de ajudar a manter a “panelinha” na prefeitura. Como o prefeito tem a força da máquina, o seu candidato sempre sai em vantagem, em relação aos demais concorrentes, mas cabe ao eleitor corrigir essa distorção ilegal e malandra, que vem eternizando as “panelinhas” e a corrupção municipal em todo o País.

Exemplos animadores

Em toda eleição bate uma vontade incontrolável de relembrar o fato de que nem sempre quem está em vantagem nas pesquisas iniciais de intenção de votos, irá ganhar a eleição. A rejeição, muitas vezes, acaba com o sonho, e que quem está em último pode ser o primeiro, parafraseando um ensinamento do Mestre. São inúmeros os exemplos em que o candidato que estava na rabeira, no início, dá volta por cima e vence. Numa das eleições para governador, Mário Covas, nas pesquisas, estava atrás de Paulo Maluf e Francisco Rossi, este liderava com 40%; Fernando Collor com 8%, atrás de Brizola, Maluf e Lula; Armandinho com 12%, Humbertinho com 42%. Portanto, sondagem pré-eleitoral é só uma avaliação passageira, nunca indicativo de vitoria ou derrota. Bons ou maus índices em pesquisas iniciais de campanha não quer dizer nada, o que conta é o seu desenrolar, então, pouco valem os altos índices de “laranjas” afoitos. Xô, Xô.

***

sexta-feira, maio 18, 2012

COLUNA DO SPC N O JORNAL A GAZETA

PMDB bonito na foto                                 

            O risonho presidente do PMDB de Itapeva, Jeferson Modesto (Jé) tem grande prestígio junto à cúpula do partido, em São Paulo, fotos suas com figurões: Paulo Skaff, Michel Temer, Baleia Rossi provam que ele é respeitado na Capital. Mas é respeitado só na capital, pois em Itapeva quem manda no partido é o prefeito Cavani (PSDB), que, na maior cara de pau e desfaçatez, foi ao escritório do Juninho da Bauma (único candidato viável do PMDB) falou grosso e mandou o Juninho cair fora. Diante disso o que fez o presidente do partido? Nada. Não deu um pio, nem uma notinha de repúdio em seu jornal. Os peemedebistas se calaram de medo do prefeito!! Cadê aquele PMDB corajoso, soberano, que lutou bravamente contra ditadura pela redemocratização do País? Acabou?  Agora baixa a cabeça até para um reles prefeito megalomaníaco? 

            Qual é o outro candidato “próprio” do PMDB? O povo e a cúpula de figurões de São Paulo quer saber. Se o “laranja” for o vereador Roberto Comeron, tudo bem, esse o prefeito aceita, pois se sabe que ele admira o Cavani desde o tempo em que seu patrão era o Paulo Silva. Por isso acredita-se que o PMDB, nesta eleição, vai fazer o mesmo que fez o PSDB do Tarzan, na campanha de 2004, quando lançou Paulo Daudone a fim de eleger vereadores. Uma vergonha! Todo mundo se acovardando. Pobre Itapeva.

       Suspeitas “esquecidas”

Em sua primeira gestão o prefeito Cavani (PSDB) se viu às voltas com várias denúncias de malfeitos, graças ao empenho de cidadãos vigilantes. Houve aquela do caminhão “fantasma” da empresa do prefeito (lembram-se?), pintado de branco, sem identificação, despejando concreto em obras públicas de Itapeva; aqueloutras da Controladoria-geral da União (CGU) sobre licitações suspeitas em estradas de Ribeirão Branco; a prestação de contas irregular das festas de aniversário da cidade (FAI); aquisição de apostilas pela Secretaria de Educação de duas empresas de Curitiba, cujo histórico tem inúmeras contestações em vários municípios por licitações suspeitas, uma compra milionária que o vereador Roberto Comeron (PMDB) denunciou na Câmara, pedindo uma CEI a fim de abrir a “caixa preta” da Educação. Porém, o vereador esquecera-se de que tinha mudado de patrão, que ele não era mais oposição, e aí, para remediar a situação, ele entregou a “batata quente” para o Ministério Público e a denúncia hoje dorme nos arquivos de aço do MP. Exigência do prefeito, comenta-se.

Agora, o Legislativo. A licitação para a construção do prédio da Câmara ganhou a empresa Rônega, com o preço de R$ 1.481.340,22, valor que subiu astronomicamente com os aditivos, fala-se em cerca de R$ 6 milhões! O Tribunal de Contas apontou graves irregularidades no contrato, mas, até agora, nenhum vereador, representante do povo, questionou o caso. Somente a vereadora Áurea (PV) intentou, no início, apurar a razão da alta astronômica, mas por alguma razão especial desistiu. Lamentável.

O prédio da Câmara era um sonho de marajá do doutor Ulysses, que, após eleito, se empenhou para construir. Mas desde a elaboração do projeto, na presidência do vereador Ulysses, houve suspeita de irregularidades em que se questionava o valor pago (20 mil reais) ao desenhista do projeto (parente do vereador), além de outras questões como as normas da licitação e a idoneidade da empresa ganhadora. Mas o prestígio do doutor Ulysses, o prefeito e a turma do “deixa disso” calaram os mais indignados e tudo foi esquecido.  Ao assumir a Presidência da Câmara, Paulo de La Rua concluiu a obra e o custo foi para as nuvens. Portanto, faz-se necessário que o Presidente da Câmara preste contas, publicamente, dos gastos com o extravagante Palácio Legislativo, para que não pairem suspeitas sobre ele de malversação de dinheiro público.

Atenção. Desde ontem está em vigor a lei federal 12.527/2011, que garante a qualquer cidadão amplo acesso a informações dos poderes públicos, federal, estadual e municipal. Se você desconfia de roubalheira na Prefeitura ou na Câmara, pode pedir documentos a respeito. Pra saber como se faz consulte um vereador, ele explica.

***

domingo, maio 13, 2012

Julgar o mensalão



Supremo Tribunal Federal tem a responsabilidade de concluir em 2012 processo sobre o maior escândalo político em duas décadas



Editorial da Folha de SP de 13-5-12


Foram necessárias mais de cem páginas para o ministro Joaquim Barbosa reduzir ao essencial, em relatório divulgado na quinta-feira, o processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF).
Apesar de longo, o documento resulta de um considerável esforço de concisão e objetividade.
O processo, que examina o maior escândalo político ocorrido no
país depois do Collorgate (1992), acumulou cerca de 70 mil páginas, distribuídas em 147 volumes e 173 apensos. Mais de 600 testemunhas foram arroladas pela defesa -meia centena de advogados.
Dos 40 envolvidos, apenas quatro tiveram, até agora, dissipadas as ameaças de sofrer condenação.
Por falta de provas, Luiz Gushiken, ministro das Comunicações no governo Lula, e Antônio Lamas, irmão do então tesoureiro do PL, Jacinto Lamas, tiveram a absolvição pedida pelo Ministério Público Federal. O secretário-geral do PT na época do escândalo, Sílvio
Pereira, fez acordo e aceitou prestar serviços comunitários. José Janene, deputado federal pelo PP, morreu em 2010.
Acusados de crimes como corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, peculato (desvio de bens por funcionário público), formação de quadrilha ou gestão fraudulenta de instituição bancária, restam nomes célebres, e outros nem tanto, dentro e fora da hierarquia petista.
Passados sete anos, muitos detalhes do escândalo se esvaem da memória geral. O relatório do ministro Barbosa, sumarizando os argumentos da acusação e da defesa, repõe o caso nos seus devidos -e espantosos- termos.
Não se tratou, em absoluto, de um simples episódio de "recursos não contabilizados", ou caixa dois, com sobras de uma campanha política sendo distribuídas informalmente a membros de uma coalizão política.
Tal versão, veiculada insistentemente pelas áreas do PT mais implicadas no escândalo, já seria por si só desmoralizante, em se tratando de um partido que por tanto tempo prometera introduzir novos padrões éticos na política brasileira.
Bem mais do que isso, entretanto, veio à luz com o mensalão -e será relembrado durante o julgamento do caso pelo STF.
Um partido, o PT, recebe empréstimos bancários sem apresentar em troca as necessárias garantias legais. Os empréstimos, segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República, eram a fachada para um esquema mais complexo.
Resultavam das operações comandadas pelo publicitário Marcos Valério, em troca de vantagens obtidas de setores do poder petista. A saber, o favorecimento de suas agências publicitárias em contratos com o Banco do Brasil e a Câmara dos Deputados, cujo presidente na época, o petista João Paulo Cunha, de acordo com a peça de acusação, se beneficiou de R$ 50 mil sacados em espécie.
Ainda segundo a denúncia, os favores oferecidos por Marcos Valério não serviram apenas para o caixa petista ou para interesses pessoais de membros do partido (por exemplo, a concessão de um empréstimo à ex-mulher do então ministro José Dirceu).
Deputados de outros partidos da base aliada beneficiaram-se de ajuda financeira para, em tese, votar favoravelmente ao governo.
Dois argumentos em defesa dos envolvidos não cessam de ser postos em circulação -e se notabilizam pela fragilidade.
Sustenta-se, por exemplo, que "não existiu o mensalão", porque não tinham regularidade mensal as doações aos deputados. Uma vez que estes já pertenciam à base aliada, acrescenta-se, não era necessário corrompê-los com doações diretas em dinheiro.
Esses e outros argumentos, relativos por exemplo à ausência de irregularidade na prática dos contratos publicitários, serão examinados pelos ministros do STF por ocasião do julgamento.
Com o relatório de Joaquim Barbosa, cabe agora ao ministro Ricardo Lewandowski, no papel de revisor, dar andamento ao processo.
Como se sabe, o STF corre contra o tempo. Alguns dos crimes, como peculato e evasão de divisas, poderão prescrever (coisa que depende da pena que será efetivamente aplicada pelo STF).
No cenário mais favorável aos réus, mesmo a acusação de corrupção ativa, uma das que pesam contra José Dirceu e outros dirigentes petistas, como Delúbio Soares e José Genoino, já estaria em risco. O mesmo raciocínio se aplicaria ao crime de corrupção passiva, de que são acusadas figuras como João Paulo Cunha, Roberto Jefferson e Valdemar da Costa Neto.
Não se leva em conta, num processo jurídico, mais do que a letra dos autos. Está no âmbito da subjetividade de cada ministro, todavia, avaliar o quanto são suficientes os indícios de envolvimento de cada acusado.
Pesam nisso, sem dúvida, inclinações políticas individuais e as pressões contraditórias do mundo político e da opinião pública.
Tratando-se de julgamento em corte colegiada, com ampla oportunidade de defesa, é de esperar que haja equilíbrio na decisão final.
O que mais importa, num caso que se arrasta há tanto tempo, é que possa ser julgado o mais breve possível -a menos que se queira, pelo mecanismo da prescrição, dar a muitos dos envolvidos a vantagem da impunidade, ao mesmo tempo em que persiste o descrédito que, com tantas evidências acumuladas, fizeram por merecer na opinião pública.
***

NOSSA PÁGINA NO FACEBOOK: http://www.facebook.com/profile.php?id=100002651355455&ref=tn_tnmn

Marcadores:

quinta-feira, maio 10, 2012

COLUNA DO SPC NO JORNAL A GAZETA
Justiça aceita agrados da Câmara

A Câmara Municipal, em 23 de abril p.p., concedeu títulos honoríficos a dois jovens representantes da Justiça de Itapeva, digníssimo promotor público doutor Hélio Dimas de Almeida Jr. e meritíssimo juiz de direito doutor Rodrigo Vieira Murat. Duas homenagens mais que merecidas, porquanto, ambos vêm desempenhando, com presteza e imparcialidade ímpares, seus papeis de lídimos cumpridores da lei, mesmo quando os denunciados são vereadores. Portanto, nada há que os desabone no nobre mister de fazer cumprir os códigos, cível e eleitoral.

Entretanto, perante a opinião pública, essa homenagem pareceu um tanto suspeita, capciosa, por parte da edilidade, uma forma sub-reptícia e pretensiosa de “amaciar” os nobres guardiões da lei, pois se sabe, através da imprensa, de vereadores indiciados pelo Ministério Público por improbidade e infidelidade partidária; o próprio Presidente da Câmara, Paulo de La Rua, é vice-campeão de processos contra ele no MP, e só perde para o prefeito Cavani. Por isso, pegou mal o agrado dos envolvidos.

No entendimento popular, tanto o promotor como o juiz não deviam ter aceitado as homenagens, pelo menos, enquanto perdurassem as ações contra aqueles que faziam as homenagens, face à perspectiva de que eles podiam ser coagidos, pela emoção, a condescender em suas decisões no caso de ser o réu vereador ou prefeito.  

Este escriba crepuscular por três vezes rejeitou convite de vereadores para ser homenageado pela Câmara, porque, na ocasião, falaram mais alto a sua independência e credibilidade, pois quem tem o dever de ofício de opinar (ou de julgar), deve tomar cuidado com homenagens suspeitas, que podem comprometer-lhe a isenção, pois a vaidade é uma armadilha emocional que pega até os mais precavidos. Alea jacta est.

Gente nova no pedaço

Com a intempestiva e inexplicável renúncia do empresário Juninho da Bauma (PMDB) à sua candidatura a prefeito, exigida temerariamente pelo prefeito Luiz Cavani (PSDB), a oposição ficou reduzida, por enquanto, a dois virtuais candidatos ao cargo: Diclei Mendes Santos (PRB) e Mazen Haidar (PP). Outros ainda podem aparecer.

Diclei da Farmácia, como é mais conhecido, vem trabalhando sua candidatura com estilo próprio, ou seja, uma vez por mês ele reúne amigos num convescote em sua chácara, onde são servidos salgadinhos, cerveja e refrigerantes; em contrapartida os amigos levam pacotes de arroz, feijão, litro de óleo e leite, para distribuir aos pobres, sem mencionar, ele garante, que a caridade tem fins eleitorais. Também distribuiu na cidade folhetos com a genealogia de sua família e, recentemente, um com fotos do Chimitão e Cícero Marques, na campanha de 68. Convenhamos que sua estratégia de marketing eleitoral seja bastante singular, inédita nos anais das campanhas políticas. Ainda não se sabe de seus contatos políticos para eventuais coligações. Aguardemos.

Mazen Haidar optou pelo estilo tradicional ao se reunir, inicialmente, com presidentes de partido e correligionários em restaurantes, onde rolava pizza, cervejinhas e refrigerantes, contudo, aconselhado por amigos, agora suas reuniões são a seco, quer dizer, nada de bebidas, só água mineral. Portanto, quem não quiser passar fome, tem que jantar antes de ir para as reuniões (pode levar lanche, se quiser). Incansável, ele tem ido atrás de apoios político-partidários e, curiosamente, já contabiliza, entre seus virtuais aliados, partidos de esquerda e de centro como o PT, PC do B, PSB, PTB dentre outros que, contatados, ainda não se pronunciaram. Como divulgação visual, há apenas fotos dele e da esposa Patrícia, em propagandas profissionais, cartazes, lista telefônica e aparições esporádicas na TV Tem. Nada que o comprometa perante da lei eleitoral.

Aviso aos navegantes: Mazen é candidato da oposição, pra valer, não é de lua e não tem medo dos arreganhos de Luiz Cavani. Consta que não tem o rabo preso com ninguém, sendo o mais cotado para encarar o protegido do prefeito. Oremos.
***

segunda-feira, maio 07, 2012

Agricultura de precisão ganha espaço
Agricultura de precisão em alta no país
Autor(es): Carine Ferreira | De São Paulo
Valor Econômico - 07/05/2012
 

Regras socioambientais mais rígidas e espaço limitado para expansão de cultivos deram novo status à agricultura de precisão. Pesquisadores estimam que 20% das lavouras de grãos do Cerrado, que estão entre as mais mecanizadas, são conduzidas com base na atividade, que inclui gestão, técnicas e mecanização. Um dos termômetros da tendência é o crescimento de empresas que fazem mapas para apontar os locais que mais precisam de insumos e das consultorias que auxiliam os clientes na compra de equipamentos. Cresceram as vendas de tratores e colheitadeiras com computador de bordo e piloto automático

A valorização das principais commodities agrícolas na última década e a necessidade de se ampliar a produção com regras socioambientais mais rígidas, menos desperdício e espaço limitado para a expansão dos cultivos conferiram um novo status à agricultura de precisão no país.
Ainda que não existam estatísticas sobre a área ocupada por esse conjunto formado por gestão, técnicas e equipamentos, pesquisadores estimam que 20% das lavouras de grãos do Cerrado brasileiro, que estão entre as mais mecanizadas, já são conduzidas com base nesses princípios. Mas em praticamente todas as cadeias agrícolas é possível notar avanços nesse sentido.
Afinal, aumentar a eficiência com manejo diferenciado e com a aplicação de insumos como fertilizantes e defensivos no local correto, no momento adequado e nas quantidades necessárias também tem impacto direto nas rentabilidades dos produtores e em seus investimentos. Só a adubação chega a representar cerca 40% dos custos agrícolas de uma propriedade.
Apesar das incertezas que cercam a economia global, mas estimulado pelas perdas provocadas pela estiagem em lavouras de soja e milho na região Sul na safra 2011/12, o mercado para a agricultura de precisão deverá continuar em expansão neste e nos próximos anos, segundo especialistas. Um dos termômetros dessa tendência é a Infoagri, que faz mapas das lavouras para indicar quais locais precisam de mais insumos. Após ter crescido 15% em 2011, a empresa, que atua sobretudo no noroeste de Mato Grosso, deve elevar em 10% sua área de prestação de serviços em 2012, para 44 mil hectares.
A Infoagri divide as lavouras de seus clientes em pequenas "células", para ter uma visão exata de quais as áreas que precisam de mais nutrientes. A partir daí faz uma amostragem e classifica, em laboratório, as "zonas de manejo" da propriedade. Esse serviço custa, em média, R$ 24 por hectare, mas a empresa afirma que a economia na aplicação de insumos pode atingir de 20% a 25%.
De acordo com o engenheiro agrônomo Luciano Oliveira de Resende, dono da empresa criada em 2005, seus negócios vêm sendo impulsionados pela valorização da soja e porque no noroeste mato-grossense, as produtividades médias do grão devem ser menores por causa de doenças, pragas e da própria baixa fertilidade do solo.
Acosta, da Drakkar: empresa registra crescimento médio de 50% ao ano
Resende e outros empresários acreditam que será possível acelerar o ritmo de crescimento das companhias do setor nos próximos anos, mas para isso o mercado ainda tem de amadurecer mais. Para José Paulo Molin, professor da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq/USP), a evolução do mercado como um todo ainda esbarra na falta de informação e na escassez de mão-de-obra preparada para lidar com todo o processo. Além disso, o custo para implementar a tecnologia torna os investimentos mais polpudos nas safras mais rentáveis para o produtor.
Apesar das ressalvas, a Drakkar, que presta consultoria e auxilia seus clientes na compra de equipamentos, informa que conseguiu crescer 50% ao ano nos últimos cinco anos. Alan Acosta, sócio-diretor da empresa, diz que mais de 90% de seus clientes vão utilizar a agricultura de precisão este ano. No mercado há seis anos, a Drakkar atua em cerca de 200 mil hectares no Rio Grande do Sul, um dos pioneiros na utilização dessas tecnologias. E deve passar para 240 mil hectares em 2012. As áreas, diz Acosta, têm de ser "diagnosticadas" a cada três anos. A Drakkar mapeia cada 1,5 hectare de uma propriedade. O serviço custa entre R$ 50 e R$ 80 por hectare.
Segundo Acosta, os aumentos de produção com a agricultura de precisão são superiores a 30%. "Costumamos dizer que a agricultura de precisão é a terceira grande revolução na agricultura da nossa geração, antecedida pelos transgênicos e pelo plantio direto", diz.
Também é positivo o cenário traçado pelas indústrias fabricantes de máquinas com tecnologias para agricultura de precisão. É o caso, por exemplo, de tratores e colheitadeiras com piloto automático e computador de bordo. A Case New Holland, da CNH, tem como meta quase dobrar a quantidade de tecnologias oferecidas nos equipamentos em relação a 2011.
Mais de 2 mil máquinas comercializadas neste ano sairão de fábrica com sistema de agricultura de precisão, incluindo desde o piloto automático até monitores de produtividade em colheitadeiras. No ano passado, foram 1,3 mil máquinas. Segundo a empresa, os produtores também vão adquirir outros kits avulsos para colocar nas máquinas que já utilizam.
Gregory Riordan, responsável por agricultura de precisão da Case New Holland, diz que o uso das tecnologias já está migrando de máquinas maiores para menores. Um piloto automático que antes era usado somente por tratores com potência acima de 220 cavalos, hoje já é adaptado para modelos com 120 cv. E a tendência é de que, em pouco tempo, migre para tratores menores ainda. Mas são equipamentos mais caros. Um pulverizador com piloto automático e controle de seção custa 20% ou 30% mais do que um convencional. Bem utilizado, porém, ele dará retorno, garante Riordan.
Também fabricante de máquinas, a gaúcha Stara quer elevar as vendas de equipamentos com tecnologia para agricultura de precisão de 3 mil, em 2011, para 4 mil este ano. A empresa fornece desde equipamentos mais simples, que custam R$ 5 mil, até máquinas mais complexas, vendidas por cerca de R$ 500 mil. É o caso do pulverizador auto-propelido, que joga defensivos e tem um sensor que lê a folha da planta e informa a necessidade de aplicação dos insumos. A Stara vende 16 produtos diferentes para agricultura de precisão. E deve lançar em 2013 uma nova máquina capaz de fazer a leitura do solo em tempo real.
Hoje, a agricultura de precisão representa de 25% a 30% do faturamento da empresa, que foi de R$ 560 milhões no ano passado e deve chegar a R$ 720 milhões em 2012. Eder Sepulveda, gerente de manejo avançado da Stara, acredita que diante da seca no Sul do país, o produtor pode aumentar ou pelo menos manter a produtividade com uso desse tipo de tecnologia.
***

Marcadores:

quinta-feira, maio 03, 2012

COLUNA DO SPC NO JORNAL A GAZETA



Atitude ridícula do prefeito Cavani
            A atitude antidemocrática, autoritária e malandra do prefeito Luiz Cavani (PSDB) em negociar a desistência do virtual candidato mais forte da “oposição”, causou indignação e surpresa naqueles que tinham o Juninho da Bauma (PMDB) na conta de homem sério, responsável e dono de seu nariz. Para os que acompanhavam de perto a conduta volúvel do empresário de se dizer candidato, mas sempre deixando dúvida se era pra valer ou não, de acordo com as fases da lua, já era indício de que por trás do simpático Juninho da Bauma havia um empresário esperto interessado em valorizar seu passe a fim de levar vantagem na política. E parece que conseguiu. 
            Cumprindo meu dever de ofício de escriba crepuscular fui para as ruas ouvir a opinião de políticos sobre o que teria havido para o Juninho “mijar pra trás”, desistir de sua candidatura a prefeito no dia seguinte que afirmou, em entrevista à imprensa, que era candidato para valer, até esboçando um plano de governo. Qual ameaça, ou proposta de vantagem, teria feito o prefeito Cavani para o Juninho desistir? As respostas foram as mais diversas, mas todas convergindo para a mesma opinião, o empresário dos minérios e da construção civil, olhou apenas seu interesse pessoal e empresarial sem se importar com Itapeva, cidade que ele diz amar tanto e que iria ajudar se fosse eleito.
Vamos apresentar só as declarações mais sérias, descartando às que se referem ao empresário com palavras de baixo calão e marotagens. Eis as respostas:
1 - O PMDB, partido fisiológico (aquele que só faz política para levar vantagens com cargos e sinecuras), negociou a renúncia e um acordo de adesão a qualquer que fosse o candidato do prefeito a troco de cargos e, no caso do Juninho, de bons negócios;
2 - O prefeito Cavani teria com ele documentos comprometedores contra o Juninho e usou isso para assustá-lo e conseguir sua desistência;
3 – Que o empresário estaria “enterrado” em impostos estaduais e que o prefeito, sendo do PSDB, teria prometido ajudá-lo a resolver se desistisse da candidatura;
4 - A cúpula do PMDB teria feito acordo com o prefeito Cavani para “ocupar” temporariamente o lugar de oposição com candidato forte, a fim de desencorajar outros candidatos a se lançarem numa eleição “arriscada”, favorecendo, assim, o seu candidato. Depois o PMDB lançaria um candidato “laranja”, a fim de eleger vereadores e dar apoio ao futuro prefeito, para continuar, como até hoje, sem oposição na Câmara;
5 - Que o prefeito Cavani teria informações de que, em breve, a candidatura de Paulo de La Rua (PSDB) seria impugnada e doutor Rossi, o seu homem de confiança, seria o substituto. Mas o Rossi seria um candidato politicamente “fraco” e podia perder a eleição para o Juninho, acabando com o sonho do prefeito Cavani de continuar no controle da Prefeitura. Aí, ele não vacilou, foi até o candidato e exigiu a renúncia.
Como se vê, ninguém acreditou na versão do Juninho de que sua renúncia foi devido à amizade com Cavani e dos apelos da família. Como pode uma pessoa, respeitável, afirmar uma coisa hoje e negar dois dias depois? Ninguém é tolo.
Infelizmente, o prefeito Cavani tomou uma atitude direitista e rasteira ao induzir um candidato oposicionista à renúncia, mesmo sendo seu amigo. Há quem diga que o prefeito fez isso levado pelo desespero de perder sua influência na nova Administração, pois ele e seus secretários devem ter muitas coisas a encobrir, então, elegendo o seu candidato ele dormiria tranquilo. Ledo engano. Se for o Paulinho prefeito, ele vai cair do cavalo, porque o espanholzinho, como uma estrela cadente, é imprevisível.
Cavani e Juninho são exemplos tristes da truculência e da subserviência humanas de dois políticos que deviam, pelo menos, se dar o respeito, já que não respeitam a opinião pública e os destinos de sua terra querida. Uma vergonha.

***
NOSSA PÁGINA NO FACEBOOK: http://www.facebook.com/profile.php?id=100002651355455&ref=tn_tnmn

terça-feira, maio 01, 2012

Ilusão agrária
 
Terça, 01 de Maio de 2012, 03h07

XICO GRAZIANO, agrônomo, foi secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo; e-mail: xicograziano@terra.com.br Reflexão para o Dia do Trabalho: o trabalhador rural prefere um pedaço de terra para cultivar ou um bom emprego com salário fixo? A pergunta remete a um velho dilema da reforma agrária, resvalando na qualidade dos assentamentos rurais. Entenda o porquê.

Quem primeiro levantou a questão, há quase 50 anos, foi o historiador Caio Prado Júnior. Em seu livro A Revolução Brasileira (Brasiliense, 1966), ele criticou os comunistas que justificavam a reforma agrária a partir da Revolução Francesa (1789-1799), quando os camponeses tomaram as terras feudais. Ao se transformarem em agricultores livres, porém, eles fortaleceram a base do capitalismo, não do socialismo. Ironia da História.

A polêmica fundamentava-se no fato de que, no Brasil, a realidade era distinta daquela vivida no Velho Mundo. Aqui, a maioria dos trabalhadores rurais estava empregada na exploração latifundiária - do açúcar, do café, do cacau -, ou seja, eram assalariados, não camponeses puros. O foco das suas reivindicações, portanto, mirava a melhoria das condições de emprego e salário. Não a terra.

A discussão acabou amordaçada pelo golpe militar de 1964. Passaram-se os anos do chamado "milagre econômico". Esquecida por uns tempos, a reforma agrária voltou à agenda nacional após a redemocratização, trazendo uma importante diferença: havia-se transformado em proposta de política social, não de desenvolvimento econômico. Com respaldo da Teologia da Libertação, tornou-se um dogma. Ninguém a contestava.

Vieram as invasões de terras e o distributivismo agrário se impôs. Desgraçadamente, todavia, fraquejou naquilo que deveria ser a sua maior proeza: garantir qualidade de vida aos beneficiários. Arregimentando os excluídos das grandes cidades, apenas mudou a pobreza de lugar. Verdadeiras favelas surgiram espalhadas pelos campos.

Curiosamente, sempre o governo, e nunca o modelo, acabou sendo culpado pelo fracasso dos assentamentos rurais. Esse é o ponto central. Ao contrário de antigamente, quando a conquista da terra abria facilmente a porta da vitória, na sociedade atual a produção agrícola pode levar não à felicidade, mas ao martírio do lavrador. Antes, uma enxada e vontade de trabalhar garantiam o progresso familiar; hoje, os requisitos da tecnologia e os mercados competitivos exigem qualificação, e esta segrega contra a simplicidade.

A prova cabal da complexidade da produção rural pode ser buscada nas difíceis condições de existência dos milhões de pequenos agricultores brasileiros. Filhos e netos dos sitiantes tradicionais, eles sofrem na dura labuta para tirar o sustento dos filhos e viver com dignidade. Pragas e doenças atacam suas lavouras e ameaçam suas criações, a conta dos insumos nunca fecha, a seca rouba produtividade, o banco bate-lhes à porta.

Basta conversar com os agricultores familiares - os verdadeiros trabalhadores com terra do Brasil - para descobrir os seus desafios. Ganhar dinheiro na roça não está para qualquer um. Ainda mais sendo pequeno produtor. Isolado, então, nem pensar. A integração na cadeia produtiva - a parceria com a agroindústria, dentro da cooperativa e na turma do bairro - é exigência básica para vencer as barreiras da comercialização. Senão, produz e não acha quem lhe pague pela venda.

O pecado capital da reforma agrária, ao se pretender contemporânea, foi achar que poderia transformar desempregados urbanos em prósperos agricultores. Utopia urbana, não vingou. Os poucos assentamentos rurais vitoriosos advieram de locais onde os produtores já de antemão cultivavam, como ocupantes ou parceiros, as áreas desapropriadas. Assemelhados aos camponeses europeus, esses conheciam, nos calos da mão, o cio da terra. Bastou regularizar as suas posses para se tornarem viáveis. Fora disso, somente a tutela do Estado, com ônus exagerado para a sociedade, mantém a ilusão agrária.

Façam as contas. Cada família assentada custa ao redor de R$ 100 mil, incluindo o pagamento da terra e o custo operacional nos primeiros três anos. Isso equivale a pagar um salário mínimo durante 13 anos a cada uma das famílias beneficiadas. Qual lógica, econômica ou social, justifica tal dispêndio?

Alternativas de política pública poderiam ser executadas se, em lugar do acesso à terra, fosse o emprego o objetivo maior. Projetos de hortas comunitárias direcionadas para a merenda escolar, por exemplo, gerariam milhares de empregos nas periferias das cidades, aliviando as prefeituras dos gastos na compra de alimentos processados. Tais cinturões verdes, se incluídos nas políticas fundiárias, não tencionariam transformar ninguém em sitiante, dono de terra. Mas apenas, e tão fundamentalmente, oferecer um emprego a quem precisa. Baratearia ainda o lanche das crianças.

A horticultura irrigada garante, no mínimo, três postos de trabalho para cada hectare cultivado. Em comparação com a reforma agrária clássica, que gera dois empregos para cada 30 hectares, a capacidade de absorção de mão de obra nesse eventual novo modelo de política agrária seria 45 vezes maior. Basta mudar o enfoque, da terra para o emprego, para vislumbrar excelentes possibilidades. Urge pensar nelas.

O distributivismo agrário, impulsionado pelas invasões de terras, passou a representar uma ideia atrasada e ineficaz, remédio vencido contra a pobreza. Não resolve oferecer um lote de terra a gente inábil que, distante e desorientada, abocanha as verbas iniciais do Incra, compra um carro velho e se manda de volta à procura de emprego.

Erradas não estão as pessoas. Fora do tempo, e do lugar, encontra-se o atual modelo de reforma agrária, que mira no passado e recria a miséria. Qualificação para o trabalho, isso, sim, abre a janela do futuro.
***
Google
online
Google