terça-feira, outubro 09, 2012

TÍTULO

Um grande avanço
Revista Veja - 08/10/2012
As instituições são o elemento comum a todas as explicações sobre por que algumas nações prosperaram e outras ficaram para trás na marcha da história humana. Quando uma nação conseguiu construir instituições respeitadas, funcionais e independentes dos humores dos soberanos e, mais tarde, dos governos, ela avançou na conquista de um elevado nível de vida material e moral para seus cidadãos. Na ausência do aparato institucional saudável e atuante, não existem riqueza, posição geográfica favorável, clima propício ou capacidade militar capazes de assegurar a uma nação a possibilidade de progredir em um cenário sustentável de estabilidade política e econômica.

Nesse campo, o Brasil e os brasileiros estão desfrutando um momento particularmente feliz. A demonstração mais cabal disso é o julgamento dos réus do mensalão que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) estão conduzindo, da maneira mais transparente possível, diante dos olhos de milhões de telespectadores nas transmissões ao vivo pela televisão. Uma reportagem da presente edição de VEJA exalta a maturidade institucional do Brasil refletida no julgamento de alguns dos mais altos dirigentes do partido no poder, sem que isso esteja produzindo uma crise política desestabilizadora. Mais significativo é o fato de que as condenações estão sendo lavradas por uma corte em que sete dos dez ministros foram indicados pela presidente Dilma Rousseff ou por Lula, seu antecessor, ambos do mesmo partido dos réus mais graúdos.

A independência dos poderes está em sua plenitude no Brasil. A gritaria dos correligionários dos réus é compreensível em um arcabouço de respeito à liberdade de expressão. Esquecendo, por enquanto, as tentativas legítimas e as não republicanas de influir nas decisões dos ministros do STF feitas por Lula, o julgamento do mensalão já terá assegurado seu lugar na história do Brasil como um dos grandes momentos de inflexão positiva.

Claro que é discutível se os ganhos jurídicos e institucionais obtidos no processo em curso no STF serão duradouros - ou seja, se as condenações e a jurisprudência que as tornou possíveis vão inibir a ação de corruptos em todas as esferas administrativas do estado brasileiro. Mas, para um país que se fez independente de Portugal em 1822 mantendo o regime sob um rei português e que se proclamou república por um golpe militar quando não tinha sequer cidadãos, o Brasil já deu provas a si mesmo e ao mundo de ser capaz de fazer enormes avanços institucionais mesmo diante da incredulidade de muitos.
***

4 Comments:

Anonymous PC said...

É impressionante como a mídia transformou esse julgamento do "Mensalão" num espetáculo como se a condenação dos réus fosse o tiro final que jogaria o PT e Lula no limbo, na lama, no inferno, etc. Uma reflexão se faz necessária. Até 2002 não havia mensalão, corrupção, compra de votos, toma lá dá cá no congresso, eramos todos anjos. No governo FHC o seu procurador Geraldo Brindeiro, ficou conhecido como? O "engavetador-geral", todas as denuncias de corrupção que chegavam a suas mãos iam parar na gaveta, ou seja, não se apurava nada. E a Polícia Federal então, na gestão FHC estava jogada ao ostracismo, totalmente sucateada, desmotivada, e foi exatamente essa Polícia Federal que Lula recuperou, prestigiou, que investigou o "Mensalão".
Será que os "tucanos" que agora tripudiam sobre os membros do PT, esqueceram que o DNA do mensalão tá lá em Minas Gerais no colo do tucano Eduardo Azeredo. Que a emenda da reeleição do FHC passou no congresso a custa de muito "azeite".

5:37 PM  
Anonymous Anônimo said...

Por Luiz Felipe. A nosso ver, Zé Dirceu é apenas mais uma vítima nacional do modello-político-partidário-eleitoral. A direita já migrou para o judiciário, faz algum tempo, e a partir de lá já judicializou a política--partidária-eleitoral, e, em grande parte, busca eliminar os que lhes pareçam inconvenientes, à moda mal me quer, bem me quer. E até mesmo os nomeados pela própria pretensa esquerda aderiram a essa nova moda. E só os bobos, ou abduzidos pelos velhos cantos das sereias, não estão enxergando isso, por ignorância, hipnose, ou por conveniência momentânea. Ademais, por outro lado, como quase tudo neste mundo voltívolo, o modello de política-partidária-eleitoral é também, adrede e naturalmente, voltívolo, tem efeito bumerangue, e é nisso que até mesmo os golpistas das famigeradas ditaduras apostam constantemente. Daí, a nosso ver, o método mais seguro, mais justo, mais estável, mais digno, mais igualitário, para todos, é a meritocracia eleitoral, com educação plena para todos. É o camininho mais longo, mais trabalhoso, para todos (direita, centro e esquerda), mas nos parece o caminho certo, seguro, mais confiável, capaz de nos libertar do atalho terrível que aí está, com prazo de validade vencido há muito tempo, repleto de assombrações dentro do qual quanto mais se reza mais assombrações aparecem, a cada nova eleição. Afinal de contas, é a igualdade, a liberdade, a fraternidade, a evolução e o sucesso pleno do bem comum que a humanidade deve buscar, pelos caminhos certos , conforme a evolução pela implacável ditadura do tempo. O modello que aí está continua excelente à direita, que continua dando as cartas e jogando de mão. E que o diga o establishment, e suas ditaduras: econômica, midiática, judiciária e partidária. No sistema de Meritocracia Eleitoral, as chances de um Zé Dirceu, p. ex., ser Presidente da República, ou da Confederação das Repúblicas Federativas do Brasil (como propõe o HoMeM do Mapa da Mina com o PNBC), inteligente que é, seriam enormes, como Rui Barbosa teria sido nosso presidente no passado, sem ser obrigado a passar pelo calvário que passou, e que ZD está passando, até serem banidos da política que, no modello que aí está, ficou e ficará ainda pior sem eles, com certeza. E tenho dito.

11:26 AM  
Anonymous Anônimo said...

Por Luiz Felipe. Na verdade quem julgou o acusado-mor em questão, do momento histórico, José Dirceu, foram 11 pessoas que estão ministros (uns, aliás, nem isso estão mais, e sim aposentados). Vale dizer, 11 seres humanos falíveis, vulneráveis, mutáveis e mutantes, conforme o estado de espírito atual, os seus relacionamentos, o andar da carruagem temporal e suas circunstâncias, como todos nós simples mortais, não obstante os seus privilégios, benesses, poderes e aposentadorias polpudas dos mesmos. E entre a jurisprudência dos mesmos e a aritimética social, vale a pena citar a frase de Carlos Heitor Cony, em Dosimetria, publicada hoje, 28/10/2012, pela FSP, a saber: " A aritmética, como a matemática, é uma ciência exata, mas a jurisprudência é vaga, sujeita aos mil acidentes da carne e do juízo humano, para citar Shakespeare".

11:46 AM  
Anonymous Anônimo said...

Por Luiz Felipe. Em Angatuba, através do BLOG DO AIR ANTUNES, ao responder ao PMDB, o HoMeM do Mapa da Mina, Loriaga Leão, falou da eleição de Itapeva. " Em cada cabeça uma sentença. Na minha visão, agora confirmada pelo STF, com o julgamento do tal "Mensalão", e já confirmada tb pelo Senador pelo Paraná, Àlvaro Dias, o modello político-partidário-eleitoral que aí está, a nosso ver, com prazo de validade vencido há muito tempo, está morto e precisa ser sepultado. E a única proposta alternativa ao dito cujo no Brasil é a nossa, que atende pelo nome de Meritocracia Eleitoral. Todavia, como Política é a nossa cachaça, e como por enquanto não temos tu vai tu mesmo, sentindo que sob a égide do sistema falido que aí está não dava mais para este pacato cidadão em Angatuba (que pugna pela paz, amor, perdão, conciliação, união e mobilização em torno da Mega-Solução), face até à rivalidade e histeria política local, mortais, mais a marcação cerrada do Pereirismo e do Lisboismo contra a minha pessoa, os quais não deixam espaço para mais ninguém em Angatuba, exceto eles, transferi meu título para Itapeva, lar da minha família, reativei minha filiação ao PDT, e na época oportuna surprendi o município com o lançamento da nossa pré-candidatura a prefeito, com grande repercussão regional, batendo de frente contra o continuismo da mesmice do PSDB em Itapeva e pugnando pela união dos partidos da base do governo federal (PDT, PMDB e PT, os quais já estavam todos praticamente entregues ao PP e ao PSDB). E ao perceber que o PDT já era 99,99% do PSDB, e ao sentir que a minha luta seria em vão, resolvi por bem renunciar a nossa pré-candidatura que teve o mérito de mexer com o brio do PT e do PMDB que, ao apagar das luzes das convenções, por falta de opção, acabaram sendo obrigados a se unirem, improvisarem um candidato de última hora, e, pasmem, acabaram vencendo a eleição, fato esse que demonstrou que estávamos no caminho certo, com a tese certa, na hora certa, no local certo (a direita se dividiu e a esquerda acabou se juntando, contrariando a tese de que a esquerda só se une na cadeia). E olha que para a esquerda vencer em Itapeva, tradicionalíssima e conservadora, parecia impossível. Mas o impossível tornou-se possível porque o povão estava cansado do continuismo da mesmice da “elite cheirosa” de Itapeva,na politica, e resolveu por tudo abaixo". E o PDT de Itapeva, infelizmente, ao não dar ouvidos ao Loriaga, perdeu o "Trem da História".

1:29 PM  

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