quarta-feira, dezembro 19, 2012

Voto econômico explica menor taxa de reeleição dos prefeitos
RICARDO CENEVIVA
FERNANDO GUARNIERI
ESPECIAL PARA A FOLHA -04112012
Os resultados de outubro têm dado fôlego a análises que veem uma onda de renovação nos municípios: as eleições teriam sido marcadas pelo desejo de mudança. O principal argumento dessas análises é a grande proporção de candidatos à reeleição derrotados: 2.736 prefeitos concorreram à reeleição, e 1.505 foram bem-sucedidos. Uma taxa de sucesso de 55%.
Pesquisas do Centro de Estudos da Metrópole (CEM/Cebrap), no entanto, indicam que esses números não estão muito distantes do que se observou nos pleitos passados. Historicamente a taxa de prefeitos elegíveis que tentam o segundo mandato tem ficado por volta de 70%. Em 2012 cerca de 65% dos prefeitos elegíveis tentaram a reeleição.
Mais importante, a taxa de sucesso dos prefeitos que concorrem à reeleição foi, nos três últimos pleitos, de cerca de 60% -58,2% em 2000 e 2004, e 65,9% em 2008. Embora a série histórica seja pequena, parece que na verdade 2008 foi um ano mais favorável aos prefeitos candidatos e que agora voltamos ao patamar de 2000 e 2004.
Os números mostram que, se a mais recente eleição foi marcada pela renovação e desejo de mudança, esse desejo não é novidade: esteve presente em outras ocasiões.
Mas é preciso ir mais fundo e distinguir a mera alternância de poder da renovação na política. Uma coisa é trocar um político tradicional por outro. Outra é eleger candidatos para quem a política é uma novidade. A questão é: estaria o eleitor votando mais em partidos não tradicionais? Em candidatos que nunca ocuparam cargos eletivos? Em candidatos jovens? Em mulheres? A resposta é não.
Apenas cinco partidos receberam cerca de 60% dos votos: PMDB, PT, PSB, PSDB e PSD. Todos são partidos tradicionais. A maior parte dos eleitores não buscou punir os partidos tradicionais ao votar.
Dos eleitos, 38% eram prefeitos ou ex-prefeitos; dos não eleitos, 41% já tinham ocupado cargo eletivo: tem-se uma diferença de 3%, muito pequena. Isso mostra que o eleitor não usou o voto para punir profissionais da política.
A idade média dos candidatos a prefeito foi de 48 anos, a mesma dos eleitos. A dos não eleitos foi de 49 anos. Não há diferença do ponto de vista estatístico. O eleitor não privilegiou os jovens.
Uma demonstração da vontade de mudança seria a eleição de mais mulheres. Em 2012, 2.038 mulheres se candidataram ao Executivo, e 659 (32%) foram eleitas. Esse percentual chegou a 36% entre os homens: uma diferença estatisticamente significativa. Os eleitores continuam privilegiando candidatos do sexo masculino, mais um indício contra a tese da renovação.
Mas se não é renovação o que o eleitor busca, como explicar que apenas cerca de metade dos prefeitos eleitos em 2008 lograram obter um segundo mandato nas urnas?
A explicação parece estar na economia. O argumento do chamado "voto econômico" é claro. Nos ciclos de crescimento o governo desfruta de altas taxas de aprovação, e os eleitores tendem a reeleger o governante. Já crises favorecem a oposição. Será que se pode estender esse argumento aos governos locais?
Os governos locais no Brasil, sobretudo nas cidades pequenas, dependem dos repasses do governo federal.
O Fundo de Participação dos Municípios, principal fonte de receitas para grande parte dos municípios, depende da arrecadação do IR e do IPI, que são muito sensíveis ao nível de atividade econômica. Nesse sentido, a situação fiscal dos municípios foi muito afetada pelo baixo dinamismo dos últimos anos.
Aqui parece estar a explicação para o sucesso das oposições em 2000, 2004 e 2012. Em 2008 os prefeitos tiveram um cenário mais favorável, o crescimento do PIB ficou, naquele ano e no que o precedeu, acima de 5%. Esse ciclo de crescimento econômico beneficiou os prefeitos que tentavam a reeleição.
Ademais, o fato de que a taxa de reeleição de prefeitos, nas últimas quatro eleições municipais, é mais baixa nas cidades pequenas e mais pobres parece corroborar o argumento do voto econômico.

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1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Verdade seja dita, Justiça seja feita. Caso Campos e Aécio, agora, estejam tb de fato apaixonados pelo “novo pacto federativo”, e queiram aderir e participar de verdade da grande transformação cujo Megaprojeto já está pronto e em marcha há cerca de 20 anos, pois então, ao invés de tentarem atacar de impostores políticos temporais, camaleônicos, oportunistas e aproveitadores, e tentar comer o prato já feito por outrem há muito tempo, com muito sacrifício, que tenham a dignidade de fazer com hombridade a parte que lhes caberá no Senado da República. Feliz 2013, a todos, convicto de que dias melhores estão por vir,com o HoMeM, o PNBC e a Meritocracia Eleitoral. Que tal começarmos por estabelecer a partir de 2013 a disputa entre a Mega-Solução X situação e oposição ? O fato é que o HoMeM do Mapa da Mina do bem comum do povo brasileiro está na área, rugindo: olha eu aí gente, cantando: “esse cara sou eu” e pedindo: “vamos refletir para revolucionar…”, clamando: “oi abram alas que eu quero passar”, avisando: ” Ói, oi o TreMM…”. Portanto, Dr. Leão e Marina Silva 2014, com o Leal, Campos, Gabeira e Aécio, entre outros, no Senado, é a nossa sugestão, seja pelo PDT, seja pelo PSD, seja pelo Partido Novo, ou seja por uma grande coalizão de muitas siglas que tb desejam, de verdade, a grande transformação do nosso Brasilzão, pelo Novo Caminho de Verdade, rumo ao sucesso pleno do bem comum da nossa população. Aliás, quando Kassab declarou que o seu PSD não é de esquerda, nem de centro e nem de direita, que na verdade quer ser a favor das grandes mudanças e até mesmo de um nova constituinte, na verdade, ele acenou em direção ao HoMeM do Mapa da Mina, ao PNBC e à Meritocracia Eleitoral. Por outro lado, adoro Tia Dilma, que sempre me pareceu uma boa Camarada, dei a minha cara a tapas por Ela, pelo Lula e FHC, mas, a nosso ver, o pibinho de 1%, marca o fim do projeto e ciclo de poder do psdemb-ptmdb-agregados, iniciado com o Gov. Itamar, que, de fato, durou mesmo 20 anos, como previu o finado Sérgio Motta, ministro-tratorzão de FHC, a concluir-se em 2014. Aliás, mesmo período de tempo no poder da famigerada ditadura militar, de triste e infeliz memória, fato esse que, ao que parece, indica o tempo máximo de ciclos de poder no Brasil, democráticos ou ditatoriais, face aos modellos de república e de pollítica-partidária-eleitoral, 171, já condenados à morte pelo STF, mas que ainda estão aí, não obstante o prazo de validade vencido há muito tempo, a nosso ver. Em assim sendo, situação e oposição, que são as duas faces e molas propulsoras do mesmo e velho modello continuista da mesmice que aí está, na verdade, estão em palpos de aranha com vistas a 2014, tendo como contraponto a Mega-Solução, a Evolução, como propõe o HoMeM do Mapa da Mina, com o PNBC e a Meritocracia Eleitoral, o Novo Caminho para o Novo Brasil de Verdade, o pibão grandão. Portanto, caso Kassab tenha de fato montado o PSD para ser parceiro do HoMeM do Mapa da Mina e das grandes mudanças estruturais que o país necessita, e tiver coragem de anunciar isso já, e o HoMeM como pré-candidato à Presidência, a sucessão de 2014 pega fogo, com certeza.Por Luiz Felipe

10:16 AM  

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