terça-feira, janeiro 22, 2013

Mecanização: Problema ou Solução?, por Amilcar Centeno

Por Amilcar Silva Centeno.

Amilcar Centeno - Páginas Internas
Ao longo de minha vida profissional, quase toda dedicada à Mecanização Agrícola, ouvi por diversas vezes a crítica de que as máquinas causavam um grande problema no campo, reduzindo a oferta de empregos na agricultura.

Esta me parece apenas mais uma das tantas críticas dirigidas ao agronegócio de forma preconceituosa e sem embasamento na realidade.

Vamos examinar esta afirmação mais de perto e com base em fatos e dados.

Apesar de ter um impacto secundário na produtividade e na qualidade da produção agrícola, a mecanização é basicamente uma tecnologia que visa aumentar a capacidade de trabalho do ser humano. 

Não é difícil entender que um agricultor com uma enxada só é capaz de trabalhar uma área muito menor do que aquela trabalhada por um operador de um trator.Um agricultor trabalhando com tração animal no início do século XX necessitava de no mínimo 8 horas para trabalhar um hectare. 
Atualmente, apenas utilizando um simples trator, este mesmo agricultor necessita de apenas 2 horas para trabalhar a mesma área. 

Com este aumento na sua capacidade de trabalho, um agricultor que em meados do século XX alimentava cerca de 20 pessoas, hoje é capaz de alimentar, em média, aproximadamente 125 pessoas.

Isto torna a mecanização uma tecnologia fundamental para o papel da agricultura em alimentar o mundo. Afinal, com a rápida urbanização observada neste início do novo século em todas as partes do Mundo, cada um de nossos agricultores terá que alimentar um número cada vez maior de semelhantes vivendo nas cidades e incapazes de produzir o próprio alimento. 

Um bom exemplo disso foi o processo de desenvolvimento da agricultura americana, que no início do século XX tinha 70% de sua população no meio rural e terminou o século com apenas 3% de sua população dedicada à produção agrícola. Isto seria impossível sem ao desenvolvimento e a utilização das modernas máquinas que trabalham nas lavouras norte-americanas.

Outra questão muito discutida é se a mecanização causa desemprego ou se responde a uma tendência de migração da mão-de-obra rural para as cidades. Mais uma vez a velha questão: afinal o que vem primeiro, o ovo ou a galinha?

Esta é uma questão complexa e olhando-se para a história recente, talvez o mais correto fosse afirmar que os dois acontecem ao mesmo tempo na medida em que a agricultura moderna se desenvolve e expande. Nas sociedades de economia de livre mercado, este processo é comandado predominantemente por questões econômicas, principalmente no que diz respeito ao custo e à disponibilidade de mão-de-obra no campo.

Um exemplo recente tem sido a mecanização da colheita da cana-de-açúcar no Brasil. A comercialização de colhedoras de cana em nosso mercado costumava ser contada em dezenas até 2006. A partir de 2007 este volume saltou para centenas e agora milhares de unidades por ano. 

Este salto foi motivado principalmente pelo aumento do custo do corte manual, ao mesmo tempo em que, com o avanço da tecnologia das máquinas,reduziu-se o custo da colheita mecânica,tornando-a mais econômica do que a colheita manual. Esta mudança foi também motivada por legislações ambientais que restringiram a queima do canavial, condição imperativa  para a colheita manual.

Pesquisas realizadas ao longo deste período demonstraram que está ocorrendo um aumento na idade média do cortador de cana. Constatou-se que isto foi causado, principalmente, pelo fato dos cortadores mais jovens sentirem-se pouco atraídos por uma atividade brutal, quase escravizante. Houve até quem mencionasse que preferia ir para a cidade e juntar-se à criminalidade urbana do que cortar cana no campo. Afinal isto lhe proporcionava uma qualidade de vida melhor e um menor “risco operacional”!

Aliás, a melhoria do ambiente de trabalho é outra importante consequência da mecanização. Afinal, quem preferiria trabalhar com uma enxada debaixo de um sol tropical do que dentro de uma cabine climatizada, protegido do calor, da poeira e do ruído?

Outro grande benefício da mecanização é viabilizar a introdução de novas tecnologias de produção agrícola. A expansão do plantio direto, por exemplo, só foi possível após o desenvolvimento de plantadeiras que executassem a operação de forma correta e eficiente em nossas condições operacionais. Como mencionado anteriormente, a eliminação da queima dos canaviais só se tornou viável após a mecanização da operação. 

Para citar um exemplo corrente, a produção de algodão adensado nos Cerrados só será possível quando se desenvolver uma solução econômica que permita a manutenção da qualidade da fibra nestas condições de colheita.

Outra tecnologia de produção que seria inimaginável sem as máquinas é a Agricultura de Precisão. Neste processo as máquinas transformam-se em verdadeiros instrumento de coleta e de processamento de dados, permitindo o gerenciamento da enorme variabilidade do processo de produção agrícola.

Para finalizar, podemos afirmar que o forte processo de urbanização independe do processo de mecanização da agricultura. Porém, para que a urbanização aconteça de forma sustentável, é fundamental mecanizar a agricultura e multiplicar a capacidade de trabalho do homem do campo.  Portanto, a mecanização agrícola é uma tecnologia fundamental para vencer o desafio de alimentar uma população crescente e urbanizada como a que se desenvolve nesta primeira metade do Século XXI. 

Da próxima vez que passares por uma máquina agrícola ao longo da estrada, saúde o operador e não jogue poeira na máquina!
PENSE NISSO!

FONTE: http://www.noticiasagricolas.com.br/artigos/amilcar-centeno/116291-mecanizacao-problema-ou-solucaor--por-amilcar-centeno.html

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