sexta-feira, março 29, 2013

COLUNA DO SPC NO JORNAL A GAZETA


Serra chama Tarzan em São Paulo

            Fontes antenadas nos bastidores políticos dão conta de que a assessoria do ex-governador José Serra (PSDB) convocou o ex-vereador Tarzan, presidente reeleito do partido, para uma conversa em seu gabinete. Segundo as fontes, Serra ficou sabendo da performance do baixinho com maior rejeição da política itapevense, mas que, mesmo assim, deu um banho de votos em seu adversário na eleição para a presidência do partido, dia 17; placar de 300 a 70. Vale lembrar que a chapa de oposição, liderada pelo vereador Marmo Fogaça, contava com o apoio de “figurões” tucanos: Luiz Cavani, Paulo de la Rua, Armandinho, Rossi, entre outros menos cotados.
            O ex-governador, também rejeitado por seus amigos mais chegados, quer a fórmula mágica usada pelo Tarzanzinho, ou então que ele coordene sua campanha para a presidência do partido. O ex-vereador ficou de pensar no assunto. O figurão Goro Hama, tucano histórico, apoia essa iniciativa do Serra e se Tarzan topar o convite, o ex-presidente FHC e o Aécio Neves que se cuidem! O ninho tucano paulista vai bombar.
            Sabe-se, porém, que o Tarzan é o “aspone” querido do prefeito Zé Roberto, mas só fica aqui se o prefeito lhe der uma “boca” na Prefeitura. Um RPA daqueles...
                                       
Papa Chico

            Com o papa Francisco tudo indica que a Santa Madre Igreja vai tomar outro rumo em sua trajetória secular; primeiro, livrando-se dos entulhos autoritários mantidos por uma Cúria reacionária em que muitos cardeais e agregados não querem perder privilégios antigos, alguns de olho no banco do Vaticano, um dos maiores da Europa; outros, não querem mexer nas relações da Igreja com seus fieis, mantendo-a desligada da realidade do mundo que se globalizou. A Igreja está estacionada no tempo e as denominações neopentacostais vão ganhando o terreno deixado por um catolicismo conservador, reacionário, devido ao afastamento de católicos descontentes. O papa Francisco tem tudo para mudar essa situação com a ajuda de milhões de católicos.
            Entretanto, papa Francisco precisa tomar muito cuidado. Recorda-se que o papa João Paulo I, de 65 anos, conhecido como o papa risonho, tinha personalidade parecida com a de Jorge Bergoglio, morreu um mês após sua posse como papa. A sua morte, na época, teve versões as mais variadas, inclusive a de assassinato; ele também era a favor dos pobres e contra os procedimentos protocolares do Vaticano; ele iria mudar muita coisa na Igreja e nas relações com a Cúria Romana. Na época um livro, de autor inglês, detalhava a conspiração no Vaticano para assassiná-lo, mas, segundo laudo médico, sua morte foi de natureza cardíaca. Papa Chico deve pôr as barbas de molho.

Ensaiando a retirada
            Os meus caros leitores não estranhem se numa semana qualquer minha coluna falhar. Isso pode acontecer por faltar de assunto, ou porque estou lidando com literatura; ou, então, por falta de espaço no jornal, pois até já cortaram parte de minha coluna por causa disso. Espaço na imprensa interiorana é uma dádiva dos donos de jornais e nós, colaboradores, temos de seguir as regras deles, senão... De minha parte reconheço que passou da hora de pendurar as chuteiras e deixar a moçada nova fazer o seu jornalismo puro e asséptico. Mas enquanto não me derem cartão vermelho no jornal, por criticar políticos no poder, pretendo continuar... epa, tenho que terminar minha coluna aqui, pois já passei 14 palavras da cota de espaço que me concederam. Tchau, tchau. 


***
NOSSA PÁGINA NO FACEBOOK: http://www.facebook.com/profile.php?id=100002651355455&ref=tn_tnmn

sábado, março 23, 2013

 COLUNA DO SPC NOR JORNAL A GAZETA

Querem calar o Ministério Público

            Já é de domínio público o abaixo-assinado, encabeçado pelo deputado Campos Machado (PTB), com o objetivo de cercear a ação do Ministério Público contra políticos corruptos: prefeitos, vereadores, secretários, deputados etc. Deputados paulistas querem colocar uma mordaça nos promotores a fim de evitar que eles investiguem e apurem denúncias de corrupção contra eles, melhor dizendo, querem deitar e rolar com dinheiro público, gozando de impunidade. Mas como as prerrogativas do MP estão amparadas pela Constituição, então, para alterá-las só mudando a Carta Magna. Para isso, eles criaram uma PEC (Projeto de Emenda Constitucional), com apoio do governo petista e seus aliados. Sacanagem contra o povo brasileiro, que convive com uma classe política das mais corruptas do mundo! Com as exceções, claro.

Deputado Ulysses pisa na bola
        Para tornar “democrática” essa investida contra o MP, mobilizaram-se políticos de todas as tendências e regiões, não escapando nem o “nosso” deputado Ulysses Tassinari (PV), que, pelo que se sabe, já assinou a famigerada lista.
          Além da maquinação efetiva contra o MP, existe nos subterrâneos petistas outra ameaça correlata: eles querem controlar a mídia, calar os opositores, e para isso vêm se articulando a fim de aprovar a lei de “controle social dos meios de comunicação”, estilo Venezuela, para mascarar a censura à imprensa. Como se vê, a esquerda brasileira que sempre combateu quaisquer limitações à livre manifestação do pensamento e à apuração de malfeitos da classe política, hoje no poder, quer cercear os mecanismos de controle social e institucional como o Ministério Público e os meios de comunicação. Atitude fascista que tanto se deplorava nos idos dos anos 60 e 70, que hoje arrisca voltar.
            Grande parte das denúncias contra a corrupção, que está no Ministério Público, é de iniciativa do próprio MP e de cidadãos indignados com a impunidade que assola o País de norte a sul; raramente se registra ações movidas por vereadores e deputados.

                   Deputado Ulysses, o “migalheiro”
            É lamentável registrar que Itapeva elegeu um deputado estadual, que, pelo que se comenta à socapa, elegeu-se não para ajudar a região, mas para acertar a vida de sua família no serviço público. O deputado Ulysses tem sido só mais um “migalheiro” a agradar prefeitos com emendas parlamentares (migalhas) a fim de garantir sua reeleição. Se fosse só pelas emendas, não precisávamos eleger um deputado, pois tem um punhado deles distribuindo emendas por aí, sem nenhum compromisso com a região.
            O mais estranho é o deputado Ulysses ter assinado a tal lista fascista sem consultar ninguém, nem o seu partido, o PV. Ele foi na conversa do deputado Campos Machado, um demagogo que prometeu a 16ª Região Administrativa para Itapeva, que nunca saiu do papel. Sabe-se que o “nosso” deputado pertence ao baixo-clero da Assembleia, um grupo político do último escalão, ninguém os procura a não ser para votar projetos polêmicos. Então, o deputado Ulysses assinou a tal lista antidemocrática porque quis, talvez com receio da liberdade de ação do MP. Com esse seu gesto estapafúrdio, contra o MP, ele comprometeu, seriamente, a sua reeleição ano que vem.
            Mas o deputado ainda tem quase a metade do mandato para corrigir essa falta de trabalho para a região. Sugestão: ele deve procurar o prefeito Zé Roberto Comeron (PMDB) e propor uma parceria com ele, nosso prefeito está com a cabeça fervilhando de ideias e de projetos para Itapeva, o Secretário do Planejamento já nem dorme direito, quem sabe o prefeito não o convida para fazer parte do fabuloso projeto “Porto Seco”, que, segundo se comenta, já está na prancheta do secretário Marco André. Não custa tentar, né? O prefeito Zé Roberto é legal e o deputado Ulysses precisa dialogar com outros políticos, com outras pessoas, pois fora do círculo de influência do ex-prefeito Cavani, também existe vida inteligente. O deputado que se cuide, ano que vem a campanha para ele não vai ser a moleza que foi; depois não digam que não avisei. 

***

terça-feira, março 19, 2013

O IDH e o conto do imperador sem roupa

Autor(es): Flavio Comim
Valor Econômico - 18/03/2013
 

Na fábula de Hans Christian Andersen apenas as pessoas inteligentes poderiam ver o tecido especial (que não existia) com o qual se faria a "roupa nova do imperador". Mas sem ser avisada, uma criança notou que o imperador estava sem roupa. Desde a sua criação em 1990, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) tem feito o papel da criança na fábula ao chamar a atenção das sociedades para como elas estão "vestindo-se" com as peças básicas do desenvolvimento humano.
Com a notícia oficial de que o Brasil continua estável no ranking do IDH, parece que o imperador continua vestido, mas uma olhada mais detalhada nos números trazidos pelo IDH e sua nova metodologia sugere pelo menos a existência de três conjuntos de razões para preocupar-nos com a roupa do imperador, mesmo correndo o risco de parecermos pouco inteligentes para a corte.
O primeiro conjunto de razões é sobre a tendência agregada do ranking do Brasil no longo-prazo. Quando comparamos a evolução do IDH desde a sua criação notamos que o Brasil já esteve muito melhor posicionado no ranking, por exemplo 51º em 1990, 58º em 1996 e 63º em 2005. De fato, desde esse último ano, o ranking do Brasil no IDH vem caindo, atingindo o seu ranking mais baixo de toda a história justamente em 2012. Pode-se contra-argumentar que em outros anos não foram incluídos 187 países como em 2012 e 2011 (a média histórica é de 175 países), mas o fato é que a maior parte das inclusões ao longo do tempo foram abaixo do Brasil.
Enquanto o país não investir pesadamente em saúde e educação, não haverá evolução relativa no ranking
Nos últimos 10 anos, o Peru ultrapassou o Brasil no ranking e em 2012 o Brasil ultrapassou o Equador. Outros países, aparte das quedas da Argentina e Costa Rica, se mantiveram estáveis no ranking, o que não é uma boa notícia para o Brasil: a desaceleração do crescimento do IDH do país é mais significativa do que a de outros países latino-americanos e não se vislumbra possibilidades do Brasil alcançar o IDH de países como Chile, Argentina, Uruguai, Cuba, Panamá, México, Costa Rica e mesmo Venezuela no médio prazo.
Argumentos do tipo "a taxa de crescimento do IDH brasileiro de 1990 a 2012 foi de 24%, maior que a do Chile, Argentina e México" infelizmente ignoram que se considerados outros períodos, por exemplo nos últimos 5 anos, a taxa de crescimento do IDH da Argentina e de outros 7 países latino-americanos é superior a do Brasil. O problema não é que o Brasil não tenha melhorado no longo-prazo, o problema é a desaceleração recente do crescimento do IDH brasileiro, principalmente levando-se em consideração que países como o Brasil na 85º posição deveriam crescer mais do que países como Chile (40º) e Argentina (45º) pela simples razão que têm mais espaço para crescer dentro da escala zero a um do IDH.
O segundo conjunto de razões é sobre as deficiências estruturais que seguem no país, principalmente nas áreas da saúde e da educação. Dentro de um conjunto de 12 países latino-americanos que estão no mesmo grupo de desenvolvimento do Brasil, mais Chile e Argentina, pode-se notar que o Brasil é o país que tem a taxa de expectativa de vida mais baixa de todos. Enquanto vivemos em média 74 anos, pessoas que vivem no Chile vivem 79,3 anos, na Argentina 76,1 anos, no Uruguai 77,2 anos, etc. O Brasil é um dos países latino-americanos onde a distribuição da expectativa de vida é mais desigual, com perdas de 14,4% no IDH-saúde. Também é o país com o pior índice de satisfação com a saúde, com apenas 44% de aprovação. Na educação, temos a maior taxa de abandono do primário (24,3%) e uma das menores taxas de matrícula no terciário (36,1%) dentre os países latino-americanos no mesmo grupo de desenvolvimento. O dados do IDH revelam que enquanto o país não investir pesadamente em saúde e educação, não deve haver evolução relativa no ranking do IDH. Associado ao primeiro conjunto de razões, não deve haver convergência também em relação aos países latino-americanos melhor posicionados no ranking.
O terceiro conjunto de razões é metodológico. Atualmente há muita dificuldade para se entender e interpretar o índice. Existem dois problemas principais que explicam essa dificuldade: o IDH passou a ser calculado em 2010 a partir de "postos variáveis", isto é, com base nos valores máximos e mínimos observáveis anualmente para todos países. Com isso, o valor absoluto per se do IDH deixou de ter valor. É preciso agora um recálculo do índice para que ele possa ser comparado ano a ano. E aí vem o segundo problema. Quando esse recálculo é feito, grande parte da variação do IDH que poderia ser observada esse ano (já que não foi registrada no ano anterior), fica computada no ano contra-factual, ou seja, no ano ajustado, que de fato nunca existiu e nem vai existir. O recálculo do valor absoluto do índice em si não é o problema, mas o do ranking sim. Com isso passa desapercebida a queda do Brasil no ranking do IDH no longo prazo. Por que não dizemos que caímos uma posição no ranking em 2012 e caímos 11 posições em 2011? (parcialmente pela entrada de 7 novos países a frente do Brasil?) Fica o medo talvez de dizermos que o imperador está sem roupa.
Seria injusto qualificar os programas sociais brasileiros de uma "linda roupa" feita com o tecido especial do alfaiate de Christian Andersen. Há muita coisa boa feita no país e elogios são devidos às várias políticas públicas nacionais, principalmente as que se preocupam com as pessoas mais pobres. A questão não parece ser "o quê", mas o "como" dessas políticas, porque vistas sob a ótica do IDH elas têm produzido o impacto do imperador sem roupa. Possivelmente os programas sociais focam demais na renda como critério de seleção e avaliação de impacto dos mesmos. Moral da história: olhe, olhe de novo, olhe de novo, de novo, precisamos da coragem das crianças e do que é dito pelo IDH para que enfrentar o óbvio e para que todos tenhamos um futuro melhor no nosso país.
Flavio Comim é professor de economia da UFRGS e da Universidade de Cambridge.

***

Marcadores:

domingo, março 17, 2013

VASO DE FLOR QUE RETEM ÁGUA


Vasos para plantar flores, verduras, etc, já vêm furados no fundo - para que o excesso de água de irrigação seja escoado. Problema: os vasos vivem secos, necessitando de constantes irrigações, especialmente quando são pequenos!

Tenho testado, com sucesso, furar o vaso mais em cima. Furo a uma altura equivalente a um terço da altura do vaso. Dessa forma, um terço da terra poderá ficar encharcada (como se fosse um mini lençol freático), dois terços da terra, não.  A planta conseguirá retirar água retida na parte de baixo (encharcada) e oxigênio na parte de cima (não encharcada).  


Tenho feito vasos de garrafas PET de 2 litros (refrigerante). Com ferro ou prego quente, faço dois furos, por segurança, pois pode ocorrer entupimento. 


NOTA: em vaso já furado no fundo, coloco uma folha de plástico por dentro do vaso até a altura de 1/3.



***
NOSSA PÁGINA NO FACEBOOK: http://www.facebook.com/profile.php?id=100002651355455&ref=tn_tnmn

Marcadores:

sábado, março 16, 2013

UMA AULA SOBRE A IMPORTÂNCIA DA INDÚSTRIA NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO


Nada além dos fatos

14 de março de 2013 | 4h 23
Fonte: Estadão

Ao retomar esta coluna, volto a um tema recorrente em meus artigos anteriores: a desindustrialização brasileira. Ela se reflete no encolhimento da participação da indústria de transformação na economia, tendência que remonta à época da superinflação dos anos 1980, mas sofreu um puxão para baixo no decênio 2002-2012, quando o PIB cresceu mais que o dobro da indústria: 42% ante 20,5%, respectivamente. Isso fez a fatia do setor no PIB (preços correntes) voltar ao nível de 1947-48, chegando a 13,3%. Pior foi o último quadriênio, pois em 2012 a produção de manufaturas foi inferior à de 2008.

Em todo caso, desindustrialização não exige, necessariamente, queda absoluta do setor, mas, sim, perda do seu poder como eixo dinâmico da economia. Ameaça-se a maior conquista econômica brasileira no século 20.

Atenção: o caso do Brasil não pode ser equiparado ao de países desenvolvidos, onde a indústria perdeu peso em razão da elevada renda média por habitante, que chega a ser quatro vezes superior à nossa. Neles, a partir de determinadas etapas do crescimento da renda, a expansão da demanda por serviços se acelerou em relação à de alimentos e manufaturas. Essa perda de peso, naquele caso, pode ser considerada natural e até benigna. No nosso, uma doença.

Nada contra a brilhante expansão da produção e da exportação de bens agrominerais. Mas alguém acredita, e demonstra, que, além do papel estratégico na geração de divisas, esse setor poderia tornar-se o eixo dinâmico de um país continental, de 200 milhões de habitantes? Não me parece, igualmente, que esse eixo possa ser formado pelos setores financeiro, de biotecnologia, de tecnologia digital, etc., atividades de maior eficiência na área de serviços e essenciais para o progresso econômico, mas que geram poucos empregos.

A indústria é o macrossetor que gera, na média, os melhores empregos, paga os melhores salários e cuja produtividade é a mais alta. É o que mais inova e tem os maiores efeitos de encadeamento para trás (insumos correntes e de capital), para a frente (comércio), de demanda final (massa salarial) e fiscal (mais arrecada). É o macrossetor que lidera o processo em todas as economias que cresceram mais rapidamente nas últimas décadas.

O retrocesso industrial comprometeu a qualidade dos empregos gerados. De 2003 a 2012, entre os trabalhadores com carteira assinada e que ganham acima de dois salários mínimos, o número de pessoas demitidas superou amplamente o de contratadas. Entre 2009 e 2012, esse saldo negativo ultrapassou 1,3 milhão de pessoas. O crescimento do emprego concentrou-se nas faixas abaixo de dois mínimos, liderado pelo setor de serviços.

Desde logo, não há no Brasil nenhuma desaceleração do consumo de bens industriais. Entre janeiro de 2004 e meados de 2012, o volume de vendas no varejo mais do que duplicou, num ritmo cinco vezes maior que o do produto manufatureiro! A brecha foi aberta e coberta pelas importações: o superávit comercial da indústria, US$ 30 bilhões em 2005, virou déficit de US$ 50 bilhões em 2012. Dá para compreender por que o Brasil, apesar da bendição dos preços recordes das commodities, caminha para reavivar o desequilíbrio externo: o déficit em conta corrente acumulado no último quinquênio foi de US$ 206 bilhões.

No centro da débâcle está a perda de competitividade da indústria em razão de fatores que estão fora das fábricas: o aumento do custo Brasil e a sobrevalorização da moeda, que reduzem o preço relativo das importações e encarecem as exportações. Criou-se um círculo vicioso, pois o setor foi sofrendo quebras de cadeias produtivas, atrofias e perdas de mercados externos. Novos investimentos foram intimidados pela competição dos importados, efetiva ou potencial. Empresários industriais tornaram-se importadores qualificados e não poucos investem no exterior, à procura de custos menores e acesso a mercados.

O elevado custo Brasil começa na burocracia para pagar impostos, que consome o equivalente a 2,6% dos preços industriais! Com a carga tributária, o conjunto vai a 15,5%, em relação aos nossos parceiros comerciais. Se incluirmos os custos financeiros, de energia, matérias-primas e transportes, o ônus sobre os produtos manufaturados, na comparação com esses parceiros, é de 25%, segundo competente estudo da Fiesp. É o custo Brasil. Em cima disso, a sobrevalorização cambial teve um papel especialmente perverso: em relação a 2002, ficou em torno dos 40%, puxada por juros reais extravagantes, que só recuaram em 2012.

Dada a herança maldita de Lula, o governo tem procurado uma resposta. Infelizmente, navega entre equívocos, ilusões e inépcia. No acerto, a redução dos juros. Nos equívocos, há os caudalosos subsídios fiscais via BNDES sem critérios coerentes de competitividade, tecnologia, complementaridade e atração de investimentos estrangeiros estratégicos. Na inépcia, há a incapacidade para planejar e executar os investimentos públicos e a demora nas parcerias fundamentais com o setor privado. Na ilusão, a ideia de que ações protecionistas aqui e ali vão dar conta das questões essenciais.

Nada exemplifica melhor a falta de uma estratégia industrial do que a ausência de qualquer política de comércio exterior digna do nome. Ficamos apegados ao que causa mais estorvo, o Mercosul, com sua absurda união alfandegária, que nos obriga a atuar em bloco nos acordos comerciais. Devido a isso e à pasmaceira, há mais de dez anos não assinamos nenhum tratado bilateral de comércio, com exceção de um com Israel. Ah, sim, há dois mais, que não entraram em vigência: com o Egito e com a Palestina.

Em economia, democracias afora, os governantes costumam se mostrar otimistas, apesar dos erros, e as oposições, pessimistas, apesar dos acertos. No governo ou na oposição, sempre procurei ser realista, apesar de acertos e erros. A desindustrialização do País, com suas consequências nefastas no médio e no longo prazos, é matéria de fato, não de gosto. Basta que chamemos a coisa pelo nome que ela tem.
* José Serra é ex-governador e ex-prefeito de São Paulo.


***
NOSSA PÁGINA NO FACEBOOK: http://www.facebook.com/profile.php?id=100002651355455&ref=tn_tnmn

Marcadores: , ,

Para quem acha que disputas entre esquerda e direita estão superadas. Ou pensa que os partidos são iguais
*
Milícias do pensamento


Folha de São Paulo
kátia abreu

16/03/2013 - 03h00



O filósofo italiano Antonio Gramsci ensinava que o teatro de operações da revolução comunista não era o campo de batalha, mas o ambiente cultural, a trincheira do pensamento.

Enquanto Lênin pregava o ataque direto ao Estado, Gramsci sustentava que o novo homem, anunciado por Marx, emergiria não do terror revolucionário, mas da transformação das mentes.

Para tanto, impunha-se a infiltração e o domínio pelo partido dos meios de comunicação --jornais, cinema, teatro, editoras etc.-- e a quebra gradual dos valores cristãos (que ele preferia chamar de burgueses), por meio do que chamava de guerra psicológica.

Segundo ele, é preciso uma reforma intelectual e moral, que leve à superação do senso comum, para a construção de outro consenso monitorado pelo partido.

A relativização desses valores resultaria, numa primeira etapa, numa sociedade mais fraca, destituída de parâmetros morais, mais propícia a absorver os valores do socialismo.

Desnecessário dizer que essa revolução está em pleno curso no Brasil --e não é de hoje.

Entre os consensos construídos, está o de que o produtor rural é um usurpador social, que deve ser permanentemente molestado.

Disso resultou o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), organização sem personalidade jurídica (insuscetível de ser processada por seus atos criminosos), mas com existência concreta, munida de verbas do Estado por meio de ONGs e transgressora recorrente do direito de propriedade, cláusula pétrea constitucional.

Dentro da estratégia gramsciana, as milícias do pensamento valem-se de escaramuças, que consistem em lançar ao debate teses que sabem serão rejeitadas num primeiro momento.
Importa, porém, romper a aura de tabu e acostumar a sociedade a gradualmente absorver o que sempre rejeitou.

Exemplo disso foi o Plano Nacional de Direitos Humanos 3 (PNDH), de 2009.

Trata-se de um conjunto de transgressões democráticas, propondo censura à imprensa, legalização das invasões de propriedades (tirando do Judiciário o poder de arbitragem e incluindo o invasor como instância de mediação), proibição do uso de símbolos religiosos em locais públicos, revisão do currículo das academias militares etc.

Agora, o PNDH-3 que a sociedade rejeitou volta como um fantasma na redação dada por alguns deputados ao artigo 159 do novo Código de Processo Civil.

Constam no texto, entre outras pérolas, que, "nos casos de litígio coletivo pela posse ou propriedade de imóvel urbano ou rural, antes do exame do requerimento de concessão da medida liminar, o juiz deverá designar audiência de justificação prévia de conciliação entre as partes e seus representantes legais".

Isso significa que, em vez da defesa natural da propriedade rural ou urbana, em caso de invasão, os invasores --com seus facões e foices, fazendo uso de cárcere privado de trabalhadores-- deveriam ser previamente ouvidos e defendidos. Os criminosos, preliminarmente, colocariam suas exigências. Imagine se a moda pega e a proposta é estendida a roubo e homicídio.

A aberração não para aí. Diz o parágrafo 2º que, "sempre que necessário à efetivação da tutela jurisdicional, o juiz deverá fazer-se presente na área do conflito".

Não basta, por exemplo, a polícia, que passaria, então, a ter um papel meramente secundário. O próprio juiz, nesses casos, deveria ser obrigado a deixar suas funções para comparecer pessoalmente para ouvir os invasores, os criminosos.

Mais adiante, no parágrafo 4º, outro absurdo: "O juiz requisitará aos órgãos da administração direta ou indireta da União, do Estado ou do Distrito Federal e do município informações fiscais, previdenciárias, ambientais, fundiárias e trabalhistas referentes ao imóvel".

Parece evidente, salvo para crédulos e radicais, que tal forma de mediação visa nada menos do que inviabilizar, tornar nulo o instituto da reintegração de posse. E, junto com a anulação, desapareceria o direito de propriedade, ferido de morte.

Gramsci, no inferno, deve estar celebrando.


Kátia Abreu é senadora (PSD-TO) e a principal líder da bancada ruralista no Congresso. Formada em psicologia, preside a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Escreve aos sábados no caderno 'Mercado'.






***

NOSSA PÁGINA NO FACEBOOK: http://www.facebook.com/profile.php?id=100002651355455&ref=tn_tnmn

Marcadores:

PREFEITURA DE ITAPEVA AINDA USA MÉTODO ARCAICO DE RASPAR ESTRADAS RURAIS PERIODICAMENE
***

Estrada Bairro de Cima ao Bairro da Barra, perto do córrego do Portão Preto. Estrada raspada no fim de fev, começo de março de 2013. Para tapar eventuais buracos, eles raspam a estrada - terra dura, compactada, e pedregulho. Repare a quantidade de pedregulho jogado na lateral. 

Desvantagens do sistema:
1-Rebaixa o leito da estrada - e quanto mais fundo mais mole e liso é o solo
2-Retira pedregulhos da estrada
3-Estraga o bom para consertar o ruim: raspa solo compactado que resistiu à enxurrada para nivelar a estrada por baixo do nível dos buracos
4-Raspa toda estrada - trechos bons e ruins
5-Quanto mais afunda a estrada, maior a dificuldade da enxurrada sair da estrada


Ora, se tirar a enxurrada, a estrada aguenta muito tempo, praticamente não estraga. Eventuais buracos são entupidos com terra e pedra, que podem ser levadas, por exemplo, por um caminhão. Um rolo compactador seria ótimo. A CATI já desenvolveu método eficiente de conservação de estradas rurais.  


NOSSA PÁGINA NO FACEBOOK: http://www.facebook.com/profile.php?id=100002651355455&ref=tn_tnmn

Marcadores:

COLUNA DO SPC NO JORNAL A GAZETA


Por Sebas
tião Pereira da Costa
08:30 (0 minutos atrás)

Lá do Céu mãe Paulina sorri

            Quem com mais de 30 anos não se lembra de dona Paulina de Moraes? Professora aposentada, sobreviveu ao câncer, mulher carismática, filantropa, inteligente e, sobretudo, incansável em seu trabalho de ajudar pessoas nas dificuldades da vida ao mesmo tempo em que fazia política. Ela conseguia conciliar benemerência e política sem que isso transparecesse ou prejudicasse a sua imagem de mãezona preocupada com as pessoas necessitadas. Era sincera ao ajudar o povão carente dos sítios e grotões, não só através de seu programa de rádio “A hora do recado”, como pelo encaminhamento de doentes aos hospitais da região. Foi vice-prefeita de Felipe Marinho e Guilherme Brugnaro, candidata a deputada e, após sua morte, ajudou a eleger sua filha Therezinha de Jesus deputada estadual, duas vezes, que usou o seu sacrossanto nome, como bandeira política: Terezinha da Paulina.

            O sonho de dona Paulina era ver um de seus filhos prefeito de Itapeva, a terra que ela tanto amava; para isso ela batalhou incansavelmente. Em vão. O seu filho, Humberto, delegado federal, chegou a Secretário de Segurança de Rondônia, durante o governo militar, depois, já aposentado, se elegeu prefeito de Nova Campina; Terezinha tentou duas vezes ser prefeita e não conseguiu, derrotada por seu jeito de fazer política.

            Assim, o sonho de dona Paulina em fazer um dos filhos prefeito de Itapeva não se realizara, até que José Roberto Comeron, liberto das peias que o prendiam nas funções radiofônicas da “Hora do Recado”, outrora ocupadas por dona Paulina, migrou para outro grupo político-radiofônico, se lançou candidato e hoje é prefeito de Itapeva. Zé Roberto, pode se dizer, é filho de dona Paulina, não filho genético, de sangue, mas espiritual, ou seja, herdou dela aquele jeito carinhoso de tratar o povão das vilas, dando recados e ajudando pessoas, em cujo coração cabia todo mundo: desde políticos da Capital ao mais humilde lavrador. E o filhote de dona Paulina aprendeu bem o ofício.

            Por essa sua história de trabalho, junto ao povão, Zé Roberto deve um preito à genitora, dona Paulina, e fazer o que estiver ao seu alcance, trabalhando mais que seus antecessores, para ajudar Itapeva. Por enquanto o que se sabe é que o prefeito Zé Roberto inaugurou o tratamento respeitoso às pessoas que vão ao seu gabinete; acabou a era do “nariz empinado”, da empáfia e do descaso com as necessidades das pessoas. Espera-se que o uso do cachimbo do poder não faça a sua boca torta. Como os outros.

            Com seu “filho de criação” na Prefeitura de Itapeva, a saudosa senhora da Hora do Recado lá do céu sorri, só nos restando desejar-lhe: requiescat in pace, dona Paulina.


                                   Tarzan não larga o osso

            Mesmo cassado pelo TSE, por improbidade administrativa, o ex-vereador Tarzan teima em continuar na cena política, ameaçando com a possibilidade de ter seu recurso contra a decisão da justiça aprovado, ou seja, de voltar para a Câmara e tomar o lugar do jovem Rodrigo Tassinari (PV). Atribui-se essa bravata do ex-vereador às eleições para a presidência do PSDB, dia 17, partido que ele sacaneou muitas vezes para tirar proveito político; sem mandato ele disputa em desvantagem com seu opositor, Marmo Fogaça, que, diga-se de passagem, merece mais que nunca uma oportunidade de presidir o partido pela fidelidade que sempre lhe dedicou. Já Tarzan nunca se importou com fidelidade ao PSDB nem aos candidatos do partido, haja vista que ele há muito tempo vem trabalhando para candidatos de outros partidos, isso é público e notório. Na eleição para prefeito em que Paulo de la Rua (PSDB) disputou a Prefeitura com o ex-prefeito Wilmar, Tarzan e seu grupo apoiaram Wilmar “por fora”, ajudando a derrotar o candidato do partido, seu “amigo”, que perdeu por pequena margem de votos.

            O PSDB precisa se renovar, o ex-presidente Fernando Henrique já deu o primeiro passo ao apoiar o mineiro Aécio Neves; em Itapeva o partido também precisa se renovar, Tarzan tem que largar o osso; ele já enjoou todo mundo. Vade retro.  


***
NOSSA PÁGINA NO FACEBOOK: http://www.facebook.com/profile.php?id=100002651355455&ref=tn_tnmn

quarta-feira, março 13, 2013

CULTIVO DA GOIABA

http://www.iac.sp.gov.br/areasdepesquisa/frutas/frutiferas_cont.php?nome=Goiaba



Psidium guajava L.

A goiabeira, planta perene, de porte arbustivo ou semi-arbórea, com 3 a 7m de altura, está disseminada por todo o mundo. Pertencente à família Myrtaceaea, é originária de alguma região da América Tropical, situada entre o México e o Brasil. As frutas são variáveis em tamanho, forma, sabor, peso e coloração de polpa, que pode ser branca, creme, amarela, rosa ou vermelha.

A fruta é rica em vitamina C e se destina tanto ao consumo natural como à industrialização, na forma de compota, massa, suco e geléia.

Cultivares: IAC-4, Rica, Paluma, Monte Alto Vermelho, Ogawa, Guanabara, Kumagai, Ruby Supreme, Webber Supreme, Indiana Vermelha.

Clima e solo: adapta-se bem em qualquer região do Brasil, mas são considerados ideais os locais com precipitação média anual superior a 1.000mm, bem distribuída, e temperatura média anual entre 18 e 25ºC. Não tolera geadas e ventos frios. Os solos, arenosos ou argilosos, devem ser profundos e bem drenados, pois a goiabeira não prospera em terrenos encharcados, pantanosos, mal arejados ou impermeáveis.

Práticas de conservação do solo: plantio em nível. Manter nas entrelinhas uma cobertura vegetal rasteira, sempre roçada.

Propagação: normalmente por sementes, mas recomenda-se a enxertia por borbulhia ou garfagem. Pode-se utilizar a estaquia herbácea, com dois pares de folhas, colocando-se estacas em câmara de nebulização e aplicando-se hormônios. A semeadura deve ser realizada, preferencialmente, na primavera, podendo, nas regiões mais quentes, ser feita em qualquer época do ano. Quando as plantinhas atingirem 5cm de altura, transplantar para sacos plásticos ou laminados mantendo-as em viveiros até atingirem 25cm de altura. São necessárias 10g de sementes para a produção de 300 a 400 plantinhas mais vigorosas na sementeira.

Plantio: plantar no início das chuvas. Retirar a embalagem sem destruir o torrão e manter o nível da cova ligeiramente acima do nível do terreno. Irrigar abundantemente, caso não ocorram chuvas. Fazer uma bacia para conter 20 litros de água, e se necessário, colocar uma cobertura morta para manter a umidade.
Espaçamento: Para indústria, 5 x 8m ou 7 x 7m (250 ou 204 plantas/ha) e, para mesa, 5 x 6m (330 plantas/hectare).

Mudas necessárias: 200 a 330 mudas/ha. Evitar baixas densidades ou adensamento excessivos, devido ao desperdício de terreno ou pela necessidade da execução de numerosas podas.

Cova: covas grandes, no mínimo de 40 x 40 x 40cm.

Poda: a poda de formação deverá ser feita, seja qual for a finalidade da cultura. Além desta, devem ser eliminados, através de podas periódicas, os ramos defeituosos, secos ou baixos. Quando destinada à produção de frutos de mesa, as podas (longas) deverão ser feitas anualmente, no inverno, encurtando-se os ramos do ano anterior.

Desbaste e ensacamento: quando destinada à fruta de mesa, deve-se efetuar o raleamento e o ensacamento dos frutos remanescentes.

Calagem: de acordo com a análise de solo, o índice de saturação por bases a 70%.

Adubação de plantio: colocar na cova 15 a 20 litros de esterco de curral ou 3 a 5 litros de esterco de galinha ou torta de mamona em mistura com 200g de P2O5 e 3g de Zn (nas formas de óxido ou sulfato) e a terra de superfície, 20 a 30 dias antes do plantio.

Adubação de formação: aplicar, de acordo com a análise de solo, por ano de idade e por planta, 70g de N, 40 a 100g de P2O5, e 20 a 50g de K2O, ao redor de cada planta na projeção de suas copas.

Adubação de produção: (plantas adultas): de acordo com os resultados da análise de solo e com a produtividade esperada (20 a 50 t/ha), aplicar anualmente, 80 a 160 kg/ha de N, 20 a 140 kg/ha de P2O5 e 30 a 160 kg/ha de K2O, em três parcelas, no início e durante as chuvas, na projeção da copa.

Controle das pragas e doenças: mosca-das-frutas – ensacamento (para frutas de mesa) conjuntamente com a utilização de iscas envenenadas à base da mistura de inseticidas organofosforados e melaço ou proteína hidrolisada; em pomares industriais, pulverizar com inseticidas organofosforados (parathion methyl, fenthion, fenitrothion e trichlorfon, entre outros), a partir do início da frutificação até no máximo 30 dias antes da colheita; brocas – colocar um algodão embebido com gasolina dentro do orifício feito pelo inseto, no cado de broca do tronco; em se tratando da broca dos ramos, adotar medidas profiláticas (poda, retirada e queima dos ramos e galhos afetados); ferrugem e antracnose – pulverizações alternadas com mancozeb e oxicloreto de cobre; verrugose – oxicloreto de cobre; seca bacteriana dos ramos – conforme o grau de infestação, efetuar uma poda leve ou drástica, seguida de uma pulverização com calda sulfocálcica, e pulverizações seqüentes com oxicloreto de cobre.

Outros tratos culturais - capinas manuais na projeção da copa da planta (coroação) e, nas entrelinhas, roçadas (período chuvoso) e gradeações (período seco).

Colheita: de janeiro a abril. Manual, colocando os frutos em caixas de colheita, com dois a três repasses semanais, em estádio de vez de maturação, para a comercialização ao natural ou maduras firmes, quando destinadas à industrialização.

Produtividade normal: 15 a 50 t/ha de frutos (70 a 200 kg/planta/ano, de frutos), dependendo de diversos fatores tais como espaçamento, cultivar, clima, solo e tratos culturais.

Culturas intercalares: até o 2º ano, pode-se plantar leguminosas de pequeno porte, não-trepadeiras, nas entrelinhas (por exemplo, o feijoeiro).

Comercialização: para o comércio in natura, caixas com capacidade média de 3,5kg; para a industrialização, usam-se as próprias caixas de colheita, que têm capacidade de 22 a 25kg.


Fonte: Boletim, IAC, 200, 1998.


***
NOSSA PÁGINA NO FACEBOOK: http://www.facebook.com/profile.php?id=100002651355455&ref=tn_tnmn

Marcadores:

segunda-feira, março 11, 2013

FOLHA DE SP
11/03/2013 - 03h00
Transferência de mão de obra
Luiz Carlos Bresser-Pereira

O Brasil cresce muito pouco. Desde 1990, a renda per capita cresce a uma taxa de 1,7% ao ano, contra 4% entre 1930 e 1980; no último ano, cresceu apenas 0,9%; a taxa de investimentos patina em torno de míseros 18%, e o Brasil se desindustrializa prematuramente, não obstante a economia esteja próxima do pleno emprego. Que fazer diante desse quadro no qual também a dinâmica baseada no consumo já está se esgotando?

O doente principal é a indústria; nos últimos dois anos, a indústria vem decrescendo em termos absolutos, e desde os anos 1980 vem diminuindo sua participação no PIB.

E, no entanto, o que ouço de alguns de seus líderes são frases como: é preciso diminuir os custos de produção da indústria, é preciso investir na infraestrutura e na educação, é preciso reduzir as despesas de custeio do governo. E quanto aos juros e ao câmbio? Ah, sim, o governo já fez o que era possível fazer

Ao ler "soluções" desse tipo, não posso deixar de pensar em um médico que, diante de uma infecção grave de seu paciente, ao invés de lhe receitar antibiótico, recomenda que se alimente de forma mais saudável e faça exercícios diários.

As melhorias recomendadas do lado da oferta correspondem ao que o governo e as empresas já estão fazendo, porque há consenso na sociedade de que essas ações são necessárias. E nenhum país se desindustrializa pela falta delas. Na verdade, desde 1985 o Brasil vem realizando um grande esforço na área da educação, desde 1999 suas contas fiscais foram equilibradas e, desde que o PAC foi criado, tudo o que é possível vem sendo feito na área da infraestrutura.

Ainda que tenha havido alguma melhoria nesta área no atual governo, a verdadeira infecção da economia brasileira é a taxa de juros alta e o real sobreapreciado. É isso que desconecta as empresas eficientes do mercado externo e também do interno -e que provoca a desindustrialização. Por que o empresário eficiente investirá para aumentar a produção, se é mais barato importar os componentes e apenas montar os bens que antes fabricava?

E é essa mesma sobreapreciação cambial que explica por que há pleno emprego com baixo crescimento. A apreciação aumenta artificialmente os salários e o consumo e cria demanda no setor de serviços internos. E, assim, provoca a transferência da mão de obra da indústria para eles, ou seja, de um setor com alto valor adicionado per capita para um setor com baixo valor adicionado per capita. Ora, o aumento da produtividade decorre do inverso: da transferência da mão de obra de setores pouco sofisticados tecnologicamente, que pagam baixos salários, para setores com maior sofisticação tecnológica, que adicionam maior valor per capita à produção e pagam salários mais altos.

Logo, essa transferência perversa de mão de obra para os serviços explica o pleno emprego associado a baixo crescimento. Por outro lado, o consumo ainda relativamente aquecido foi capturado pelas importações. Logo, se continuarmos a acreditar que "tudo o que era possível fazer em matéria de juros e câmbio já foi feito", só restam à economia brasileira duas coisas: baixo crescimento e desindustrialização.


Luiz Carlos Bresser-Pereira é professor emérito da Fundação Getúlio Vargas, onde ensina economia, teoria política e teoria social. É presidente do Centro de Economia Política e editor da "Revista de Economia Política" desde 2001. Foi ministro da Fazenda, da Administração e Reforma do Estado, e da Ciência e Tecnologia. Escreve a cada duas semanas, aos domingos, na versão impressa de "Mundo".






***

NOSSA PÁGINA NO FACEBOOK: http://www.facebook.com/profile.php?id=100002651355455&ref=tn_tnmn

domingo, março 10, 2013

COLUNA DO SPC, NO JORNAL A GAZETA

Por Sebastião Pereira da Costa
Amigos, por motivos de impossibilidade, esta semana aproveitei um texto atribuído ao filósofo Spinosa para minha coluna, portanto, qualquer reclamação é com ele. Abraço efusivos. SPC
O Deus do filósofo Spinoza, falou:

Chega de ficar rezando e batendo no peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.

Pára de ir a esses templos tristes, obscuros e frios, que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.

Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.

Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho... Não me encontrarás em nenhum livro!
Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?

Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor. Pára de me pedir perdão. 

Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz... Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu mesmo pus em ti?

Como posso te castigar por seres como és se fui Eu quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?
Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.
Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.
Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas. Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. 
Ninguém leva um registro.

Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.
Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho: vive como se não o houvesse. Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei.
E se houver, tenha certeza de que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste. O que aprendeste?

Pára de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas teus filhos, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.

Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Aborrece-me que me louvem. Me cansa que agradeçam. Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo. Te sentes olhado, surpreendido?... Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar. Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Por que precisas de mais milagres? Por que tantas explicações?
Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro, estou dentro de ti.


***

NOSSA PÁGINA NO FACEBOOK: http://www.facebook.com/profile.php?id=100002651355455&ref=tn_tnmn
Secador solar para desidratação de alimentos



FONTE: http://curapelanatureza.blogspot.com.br/2008/03/secador-solar-para-desidratao-de.html

Os alimentos desidratados são valiosa fonte de nutrientes. A perda de água pela secagem deixa-os concentrados, e por isso eles podem ser usados em menor quantidade do que os outros alimentos.

Com a secagem ao sol, os alimentos passam por um processo de energização e adquirem especial capacidade de vitalizar corpos sutis. A versatilidade desses alimentos e as possibilidades de conservação que oferecem os tornam extremamente úteis para os tempos atuais. Frutas, legumes e vegetais em geral podem ser desidratados em um eficiente e prático secador solar doméstico. O processo permite que o sabor e a qualidade nutricional sejam mantidos sem o uso de técnicas artificiais nocivas à saúde.


MATERIAIS


Três placas de isopor de 1 m x 0,50 m, com espessura de 30 mm


Três tubos de cola para isopor


1 m de tela de náilon fina


1 vidro plano transparente de 3 mm de espessura, do tamanho da caixa de isopor


200 g de pregos torcidos de 18 mm x 27 mm (telheiro onda 24)


1 pincel de 3 cm


Papel-alumínio para forrar a caixa


COMO FAZER



Use uma placa de isopor inteira para o fundo da caixa.


Corte outra placa ao meio para os dois lados maiores.


Corte outra placa para os dois lados menores.


Cole as partes, formando uma caixa de 94 cm x 44 cm. Coloque os pregos nos cantos, para deixá-la firme.


Corte duas aberturas de 30 cm x 4 cm nos lados menores da caixa: uma na parte de baixo e outra na de cima, a partir do quarto centímetro, tanto de baixo para cima quanto de cima para baixo.


Recorte dois pedaços de tela e prenda-os com alfinetes no isopor, tampando as aberturas descritas no item anterior. Recorte, do isopor que sobrou, pedaços de 3 cm de largura e cole-os nas extremidades das aberturas, fazendo uma moldura para a tela.


Forre todo o interior da caixa com papel-alumínio, deixando as duas aberturas laterais livres.


Faça uma armação retangular de madeira, de 90 cm x 40 cm, e acrescente-lhe pés de 10 cm de altura. Cubra-a com a tela, que deve ser presa na parte de baixo. Essa armação revestida com a tela deverá ficar dentro do secador. Sobre a tela se colocarão frutas ou legumes para desidratar. Faça outra armação de madeira, 1 cm maior que a caixa, para receber o vidro que servirá de tampa. Essa armação deve ter baguetes laterais para fixar o vidro.


PREPARO DE ALGUMAS FRUTAS PARA DESIDRATAÇÃO

Abacaxi

Descasque e corte a fruta em rodelas de aproximadamente 1 cm de espessura. Retire o miolo com um vazador. Corte as fatias em três ou quatro pedaços iguais e coloque no secador. Desidrate os miolos separadamente. Você pode fazer o vazador com um tubo de PVC de 1 ou 1 ½ polegada, lixando uma das extremidades para torná-lo cortante.


Banana

A banana que melhor responde à secagem é a banana-caturra ou banan-nanica. Corte-a ao meio nos dois sentidos para facilitar a secagem, mas ela pode ser desidratada inteira. A banana-ouro, por ser pequena, não precisa ser cortada. A banana-da-terra e a banana-marmelo também podem ser desidratadas, mas devem ser cortadas em rodelas.

Caqui

Corte ao meio ou em quatro partes. Seque com a face cortada virada para cima. Retire uma parte da casca para facilitar a secagem. A fruta deve estar semimadura. Você também pode bater o caqui no liquidificador, formando uma pasta bem grossa, e colocá-lo no secador em uma assadeira.

Maçã

Descasque a fruta, corte em quatro partes ou em rodelas finas. As cascas podem ser desidratas à parte e servem para fazer chá, colocadas em granola ou transformadas em pó. Mas só use a casca se a maçã for orgânica.

Manga

Corte a fruta em fatias, no sentido mais largo da polpa, e divida em patês iguais. As cascas também podem ser desidratadas, como as da maçã.


Uva

Lave bem as uvas, retire-as do cacho, mergulhe em meio litro de água com suco de um limão. Dê preferência a uva sem sementes.

Legumes

Os legumes que crescem sob a terra, como beterraba, cenoura, nabo e batatas em geral, precisam ser descascados. Os aéreos, como jiló, chuchu, pepino, tomate e berinjela, podem ser preparados com casca. Todos devem ser cortados em rodelas finas ou em palitos.


USO DE ALIMENTOS DESIDRATADOS

Os alimentos desidratados podem ser transformados em pó e adicionados a sopas, caldos e mingaus. Em forma granulada, podem ser cozidos com arroz ou outros cereais.


Em pó ou em pedaços, podem ser usados como ingredientes de pães, bolos e biscoitos.


As frutas desidratadas podem ser ingeridas em pedaços, cruas. Devem ser bem mastigadas, para que se reidratem na boca.



Texto adaptado do Boletim de Sinais n°. 13, maio a agosto de 2002.





***

NOSSA PÁGINA NO FACEBOOK: http://www.facebook.com/profile.php?id=100002651355455&ref=tn_tnmn

Marcadores: ,

terça-feira, março 05, 2013


Agrotóxicos sem veneno

Terça, 05 de Março de 2013, 02h05
Xico Graziano * Pragas e doenças ameaçam a produtividade das lavouras em todo o mundo. No combate a esses organismos danosos, produtores rurais recorrem ao uso de defensivos agrícolas, que, por sua vez, afetam o meio ambiente. Seria possível praticar agricultura sem agroquímicos? Dificilmente.

No bê-á-bá da agronomia se aprende que um inseto somente pode ser considerado uma praga se causar danos econômicos às plantações. Isso porque, na natureza bruta, folhas e grãos são normalmente mastigados pelos bichinhos, que se reproduzem no limite estabelecido por seus predadores naturais. Quando, por qualquer motivo, se rompe o equilíbrio do ecossistema, altera-se a dinâmica das populações envolvidas naquela cadeia alimentar. Advêm problemas ecológicos.

Tudo começou quando, há cerca de 10 mil anos, a população humana se tornou sedentária. Surgiu daí a agricultura, inicialmente nos deltas fluviais, provocando os primeiros desequilíbrios ambientais. Pragas e doenças são relatadas desde essas remotas origens da civilização. Gafanhotos nas plantações, pestes no rebanho e piolho nos campos se encontram entre as dez pragas bíblicas do Egito.

Cinzas de madeira foram os primeiros defensivos agrícolas. A partir de 1850, quando a população humana já atingira seu primeiro bilhão, alguns produtos químicos, como o arsênico e o mercúrio, começaram a ser utilizados. Muito tóxicos, acabaram abandonados. Em 1930, os habitantes da Terra chegavam aos 2 bilhões. Foi quando se descobriu a ação inseticida do DDT, derivado do cloro, utilizado na saúde pública para combater os insetos transmissores de doenças. Somente nos anos de 1960, quando a explosão populacional elevou para 3 bilhões a espécie humana, os defensivos químicos passaram a ser utilizados em grande escala no campo.

Em 1962, a bióloga norte-americana Raquel Carson publicou seu extraordinário livro Primavera Silenciosa, mostrando que ovos de pinguins da Antártida continham resíduos de pesticidas clorados. O alerta forçou os governos a atuar e obrigou a indústria a evoluir. Persistentes no meio ambiente, a primeira geração de produtos agrotóxicos clorados acabou mundialmente banida. Desde 1985 encontram-se proibidos no Brasil.

Nessa época, organizados na Associação dos Engenheiros Agrônomos de São Paulo (Aeasp) e liderados por Walter Lazzarini, os profissionais exigiram leis mais rígidas para regular o uso e a aplicação dos agrotóxicos, incluindo, à semelhança dos médicos, a exigência da receita agronômica para a venda desses insumos. Nossa palavra de ordem era o "uso adequado e correto" dos defensivos agrícolas, não sua proibição total. O foco residia na agricultura de qualidade. Saímos vitoriosos.

Pois bem, Nem o aumento dos humanos, que já ultrapassaram 7 bilhões de habitantes, nem a expansão rural, que já ocupa 37% da superfície da Terra, cessaram. Embora a tecnologia tenha conseguido notáveis sucessos, o vetor básico continua atuando: novas bocas para alimentar exigem mais alimentos, que pressionam o desmatamento, que aumenta o desequilíbrio dos ecossistemas, que favorece o surgimento de pragas e doenças. Trajetória da civilização.

A safra brasileira tem batido recordes, ampliando o uso de defensivos agrícolas. Além do mais, nos trópicos o calor e a umidade favorecem o surgimento de pragas e doenças nas lavouras. Graças, porém, ao desenvolvimento tecnológico, nos últimos 40 anos se observou forte redução, ao redor de 90%, nas doses médias dos inseticidas e fungicidas aplicados na roça. Quer dizer, se antes um agricultor despejava dez litros de um produto por hectare, hoje ele aplica apenas um litro. Menos mal.

Fórmulas menos tóxicas, uso do controle biológico e integrado, métodos de cultivo eficientes, inseticidas derivados de plantas, vários elementos fundamentam um caminho no rumo da sustentabilidade. Os agroquímicos são mais certeiros, menos agressivos ao meio ambiente e trazem menores riscos de aplicação aos trabalhadores rurais. Nada, felizmente, piorou nessa agenda.

Surge agora, nos laboratórios, uma geração de moléculas que atuam exclusivamente sobre o metabolismo dos insetos-praga, bloqueando sinais vitais. Funcionam de forma seletiva, combatendo-os sem aniquilar os predadores naturais, nem afetar insetos benéficos ou animais mamíferos. No sentido ambiental, configuram-se como pesticidas não venenosos, deixando de ser "agrotóxicos". Sensacional.

Existe, ainda, contaminação de alimentos por agrotóxicos tradicionais. O problema, contudo, difere do de outrora, quando resíduos cancerígenos dominavam as amostras coletadas. Hoje a grande desconformidade recai sobre o uso de produtos químicos não autorizados para aquela lavoura pesquisada, embora permitidos em outras. Raramente se apontam resíduos químicos acima dos limites mínimos de tolerância.

Isso ocorre por dois motivos. Primeiro, o governo tem sido extremamente lerdo no registro de novos defensivos agrícolas. Segundo, mostra-se muito onerosa, para as empresas, cada autorização de uso para lavouras distintas.

Resultado: inexistindo produto "oficial" para o canteiro de pimentão, por exemplo, o horticultor utiliza aquele outro vendido para tomate. O problema, como se percebe, é mais agronômico, menos de saúde.

Muita gente critica os defensivos químicos, considera agrotóxico um palavrão. Mesmo na agricultura orgânica, imaginada como solução milagrosa, todavia, se permite utilizar caldas químicas elaboradas com sulfato de cobre, hidróxido de cálcio e enxofre.

Resumo da história: na escala requerida pela população, as lavouras sempre exigirão pesticidas contra organismos que as atacam. Importa o alimento ser saudável.

* Xico Graziano é agrônomo e foi secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. E-mail: xicograziano@terra.com.br.

***

Marcadores:

segunda-feira, março 04, 2013

Poder, dinheiro e sexo

Luiz Felipe Pondé NA FOLHA DE SP
Quase todo mundo faz quase o tempo todo quase tudo por poder, dinheiro e sexo
"Meu Deus, eu queria tanto ouvir um pecado novo." Esta frase me foi dita por uma amiga minha, uma verdadeira dama, citando um padre amigo seu. Esta fala revela a repetição dos temas humanos: dinheiro, poder, sexo. Nada há de novo embaixo do sol, como diz a Bíblia Hebraica. Iniciantes acham que há.
Posso imaginar a monotonia do confessionário. Para nós, mero mortais, a ideia, por exemplo, de uma mulher contando suas infidelidades, reais ou imaginárias, é uma delícia de luxúria. Para o apreciador do sexo frágil, o segredo do mundo está entre as pernas das mulheres.
Aliás, a luxúria é um dos sete pecados capitais. E pecado é coisa séria, apesar de hoje estar na moda achar que não existem mais pecados. Eu, que sou um medieval, creio mais neles do que nas ciências humanas.
Ingênuos acreditam que a vida mudou em sua "essência". Mesmo o caso do Vatileaks repete a velha história de poder, dinheiro e sexo.
Mesmo Jesus, em seus 40 dias no deserto (que por sua vez simbolizam os 40 anos do povo hebreu perdido no Sinai, pós-Egito), foi tentado nesta velha chave: poder, ouro, mulheres.
Mas existe uma hierarquia nesta estrutura. Por exemplo, ninguém nunca perdeu mulher perseguindo dinheiro (ouro), mas sim perdeu muito dinheiro perseguindo mulher, portanto, dinheiro é mais essencial e seguro do que começar por mulheres. Uma vez tendo o dinheiro, elas virão.
"Sabedorias" como essa falam do pecado, essa marca de nossa natureza humana. Prever o comportamento humano a partir do pecado é quase uma ciência exata.
Uma coisa chata sobre essa ciência exata do pecado é justamente ela furar nossas utopias. E o mundo moderno, assim como é o tempo da técnica e da ciência, é também o tempo da mentira moral generalizada que se diz utopia.
Adianto que não uso pecado aqui como algo necessariamente religioso, mas sim como traço de comportamento verificável do tipo "ratinho do Pavlov": os sete pecados capitais funcionam "cientificamente" melhor do que a luta de classes.
Lembre, por exemplo, da inveja que seu colega de trabalho tem quando você tem mais sucesso do que ele. E se ele não reagir de modo banal, isto é, babar de inveja, saiba que você está diante de alguém de caráter. Coisa rara. As feias querem matar suas colegas mais bonitas. A única esperança das feias é que as bonitas sejam mesmo burras e superficiais.
Mas a luxúria é top. Depois da revolução sexual pensamos que a luxúria não existe mais e que "sexo salva". Pensar isso é coisa de iniciante.
O que caracteriza o pecado é que ele extenua a pessoa. A ideia mais perto disso é a ideia de vício. Vício em drogas, álcool. Luxúria seria o vício no sexo. Alguns especialistas acham que não existe vício em sexo e que falar disso é simplesmente ser "moralista" ou ter inveja de quem faz muito sexo.
Eu suspeito de que quem acha que não existe vício em sexo é que não faz sexo o suficiente, por isso não sabe o que é estar submetido a um desejo que destrói a alma. Neste caso, a simples visão de uma mulher, suas pernas, sua voz, seus gestos, implica no silêncio do resto do mundo.
Os antigos e medievais entendiam mais da natureza humana do que nós, principalmente porque eram menos utópicos e não sofriam dessa bobagem de achar que é a "ideologia" que determina quem somos.
A "crítica da ideologia" é uma das pragas contemporâneas e virou uma espécie de fetiche do pensamento, que nos impede de ver o óbvio: poder e dinheiro trazem sexo, seja homem ou mulher, isso não é "ideológico". Quase todo mundo faz quase o tempo todo quase tudo por poder, dinheiro e sexo.
Sobre o risco de conceitos virarem fetiche, o livro de Luís de Gusmão, "O Fetichismo do Conceito" (Topbooks), é uma pérola. Recomendo para quem acredita em "mitos".
Autores como Evagrio Pônticos (345-399), Santo Agostinho (354-430) e São Tomás de Aquino (1225-1274) podem nos ensinar bastante sobre natureza humana. Saia da moda e leia os antigos e os medievais. Pra eles, o pecado é a perda da autonomia da vontade. Quem nunca viveu isso, que se cale e vá brincar.

***

Marcadores:

Google
online
Google