sábado, agosto 31, 2013

COLUNA DO SPC NO JORNAL A GAZETA


Sebastião Pereira da Costa
30 de ago (1 dia atrás)

                                  Secretário municipal iracundo (?)
            Por volta de 1946, eu morava em São Paulo, e gostava de ler Gibi e Globo Juvenil Mensal (revistas em quadrinhos) e não perdia capítulo da série humorística “As aventuras de Brejo Seco”, de Al Capp, em que o simplório Ferdinando vivia às turras com o “vilão” da cidade, um dono de escola que todos chamavam de professor Iracundo. Pra saber o que significava iracundo consultei o dicionário. A graça da historinha era o mau-humor do professor Iracundo: boçal, mal-educado, irascível, as professoras tinham medo de falar com ele, só Ferdinando sabia lidar com o professor “casca grossa” e aí os diálogos entre os dois era o que a gente mais gostava. Bons tempos dos gibis.
            Ao ouvir falar de um certo secretário municipal, em Pedrachata, e a forma como ele trata as pessoas, principalmente, professoras e vereadores (as), minha memória piscou; já conhecia o dito cujo de algum lugar; mas onde? Escarafunchando a memória lembrei-me do professor Iracundo, de Brejo Seco; aí deduzi: nós temos um professor Iracundo aqui, que nos faz lembrar um ex-prefeito nariz empinado: conta-se que, às vezes, um secretário entrava sorrindo em seu gabinete e saía quase chorando. Putz.
                                                    Paladar finíssimo            
            Temos de tirar o chapéu para a vereadora Áurea (PV), ela é do tipo que mata a cobra e mostra o pau, quer dizer, podia mostrar, né? Ela mal sobe na tribuna da Câmara e já começa a desancar a merenda escolar; fala da péssima qualidade da merenda, uma porcaria, diz que diretoras e professoras não reclamam porque temem represálias. E a aguerrida vereadora não fala por ouvir dizer, ela vai à escola e experimenta um por um dos itens da merenda: põe na boca, fecha os olhos, mastiga bem, saboreia e cospe fora. O suco, numa colher de sopa, ela põe na boca e faz careta pra engolir.  Conta-se que uma professora (de estômago fraco) comeu da merenda e vomitou até as tripas. Será?
            E mais. Áurea promete levar o promotor público para provar a merenda, coitado. É bom levar sonrisal ou sal de frutas, com promotor não se brinca. Informa-se que a merenda é comprada em Itararé, naquela base. Aí, os amigos do prefeito Zé Roberto vão à tribuna e rebatem: a vereadora não é nutricionista, nem nada, não tem paladar nem bom-gosto, ela não entende de cozinha, não sabe fazer café nem fritar ovo etc. etc.
            A vereadora não liga e confirma: a almôndega tem gosto de mortadela, o “sucrilho” parece ração de cachorro, arroz tipo “unidos venceremos”, o suco “natural” lembra xarope pra tosse; a salsicha é péssima qualidade e pode fazer mal à saúde das crianças pelo excesso de sódio. Aí, pelo olhar da vereadora, se vê que ela consulta a memória a relembrar com saudade a gestão passada, quando o sucrilho era crocante, gostoso, o suco natural tinha o gosto da fruta e não de essência, o arroz uma delícia soltinha, tudo uma gostosura, bem-feita, que até o prefeito comia e repetia.
E se a vereadora estiver certa? Não custa nada o prefeito mandar averiguar.  Que tal levar o Zé Roberto almoçar em algumas escolas, sem avisar, de surpresa, ham? Não adianta vereadorzinho perguntar para as professoras o que acham da merenda; elas vão dizer que é ótima; nenhuma delas vai querer ser a palmatória do mundo. Crendiospadre.

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sexta-feira, agosto 23, 2013

COLUNA DO SPC NO JORNAL A GAZETA

Sebastião Pereira da Costa
09:33 (0 minutos atrás)

                                              Um vereador da oposição (?)
            O vereador Marmo Fogaça (PSDB), em tantos anos de mandato, poucas vezes foi à tribuna da Câmara denunciar malfeitos na administração municipal. Todavia, neste início de gestão do prefeito Zé Roberto (PMDB), já passa de meia dúzia de vezes suas intervenções na tribuna sobre os gastos da Prefeitura, que ele considera irregulares; desde recursos “carimbados”, desviados de sua finalidade, àqueles para a compra de merenda escolar sem licitação. Entretanto, Marmo faz as denúncias em tom de advertência (fogo amigo) e reitera que o prefeito Zé Roberto está se descuidando da legalidade ao usar verbas “carimbadas”, indevidamente. 
            No entanto, as denúncias do tucano solitário não repercutem entre seus pares, eles ouvem calados, semblante tranquilo, limpando as unhas... A compra de merenda escolar sem licitação é a mais preocupante; será que estamos assistindo ao início de mais um escândalo do Fundef, de triste memória, denunciado pelo então vereador Paulo de la Rua? A história vai se repetir? Na Câmara apostam que não, dizem que o Marmo é só fogo de palha, que basta uma boa conversinha ao pé do ouvido, e pronto. Faz sentido. Pois, dia deste, ele foi chamado de câncer de Itapeva por um advogado, notório nos meios políticos, logo depois foi visto de conversinha e sorrisinhos com o dito cujo!
            E o prefeito, o que diz das denúncias? Não se sabe, mas quando foi vereador, Comeron denunciou ao Ministério Público a compra superfaturada de apostilas, ainda sem apuração. Como prefeito, ele podia mandar abrir a “caixa preta” da Educação.
            Mas o loquaz prefeito Zé Roberto, rei do microfone, não é tolo nem nada, não vai meter a mão na cumbuca, não vai ser ingênuo de cometer o mesmo erro dos outros.
O vereador Marmo deve estar só testando a nova Administração, ele é manhoso, seu mestre é o ex-vereador Tarzan, campeão da malandragem política. Oremos.
                                           Novas mídias, novas posturas
            Os itapevenses, enfim, deixam o provincianismo de lado e descobrem a internet como forma de comentar, entre si, a vida social e política da cidade, usando o Face Book para criticar ou defender políticos e o serviço público. Na essência, é mais fofoca, cada um falando de suas amizades, religião, citando provérbios moralistas, ou postando fotos de mesas sortidas de comida e bebidas (nesse quesito ostentação, o Marinho ganha do doutor Generci). Mas nas postagens Deus e seu Filho ainda são os maiores fregueses.  
            Política Democrática, de cunho político, se presta mais a informar e a levantar questões de gestão pública, fazer sugestões, trocar ideias e informações, tudo com jeito impessoal, o que faz do site um meio-jornal. Ah, voltou a aparecer, no Face, o tal de João Itapevense, jogando bosta no ventilador, a relembrar a eleição municipal passada em que o atual prefeito era denunciado como ímprobo na imprensa, por gente que hoje está tentando uma boquinha na Prefeitura. Esse João...eta mundo véio sem porteira.
           

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sábado, agosto 17, 2013

COLUNA DO SPC NO JORNAL A GAZETA

Sebastião Pereira da Costa



                                      A sua religião vai bem?   
Os números do Censo refletem a diversidade cultural e religiosa da Capital paulista; os espíritas formam o quarto grupo religioso (530 mil pessoas); religiões tradicionais, como o budismo (66,5 mil), umbanda (51 mil), judaísmo (43 mil) e o islamismo (8 mil). O que chama a atenção é o número de ateus (70 mil) e agnósticos (21 mil; agnóstico equivale a ateu, no conceito religioso). Existe uma verdadeira guerra mercadológica entre às centenas de denominações religiosas, os canais de televisão estão com seus horários noturnos totalmente tomados por pastores até de madrugada.
Além disso, existem milhares de igrejas e templos espalhados por todo o País pregando o Evangelho, falando de Deus e Jesus, há tanto pedido de ajuda que Pai e Filho não fazem outra coisa na vida a não ser atender pedidos de devotos. A bíblia virou best´seller, cuja leitura fora proibida, durante séculos, pela Igreja Católica.
                                               Infidelidade religiosa
O antropólogo Ronaldo de Almeida, da Unicamp e do Cebrap afirma: "Há uma diversificação e uma maior infidelidade a uma religião específica. O sujeito se identifica como evangélico, mas molda sua experiência religiosa de acordo com sua preferência; quando ele quer ouvir louvores com mais música, vai a uma igreja, quando quer cura, vai a outra, quando busca mensagem espiritual mais forte, busca outras." A antropóloga Diana Nogueira, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, compara essas pessoas àquelas que querem perder peso e vão migrando de médico em médico. "A religião não resolve os muitos desafios que uma vida de periferia urbana lhes impõe, por isso, essas pessoas vão de igreja em igreja, buscando suas próprias soluções", diz Diana.
                                               Igrejas a la carte
Além das igrejas conhecidas, surgiram outras voltadas a públicos específicos, como a Crash Church Underground Ministry – que atrai roqueiros adeptos do trash metal em seu templo no Ipiranga –, ou a Igreja da Comunidade Metropolitana, em Santa Cecília, voltada para o público homossexual. Tem religião pra todo uso e gosto.
“O crescimento das pequenas igrejas evangélicas é visível, são as chamadas comunidades e seus fundadores são pastores que já pertenceram a igrejas evangélicas maiores", registra o vereador evangélico Carlos Apolinário. Em levantamento feito em 2008, a equipe do vereador registrou mais de 18 mil templos evangélicos em São Paulo, a maioria nas zonas leste e sul. Ele estima que outros 2 mil tenham sido criados desde então; para se ter ideia do avanço pentecostal e queda do catolicismo, o total de paróquias católicas não chega a 500 na capital paulista (papa Francisco quer, e pode, reverter esse quadro). Outros dados do Censo chamam a atenção: a Assembleia de Deus teve um aumento de fiéis de 36% na Capital – menor que o da média nacional 46%; já os evangélicos de missão – grupo que inclui batistas, luteranos, presbiterianos, metodistas e adventistas – tiveram uma queda de 13% em São Paulo e aumento de 11% no País. Entre as pentecostais, o destaque vai para a perda acentuada de fiéis em São Paulo da Congregação Cristã (27%) e da Igreja Universal (37%), enquanto no País o rebanho de cada uma encolheu 10%.
Com milhares de igrejas por toda parte, ainda querem religião nas escolas, dizem que a falta de religião é que induz as pessoas ao vício das drogas, à violência, à corrupção política etc. Balela, sem Educação adequada, não há religião que dê jeito.


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sábado, agosto 10, 2013

COLUNA DO SPC NO JORNAL A GAZETA

Prefeito e seus amigos leais

            O prefeito Zé Roberto (PMDB), nesta fase inicial do poder, vive seu momento de glória, de alto astral, onde quer que ele vá tem amigos de sorriso aberto, simpáticos, companheiros. Após o expediente, na hora de relaxar, lá estão os amigos prontos para relaxar junto, contando velhas piadas, num clima de muita risada e muita...
            Ter amigos é bom, nos ajuda a superar as agruras da vida e nas horas de aperto, muitas vezes, são os amigos que nos acodem; mas tem que se tomar cuidado com traições; diz o velho axioma: Deus me proteja de meus amigos, porque dos inimigos eu mesmo me protejo. Às vezes, os amigos mais fieis são os mais perigosos, porque nos pegam desprevenidos. Paráfrase de outro sábio ditado: para prefeito é preferível aqueles que o criticam, porque o corrigem, àqueles que o bajulam e o corrompem.
            Foram os “bons amigos” do prefeito de uma cidade vizinha que mais o sacanearam, seja fazendo parte do governo, ou como aspones palpiteiros. O prefeito confiava nesses amigos, nem por sonho acreditava que fossem fazer o que fizeram na Prefeitura; aí, foi o que se viu: ele foi cassado, desmoralizado e inelegível. Quase saiu algemado da prefeitura. A sua sucessora, também, quase foi cassada pela Câmara, por ajudar companheiros de campanha. Amigos, sim, mas sem maracutaias na Prefeitura.
            O prefeito Zé Roberto tem bom coração, precisa ficar esperto e tomar cuidado.

                          Pequenas empresas Grandes negócios

            Empreendedor esperto, que quer ganhar muito dinheiro, deve abrir uma pequena empresa a fim de fornecer, especialmente, para a Prefeitura de sua cidade: remédios, mantimentos, material escolar, papel sulfite etc. etc. é negócio garantido, sem perigo de prejuízo; mas o empreendedor tem que fazer parte da “panelinha” municipal, que já tem “esquemas” de licitação prontos, legais e seguros. Mas tome cuidado quem não for da “panelinha”, pois corre o risco de não receber sua fatura, como aconteceu com credores da gestão passada, que forneceram para a prefeitura e foi preciso uma CEI da Câmara para resolver a questão. Outra coisa. Se, porventura, o empreendedor for Secretário ou funcionário municipal, NÃO pode vender para a prefeitura; mas não tem problema, é só registrar a firma em nome do filho, ou da filha, e fica legal; é um negócio da China.
Ainda no esquema familiar, empresa de prestação de serviço à prefeitura é também excelente, pode-se superfaturar quantidades e medidas, que ninguém fiscaliza. Existem várias formas de o empreendedor dinâmico, inteligente, ganhar dinheiro fácil: só não pode ter medo de botar o seu “honrado” nome no fio da navalha, nem ligar para denúncias na imprensa; também não pode achar ruim de ser tachado de corrupto, que rouba da Prefeitura dinheiro que podia ajudar a saúde e a educação das criancinhas.

                             Manifestações de rua

            Prefeitos, secretários e vereadores que se cuidem, a população criou uma nova arma contra políticos relapsos e/ou corruptos: manifestação em frente às suas casas. O governador do Rio e de São Paulo passaram apuros com isso; até a prefeitura da Capital foi invadida. Em Itapeva, tem um grupo de ativistas que se organiza, via internet, para a eventualidade de ter que protestar em frente à Prefeitura ou da casa do prefeito.
            São novas formas de luta contra a corrupção e por um Brasil melhor. Oremos.

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terça-feira, agosto 06, 2013

No Brasil, o século XX terminou em junho de 2013
Adauto Damásio - BLOG DO NOBLAT (GLOBO)
Uma das consequências práticas das manifestações populares de junho de 2013 foi o definitivo fim do ‘Fla-Flu’ promovido pelos dois partidos supostamente antagônicos, PT e PSDB. Mesmo que possamos interpretar tais manifestações como uma grande catarse coletiva sem bandeiras e reivindicações objetivas, sem coesões e consensos (e é assim que eu as interpreto), teve o mérito de deixar os donos do poder de Estado preocupados com o “status quo” vigente. Governo federal e suas oposições não foram poupados pelos manifestantes. Todos tremeram e temem o retorno dos mesmos às ruas.
De meu ponto de vista, foi uma catarse que apenas escancarou o divórcio histórico entre Estado e sociedade, seja esse Estado governado pelo PT ou pelo PSDB. Isso não é nenhuma novidade, vistas as reflexões de Raimundo Faoro que demonstrou como o Estado brasileiro nasceu e foi formado para ignorar a sociedade desde a chegada de D. João VI ao Brasil em 1808.
Mas quais os outros fatores que contribuíram para tais eventos e qual outra interpretação possível? Lanço aqui um ‘esqueleto’ de interpretação para os historiadores e cientistas sociais do futuro.
Minha tese é a de que a sociedade brasileira, ao contrário das experiências históricas dos Estados Unidos, da Europa, de países orientais como o Japão e mesmo de alguns países da América Latina, teve seu processo de formação realizado ao longo do século XX e hoje, mesmo sem a completude do processo, passou a ter características do que podemos chamar de sociedade. Nesse sentido, a catarse de junho de 2013 marca, de forma não contraditória, o final e o início de processos históricos contínuos.
Indivíduos esparsos e com muito pouca identidade cultural acumularam condições para iniciar uma luta e se tornarem cidadãos; descobriram que, para isso, precisam viver em sociedade no seu sentido amplo, no sentido atribuído pelos liberais, no sentido que permite o início da luta para que o Estado passe a representar a sociedade.
Já conhecemos de sobejo as características limitantes da nossa colonização para explicar as dificuldades de organização de uma sociedade, Estado e mercado equilibrados e desenvolvidos. No entanto, refletimos pouco sobre as grandes transformações pelas quais passou o Brasil ao longo do século XX.
Em nosso país, Estado e capital sempre estiveram em sintonia e organizados de forma a garantir seus interesses, porém aquilo que o liberalismo denominou “sociedade” nunca existiu de fato no Brasil, a não ser na interpretação elitista do conceito. Sociedade no Brasil sempre foi sinônimo de “união das elites”.
Até 1930, o Brasil foi um país fundamentalmente agroexportador. As mudanças de rumos da economia a partir da denominada Revolução de 1930 criaram as bases de um processo que se estendeu por todo o restante do século XX, com seu auge no final do mesmo século.
Quais foram as consequências desse processo nos níveis da cultura, da tecnologia e das mentalidades? Minha tese simples é que geraram as condições para que a sociedade produzisse essa revolta contra o Estado e contra os “donos do poder”, para usar a expressão de Faoro, como já afirmei acima. Quais são meus argumentos?
De forma sucinta:
*A existência de lutas sociais por aquilo que podemos denominar hoje de direitos difusos sempre acompanhou a História do Brasil. Trata-se de uma grande farsa a afirmação de que a História do Brasil é pacífica. Não demonstrarei aqui essa afirmação, por ser óbvia. Em toda a nossa história, de uma forma ou de outra, o povo (mesmo não formando o que podemos denominar de sociedade), lutou por seus direitos.
*A partir de 1930, o início do processo de industrialização deu origem à urbanização do país. Hoje, cerca de 85% da população vive em áreas urbanas, algo diametralmente oposto ao que ocorria em 1930. A urbanização é, como sempre foi, um fator de progressismo e de formação da sociedade. Um ditado popular na Baixa Idade Média, afirmava: “o ar da cidade liberta”. Ao longo das décadas, o povo brasileiro foi se libertando do conservadorismo rural e acumulando experiências políticas libertárias no espaço urbano.
*A democracia brasileira é um fenômeno recentíssimo. Temos, a rigor, 25 anos de democracia plena. Claro, todas as nuances e aperfeiçoamentos dessa nascente democracia estão em curso. Nossa cultura política, que começa, timidamente, a ser alterada, é marcada pela violência do Estado e pelo autoritarismo dos governos. Os donos do poder sempre se protegem com suas forças policiais.
*O sistema de ensino básico e superior, no Brasil, teve seu processo e universalização iniciado nos anos 70 e alcançou plenitude no final dos anos 90. Mesmo com todos os problemas de qualidade, evidentes e que emperram um crescimento substancialmente qualitativo, os índices são extraordinariamente mais positivos do que eram até o final dos anos 20.
*O Brasil sempre foi, do ponto de vista territorial, um continente e o mundo sempre “foi grande”. As barreiras impostas pela sua dimensão dificultaram as comunicações, transportes e mobilidade ao longo de toda sua história. Hoje, o “Brasil é pequeno, o mundo é pequeno”. O processo de industrialização e urbanização, mesmo com todas as suas limitações e características por vezes conservadora, criou as condições para que o Brasil acompanhasse os avanços tecnológicos surgidos e aperfeiçoados nos países desenvolvidos. A revolução no mundo das comunicações e da informática permitiu a integração dos indivíduos que, gradativamente, criam as condições para a formação de uma sociedade. Sociedade que se comporta como tal ou, ao menos, deseja isso.
Como escrevi, esse texto é apenas um ‘esqueleto’ em que certamente faltam muitos ossos. Mas é uma possibilidade interpretativa para a catarse vivenciada em junho de 2013.
É uma interpretação que considera certa linearidade. Evidentemente, essa linearidade não é absoluta. O processo foi perturbador do ponto de vista civilizatório. Duas ditaduras ferozes, racismo, urbanizações construídas com extrema violência e exclusão, entre outras...
Mas o Brasil de junho de 2013 não nasceu em maio do mesmo ano. Não nasceu do facebook apenas...
Somente daqui a 50 anos ou mais, poder-se-á ter uma interpretação abrangente desse processo, mas eu defendo aqui uma tese singela: trata-se do fim de um processo de grandes transformações vivenciadas ao longo do século XX e o início de outro cujo teor desconheço, pois os historiadores são apenas “profetas do passado”.
No Brasil, o século XX terminou em junho de 2013.

Adauto Damásio é Mestre em História - Unicamp.


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sexta-feira, agosto 02, 2013

COLUNA DO SPC NO JORNAL A GAZETA

Por Sebastião Pereira da Costa

Secretaria de Cultura – a Cinderela

A Secretaria de Cultura e Turismo de Itapeva é uma espécie de filha enjeitada da família municipal em que é a última a ser lembrada na hora de compor o orçamento anual da Prefeitura, ficando com as migalhas que sobram do rateio de recursos.
Não quero que me tomem por mal, achando que a secretaria precisa contratar mais funcionários, ter mais carros, mais viagens e mordomias, nada disso, a secretaria precisa de mais recursos para ajudar a cultura de Itapeva caminhar; se não dá, então é melhor extinguir a secretaria, o que não pode é continuar enganando que, aqui, tem uma repartição que cuida da cultura e do turismo do município.
Com mais recursos a Secretaria pode melhorar o nível de seus quadros diretamente ligados à produção artística, a fim de integrá-los profissionalmente, uma forma de eles aprenderem a buscar projetos culturais, conseguir recursos ou trazer artistas profissionais que mais convenham à formação artístico-cultural de sua cidade; com isso é possível se pensar em criar incentivos para artistas diletantes, que queiram participar ativamente e fazer de sua arte projetos de vida (como já é feito na área da música). Infelizmente, a falta de preparo dos secretários os leva a confundir cultura com “eventismo” (apresentações artísticas). E isso acontece na maioria das cidades.
Por outro lado, turismo (passeios contemplativos da Natureza) não tem nada a ver com cultura (que é o desfrute da arte humana), ambos estão juntos na mesma secretaria, em Itapeva, porque turismo é uma batata quente que os prefeitos não sabem onde jogar (por eles jogavam fora); com duas áreas totalmente distintas para cuidar, o secretário (a) improvisa, não faz bem feito nem uma coisa nem outra. São áreas com características diversas: arte é deleite espiritual, turismo é passear, contemplar.
                                       Parcerias bem-vindas
Da programação da 9ª Semana de Cultura Newton de Moura Müzel, assisti à apresentação da 2ª feira: Choros, com o conjunto de cordas e flauta, do Baia e Alex, e cantores da noite; na 3ª feira, assisti as apresentações de música popular com a pianista Eliana Wagner, acompanhando a cantora Cristiane Fogaça; ainda, o pianista Leonardo Faiçal com três peças eruditas e o violonista Alex Oliveira com repertório também erudito. Excelentes apresentações, recinto lotado, muito aplauso, parabéns. Todavia.
Faltou organização e sobrou paciência do público, que assistiu calado o conjunto de choros ficar durante 55 minutos afinando seus instrumentos, ligando/desligando do amplificador, enquanto as músicas tocadas duraram apenas 20 minutos; o volume do microfone da cantora estava desregulado e a sua voz saía estridente nas notas altas (uma pena); o pianista, não anunciou o nome de suas peças nem o dos compositores.
Mas a maior bola fora foi a entrega de certificados para jovens desenhistas, após as apresentações musicais. Foi um desrespeito com os artistas e o público. Ao terminar apresentações artísticas é comum, e desejável, que as pessoas cumprimentem os artistas, façam comentários, abrace-os, isso faz parte do clima artístico. Portanto, foi uma tremenda sacanagem dos organizadores do evento e de quem teve a infeliz ideia de “aproveitar” a oportunidade para fazer propaganda de sua escola. Crendiospadre.  

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