sábado, maio 24, 2014

VAIVÉM DAS COMMODITIES

Folha de SP de 24 de maio 2014
Vaivém das commodities
MAURO ZAFALON mauro.zafalon@uol.com.br
25 anos no campo
Commodities impulsionaram a economia em um quarto de século desde a estreia da coluna
O Brasil acabava de passar por três planos econômicos. Assim como ocorrera com os anteriores, o mais recente também não surtia efeito e a inflação atingia o recorde de 1.783% ao ano. Era 1989 e, no troca-troca de moedas, a de plantão era o cruzado novo.
Nesse cenário, e para situar melhor as commodities na economia brasileira, era criada a coluna "Vaivém", há exatos 25 anos.
A agricultura era caseira e feijão e arroz atingiam 25% da área de grãos plantada no país. O mercado externo ainda representava pouco para as commodities agrícolas e minerais. Os navios mais traziam do que levavam produtos. Importavam-se carnes, arroz, milho, trigo e até feijão.
Hoje, o cenário é outro e o país se tornou líder em exportações. Apenas o agronegócio trouxe US$ 982 bilhões nominais nesses 25 anos.
A China, o grande parceiro atual, comprou apenas 12 mil toneladas de soja dos brasileiros naquele ano, mas já alimentava o Brasil enviando carne suína. Era o segundo item da pauta de exportação dos chineses para o Brasil.
Na primeira coluna --já são perto de 6.400--, o destaque era o avanço da safra, devido à boa produtividade do milho: 2.073 quilos por hectare. Hoje quem tiver essa produtividade não fecha as contas.
A evolução foi grande nesse setor, mas os problemas continuam. Ferrovias iniciadas naquele período ainda não estão prontas, tirando competitividade do país.
E, o pior, apesar da importância no cenário mundial, o Brasil não consegue avançar na venda de produtos com valor agregado. É líder mundial em exportações de café, mas quem ganha dinhei- ro com a industrialização do produto são os alemães, os italianos e os suíços.
Produção O grande avanço da agricultura foi na produtividade, que dobrou nos últimos 25 anos. Já a área semeada cresceu 33% e a produção de grãos subiu 169% no período.
Os líderes Os dois destaques no setor de commodities são a soja e o minério de ferro. Juntos trouxeram US$ 55,3 bilhões para o país no ano passado, 23% das receitas totais das exportações.
Laranja A exportação do setor atingiu US$ 1,1 bilhão em 1989 e deve render US$ 2 bilhões neste. A produção foi de 347 milhões de caixas naquele ano. As estimativas para 2014/15 indicam uma produção de 309 milhões de caixas.
Cana 1 O fim do Instituto do Açúcar e do Álcool, em 1990, e a chegada do carro flex, em 2003, deram ânimo ao setor. As exportações de açúcar saíram de 1 milhão de toneladas para os atuais 27 milhões.
Cana 2 Em 1974, a produtividade era de 40 toneladas por hectare. Hoje, é de 82. Já a produtividade do etanol chega a 7.000 litros por hectare, ante 3.000 na década passada.
Pecuária 1 Um dos grandes passos foi o controle da aftosa, o que abriu novos mercados para o Brasil. Mas o setor ainda tem muito a avançar com a adoção de tecnologia.
Pecuária 2 O setor consegue produzir um boi com 20 arrobas em pouco mais de dois anos. Há duas décadas, demorava mais de cinco anos para produzir um boi de 17 arrobas.
Carnes Os setores de avicultura e de suinocultura aceleraram ainda mais a adoção de tecnologia do que a pecuária, antecipando a produção.

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quinta-feira, maio 22, 2014

Jovens, idosos e mulheres são a maioria entre os que não querem trabalhar



Há meses, ronda entre economistas e o próprio governo uma dúvida: como a taxa de desemprego cai se a geração de vagas está estagnada? A resposta é uma migração vigorosa das pessoas para a inatividade e o grosso delas, indagadas pelo IBGE, responde: eu não gostaria de trabalhar.
Esse grupo correspondia a 17,375 milhões de pessoas em abril deste ano, 5,7% mais do que os 16,436 milhões do mesmo mês de 2013.
Os que não querem trabalhar correspondem à maior fatia dos 19,2 milhões de inativos nas seis maiores regiões metropolitanas do país: 90,5%.
O outro grupo de maior peso é composto pelos que entram e saem do mercado de trabalho em momentos específicos ou os que fazem trabalhos eventuais, mas não estavam empregados nem à procura de trabalho nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa –período de referência para compor o grupo que está economicamente ativo, ou seja, na força de trabalho de modo mais efetivo.
Os inativos são o segundo grupo mais importante da população que tem idade para trabalhar (10 anos ou mais). Perde só para os que estão ocupados: 22,9 milhões em abril de 2014.
O IBGE divulgou nesta quinta-feira (22) a taxa de desemprego referente ao mês de abril nas seis maiores regiões metropolitanas do país. O dado, de 4,9% é o menor para o mês desde 2002.
 
PERFIL

O instituto não investiga os motivos que levam as pessoas a não quererem trabalhar, mas traça seu perfil. São majoritariamente mulheres (em geral, que não chefiam a família), jovens principalmente até 24 anos (o que indica que há um foco maior na qualificação profissional e condiz com os dados de aumento da escolaridade que cresce desde o Plano Real) e concentrados nas regiões de maior rendimento e de população mais envelhecida: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre.
"Os maiores movimentos estão nos extremos da pirâmide etária da pesquisa [jovens e pessoas com mais de 50 anos] entre os mais jovens e os mais velhos, o que pode ter relação, nesse caso, com o envelhecimento da população, sobretudo nessas regiões que têm um contingente maior de idosos", diz Adriana Berenguy, técnica do IBGE.

Editoria de Arte/Folhapress
RENDA
Para a economista, o aumento da renda nos últimos anos possibilitou mulheres e jovens –que, em sua maioria, não são arrimos de família– a saírem do mercado de trabalho para se dedicarem a outras atividades, como cuidar da casa e dos filhos ou estudar e se qualificar por mais tempo até procurar um trabalho.
Ainda que num ritmo menor do que em períodos anteriores, a renda segue em expansão, com alta de 2,6% na comparação a abril de 2013. O recuo de 0,6% de março para abril está ligada à inflação que persistiu em patamar elevado.
Para a Rosenberg & Associados, o rendimento médio recua em relação ao mês anterior pelo segundo mês consecutivo, "sinalizando que o mercado de trabalho está passando por um processo gradual de descompressão" –leia-se, deterioração.
A piora da renda ao lado do "pequeno incremento da população ocupada", diz a consultoria, há um "processo de descompressão do mercado de trabalho lento e gradual que, no curto prazo, poderá coexistir com uma tendência declinante da taxa de desemprego, por mais contraditório que isso possa parecer."
Tal contradição se explica pela menor procura por trabalho e a migração das pessoas que a inatividade, o que fez a força de trabalho –em termos técnicos chamada de População Economicamente Ativa, que agrega ocupados e quem procura emprego– cair 0,8% frente a abril de 2013.

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CAPITALISMO DE BALCÃO

Capitalismo de balcão


SÃO PAULO - O assim chamado capitalismo está longe de ser um sistema perfeito ou mesmo bom, mas ele decerto promove mais eficiência e cria mais riqueza do que todas as alternativas até hoje experimentadas. Só que, para funcionar a contento, ele depende da existência de agentes livres para produzir e consumir o que lhes pareça melhor.
É desta parte que muitos no Brasil ainda não se convenceram. Parcela não desprezível do empresariado e de guildas profissionais, em vez de oferecer produtos e serviços que as pessoas queiram adquirir e contratar, prefere pegar carona na autoridade do Estado e, através de leis e portarias, criar um mercado cativo e sem riscos. É o capitalismo de balcão.
Nesse contexto, só posso aplaudir a decisão do governo Dilma Rousseff de adiar por mais 24 meses a obrigatoriedade de as montadoras incluírem nos veículos novos o tal do rastreador, um chip de localização e bloqueio que pode ser acionado em caso de furto. A engenhoca encarece o carro em cerca de R$ 700. O problema é que, para funcionar, o proprietário precisa contratar os préstimos de uma empresa especializada. Ou seja, a peça gera um ônus para o consumidor e pode não servir-lhe para nada. É muito mais lógico, portanto, que só quem realmente queira o serviço compre o rastreador.
Essa foi mais uma esperteza de fabricantes de chips e seguradoras sancionada pelo Contran, o mesmo Conselho Nacional de Trânsito que, alguns anos atrás, fez todos os donos de carros carregarem um inútil kit de primeiros socorros composto por gaze, luvas e esparadrapo.
O problema, infelizmente, não está limitado a essa esfera. Quem não se lembra do golpe da tomada, pelo qual, numa só canetada, nos fizeram ou trocar todas as tomadas da casa ou adquirir adaptadores? Na mesma linha, sindicatos adoram criar obrigatoriedades que exigem a contratação de um de seus associados. Pobres dos brasileiros.

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